09/12/18

9. Batalha espiritual: cuidados que devemos ter (Parte 9 de 17)


9. Batalha espiritual: cuidados que devemos ter

       “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.”
 Tiago 4.7

      Um novo convertido ou alguém sem conhecimento bíblico ou teológico sobre o mundo espiritual, se estiver com a vida limpa e em plena comunhão com Deus, já está protegido, repito, ninguém precisa ser técnico ou doutor em doutrina para ter os direitos espirituais conquistados por Cristo em sua morte e ressurreição. Por outro lado, que o conhecimento do mundo espiritual não nos torne psicóticos, levando-nos a ver demônios em tudo ou colocando neles a culpa por tudo. Deus conhece cada coração, sabe dos limites de cada um, assim como o evangelho é disponibilizado a todos os que creem, sejam do tempo, nação, raça, poder aquisitivo, formação acadêmica ou faixa etária que forem, indiferentemente de seus conhecimentos intelectuais sobre este ou aquele ensinamento. O versículo de Tiago 4.7 nos ensina isso de forma simples.
     Com relação à extensão de nossa área de cobertura espiritual, podemos orar a Deus pedindo a salvação de nossa cidade, a restauração de nosso país, mas é diferente de entrar em batalha espiritual por essas localizações geográficas, é diferente de estabelecer sob nossa responsabilidade uma cobertura espiritual. Qual a diferença? Uma oração conversa com Deus, procura tocar seu amor com a nossa sinceridade. Nesse diálogo sincero podemos pedir qualquer coisa, como filhos falando com o pai, sejam filhos pequenos que só pedem brinquedos ou os mais maduros que só querem conselhos para poderem ser independentes. Já batalha espiritual é outra coisa, usa da autoridade espiritual em Cristo para ordenar a demônios que façam isso ou aquilo. Quem faz batalha espiritual reinvidica o direito de cobertura espiritual sobre um território espiritual, consequentemente sobre os espíritos malignos que tentam dominá-lo. 
      Podemos orar pelo Brasil, mas não entrar em batalha espiritual por ele, não sem autorização de Deus, e pessoalmente não penso que Deus autorize alguém a entrar nesse tipo de batalha épica, isso porque não creio que o Senhor coloque cobertura espiritual sobre um país inteiro sob uma pessoa ou um grupo de pessoas. Se um assunto assim tão importante fosse vontade de Deus estaria enfatizado na Bíblia, assim dizer “Jesus é Senhor desta cidade”, frase que muitos políticos evangélicos gostam de por nas entradas dos municípios, a priori, não tem base bíblica. Deus é Senhor das vidas daqueles que se entregam a ele, Jesus é Senhor dos cristãos verdadeiros de uma cidade, mas neste tempo presente, debaixo da permissão de Deus, os demônios dominam grande parte dos municípios, estados e países. 
      Não está errado dizer “Jesus é Senhor da cidade de São Paulo”, Deus é dono de tudo, mas é perigoso entrar em batalha espiritual por um território assim ou dar cobertura sobre ele. Na verdade quem, a princípio, pode reivindicar isso seria um prefeito e isso se fosse cristão, mas ainda assim um prefeito é eleito para administrar bem uma cidade para todos, cristãos e mesmo satanistas. Um prefeito é uma autoridade do mundo, não da Igreja. O Senhor é quem sabe, meu conselho, contudo, é, cuidado com o mundo espiritual, não o tema, mas respeite-o. Em Cristo como indivíduos estamos protegidos em todas as esferas, em todos os níveis, neste mundo e no outro, e através da cobertura espiritual legítima podemos proteger nossas famílias. Este mundo, contudo, em sua totalidade, só será restaurado no final, e só aí os demônios serão todos lançados no Inferno. Até lá conviveremos com eles em vitória, com eles fugindo de nós, à medida que andamos na luz de Cristo.
      Um entendimento que podemos ter, baseados na tradição cristã, naquela doutrina mais comum entre as igrejas protestantes evangélicas, que dispensa tanto conhecimento profundo sobre mundo espiritual e que pode ser praticado (e é) pela maioria, é que não precisamos ter consciência que uma guerra espiritual é travada entre seres espirituais do bem e do mal. Daniel capítulo 10 pode nos levar a concluir que o profeta teve conhecimento que anjos e arcanjos lutavam contra demônios e diabos porque o anjo veio e revelou isso a ele, caso contrário ele teria orado, teria recebido o consolo do Senhor na resposta e fim. No máximo o ser espiritual teria dado a resposta a Daniel, mas sem informar-lhe detalhes de sua demora por vinte e um dias. Dessa forma, bastaria ao homem de Deus orar e crer, em santidade e com toda a alma, que o resto Deus faria indiferentemente de Daniel ter ou não consciência do mundo espiritual. Sob última instância, na verdade, tanto faz, pela menos para a maioria de nós, mas talvez a revelação das “setenta semanas de Daniel”, contendo profecias importantes sobre o final dos tempos de todo o planeta terra, merecia mais detalhes. Seja como for poucos têm a chamada profética de Daniel ou de João o evangelista.
      Outro aspecto é que alguns dizem que fazer batalha espiritual é dar ordens a Deus, é o tal do “determinismo”, e que isso o homem não pode fazer. Contudo, Jesus disse que nos deu autoridade, autoridade em seu nome, se ele deu a autoridade ela é nossa, então, baseados na Bíblia, podemos orar dizendo “em nome de Jesus eu fecho esta casa contra todo ataque maligno, se há algum demônio aqui, eu expulso no nome de Jesus, se alguém fez alguma obra do mal contra minha casa e as pessoas sob minha cobertura, eu destruo tal obra no nome de Cristo”. Veja que a oração não diz “Deus destrua”, mas, “em nome de Jesus, eu destruo”, Deus não precisa de autoridade, ele já a tem, mas nós a recebemos em o nome de Jesus e podemos usá-la limpos do pecado e sob ordem do Senhor. Algumas coisas, algumas palavras, todavia, são apenas detalhes, dizer eu destruo em nome de Jesus ou Deus destrua em nome de Jesus, não tem assim tanta relevância. O mundo espiritual não é uma ciência exata, não sob as referências físicas, ele é experimentado pela fé e fé é algo pessoal, o que vale é a convicção de cada coração. Contudo, alguns cuidados extremados com as palavras podem não ser sabedoria, mas covardia, e quem entra em batalha espiritual não pode se acovardar. 

