28/02/19

A Lei

      “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.” Gálatas 6.7-9

      Religiões orientais, como o hinduísmo e o budismo, assim como esotéricas, como ordens iniciáticas baseadas no hermetismo, têm na “lei da causalidade” um de seus princípios fundamentais. Também chamada de carma (ou karma, ou a 7ª lei hermética, a de causa e efeito) diz que nenhuma causa ficará sem efeito, assim tudo o que o ser humano faz deve colher uma consequência, boa ou ruim de acordo com a qualidade da causa. Paulo cita esse princípio na carta aos Gálatas, e aqui não estamos fazendo qualquer apologia a quem usou isso primeiro, textos bíblicos ou outros textos religiosos, mas o apósotolo-teólogo relaciona tal princípio não a uma lei do universo ou da natureza, de forma cósmica impessoal, mas a Deus, e é bem duro em relação a isso, “não erreis, Deus não se deixa escarnecer”. Na ótica de Paulo (e do Espírito Santo) a obediência da “lei da causalidade” é algo pessoal para o Altíssimo, não é possível zombarmos dele ou despreza-lo de alguma maneira achando que podemos fazer algumas coisas que nada voltará como retorno, repito, de bom ou de ruim. Injustiças não ficarão sem juízo, nem boas obras sem honra, eis uma lei de Deus, imutável e para todos, sempre.
      Paulo abrange e detalha a tal “lei”, “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna”, e a exortação inicial dele de que Deus não se deixa escarnecer (zombar, ridicularizar...) se refere também a isso, o efeito não só volta ao que o causou como é justo, adequado, na carne para a carne e no Espírito para o Espírito. É preciso ficar claro que na carne não significa só o óbvio, plantar pelos vícios, pelos erros, por uma busca de prazeres egoistas. De acordo com o evangelho fins não justificam os meios, assim como existe uma diferença entre colher neste mundo e colher na eternidade. A “lei” sempre é válida neste mundo, quem faz boas obras, colherá prosperidade, contudo, se não for salvo por Cristo, mesmo colhendo bem neste mundo, não mudará seu destino na eternidade. Deus não se deixa escarnecer também em relação à obra de redenção exclusiva feita por Jesus, boas obras não compram salvação, caridade feita pelo ateu, adorador de ídolos ou praticante de necromancia e culto a entidades espirituais, pode até ter bons frutos na existência material, mas não terá numa vida espiritual após a morte.
      O último versículo do texto de Paulo é um alerta aos que fazem boas obras no Espírito Santo e em Deus, não desista, infelizmente muitas coisas podem tentar nos fazer desistir nesta vida. Fraquezas reincidentes e não vencidas, cujas culpas que não acham no nome de Jesus paz através de seu perdão exclusivo e eficaz, podem nos enfraquecer ao ponto de perdermos a vontade de continuar fazendo (ou tentando fazer) as coisas certas. Injustiças do mundo, e o mundo é injusto mesmo, jaz no maligno (I João 5.19) que é cruel e mentiroso, injustiças administradas por prioridades equivocadas de vida e que não deveriam ser de quem é cristão, prioridades que podem nos levar a confiar mais no mundo que em Deus, desejar mais o mundo que seguir a Jesus, isso pode nos desanimar. Decepções com os homens, mesmo com cristãos, que apesar de estarem dentro do reino de Deus não são Deus e muitas vezes não vivem como homens de Deus, mesmo pastores, podem enfraquecer boas intenções. Eis três coisas que podem nos cansar de fazer o bem, nossas fraquezas, injustiças do mundo e decepções com tudo, mas Paulo nos exorta a não esmorecermos, seguirmos olhando para Jesus, fazendo tudo para ele e confiando em sua justiça, que no tempo certo colheremos.

