02/07/19

Worship - adoração instrumental contemporânea

      “Worship” (adoração em inglês) é um termo usado para um estilo de música e de sonoridades de instrumentos musicais usados em momentos de adoração e contemplação em cultos de igrejas protestantes e evangélicas atuais. Seja iniciado por esse ou aquele movimento, ministério, cantor, pregador ou banda, nacional ou estrangeiro, é fato que é uma forma de expressão muito utilizada nos últimos anos. Em termos de sonoridade, os timbres usados são de teclados eletrônicos, pianos acústicos sampleados mais “pads”. “Pads” nesse contexto se tratam de “synth strings” ou “ambiências” que possibilitam a criação de um clima tranquilo e sem mudanças de ritmo ou dinâmica muito extrema. 
      O “worship” perfeito feito pelo tecladista é aquele que não chama a atenção para a música ou para o músico, mas para a adoração, deixando a congregação à vontade para ouvir a palavra e cantar. Os “pads” mais adequados não são necessariamente “strings”, mas layers (camadas) mais sintetizados, com “ataques” lentos, “releases” demorados, filtros mais fechados, bem ao estilo “new age”. Muito evangélico não sabe mas essa referência de música de fundo para meditação vem de mantras e linhas harmônicas de religiões orientais, e não me refiro à música hebraica, que tem uma legitimidade mais bíblica, mas hindu, árabe e extremo oriente.
      Em termos de harmonia, tecladistas gospel atuais gostam de carregar na nona maior, mas a sétima maior também é constante, lembro-me de quando usar intervalos de bossa nova em música litúrgica era quase pecado. Mas para o meu gosto pessoal, a música de fundo para ouvir a palavra e adorar livremente em oração mais interessante, é a mais simples, evitando encadeamentos harmônicos e usando até mesmo só as quintas. É claro que o tecladista terá que vencer suas vaidades para criar uma harmonia que é quase um cantochão medieval, mas que cria um clima isento de tensões, absolutamente espiritual, ou o tanto que é possível criar por seres humanos neste plano. Se você, tecladista, nunca fez isso, tente, tive experiências bem profundas com Deus ministrando assim. 
    O grupo australiano Hillsong Worship (anteriormente Hillsong Live), grupo de louvor & adoração formado em 1983 na igreja Hillsong em SydneyAustrália, dentre outros ministérios, teve e tem tido uma grande influência no estilo que muitos chamam “worship”. No Brasil, o ministério “Diante do trono” da igreja batista de Lagoinha/MG, também teve uma forte influência no estilo, principalmente no uso de “mantras” (frases simples e curtas repetidas muitas vezes), dando um caráter mais emocional à música evangélica, opondo-se aos hinos tradicionais protestantes mais racionais, e mesmo a estilos de grupos de louvor como “Vencedores por Cristo” dos anos 1980.
      Sim, na sinceridade e santidade há agrado a Deus, não importando a ferramenta que se use, mas não se iludam os mais jovens, “worship” é só mais uma moda da alma, um tipo de expressão artística, não de manifestação espiritual. Ainda que toque forte emocionalmente os adoradores atuais, passará e outras modas surgirão, só Deus é que permanece sempre o mesmo. Posso dizer isso porque acompanho de maneira atuante a música, em várias igrejas diferentes, desde os anos 1970, já vi ministérios, bandas e cantores surgirem como novidade empolgante e envelhecerem, para darem lugar a outros com uma novidade mais recente. Mas importa que seja assim, que a adoração musical seja sempre renovada, a alma humana precisa disso. 

Texto originalmente postado no blog “Músicos que usam iPad”, 
por José Osório de Souza, em 15 de maio de 2019

01/07/19

Íris sem véu

       “Se clamares por conhecimento, e por inteligência alçares a tua voz, se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos.” Provérbios 2.3-7a

      O texto a seguir não é um texto fácil de entender, usei muitas metáforas, na verdade haveria necessidade de outro texto com extensão semelhante para explica-lo. Mas o objetivo foi esse mesmo, esconder, não mostrar, os que precisarem e quiserem saber saberão. Se não for o teu caso, desconsidere-o, mesmo aqui no blog tem muitas reflexões que podem alimentar tua alma de um jeito menos complicado. O nome do texto, “Íris sem véu”,  é uma ironia com o nome de um conhecido livro ocultista de H. P. Blavatsky, “Ísis sem véu”, entendidos entenderão o paralelo.

