quinta-feira, fevereiro 28, 2019

A Lei

      “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.” Gálatas 6.7-9

      Religiões orientais, como o hinduísmo e o budismo, assim como esotéricas, como ordens iniciáticas baseadas no hermetismo, têm na “lei da causalidade” um de seus princípios fundamentais. Também chamada de carma (ou karma, ou a 7ª lei hermética, a de causa e efeito) diz que nenhuma causa ficará sem efeito, assim tudo o que o ser humano faz deve colher uma consequência, boa ou ruim de acordo com a qualidade da causa. Paulo cita esse princípio na carta aos Gálatas, e aqui não estamos fazendo qualquer apologia a quem usou isso primeiro, textos bíblicos ou outros textos religiosos, mas o apósotolo-teólogo relaciona tal princípio não a uma lei do universo ou da natureza, de forma cósmica impessoal, mas a Deus, e é bem duro em relação a isso, “não erreis, Deus não se deixa escarnecer”. Na ótica de Paulo (e do Espírito Santo) a obediência da “lei da causalidade” é algo pessoal para o Altíssimo, não é possível zombarmos dele ou despreza-lo de alguma maneira achando que podemos fazer algumas coisas que nada voltará como retorno, repito, de bom ou de ruim. Injustiças não ficarão sem juízo, nem boas obras sem honra, eis uma lei de Deus, imutável e para todos, sempre.
      Paulo abrange e detalha a tal “lei”, “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna”, e a exortação inicial dele de que Deus não se deixa escarnecer (zombar, ridicularizar...) se refere também a isso, o efeito não só volta ao que o causou como é justo, adequado, na carne para a carne e no Espírito para o Espírito. É preciso ficar claro que na carne não significa só o óbvio, plantar pelos vícios, pelos erros, por uma busca de prazeres egoistas. De acordo com o evangelho fins não justificam os meios, assim como existe uma diferença entre colher neste mundo e colher na eternidade. A “lei” sempre é válida neste mundo, quem faz boas obras, colherá prosperidade, contudo, se não for salvo por Cristo, mesmo colhendo bem neste mundo, não mudará seu destino na eternidade. Deus não se deixa escarnecer também em relação à obra de redenção exclusiva feita por Jesus, boas obras não compram salvação, caridade feita pelo ateu, adorador de ídolos ou praticante de necromancia e culto a entidades espirituais, pode até ter bons frutos na existência material, mas não terá numa vida espiritual após a morte.
      O último versículo do texto de Paulo é um alerta aos que fazem boas obras no Espírito Santo e em Deus, não desista, infelizmente muitas coisas podem tentar nos fazer desistir nesta vida. Fraquezas reincidentes e não vencidas, cujas culpas que não acham no nome de Jesus paz através de seu perdão exclusivo e eficaz, podem nos enfraquecer ao ponto de perdermos a vontade de continuar fazendo (ou tentando fazer) as coisas certas. Injustiças do mundo, e o mundo é injusto mesmo, jaz no maligno (I João 5.19) que é cruel e mentiroso, injustiças administradas por prioridades equivocadas de vida e que não deveriam ser de quem é cristão, prioridades que podem nos levar a confiar mais no mundo que em Deus, desejar mais o mundo que seguir a Jesus, isso pode nos desanimar. Decepções com os homens, mesmo com cristãos, que apesar de estarem dentro do reino de Deus não são Deus e muitas vezes não vivem como homens de Deus, mesmo pastores, podem enfraquecer boas intenções. Eis três coisas que podem nos cansar de fazer o bem, nossas fraquezas, injustiças do mundo e decepções com tudo, mas Paulo nos exorta a não esmorecermos, seguirmos olhando para Jesus, fazendo tudo para ele e confiando em sua justiça, que no tempo certo colheremos.

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