27/02/19

Não fique perdido

      “Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” João 8.12

      Quando não sabemos onde estamos e nem para onde devemos ir, estamos perdidos, o salvo em Cristo e filho de Deus também pode achar-se nessa condição, mesmo tendo certeza de salvação e segurança da eternidade. Perdição não é trágico e certo destino só do que não autoriza que Deus se aproxime dele e lhe mostre a luz da vida que existe em Jesus, onde a existência é entendida com novos olhos, onde há libertação e paz. Nós cristãos, somos sempre levados pelo Espírito Santo a fazer escolhas, se demorarmos muito para fazer a escolha certa também poderemos nos achar perdidos. Repito, não é a perdição eterna, mas é um estado temporário de confusão que nos impede de ver a luz e nos deixa réus de “demônios”, veja que usei o termo entre aspas.
      Não me refiro aos seres espirituais do mal, pelo menos não só a eles, eles na maioria das vezes só usam nossos “demônios” internos para nos torturar, usam porque permitimos, o que são esses “demônios” internos? São nossos medos, nossas inseguranças, nossos erros passados, que nos enganam dizendo que nosso futuro está predestinado a repetí-los. Esse inferno ocorre dentro de nós, em nossas mentes e corações, centros figurados de nossos pensamentos e emoções, aquela relação estreita que ocorre entre corpo e alma, invisível, mas que nos domina mais que algemas em nossos punhos e cordas em nossos tornozelos. Esses “demônios” nos aprisionam e nos machucam, criam um loop infinito de efeito e causa que nos parece impossível de acabar, “demônios” são pessoais e intransferíveis, tão exclusivos a nós quanto nossos talentos, aptidões, paixões e ódios.
      Meu amigo e minha amiga, como você sabe que está perdido? Quando percebe que está sendo controlado por problemas que pareciam já terem sido resolvidos, quando sente que sua vida parece ter retrocedido, quando vê que opiniões, situações e pessoas, que antes não te incomodavam, passam a te deixar extremamente desconfortável. Penso, contudo, que o que marca um momento de perdição é uma guerra interior, que muitas vezes nem verbalizamos para os que estão próximos de nós, e não fazemos isso simplesmente porque não conseguimos entender o que está acontecendo. O que mais nos tortura nesse momento é que tentamos resolver um monte de problemas e não conseguimos, e não conseguimos porque na verdade esses não representam o problema principal, são apenas efeitos, não a causa. 
      O problema principal, e que acaba abrindo uma brecha em nós para todos esses outros problemas entrarem e nos dominarem, pode ser só uma decisão que temos que tomar e não estamos tomando, antes estamos fugindo de enfrentar a questão. Quando essa decisão for tomada todos os “demônios” desaparecerão, ficarão pequenos, fracos até que irão embora, do mesmo jeito que vieram. O que nos deixa perdidos é fugir de ter que fazer uma escolha, mas por que fugimos de certas escolhas? Por vários motivos, um deles pode ser porque fazer a escolha implica em abrir mão de uma posição cômoda, de algo que já nos acostumamos a fazer por anos, que nunca nos atrapalhou, mas que agora, a luz de Deus mostra que é algo que temos que deixar, de uma vez por todas. 
      Uma dificuldade deixa de ser dificuldade quando fica fácil de ser ultrapassada, assim Deus nos leva a enfrentar uma mais difícil, para que possamos crescer. A vida não fica mais fácil, mas mais difícil à medida que ficamos mais fortes. Isso, contudo, só acontece para que saibamos sempre que somos fracos e quem é forte é Deus, nessa consciência adquirimos humildade e continuamos a depender sempre do Senhor. Podemos, depois de anos tendo vitória e conseguindo ser produtivos, acabar achando que já crescemos tudo o que poderíamos, então Deus nos confronta com uma situação em que nos sentimos perdidos, por quê? Porque Deus coloca diante de nós uma dificuldade diferente, maior, e aquilo que parecia fácil fica difícil, aquilo que ultrapassávamos de um jeito que já tínhamos nos acostumado, não funciona mais. 
      Isso não é para que desistamos, para que concluámos, “bem, acho que já fiz tudo o que devia, agora é hora de parar”. Isso até pode ser verdade, esse momento pode até ter chegado, contudo, se você está sem paz e se sentido perdido, retrocedendo em teu padrão de vida espiritual, então não é momento de parar, mas de fazer uma nova escolha e enfrentar de frente um novo desafio. Grandes dificuldades são sempre grandes degraus para alcançarmos grandes conquistas, mas por outro lado, a negação de seguir em frente numa situação dessas traz grandes dores, um sentimento de perdição sem tamanho. Isso não é para que soframos indefinidamente, mas para nos empurrar para frente e para cima, para fazermos a vontade de Deus e crescermos. 
      O Deus que nos chama nos guiará até o fim de nossas vidas terrenas para novas, boas e melhores coisas. Em meu caminhar com Deus, todo início de ano é momento de saber e fazer uma nova escolha, você já sabe o que Deus tem pra você neste ano, já buscou, conheceu e obedeceu à vontade do Senhor para você e sua família em 2019? A vida com Deus se renova sempre, e o Senhor faz as coisas assim para o nosso bem, ele sabe como nos entediamos facilmente, como nossa alma é limitada para reter as riquezas do Espírito, dessa forma ele sempre nos toma pela mão e nos leva a provar novas facetas de uma vida abundante. A perdição não é para sempre, a confusão não é impossível de ser desfeita, os “demônios” não são invencíveis, se você parar e obedecer aquilo que Deus tem pra você hoje. 