      O véu do verdadeiro conhecimento só cai quando a ilusão é desconsiderada e a realidade é encarada sem filtros. 

      Existe um véu, fino e delicado, que cobre algumas coisas, ele até nos permite ver as linhas superficiais do que acoberta, mas nos impede de enxergar os detalhes, ver só o esboço pode nos levar a enganos perigosos. Sob o véu, podemos saber se a estátua é de um homem ou de uma árvore, mas não sabemos se o homem é bom ou mau, ou se a árvore dá frutos doces ou amargos, sob o véu um anjo pode parecer um demônio, e um demônio, um anjo. A verdade não pode ser conhecida assim, facilmente e por qualquer um, isso não é alguma espécie de melindre divino, mas valorização daquilo que é precioso e através do qual pode o ser humano ser abençoado de maneira diferenciada. Assim, quem acha que sabe tudo sobre Deus porque já orou bastante, já jejuou muito, já recebeu vários dons espirituais, já estudou muito a Bíblia, foi assíduo em cultos por anos num mesmo ministério, enquanto outros desistiam ou mudavam de igreja local, cuidado, existe um véu. Ele não pode ser negociado, comprado, trocado, na verdade só o vê quem não se acha merecedor dele, quem não se considera digno dele, quem acha quebrada a alma e ainda assim não nega o Senhor, ainda que siga sozinho, humilhado e marginalizado. Aliás, o véu é direito do desconhecido porque ele cobre o incognoscível, o que já acha que sabe tudo e que já recebeu nas igrejas sua parte, nunca terá noção que existe um véu, continuará enganado, aprendendo apenas o que aprendem as crianças ainda que se ache mestre.
      O que é o verdadeiro conhecimento? Isso não será dito aqui, não agora, não de maneira direta, ainda que seja compartilhado dia após dia neste espaço. O verdadeiro conhecimento não são as pepitas de ouro existentes por trás de duras e profundas camadas de pedra, mas é a ferramenta usada para quebrar a parede e abrir espaço até as pepitas. O objetivo são as pepitas de ouro? Talvez, para alguns pode até ser, mas estes talvez descubram depois, que as pepitas não eram tão importantes assim, que mesmo elas, caras, raras, acabam, o que se pode adquirir através delas é finito, limitado, conhecível. O que é essa ferramenta, então, é a fé, são as obras, é a adoração? Não, isso são as camadas de pedras, obstáculos e trabalhos do universo manifesto, da matéria, da vida encarnada, deste mundo, podem até ser importantes aqui, mas na vida puramente espiritual serão desnecessárias, mesmo vaidades do passado. No outro plano não precisaremos nos esforçar para crer, praticar ou adorar, na vida espiritual pura e plena não desejaremos estar, nem teremos que provar que somos, só seremos um com o Grande Eu Sou através do Único Verbo de Deus, Jesus. O verdadeiro conhecimento não são respostas, mas uma pergunta, só uma, que nos será soprada ao pé do ouvido pela voz mansa de Deus, o incognoscível, quando se faz essa pergunta não se precisará mais esperar nenhuma resposta, estaremos em paz com tudo, com o universo, com nós mesmos e com o altíssimo. Nela está o grande e maior questionamento, mas também está a resposta, aquela que responde tudo. 

      A ilusão é vasta e sem forma como uma neblina translúcida sobre um vulcão em erupção, mas é estreita e funda como um poço de água amarga, morna e negra.