Esta é a 9a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

08/12/18

8. Cobertura espiritual: prioridade para a família (Parte 8 de 17)


8. Cobertura espiritual: prioridade para a família


      “Depois chamou Jacó a seus filhos, e disse: Ajuntai-vos, e anunciar-vos-ei o que vos há de acontecer nos dias vindouros; Ajuntai-vos, e ouvi, filhos de Jacó; e ouvi a Israel vosso pai.” 

      “Judá, a ti te louvarão os teus irmãos; a tua mão será sobre o pescoço de teus inimigos; os filhos de teu pai a ti se inclinarão. Judá é um leãozinho, da presa subiste, filho meu; encurva-se, e deita-se como um leão, e como um leão velho; quem o despertará? O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos. Ele amarrará o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à cepa mais excelente; ele lavará a sua roupa no vinho, e a sua capa em sangue de uvas. Os olhos serão vermelhos de vinho, e os dentes brancos de leite.”

      “Todas estas são as doze tribos de Israel; e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada um deles abençoou segundo a sua bênção. Depois ordenou-lhes, e disse-lhes: Eu me congrego ao meu povo; sepultai-me com meus pais, na cova que está no campo de Efrom, o heteu

Gênesis 49.1-2, 8-12, 28-29


      No antigo testamento vemos muitas vezes pais, profetas e anciãos dando a bênção para os mais jovens ou filhos. Com a idade que tenho, ainda vivi em minha geração, o costume, no meio de descendentes italianos católicos de minha família, algo semelhante. Lembro-me de minha mãe me orientando a pedir a benção para o avô ou o “nono” (termo italiano), sempre que chegávamos ou saíamos de casas onde eles estavam. Eu acho isso positivo, um costume que deveríamos manter, principalmente entre cristãos realmente salvos e convertidos. Além de ensinar aos mais jovens respeito pelos mais velhos, lembra aos mais velhos a responsabilidade que eles têm sobre os mais novos, assim como a pastores e outros líderes de igrejas. Infelizmente essa igualdade exigida atualmente, onde ninguém quer ser menor e todos pensam ser superiores, empodera os despreparados e intimida os que deveriam tomar a frente da família, da igreja e da sociedade.
      A passagem de Gênesis capítulo 49 relata a bênção final de Jacó a seus filhos, uma bênção poderosa, na hora da morte, mas muito mais que isso, relata o patriarca da nação de Israel profetizando sobre as doze tribos, revelando o futuro e mesmo antevendo o reinado de Davi e o messias que nasceria da tribo de Judá. Essa bênção é uma maravilhosa oração de cobertura espiritual de um pai sobre seus filhos, vislumbrando os limites de seus territórios, sociais e espirituais, que na unção e intimidade com Deus de Jacó vai muito além de suas vidas presentes, mostra tempos vindouros e descortina tanto boas quanto coisas ruins. Tivéssemos nós tal temor a Deus para acobertarmos debaixo de nossas preces, com tanta autoridade e profundidade, nossos filhos, ensinando-os mais que conceitos morais e independência econômica, mas os princípios fundamentais do andar com Deus e de seus planos para os homens. Proteção espiritual à família, e quando dizemos família nos referimos a nossas famílias como homens e mulheres que deixaram de viver debaixo do mesmo teto dos pais e agora vivem com cônjuges e filhos, essa é a cobertura espiritual que temos como prioridade em nossas vidas. 
