segunda-feira, setembro 24, 2018

Que pares temos?

      “Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.Apocalipse 3.16

      Uma das coisas que define quem somos, é quem escolhemos como pares. Uma escolha nos faz sair de cima do muro, nos tira da condição de mornos e faz-nos quentes ou frios. É preciso coragem para escolher, principalmente relacionamentos sociais, em todos os níveis. Nossos cônjuges refletem as escolhas dos pares mais íntimos que podemos ter, ou que deveriam ter, mas infelizmente, muitas vezes, os amigos são mais íntimos mesmo que marido ou esposa. Quando diante de conflito de outros, de que lado ficamos, quem apoiamos? E se tiver que ser uma escolha que envolva ficar com um e deixar o outro, por que resolvemos seguir como amigo de alguém e encerrar o relacionamento com outro alguém? Nem sempre é a razão que decide, que nos leva a ficar com quem está certo, muitas vezes é o coração, continuamos com alguém que gostamos. Por que gostamos? Porque temos mais cumplicidade com esse alguém que com o outro.
      Na verdade, na maioria das vezes nossas escolhas não são embasadas na verdade, nas virtudes, mas só no conforto imediato. Quem nos apoia terá nosso apoio, mesmo que nos apoie em disposições erráticas. De quem compartilha conosco inseguranças, ficaremos perto, porque nos apoia em nossas inseguranças e nos ajuda a ficar numa posição da qual não queremos sair. Já percebeu como há fidelidade na marginalidade? Criminosos dificilmente se traem ou se delatam, a não ser em ultima instância, realmente para salvarem as próprias peles. Como é difícil numa sala de aula atual, saber quem fez algo errado, todos se calam, ninguém denuncia ninguém, e nesse ambiente não deveria haver cultura marginal, mas justiça e verdade. Por que tanta fraternidade entre o mal? Porque os maus se apoiam, se protegem, se procuram e se acham, mesmo nas trevas, às vezes com mais voluntariedade que os bons.
      Assim o justo deve ter muito mais cuidado, por dois motivos, em primeiro lugar porque assumindo uma posição correta, na luz, terá naturalmente a inimizade e o ódio de quem age de maneira incorreta e gosta das trevas. Em segundo lugar, porque mesmo os que se dizem da luz, mas que são inseguros e incostantes, que não se decidem em qual lado querem ficar, acharão em qualquer resvalo do justo uma razão para atacá-lo, distanciarem-se dele e aproximarem-se de vez da trevas. Esses que não são quente nem frio, acabam, pateticamente, como ferramenta nas mãos do lado frio e sombrio, para tentarem destruir os quentes, já que os frios são covardes, falam, mas não ficam para ouvir, armam emboscadas e fugem. Os mornos, contudo, usam o pouco de luz que lhes resta, dão alguma chance à luz, ouvem, até buscam o diálogo, mas não suportam a verdade, e acabam sucumbindo, quando confrontados a se decidirem por uma posição realmente na luz. 
      Na verdade, espiritualmente, eu não penso que existam mornos, existem os quentes, os frios, ambos assumidos, e os falsos quentes, que na verdade são frios também, mas não assumem isso. Jesus não diz na carta ao anjo da igreja de Laodiceia que recolheria para si os indecisos, que os ajudaria em sua timidez, mas que os afastaria de vez. Assim, não há nenhuma vantagem em ser meio quente, ou em se achar assim, isso não é ser sábio, nem algum tipo de respeito comum. É preciso que nos posicionemos, e pagando todos os preços por isso, não há meio termo, quem tenta agradar a Deus e aos homens, acaba agradando ao diabo. Uma pergunta, para que eu e você façamos autoanálises: que pares buscamos ter? Não adianta tentarmos enganar os outros e a Deus, lá no fundo sabemos se estamos escolhendo o lado simples da luz, ou o lado complicado do orgulho, nós sabemos se estamos ou não em paz com o Espírito Santo. Os quentes andam na luz e se aproximam sempre dos quentes, porque eles têm discernimento, sabem diferenciar trevas de luz, frios de quentes, mal do bem. Os quentes tem pares como eles, sinceros, misericordiosos e íntegros.

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