      A ilusão é a morte para os que têm medo da vida, a vida para os que têm medo da morte, é o mar para quem tem medo da terra, e a terra para quem tem medo do mar. A ilusão é o amor, para quem tem medo da solidão, e a solidão para quem tem medo de amar. A ilusão é a paixão, que transforma a cobra em pomba e a pomba em cobra, que faz do feio, bonito infinito, e do lindo, um passado feio. A paixão é o grande véu, que ilude mesmo os deuses, os fortes, os eruditos, tanto quanto os tolos, fracos e elementais. O véu da paixão limita fazendo acreditar que revela, fecha fazendo crer que abre, enche o ventre de líquido enquanto mata de sede, farta a boca, nunca saciando a fome. O véu é a paixão e a paixão, uma ilusão, que ludibria sacros e mundanos, cristãos e pagãos, místicos e magos, pois amarra o investigador ao espelho, que acaba buscando resposta para o mistério que está dentro de si mesmo, não para o maior, que está lá fora. Apaixonado anda em círculo, ainda que cheio de energia e prazer no início, sempre acaba se cansando, então para e olha de novo no espelho. Atordoado, de tanto ter andado viciadamente, não percebe que vê no espelho a mesma imagem, que o dirige sempre para o mesmo lugar, então torna a caminhar, enganado, preso ao véu do conhecimento maior e não ao verdadeiro conhecimento.
      Aquele que é de fato honesto consigo mesmo, que compara discurso com prática, fé com obras, que olha de fora, de longe, tempo e espaço, e avalia não a pepita de ouro, mas a ferramenta, começa encarar a realidade. Aquele que entende que as pepitas e outras pedras preciosas perecem, que as duras camadas de rochas não ficam mais finas, mais fáceis, esse coloca as mãos no espelho, o senti, e percebe que ele precisa ser quebrado, esse começa a vislumbrar a realidade. Aquele que para e olha para a ferramenta pesada que tem nas mãos, entende que muitas vezes ela parece servir porque é útel, mas só para fazer o trabalho errado, trabalho que o faz escravo dos outros e não senhor de si mesmo, esse começa ver a realidade. A realidade é o universo sem ilusão, sem paixão, sem mentira, sem espelho, sem ferramenta na mão, porque na verdade não existe trabalho, não como se sachava que existia até então quando se estava atrás do véu. Quando não se esperar mais dos vendedores de peixes que tenham peixes para vender, ou que entreguem de fato peixes, a custo de lhes entregarmos nossas posses e almas, quando não se esperar mais dos vendedores do mundo que tenham um mundo para nós entregar, com campos verdes, com rios limpos, com ar puro, depois de lhes entregarmos nossas mentes e corpos, quando isso acontecer estaremos de fato rasgando o véu da ilusão. O véu cairá quando toda nossa expectativa no homem se for, e ainda assim conseguirmos manter nossos corações transbordantes de esperança no divino. 

      Buscas conhecer mistérios, mas não existem mistérios, nada está escondido, o que buscas são mentiras, a verdade já está revelada, a conhecem os simples. 

      A realidade, a princípio, é muito dura, ou pelo menos assim parece aos que estão acorrentados em subterfúgios, acostumados com uma existência anestesiada com a paixão, enganados em gaiolas de ouro. Todavia, o conhecimento mais reto e alto só se encontra na realidade, reto porque não ziguezagueia por poderes do segundo ou terceiro escalão da árvore esotérica, alto porque olha diretamente para Deus, não para uma enganosa coroa. Mas é possível olhar diretamente para Deus? Por Jesus e no Espírito Santo é, e esse é o maior dos mistérios, que mesmo os “mestres” e vigilantes dos grandes arcanos não admitem, ou por ignorância ou por arrogância, ambas são vícios dos que tentam ser maiores que Deus. Mas quem quer a realidade, ou melhor, quem precisa dela? Ela é assim tão útil? Não, não é, pelo menos não para todos, por isso a maioria amadurecerá, envelhecerá e morrerá atrás do véu, e nunca achará necessidade de mudar esse estilo de vida. Essa é a mais dura realidade, a ilusão, o grande reino da paixão, que enche estádios, prostítulos, bares e templos. Contudo, neste início de século XXI, alguns sentem uma necessidade, que chega a doer, de rasgar o véu, e esses são tão culpados de quererem saber quanto são os outros culpados por não quererem. Quem pode ir contra o próprio coração, se o próprio Deus respeita essa escolha maior?
      Os que buscam a Deus de todo o coração, com todo o entendimento, no Espírito Santo, têm o véu rasgado não por suas forças ou sabedoria, mas por Jesus, “E Jesus, dando um grande brado, expirou. E o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo.” (Marcos 15.37-38). Na sua morte ele rasgou o véu que nos separava de um conhecimento reto e alto de Deus e em sua ressurreição sujeitou a ele todo poder, “Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja” (Efésios 1.20-22). Ninguém precisa ser escravo de ninguém, seja do homem, da paixão ou dos diabos, desde que haja coragem para querer, saber e viver tudo o que Deus tem para os que o buscam em sinceridade verdadeira e benigna. Nem toda sinceridade e legítima, mesmo que seja honesta, é preciso que ela seja provada pela luz do altíssimo, que seja andor de uma intenção de fato reta e alta, que tenha o objetivo de conhecer para depois obedecer a Deus. Na verdade o véu não esconde a verdade de Deus, mas impede os nossos íris espirituais de enxergarem, Deus nada tem a esconder de ninguém. Os que buscarem, contudo, além das ilusões, depois de homens e diabos, terão removidos o véu da íris espiritual. “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.” (I Coríntios 13.12). 