      A primeira orientação sobre cobertura espiritual é orarmos a Deus pedindo proteção e tomando posse dela sobre nossos lares, mas mesmo que um filho, por exemplo, estude em outra cidade e more em um outra casa, a casa dele espiritualmente é a nossa, e como pai e mãe, já que ele ainda não é independente, somos nós que damos a ele cobertura espiritual. Isso pode valer também para pais viúvos ou mesmo para irmãos solteiros, mas devemos sempre buscar a orientação de Deus para saber quem colocar debaixo de nossa cobertura espiritual. Eu já orei por anos por um parente próximo, mesmo que ele morasse sozinho e tivesse independência financeira, mas em um determinado momento Deus me disse para não orar mais por ele. Enquanto que em outro caso, também um parente muito próximo, só quando enviuvou é que o Senhor me mandou colocá-lo sob a minha cobertura, assim quando oro por minha família e residência, oro também pela pessoa e pelo lugar onde ela mora.
      Quando oramos, tenhamos no coração e na mente toda a nossa casa e as casas dos que estiverem sob nossa responsabilidade, oremos com calma e com clareza, e se possível em voz audível, não necessariamente aos berros. Intercedamos pelos cômodos da ou das casas, sobre os quatro cantos delas, o teto, o chão, as portas, as janelas e todas as entradas e saídas, e na autoridade do nome de Jesus estabeleçamos proteção espiritual. Expulsemos em nome de Jesus todo o mal, dos locais e das vidas, nas esferas física, emocional e espiritual. Mesmo a proteção contra insetos, roedores, répteis e outros animais, pode ser pedida em oração. Jesus disse que se pisássemos em escorpiões nenhum mal sofreríamos, não foi? Obviamente, todo o cuidado espiritual deve ser acompanhado dos cuidados físicos, do que adianta orarmos pedindo proteção contra escorpião, se não tomamos cuidado com lixo, quintais, esgotos e comunicação entre nossa casa e as ruas, calçadas e terrenos baldios próximos? Sejamos sábios, espirituais mas racionais também.
      O raciocínio é simples, se expulsamos algo de um lugar ele sai de lá e vai para outro lugar, a ação maligna, a obra do mal, pode ser anulada, mas o demônio não desaparece simplesmente. Assim, podemos determinar para onde o espírito maligno expulso irá, isso é importante pois se expulsarmos o mal de alguém, sem determinar para onde ele vai depois que sai da pessoa, ele pode voltar para nós ou para as pessoas e lugares para os quais damos cobertura. A cobertura abre o mundo espiritual, para o bem, mas também para o mal, se for feita sem cuidado, por isso sua seriedade. Na ausência da intimidade e autoridade que Jesus tinha com e sobre os demônios, que perguntou o nome deles e autorizou a solicitação deles irem para os porcos, relato de Marcos 5, podemos dizer, “demônios saiam desse local e vão para o lugar que o Senhor tem determinado pra vocês, longe da minha vida, minha casa e minha família”. É importante que isso fique bem claro.
      Mas o mal não entra só por portas físicas, nesses tempos modernos ele pode entrar também por portas virtuais, portanto, tenhamos cuidado com o que assistimos na TV e pela internet, em celulares, tabletes, computadores. Oremos também por esses aparelhos pedindo a Deus que nos fortaleça contra as tentações midiáticas, assim como expulsando qualquer demônio que possa ter entrado por esses meios. Só assistir um vídeo pornagráfico já pode dar brecha para um demônio oprimir nossa casa. Mesmo momentos em que recebemos visitas, especialmente quando elas não são cristãs, devem ser acompanhados de oração. Quando alguém entra em nossa casa pode estar trazendo, mesmo sem saber, demônios, mas que na oração oportuna e certa não passará da porta. Tenhamos cuidado também com presentes, oremos sobre eles assim que os recebermos e antes de usá-los. Tenhamos cuidado principalmente com pessoas próximas a religiões espíritas ou ocultistas, que declaradamente buscam comunicação com espíritos malignos.

Esta é a 8a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

07/12/18

7. Mundo espiritual: tenhamos consciência dele (Parte 7 de 17)


7. Mundo espiritual: tenhamos consciência dele

      “Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores. Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.” 