      “Porque tu acenderás a minha candeia; o Senhor meu Deus iluminará as minhas trevas.Salmos 18.28

26/02/19

Preconceito X Humildade

      Confesso, ainda sou preconceituoso, julgo pela aparência, por um estereótipo que gravei na minha cabeça, sem conhecer de fato a pessoa. Preciso deixar aqui esse depoimento, e como músico, convivendo com músicos, e já com algum tempo de vida, às vezes ainda tiro conclusões precipitadas sobre as pessoas, talvez justamente por achar que já sei alguma coisa. Na música, uma coisa é o diferencial para quem quer exercer o ofício, talento natural, esse quesito não é adquirido com o tempo, não pode ser comprado com dinheiro nem com a maior força de vontade do mundo, ou a pessoas nasce com talento, ou não. Pode acontecer do talento aflorar mais à medida que a pessoa amadurece como ser humano, arte é virtude da alma, e fica melhor à medida que a alma ganha liberdade, mas ainda assim o potencial já estava com a pessoa desde seu nascimento.
      Assim, não julgue um músico pela aparência, mesmo pela cultura ou formação acadêmica. Existe gente que teve acesso a muito estudo, incluindo o musical, como à escola de piano erudito, cujo currículo passa de dez anos de estudo pesado, mas ainda assim gente com pouco talento mesmo que com muita técnica. Músico com talento não precisa de estudo, pode nem ler partitura, mas tem o que chamamos de “ouvidos”, ouve e sabe o que está acontecendo e executa no instrumento, discerne notas, escalas, acordes, encadeamentos, ritmo, arranjo etc. Ouve e sai tocando, sem precisar decodificar partitura, e além de reproduzir o que outros criaram, compõe obras originais e rearranja. É claro que quando o talento encontra o estudo, quando além de ouvidos o músico tem conhecimento da teoria musical, de harmonia, de partitura, o músico atinge seu apogeu. 
      Contudo, já encontrei gente simples, e mais que simples, humilde de fato, a qual eu não dei a princípio muito valor como músico, sim, devido a simples preconceito, por achar que pessoa com este estereótipo não deve ser bom músico e com aquele, deve, nesse julgamento pra pior já me dei mal e passei vergonha. Ocorre também que pessoas realmente geniais podem ser verdadeiramente humildes, não se impõem por aparência nem por palavras, você só vai saber que elas têm muito talento quando as vir atuando, tocando o instrumento. A verdadeira e melhor humildade não se nasce com ela, e ter um jeito tímido e discreto não significa de fato ser humilde, mas o músico em especial é de uma classe bem humilhada, principalmente em nosso país (e em nossas igrejas), tem que ser humilde para sobreviver. 
      Não me refiro a esse músico que vemos na mídia, na TV, na internet, esse pode ser celebridade, mas não ser artista (e uso o termo artista na melhor das óticas, referindo-me a alguém que de fato produz arte), muitos podem ser famosos, mas nem terem talento musical, assim pode até parecerem humildes, mas não serem. Não estou generalizando, mas infelizmente atualmente existe uma obsessão muito grande para ser celebridade (e muito nas igrejas evangélicas), e muitos fazem qualquer negócio, “vendem a alma”, para terem fama (ou se vendem e perdem a pureza do evangelho como “artistas” gospel). 
      O músico da noite, contudo, como chamamos esse profissional marginal que não aparece na mídia, aprende que precisa sobreviver de seu trabalho, que a competição é desleal, e que humildade é preciso para seguir de cabeça erguida e com portas abertas. É nesse tipo sofrido de profissional onde achamos gente muito talentosa, com uma aparência bem diferente das celebridades midiáticas, e que se não estivermos com a mente e o coração abertos podemos interagir com preconceito, com julgamento ruim, e sermos envergonhados. A lição é, cuidado, não defina alguém sem conhecê-lo profundamente, ainda que para quem tem sabedoria de vida em Deus, bastem alguns instantes para ver a qualidade do caráter de uma pessoa.