José Osório de Souza - Abril/2019

30/06/19

Não basta sermos crentes, temos que ser cristãos

      “Jesus respondeu-lhes, e disse: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou. Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.João 6.26-9

      O que as pessoas dizem sobre fé e milagres?

- “O que importa é ter fé, quem crê recebe o milagre”: nesse pensamento os evangélicos precisam entender que muitos católicos que vão à cidade de Aparecida do Norte creem e recebem milagres, outros tantos que vão a curandeiros espíritas para submeterem-se a cirurgias espiritualistas e outras práticas também creem e recebem milagres, assim como muitos que fazem ioga, praticam o budismo ou o islamismo, dessa forma ter fé basta par se receber milagres? Sim, mas a pergunta é: o milagre vem de Deus?

- “Mas eu frequento igreja evangélica, não sou idólatra, nem satanista, meu milagre vem de Deus”: sim e não, em primeiro lugar quem sabe se o milagre provado por católicos, espíritas e de outras religiões não vem de Deus? Deus ama e ouve a todos, ainda que só salve para a eternidade por Jesus, abençoa a todos neste mundo, indiferente de suas crenças. Em segundo lugar fazer parte de igreja evangélica não legitima uma ação como divina. Mas alguém pode argumentar, “o que isso importa? Importa é que as pessoas recebam o que buscam com fé”. 

- “Pensamento positivo cura”: sim, e isso até a ciência estuda, uma atitude emocional e mental positiva, benigna, não ansiosa, tranquila, pode desencadear mecanismos químicos em nossos organismos que propiciam cura física, às vezes de maneira surpreendente. Nessa disposição tanto cristãos como não cristãos, religiosos como ateus, podem receber milagres, ainda que não seja uma ação divina extraordinária. Mas como Deus age, o que de fato é milagre, o que é fé? Se a pessoa recebe algo de bom isso já não representa uma manifestação do pai de luz, de Deus?