Tiago 5.13-18


      O texto de Tiago capítulo 5 encanta pela objetividade, ele não fica “viajando” no problema, como que tentando achar quase que uma justificativa para que permaneçamos nele e não busquemos resolvê-lo, coisa que muitas religiões e psicologias fazem. Ele diz, está aflito? Ore. Está contente? Louve. O problema é complicado para resolver sozinho? Peça ajuda aos líderes. A oração de fé curará o doente e perdoará o pecador, simples assim. E não há desculpas para não se resolver o problema em Deus, mesmo Elias, que tantos milagres provou e fez, era homem como nós. Por isso amamos o Espírito Santo e as palavras que ele permitiu que fossem registradas no cânone bíblico, glória a Deus por isso. 
      De maneira geral, a orientação que Deus deixou na Bíblia para nossa relação com o mundo espiritual é assim, simples, sem complicações, a permissão de Deus para a construção do cânone bíblico visou atingir a todos e de todos os tempos. O homem e os diabos, sendo que nem importa se x influencia y ou se é o contrário, o mais certo é que o mal conhece o mal e quando um quer se afastar de Deus encontra no outro um sócio, que seja, diabos e homens sempre mostram um mundo espiritual complicado, misterioso, cheio de níveis e portais. A intenção das trevas é impedir que o homem conheça a luz, assim como mentir sobre elas mesmas, os diabos não se mostram como seres espirituais rebeldes e condenados, que já foram destruídos na obra redentora de Jesus o messias. Eles se mostram como seres de luz que podem dar ao ser humano mais do que Deus dá, sempre insistindo no mito de Prometeu.
      Contudo, mesmo na simplicidade poderosa do evangelho, e toda sabedoria verdadeira é sempre simples, a Bíblia nos ensina muitas coisas sobre demônios, se tivermos consciência delas entenderemos que é preciso sabedoria sobre o que oramos e como oramos. Algumas orações não podem ser feitas sem que o Senhor nos autorize, não é sábio sair orando por qualquer um e de qualquer jeito, não quando nos envolvemos mais profundamente com o mundo espiritual. Deus ouve a todos e a todos responde, ninguém precisa ser técnico ou doutor para orar. Mas quem quer amadurecer e ter uma vida de oração mais eficiente, aprenderá, com o próprio Espírito Santo, os caminhos da intimidade com o Senhor. Nessa intimidade podemos até receber de Deus uma chamada mais específica para entrar em batalha espiritual, não só por nossas vidas e de familiares, mas também por grupos e regiões maiores. 
      Por que não devemos entrar em batalha espiritual sem orientação de Deus? Porque podemos entrar em embates que não são nossos, que Deus não nos autorizou a entrar, e portanto nos expormos a inimigos que não poderemos vencer simplesmente porque não é assunto nosso e nem estamos preparados, pelo menos não naquele momento. Assim, cuidado, contudo, uma certeza podemos ter, aqueles que estão dentro de nossos lares, cônjuges, filhos ou outros, esses estão sobre a nossa responsabilidade de oração, portanto podemos colocá-los sobre nossa cobertura espiritual. Assim, todo pai é toda mãe pode fazer intercessão por suas famílias e usando a autoridade dada por Jesus a eles para destruir as obras do diabo. 
      As igrejas cristãs precisam ter esse conhecimento, principalmente muitas protestantes tradicionais, que infelizmente, apesar de estudarem tanto a Bíblia, parecem não achar que essa relação com o mundo espiritual seja aprovada pela doutrina, pelo menos, não nos dias de hoje. É urgente que entendamos que o território espiritual sobre e na Terra está dividido em regiões geográficas físicas e que nos cabe lutar com as armas certas para manter os nossos territórios, nosso lar e nossa família, um lugar especial, um território físico e espiritual nosso, pelo qual temos responsabilidade, mas também um lugar que o mal tem muito interesse em oprimir. 

Esta é a 7a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

06/12/18

6. Conquistando e mantendo espaço (Parte 6 de 17)


6. Conquistando e mantendo espaço

      “Nós, porém, irmãos, sendo privados de vós por um momento de tempo, de vista, mas não do coração, tanto mais procuramos com grande desejo ver o vosso rosto; Por isso bem quisemos uma e outra vez ir ter convosco, pelo menos eu, Paulo, mas Satanás no-lo impediu.
I Tessalonicenses 2.17

      “Perseverai em oração, velando nela com ação de graças; Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso; Para que o manifeste, como me convém falar.” 
Colossenses 4.2-4