      “Os propósitos do coração do homem são águas profundas, mas quem tem discernimento os traz à tona.” Provérbios 20:5

25/02/19

Deus é contigo

      “Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares.Josué 1.9

      O versículo inicial nos consola sobremaneira, a todos nós que um dia nos colocamos nas mãos de Deus, indiferentes às posições dos homens, às oposições dos homens, às opiniões dos homens, querendo achar a felicidade que só Deus pode nos dar e que queremos tanto encontrar, após muito sofrimento e solidão. Pois é essa a palavra que sinto de compartilhar contigo, meu amigo e minha amiga que hoje lê um post do “Como o ar que respiro”, Deus é contigo, confia teu caminho nas mãos do Senhor, limpe seu coração, seja fiel com as alianças que realmente importam, se desvencilhie das outras, para não pecar, e anime-se. Deus te acompanhará até o fim, não te deixará, nunca te faltará esperança, saúde, trabalho honesto e companhia de homens e mulheres de bem que te façam companhia, de forma que tenha sempre teu coração cheio de paz e tua boca cheia de louvor ao Altíssimo.

24/02/19

A que se compara o Senhor?

      “E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para là, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima. E vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui.” 
Êxodo 3.1-4


      “Vive o Senhor, e bendito seja o meu rochedo; e exaltado seja Deus, a rocha da minha salvação” 

II Samuel 22.47


      “E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” 

Atos 2.2-4


     “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado.” 

João 7.37-39


      O fogo que não queima, a terra, endurecida na rocha, que não se move, o vento que não destrói e a água que não afoga, não são os quatro elementos materiais, mas metáforas espirituais, que tentam definir importantes experiências que homens tiveram e têm com Deus pai, filho e Espírito Santo. Não estou sendo panteísta aqui, vendo Deus nos elementos, ainda que como descrito no Salmo 18, o Senhor tem controle sobre eles e eles se manifestam como efeito de seu poder. 


      “Na angústia invoquei ao Senhor, e clamei ao meu Deus; desde o seu templo ouviu a minha voz, aos seus ouvidos chegou o meu clamor perante a sua face. Então a terra se abalou e tremeu; e os fundamentos dos montes também se moveram e se abalaram, porquanto se indignou. Das suas narinas subiu fumaça, e da sua boca saiu fogo que consumia; carvões se acenderam dele. Abaixou os céus, e desceu, e a escuridão estava debaixo de seus pés. E montou num querubim, e voou; sim, voou sobre as asas do ventoFez das trevas o seu lugar oculto; o pavilhão que o cercava era a escuridão das águas e as nuvens dos céus. Ao resplendor da sua presença as nuvens se espalharam, e a saraiva e as brasas de fogo. E o Senhor trovejou nos céus, o Altíssimo levantou a sua voz; e houve saraiva e brasas de fogo. Mandou as suas setas, e as espalhou; multiplicou raios, e os desbaratou. Então foram vistas as profundezas das águas, e foram descobertos os fundamentos do mundo, pela tua repreensão, Senhor, ao sopro das tuas narinas. Enviou desde o alto, e me tomou; tirou-me das muitas águas.” 