      O que precisamos aceitar é que o ser humano é essencialmente espiritual e crente, os que se dizem ateus ou confiantes apenas na ciência, poucos deles de fato conseguem praticar o que dizem, se é que mesmo esses conseguem. A maioria só substitui o objeto da fé, o chama por outro nome, mas ainda assim crê no mundo espiritual e exercita uma crença. Assim, fé não é direito exclusivo de cristão, de protestante ou evangélico, e muitos se convertem de fato ao evangelho, recebem a salvação, mas continuam vendo fé e milagre sob um ponto de vista profano.
       É preciso entender que a fé que salva é diferente, é dom de Deus, talvez seja o único, primordial e genuíno milagre, ela nos permite enxergar a especificidade de Cristo, o poder exclusivo de Jesus, a verdade única do evangelho, evangelho aliás que é muito mais que amar o próximo e ter práticas sociais de justiça. Quando essa primeira fé é experimentada nossas vidas entram em sincronismo com a vontade de Deus, Jesus nos sintoniza com o altíssimo, nessa “frequência”, se nos mantivermos obedientes, vivenciamos uma vida de milagres não excepcionais, mas naturais e constantes.  
      O novo nascido em Cristo não busca milagres, mas anda neles, o tempo todo, por isso é tão importante adorar, agradecer, mais que pedir, em Jesus já recebemos tudo, na terra e no céu, para sempre. Jesus não faz milagres, é bem mais que isso, ele é o milagre, milagre que habita-nos para sempre pelo Espírito Santo, assim qualquer intenção de pagar preços para se receber algo de Deus, além de ser ineficaz é desnecessária, para o verdadeiro filho de Deus. O salvo tem direito a tudo de graça, os que querem pagar para receber, seja por promessas, sacrifícios, dízimos ou mesmo assiduidade em cultos, esses ou ainda não são salvos ou não entenderam o que é serem salvos. 
      Por que essa discussão é importante? Bem, é relevante para os que querem conhecer mais de fato a Deus, quem só quer uma religião, algo para crer, ou só receber algo que precisa de um jeito sobrenatural já que por algum motivo não o pode receber por maneiras naturais, pra esses tanto faz. Mas nós, que seguimos o verdadeiro cristianismo, a estrada de fato estreita do evangelho, a Jesus o caminho, a verdade e a vida, que queremos ser mais que novos nascidos, mas cristãos maduros, nós buscamos muito mais que milagres físicos. Nós desejamos mudança de caráter, de comportamento, buscamos exercitar misericórdia, perdão, sermos curados de mágoas e rancores, termos a paz que permanece.
      Por que eu insisto tanto nesse assunto aqui no “Como o ar que respiro”? Porque vender milagres físicos é fácil, e pastores inescrupulosos têm se aproveitado disso, mas o mesmo tipo de povo imaturo espiritualmente que quer ouvir isso hoje em dia, queria ouvir na época em que Jesus andou na terra como homem encarnado. Sim, Jesus fez muitos milagres, e precisava fazer para convencer um povo superficial, carnal, incrédulo, mas se isso tivesse bastado para convencer o povo sobre quem era Cristo, Jesus não teria sido crucificado sozinho, sem apoio popular, trocado por Barrabás. Os que de fato entenderam quem era Jesus o seguiram depois e pagaram com o sacrifício das próprias vidas por isso, nenhum milagre os livrou disso.
      As perguntas finais que faço são: eu quero seguir a Jesus? De verdade? Ou só o busco para receber milagres? Qual a qualidade da minha fé? Ela se satisfaz com a oração de emprego, de casamento, ouvida? Ou tenho fé que o Senhor me dá forças, me dá paz, ainda que eu faça tudo certo e mesmo assim só tenha o suficiente materialmente para viver, ainda que o homem seja injusto comigo, ainda que eu nunca seja valorizado, respeitado, como eu gostaria de ser? Eu de fato estou pronto para ver morrer meu ego e viver o propósito maior de Jesus em mim? Ou faço as coisas do meu jeito e ainda, mesmo que inconscientemente, exijo que Deus me dê vitória só porque creio? Fé pode até alcançar coisas, mas só a genuína fé de Deus, em Deu e para Deus, pode nos aproximar de Deus e nos fazer seres humanos melhores. Não basta sermos, crentes, temos que ser cristãos. 

29/06/19

Conheça a Deus, não o difame

      Considero está reflexão muito séria, muitos não a entenderão, se você for um novo convertido eu aconselho que busque a ajuda de seu pastor sobre o assunto, mas leia o texto. Talvez não o entenda ou concorde com ele hoje, mas um dia, depois de viver um pouco com Jesus e de avaliar com honestidade a vida e o cristianismo ensinado em muitas igrejas poderá entender, quiçá concordar. Que fique claro, eu, com 43 anos de caminhada no evangelho e com 60 de vida, amo ao Senhor, provo sua realidade todos os dias e algumas vezes de maneira fantástica, andar com ele é o que dá sentido a tudo, glória ao Altíssimo Deus para sempre. 
José Osório de Souza, 6/03/2019

      “O que adquire entendimento ama a sua alma; o que cultiva a inteligência achará o bem.” Provérbios 19.8