      O texto de I Tessalonicenses 2.17-18 faz uma revelação muita séria, Paulo, o apóstolo-teólogo que definiu a igreja cristã sobre o fundamento dos evangelhos, tanto fundador de igrejas quanto estudioso das revelações do Espírito Santo sobre o cristianismo, assume que foi impedido por Satanás de fazer algo, de ir até Tessalônica e ver os irmãos. Como lemos e relemos a Bíblia mas deixamos passar batido coisas importantes, sempre fazendo uma interpretação que nos convém, estabelecida por uma tradição de homens e não sensível à verdadeira voz do Espírito Santo. Se Paulo foi barrado por um diabo, ele, um soldado do Senhor do mais alto nível, quanto mais nós, tão envolvidos com as coisas deste mundo e não com a vontade de Deus. Eu particularmente fui edificado com o fato de um Paulo ter admitido o que admitiu, é bem difícil ver uma palavra assim sair das bocas de muitos pregadores atuais, que se postam como super-pastores, que parecem que nunca erram e que podem tudo. 
      Por outro lado, se Deus permitiu que essa passagem ficasse registada na Bíblia até os dias de hoje, é porque temos que saber e aprender algo com ela. Vencer o inimigo espiritual de nossas almas em oração é algo muito sério e muitas vezes não tão simples. Mas o diabo nunca tem vitória, isso é uma certeza, mesmo que seja habilidoso em criar situações que podem até jogar irmãos contra irmãos e que criam muitas vezes engodos difíceis de nos desvencilharmos, o que ele consegue realizar está sob a vontade permissiva de Deus. Se o Senhor autorizou-o a impedir uma ação do apóstolo foi com um objetivo, Paulo com certeza aprendeu algo com a experiência, algo de bom. Como diz a carta aos Romanos, “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (8.28).
      Batalha espiritual é conquista e manutenção de espaço, dando-nos direito de ficar, ir e vir com liberdade e em paz, por isso Paulo pede aos Colossenses no capítulo 4 da carta direcionada a eles que orem para que Deus lhe abra as portas. Só podemos realizar batalha espiritual sobre espaços que recebemos de Deus para dar cobertura espiritual. O espaço é físico, porém ocupado espiritualmente por seres espirituais do mal, os exércitos de espíritos malignos dos anjos caídos, que expulsos do céu espiritual, o terceiro céu, habitam agora o segundo céu espiritual, uma outra dimensão do céu físico ou o primeiro céu que fica ao redor do planeta Terra. Abrindo parênteses, classificar o céu em três níveis, é uma interpretação que me agrada, que é baseada naquilo que sabemos, sem complicar o assunto. Em II Coríntios 12.1-4 Paulo se refere ao Paraíso como o 3o. céu, os judeus acreditavam na existência de sete céus diferentes, a Bíblia não é tão específica sobre o assunto, fecho parênteses.
      Os espíritos malignos ganham espaço oprimindo e enganando aqueles que lhes dão ouvidos, e numa situação mais extrema de permissividade humana, possuindo-os. No antigo testamento o povo de Deus era uma nação física, Israel, assim a conquista de Canaã foi feita através de guerra e conquista de um território de terra. Israel tinha autorização de Deus para conquistar um território, mas não todos, limites foram estabelecidos e para cada uma das doze tribos. Mas Israel também tinha uma missão espiritual, testemunhar do Deus verdadeiro para as outras nações e se elas se rendessem ao Senhor e deixassem seus falsos deuses, Deus também as acolheria. 
      Na nova aliança, o povo do Senhor, os salvos em Cristo, constituem uma Igreja espiritual, não limitada por espaço físico, por nações ou outros tipos de territórios, agora a conquista não se faz mais por embates físicos, mas por fé no nome de Jesus através do amor de Deus. As igrejas crescem pregando o evangelho de redenção aos homens e não existe mais limites para isso, todos os que querem podem ser salvos e fazerem parte da Igreja universal e espiritual. Contudo, mesmo com essa nova referência de espiritualidade, de valores e virtudes interiores e não mais físicos, de uma salvação para todos, a batalha com os anjos caídos e seus demônios ainda se faz por força, não física, mas espiritual. Exatamente como isso acontece nos céus, nós não sabemos, o texto de Daniel 10 e as passagens de Apocalipse nos dão uma noção. Também não sabemos exatamente como atitudes humanas, na fé e na consagração, interferem nessa batalha, novamente as passagens de Daniel 10, Lucas 8 e Marcos 5 nos dá algumas informações a respeito, como já estudamos.
 
Esta é a 6a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

05/12/18

5. Território espiritual (Parte 5 de 17)


5. Território espiritual

      “E, quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o. E, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes. (Porque lhe dizia: Sai deste homem, espírito imundo.) E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos. E rogava-lhe muito que os não enviasse para fora daquela província. E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. E Jesus logo lho permitiu. E, saindo aqueles espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil), e afogaram-se no mar.” 