Salmos 18.6-16


      Que texto maravilhoso esse Salmo, seja interpretado ao pé da letra, seja visto como metáforas das potestades espirituais, é poético, e mesmo um ser humano não dado à filosofia ou sem conhecimento profundo do mundo invisível pode entender e se sentir ouvido e protegido por um Deus alto e poderoso. Os quatro textos iniciais descrevem a subjetividade humana experimentando o Senhor, já que foram escritos por homens e para homens, ou podem ser a maneira como Deus se apresenta para que essa subjetividade possa entender melhor sua manifestação, contudo, esses textos contém mistérios que pouco compreendemos, do mundo invisível, da eternidade, que vão muito além de fogo, terra (rocha), ar (vento) e água. 

      Esta reflexão não contém nenhuma revelação, doutrinária ou filosófica, é apenas a expressão do meu encantamento com Deus, suas criações (de todos os universos), suas manifestações e como tudo isso simplesmente alimenta nosso ser, corpo, alma e espírito, de maneira completa. Triste o homem que acha fraqueza adorar a Deus, que considera ignorância confiar num Deus pessoal, invisível e todo-poderoso, não é só a Deus que tal homem nega, mas a si mesmo, sua essência. Nossa essência precisa do Senhor, o deseja com todo seu sentimento e pensamento, suspira por ele, tem sede dele, precisa dele como ar que mantém a vida, como água que sacia a sede, como rocha que dá firmeza e como fogo, que aquece e transforma os materiais para bem servir ao homem.


      “E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o Senhor. E eis que passava o Senhor, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto; E depois do terremoto um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada.

 I Reis 19.11-12


      Não posso encerrar está reflexão sem citar o texto acima, um dos textos mais poéticos da Bíblia. Um vento forte nos aterroriza quando olhamos pelas janelas e vemos tudo se abalar quando ele passa? Um terremoto lança em nossos rostos nossa fragilidade diante da força da natureza que faz tremer nosso chão? Um fogo terrível e consumidor devasta tudo o que tem pela frente? Pois saiba que Deus pode usar tudo isso e ser maravilhoso, contudo, seu maior poder, o único de fato que pode mudar o coração do homem, é o perdão pelo nome de Jesus. Esse perdão Deus revela com a voz mansa e delicada do Espírito Santo, que nos fala com amor e com graça, e que transforma nossas vidas de maneira extrema e para sempre. 

23/02/19

“Vira essa boca pra lá”?

      É cultural no Brasil, faz parte da tradição popular do brasileiro ser supersticioso, uma dessas superstições diz que falar do problema atrai o problema, pode fazê-lo acontecer, assim quando alguém diz sobre o risco de um perigo se responde, “vira essa boca pra lá”. Quem responde assim acha, mesmo inconscientemente, que essas palavras têm certo poder mágico, e que elas bastam para anular perigo, bem, como dito no início, isso é só uma superstição, não interfere na realidade. 
      Obviamente não só o brasileiro é assim, gente de todo o mundo é supersticiosa, mas no Brasil, essa tal superstição aliada ao tal “jeitinho brasileiro”, que não busca soluções sérias e eficientes para os problemas, mas apenas paliativos, gambiarras, leva muita gente a fugir de ter que enfrentar de frente coisas não resolvidas e que podem ser solucionadas, se houver coragem e boa vontade para exercer solução. O parábola dos talentos de Mateus 25 pode ser aplicada para muitas lições, vejamos parte dela para o tema desta reflexão.