      A maioria dos cristãos, para não generalizar, acredita numa mentira, vive uma grande incoerência, dia após dia, aprende e ensina ilusões e não exerce qualquer crítica sobre isso, não avalia e não chega a conclusões porque não pensa, e não pensa porque não quer a realidade, mas repito, quer a ilusão. Dessa forma, essa maioria torna o cristianismo uma ideologia como qualquer outra, um vício religioso para colocar no lugar de outros vícios, mais danosos às suas saúdes físicas e emocionais. Essa ideologia acha, por exemplo, que pelo mundo estar nas mãos de Deus, quem sofre sofre porque merece. Veja que muitos crentes podem não assumir isso conscientemente, mas na prática, de seus costumes, é o que vivem.
      Enquanto isso crianças inocentes passam fome, gente é injustiçada sem que tenha feito qualquer coisa para merecer tal injustiça. Ainda assim, mesmo sem ter resposta às suas preces, muitos cristãos, depois de orarem muito só por si mesmos, como que com algum remorso, lembram-se de orar por aqueles que não têm quem os ajude e que nem sabem orar, e continuam dizendo que Deus tem tudo em suas mãos e que só não são abençoados os que não querem, os que não buscam a Deus. Mas que culpa têm tantos injustiçados de receberem injustiças, repito, principalmente crianças, nas Américas, na África, na Ásia, que nunca fizeram mal à ninguém? 
      Deus é mal? Deus é seletivo? São os cristãos que não oram direito ou o suficiente? Ou são os cristãos que têm uma visão errada sobre o que é Deus? E mais, ou é a maior parte dos cristãos que não entende, e se entende não age, que é só o homem quem pode ajudar o homem, admitindo ou não esse homem que exerce essa ajuda pela graça de Deus? Se o que pensam a maioria dos cristãos sobre Deus fosse verdade, bastaria a oração de um justo para que inocentes de todo o mundo não sofrecem mais, mas não é assim que acontece. Quando nós cristãos vamos abrir a mente e entender que muita coisa que ouvimos e falamos nas igrejas é pura teoria, pregações e orações apaixonadas que nos dão alguma espécie de prazer dentro dos templos, mas que não refletem a realidade, não mudam absolutamente nada?
      Então eu devo deixar de ser cristão? Devo abandonar a fé? Não, o que nós precisamos é conhecer melhor o Deus verdadeiro, um Deus que mesmo que as pessoas não o entendam direito, que não o busquem do jeito e pelos motivos mais íntegros, as abençoa, a todos os que desejam estar em sintonia com ele, que querem sincronizar-se com seu Santo Espírito, e isso só através de Cristo Jesus. A verdade é que o planeta, a humanidade, a natureza foram dados ao ser humano para serem administrados, estando esse ser humano ou não ligados a Deus pela verdade redentora do evangelho, Jesus salva o espírito humano individual, mas só a humano pode salvar a Terra. 
      Se você pensa diferentemente, me desculpe, mas é porque você na verdade não pensa, não com clareza, se o Deus verdadeiro fosse esse pregado na maioria dos púlpitos, inocente não sofreria no mundo, não ocorreria tantas injustiças com tantos que nunca fizeram nada para merecer tanto sofrimento. Talvez a culpa de tantos cristãos terem sobre esse assunto um entendimento incorreto, seja, novamente, o “veo-testamento-centrismo” na teologia das igrejas, que classifica o mundo entre nações que temem a Deus e recebem dele proteção, e nações que não o temem e são punidas por isso. Mas essa visão não se aplica mais ao mundo, não depois que Jesus fez sua obra de redenção. 
      Nós também não podemos simplesmente dizer que os que são da Igreja espiritual, os cristãos novos nascidos e convertidos, são abençoados, sejam eles das nações que forem, e todo o resto sofre na perdição. Jesus não disse isso, mas nos orientou a sair pelo mundo pregando o evangelho, nesse ponto podemos fazer outro questionamento, que Tiago em sua carta chama tanto a atenção: o que é evangelizar, é compartilhar a boa nova espiritual do evangelho ou fazer obras materiais de caridade, dando comida, roupa, casa, saúde, ensino e direitos, a quem não tem? Os cristãos se tornaram teóricos demais, falam e não vivem, cantam, mas não adoram, oram e não praticam paz e misericórdia, enquanto o mundo padece.
      O mínimo que devemos ter é coerência, ganhamos isso pondo em prática tudo o que falamos ou falando menos, tendo mais cuidado com aquilo que dizemos que devemos fazer, mas principalmente tendo muito mais cuidado com o que dizemos que Deus é e faz. Senão estaremos promovendo no mundo difamações contra Deus, sim, é isso o que muitos fazem. Isso só serve de desculpa para muitos se afastarem mais ainda do cristianismo. Muitos cristãos pensando sinceramente que estão proclamando as virtudes do altíssimo, insanamente só difamam ao Senhor, pois jogam sobre ele a responsabilidade de fazer coisas que ele nunca disse que faria, pelo menos não nos dias atuais, pelo menos não do jeito que dizem que ele faz. 
      O que Deus faz? Ele nos perdoa, ele nos salva, ele nos cura emocionalmente num processo longo e que dura uma vida. Enquanto isso devemos ajudar a todos, em primeiro lugar os que recebem o evangelho, depois os próximos que se deixam ser ajudados, e então, os mais enfraquecidos e injustiçados do mundo, mesmo que não tenham recebido o evangelho e mesmo que estejam distantes. Não percamos tempo com soberbos e mentirosos de barrigas cheias, nem com vagabundos irresponsáveis, contudo, tenhamos consciência de que o mundo é responsabilidade nossa, que não devemos usar igrejas e religião como fuga do mundo, e que o templo de Deus que deve abençoar as pessoas são as nossas vidas.