Marcos 5.6-13


      Os relatos de Lucas 8 e Marcos 5 sobre um mesmo acontecimento são importantes para entendermos muitos conceitos do mundo espiritual, um já citamos na parte 5 deste estudo, o outro é a territorialização dos demônios. Por que os demônios pediram a Jesus para entrarem nos porcos? Porque eles não queriam deixar aquela região geográfica, ou porque queriam continuar possuindo corpos físicos, mesmo que fossem de animais, de porcos? O texto de Marcos diz que os demônios pediram que Jesus não os enviasse para fora daquela província, o de Lucas diz que eles não queriam ser lançados no “abismo” (o que seria abismo, seria um lugar físico ou espiritual?) Seja como for, fica claro o desejo dos espíritos malignos de continuarem naquele território, presos aos porcos da região, lugar que conheciam e estavam adaptados e não no “abismo”.
      Quando dizemos território não queremos dizer a terra em si, mas o grupo social, a cultura, a sociedade humana do lugar. Os demônios habitam em todo o planeta Terra, mas eles se adaptam às culturas locais, assim, na África eles têm nomes e formas para os habitantes africanos, na Grã Bretanha terão outros nomes e formas, nos países nórdicos outros nomes e formas, na Índia, outros, no Japão, outros etc. Os seres espirituais do mal tiveram a mesma origem em todos os lugares, mas adaptados às culturas locais, têm nomes e formas distintos, assim, um demônio africano, via de regra, pode não querer ir para a Inglaterra, a não ser que africanos forem para lá. Isso explica a força do afro-espiritismo no Brasil e Américas, os demônios dessas religiões vieram pra cá junto da grande quantidade de africanos que pra foi trazida como escrava, por isso mantiveram nomes e formas da cultura africana, mesmo convivendo com a cultura portuguesa, italiana ou mesmo indígena que já existia nas Américas. 
      Demônios também se especializam em fraquezas e pecados locais, em uma região inclinam os homens para adultério e prostituição, em outras para suicídio e depressão, em outra para ganância e materialismo. É claro que de maneira geral, fazem todo o tipo de mal em todo o lugar, mas se prestarmos atenção notaremos males mais acentuados em determinadas regiões. No Japão o ritual “haraquiri” de suicídio deu origem aos “kamikazes” na segunda guerra mundial, e até hoje existe no país um alto grau de suicídio, isso está ligado a uma atuação demoníaca específica. Na Índia existe uma adoração muito grande de animais, de todo o tipo, isso é um tipo de atuação do mal, aliás a Índia, que ocidentais equivocados amam celebrar sua “espiritualidade”, sofre uma influência de demônios muito grande, dos mais diversos e sujos tipos. 
      Mas os demônios não são donos legítimos dos espaços, eles são ladrões que se aproveitam da fraqueza e rebeldia do homem. O planeta Terra foi dado originalmente ao homem, depois Canaã foi dada à nação de Israel, com a nova aliança em Cristo os convertidos têm responsabilidade pessoal sobre suas posses e suas famílias. Os demônios não são onipresentes nem oniscientes, apesar de espirituais eles são limitados, mas são comissionados, enviados para cumprir missões em lugares específicos e sobre pessoas específicas, assim, estabeleceu-se uma batalha espiritual por espaços físicos entre os cristãos selados com o Espírito Santo e os espíritos malignos. A arma do justo sempre foi a oração, vejamos a experiência de Daniel no capítulo 10 de seu livro, mas na nova aliança tem a autoridade no nome de Jesus. 
      Quando andamos pelo mundo, nas ruas, no trabalho, numa escola, no comércio, num restaurante, enfim, longe de casa e da igreja local que frequentamos, devemos orar pedindo proteção pessoal e individual. Nesses casos podemos, sem saber, estar cruzando regiões repletas de demônios que receberam legalidade para estarem lá por outras pessoas, mas esses lugares não são responsabilidades nossas. Mesmo assim, estejamos tranquilos, em trânsito, se estivermos em obediência a Deus e com oração e confissão de pecados em ordem, a mão do Senhor está sobre nós e nenhum mal nos toca (e mesmo enfieis Deus permanece fiel). 
      Se todos no planeta fossem convertidos e fizessem suas batalhas espirituais pessoais sobre sua posses e responsabilidades, demônios e diabos ficariam sem lugar para atuar, mesmo que presentes estariam amarrados. Mas a realidade é outra, enquanto vivemos o momento de livre arbítrio, onde a humanidade pode escolher se quer ou não ser salva, o planeta Terra está retalhado, por isso devemos lutar por aquilo que é nosso, e andar nos outros espaços com sabedoria e cuidado. Nossas prioridades são nossa família e nosso lar, conforme veremos logo mais.