      “Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros.Mateus 25.24-27

      O texto dá um bom exemplo de quem recebe algo e não reage de maneira correta, não enfrenta de frente o desafio, que no caso era aumentar o valor que tinha recebido originalmente. Interessante que a solução que o senhor do servo dá não violenta a vontade inicial do servo que era trabalhar minimamente, o senhor nem o repreende dizendo que ele deveria ter trabalhado mais para fazer render o talento. O senhor mostra uma solução que era possível ao servo, colocar o talento num banco para render, pelo menos para ter atualização monetária mensal ou aumentar com uma pequena taxa de poupança, lendo num ponto de vista atual.
      Deus não exige de um o que exige do outro, ele conhece os limites de cada um e julgará cada um conforme suas forças, seu potencial. Mas nem isso o servo negligente e bajulador fez, ele que menos recebeu para fazer render e sobre o qual menos responsabilidade foi lançada. Talvez alguém tivesse chegado a ele e dito, “você vai deixar esse talento parado? aí em casa, debaixo do colchão, enterrado na terra? não é seguro, e se um ladrão vier e roubar?”, talvez o negligente tivesse respondido, “vira essa boca pra lá, não vai acontecer nada, deixa quieto aí que quando o senhor voltar eu devolvo”. Como diz o ditado, quem pouco faz, menos tempo tem para fazer, quem muito faz sempre acha tempo para fazer mais.
      Enfrentemos nosso problema de frente, o verbalizemos em oração, de forma consciente, entendamos seu começo, seu meio e seu fim e então, lúcidos e diante de Deus, achemos solução e coloquemos mãos à obra para resolvê-los, isso é andar na luz de Cristo. Otimismo que foge da realidade não é otimismo, é insanidade irresponsável, enchergar problemas não é pessimismo, é maturidade, não inventa-los ou aumentá-los, mas os olharmos por completo, nos planejar, com paciência, trabalho e esperança, focados na solução. Infelizmente, essa cultura ruim do brasileiro tem levado nosso país a tantos acidentes, a tantas tragédias, isso tem relação direta com a falta de fiscalização. 
      Obras, rodovias, viadutos, prédios, barragens etc, que um dia foram construídos, não sofrem vistoria e se sofrem, são feitas por corruptos que ganham para darem autos mentirosos, não cobrando reformas ou em muitos casos reconstrução completa para se adequar a norma atuais. É o tal jeitinho brasileiro, não uma qualidade do nosso povo, mas um mal terrível, enquanto o povo, que deveria cobrar das autoridades fiscalização honesta e devida punição dos que não estiverem dando manutenção adequada, simplesmente diz, “vira essa boca pra lá, isso atrai coisa ruim, não vai acontecer nada, não”.

22/02/19

A quem você se dá?

       “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem.Mateus 7.6

     Muitos passam a vida se esforçando, trabalhando, doando, o seu melhor, o seu tempo, o seu talento, então, percebem um dia que estão vazios e cansados. Por quê? Porque se deram para as pessoas erradas, se tivessem parado um pouco, ouvido a voz de Deus e obedecido essa voz, poderiam saber para quem realmente deveriam se dar. Viver para as pessoas erradas duplica nosso trabalho, pois fazemos o que temos que fazer mais o que os outros querem (ou achamos que querem) que façamos. Isso é abertura para doença, principalmente para depressão.
      Muitas vezes se dar para a pessoa errada nem é fazer algo diretamente para uma pessoa, mas fazer para terceiros para impressionar a tal pessoa, mostrar a ela que somos aquilo que achamos que ela considera importante ser. Muitos vivem assim equivocados com relação principalmente à família, a pais e irmãos, fazem um monte de coisas só para provar para esses que são bons filhos e irmãos, esforçados, trabalhadores. Se nos gastamos para o que não precisamos, deixamos de fazer para quem precisa de fato de nós. País que vivem para seus pais e irmãos acabam privando seus filhos da atenção que precisam.
      Se dar às pessoas erradas é um trabalho sem fim, “cães furiosos”, conforme o texto inicial, não se saciam e acabam se virando contra nós, mesmo depois de termos dado tanto a eles. Quando nos damos para as pessoas certas, no final da caminhada, há recompensa, há honra, há alegria, se não de homens, com certeza de Deus. É preciso que tenhamos na vida tal sensibilidade e diligência, quem adquire tal sabedoria não se decepciona nem perde tempo. Pare agora por um instante e faça a si mesmo essa pergunta: a quem tenho me dado, com quem tenho gasto minha vida, quem tem merecido minhas prioridades, meus anos, será que são as pessoas certas, conforme a vontade de Deus?