Esta é a 5a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

04/12/18

4. Hierarquias, castas e legiões (Parte 4 de 17)


4. Hierarquias, castas e legiões

      “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” 
Efésios 6.11-12

     Principados, potestades, príncipes e hostes nos lugares celestiais, seres espirituais em lugares espirituais, no caso do seres do mal, em outra dimensão do céu físico ao redor do planeta e no planeta. Os seres espirituais, do mal e do bem, têm posições hierárquicas diferentes, os com posição superior têm mais poder que os de posição inferior, assim como superiores do bem lutam com superiores da mesma altura. Quando fazemos batalha espiritual lutamos contra esses seres, nessas referências espirituais, mas repito, ninguém precisa ter esse conhecimento para exercer a autoridade do nome de Jesus sobre o mal, fé em santidade no nome de Cristo bastam. Todavia, é bom entender (e crer) que muitas vezes, quando um homem ou uma mulher se levanta contra nós, eles podem estar direcionando ou /e sendo direcionados por seres espirituais do mal. Assim achar que armas humanas vão resolver essa questão, é um erro, guerra espiritual se vence com armas espirituais contra inimigos espirituais. 
      Quando demônios estão envolvidos em ataque direto, conversar com a pessoa que os mandou pode não adiantar, não só isso, tente chegar a um entendimento com o homem, mas repreenda os espíritos malignos também. Por favor, sejamos elegantes e sábios, não precisamos expulsar o demônios na presença da pessoa, na cara dela, principalmente se ela não for endemoniada. E mesmo que seja, penso que devemos ter cuidado para expulsar o ou os demônios, em primeiro lugar só fazendo tendo experiência com o assunto ou junto de alguém que tenha, e em segundo lugar com a permissão da pessoa. Se alguém não quiser ser limpo, é perda de tempo tentar exorcismo, assim, ainda com sabedoria, fale sobre o evangelho antes, ainda que muitas vezes só por isso o demônio já possa se manifestar.
      Mesmo que em oração possamos vencer os demônios que nos foram lançados por uma pessoa, mesmo que possamos anular a obra maligna, destrui-la, mesmo que possamos expulsar os demônios que estão no ar, não podemos fazer isso com as pessoas. Elas continuam com o livre arbítrio para seguirem desejando o mal ou o bem, contudo, quando anulamos suas ferramentas espirituais elas ficam amarradas, sem ação, pelo menos por um tempo. Numa situação assim convém estar em vigilância cercando as nossas vidas e de nossos próximos com o poder que há no nome de Jesus, pois como nos ensina Paulo “não temos que lutar contra carne e sangue”, não nesse caso. Todavia, as pessoas com mais relação com o mal e com seres espirituais malignos muitas vezes não ficam possessas, muitos bruxos e feiticeiros de alto nível não são possuídos espiritualmente, mesmo que tenham uma relação extremamente íntima com as trevas. 

      “E um da multidão, respondendo, disse: Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo; E este, onde quer que o apanha, despedaça-o, e ele espuma, e range os dentes, e vai definhando; e eu disse aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.” “E Jesus, vendo que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e não entres mais nele. E ele, clamando, e agitando-o com violência, saiu; e ficou o menino como morto, de tal maneira que muitos diziam que estava morto. Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou. E, quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que o não pudemos nós expulsar? E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum.” 
Marcos 9.17-18, 25-29

       A passagem de Daniel capítulo 10 pode nos ajudar a entender a orientação final de Jesus no texto acima de Marcos, o motivo daquele tipo específico de espírito maligno, daquela casta, só sair com oração e jejum. Talvez porque fosse um ser espiritual de escalão mais alto, será que os mais altos têm mais poder por serem superiores de alguma maneira ou porque além disso são líderes que têm muitos demônios sob suas ordens? Assim, será que são mais fortes porque quando agem não agem sozinhos, mas com aqueles que estão debaixo de sua autoridade, numa legião? Por outro lado, será que é preciso tempo em consagração orando pela expulsão porque nesse período, assim como aconteceu com Daniel, é o tempo necessário para que um ser espiritual do bem, um arcanjo, só ou com um exército, lute contra o ou os demônios e os vença em batalha? A Bíblia não deixa isso claro, mas a orientação de Jesus foi clara, para batalhas espirituais esteja preparado, orando e jejuando. Cristo, estava, visto que expulsou o mal sem dificuldades, Jesus sempre estava preparado. Já os discípulos só estariam totalmente prontos depois da partida de Cristo e descida do Espírito Santo sobre eles.

      “E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-lhe que os não mandasse para o abismo.”

Lucas 8.30-31

      “Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?”

Mateus 26.53


      Os relatos de Lucas 8 e Marcos 5 sobre um mesmo acontecimento são importantes para entendermos alguns conceitos do mundo espiritual, um deles é “legião”. “A palavra legião é a designação da maior divisão do exército romano, com aproximadamente 6.000 soldados de infantaria e 120 soldados de cavalaria e ainda de tropas auxiliares para serviços especiais. Ou seja, um grande número de soldados que mostrava o poderio militar de Roma” (Fonte). Mas o termo também é usado na Bíblia para informar sobre um grande ajuntamento de anjos. Quando se refere a seres espirituais não podemos interpretar isso como uma quantização científica, mas com certeza o termo foi usado para significar um número bem grande, seja de demônios ou de anjos. Por que Jesus perguntou o nome do espírito maligno? Isso não é relatado em outros eventos de expulsão de demônios, bem, Cristo tinha discernimento espiritual, essa informação é importante para entendermos a gravidade da possessão, mesmo que para Jesus encarnado isso não fizesse muito diferença, ele estava sempre preparado em oração e jejum para tudo. Mas para nós hoje esse conhecimento importa, nos ensina que o assunto não é brincadeira, nem deve ser tratado de forma leviana.

Esta é a 4a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

03/12/18

3. A experiência de Daniel (Parte 3 de 17)


3. A experiência de Daniel

      “Naqueles dias eu, Daniel, estive triste por três semanas. Alimento desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com unguento, até que se cumpriram as três semanas. E no dia vinte e quatro do primeiro mês eu estava à borda do grande rio Hidequel; E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz; E o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão. E só eu, Daniel, tive aquela visão. Os homens que estavam comigo não a viram; contudo caiu sobre eles um grande temor, e fugiram, escondendo-se.” 
      “E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a ti sou enviado. E, falando ele comigo esta palavra, levantei-me tremendo. Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia. Agora vim, para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias; porque a visão é ainda para muitos dias.”
Daniel 10.2-7, 11-14

      Esta passagem de Daniel é um texto fundamental para entendermos mundo espiritual, ela nos dá argumentos a entender porque batalha espiritual é um tipo de oração diferente, que envolve movimentação de batalhões de seres espirituais. Ela começa com Daniel relatando um jejum de três semanas que fez, o interessante é que não foi um jejum forçado, mesmo que com boa intenção. A tristeza de Daniel, sua preocupação com o destino de seu povo o levou a se abster de comida, de bebida e de alegria, talvez o melhor exemplo do jejum correto relatado na Bíblia. Quantas vezes fazemos um jejum porque sabemos que precisamos, porque sabemos que é certo, porque sabemos que é por uma boa causa, mas fazemos porque sabemos, na cabeça, e não no coração. A primeira lição que o texto nos ensina é que o jejum correto é o Espírito Santo que nos conduz a ele e nele, nasce do coração de Deus e toca o nosso coração profunda. Assim nada justifica usar jejum como moeda numa barganha com Deus, fazê-lo para acumular créditos e poder comprar algo do Senhor.
      Seguindo com a passagem, então, após três semanas de jejum, de ser convencido que algo importante lhe seria revelado sobre uma situação importante, sim, porque jejum convence o homem, não Deus, Deus não precisa ser convencido, jejum prepara o homem, não Deus, Deus não precisa ser preparado, assim, após esse período de consagração, Deus fala com Daniel. Daniel tem a visão de um ser espiritual, as palavras iniciais do ser são maravilhosas, “Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras”, que alegria, que benção ouvir isso do Senhor. Desde o primeiro dia, sim, como foi dito, Deus não precisou das três semanas, no primeiro momento de oração de Daniel o Senhor já tinha visto a sinceridade e a necessidade de Daniel.
      O ser espiritual faz então uma revelação especial, que não vemos constantemente na Bíblia: “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia”. Note que o período de tempo que o ser espiritual disse que tinha durado a resistência do “príncipe do reino da Pérsia” é o mesmo tempo que Daniel passou em oração. Assim, podemos entender que a persistência de Daniel orando teve um motivo, aguardar que o mundo espiritual cumprisse seus objetivos. Mas podemos perguntar, até que ponto não foi a insistência do homem, a fé do homem, que de alguma forma fortaleceu os seres espirituais do bem para vencerem a batalha contra os seres espirituais do mal? Sim, porque o texto se refere a anjos e arcanjos, não a príncipes e soldados humanos. “Príncipe do reino da Pérsia” não é um líder humano, mas um ser espiritual do mal de alto escalão, por isso Miguel, “um dos primeiros príncipes”, um arcanjo do bem, foi ajudar o ser espiritual que trazia para Daniel a resposta de oração de Deus. Esse ser pode ser um anjo que foi ajudado por um arcanjo para vencer uma batalha espiritual contra demônios e diabos.
      Contudo, a resposta trazida a Daniel tinha muito mais que informações sobre o problema que seu povo enfrentava naquele momento, sobre os setenta anos de cativeiro de Israel, tinha a ver com um futuro distante e final de toda a humanidade. Ele recebeu uma coleção de profecias conhecidas como “as setenta semanas de Daniel”. Não somos nós que escolhemos ser profetas, ou receber profecias, é Deus quem chama e escolhe o profeta, e quem pensa que isso é legal, que é fácil, que é só a alegria de saber de coisas que ninguém mais sabe, engana-se. Os profetas que receberam as profecias mais significativas da Bíblia pagaram com a solidão, com o cativeiro, com a desaprovação mesmo de seu povo, o privilégio de serem bocas dos mistérios do Senhor. Deus é terrivelmente esplendoroso!

Esta é a 3a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018