28/06/19

Honra a quem honra merece

      “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver.” Hebreus 13.7

      Glória a quem glória merece, a Deus e só a Deus, mas honra a quem honra merece, e nesse quesito os verdadeiros pastores de Cristo merecem de mim e de todos os quem temem a Deus respeito, cuidado e honra. Num mundo atual, com a sombra do final dos tempos já se levantando no horizonte, a fé de muitos têm esfriado, o amor tem sido corrompido, as igrejas têm se desviado, e muitos falsos pastores, interessados só em poder e grana, têm usado heresias para manipular um povo que não quer ouvir o verdadeiro evangelho do Espírito Santo, mas mentiras que lhe deem uma sensação de religião com promessas de prosperidade material. 
      Mas esse não é ponto desta reflexão, sobre isso já falamos bastante aqui no blog, o ponto aqui dessa vez é um depoimento, o meu depoimento pessoal, dizendo que sim, ainda existem profetas que não se venderam a Mamom e à insanidade e que ainda pastoreiam as ovelhas que não são deles mas de Jesus com trabalho árduo e santo, muitas vezes debaixo de perseguição e de injustiças. Existem bons homens e mulheres de bem que pisam no lugar mais alto dos templos com temor e tremor, cuja unção é do altíssimo, não de Lúcifer, esses têm nos celeiros de seus corações alimento do céu para os filhos do Senhor. 
      Por isso eu exorto a todos os que buscam a genuína água viva da palavra de Deus para alimentar suas almas, não se acomodem com igrejas estranhas, com os pastores mal intencionados, ainda que as igrejas sejam grandes e confortáveis e mesmo que os líderes tenham uma palavra doce e convincente. Esses de modo algum estão preparando uma igreja para o arrebatamento. Mas busquem e acharão, ainda existem boas igrejas cristãs no mundo com pastores realmente servos de Deus, isso acontece por causa do amor do Senhor para com seus pequeninos, aqueles que de fato querem seguir a Jesus e não a homens. 

27/06/19

Dobremos os joelhos a tempo

      “Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.Filipenses 2.9-11

      Isso vai acontecer, um dia, querendo o ser humano ou não, querendo demônios e diabos ou não, todos terão que dobrar os joelhos diante de Jesus, e todos confessarão que Cristo é o Senhor, seja para a vida com Deus no céu, ou longe dele no inferno. Mas para estar com Deus na eternidade, esse quebrantamento, Deus nos dá a oportunidade de vivenciar ainda neste mundo, se assim for teremos direito à paz eterna, contudo, felizes os que fazem isso a tempo. A tempo de não terem que passar os últimos dias de vida com o corpo e a alma em sofrimento para alcançarem a humildade de dobrar os joelhos diante de Jesus, a tempo de não terem que fazer “horas extras” num leito de hospital para confessarem, não com a boca, mas com o espírito, que Jesus é o Senhor. Se orgulho é porta para todos os males, humildade é chave para todas as bênçãos, assim, quem anda de joelhos espirituais nunca cai.

26/06/19

Medo de morrer?

      “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.” Salmos 23.6

      Talvez as pessoas se dividam em dois grupos, o grupo das quem têm medo de morrer e o grupo das que não têm medo. Também se diz que quem não tem medo da morte é porque tem medo da vida, o contrário também é válido? Eu nunca tive medo da morte, ao contrário, estar livre espiritualmente sempre me fascinou, libertado do corpo, das paixões, dos medos, das fraquezas. Mas é em Jesus que acho certeza para não temer a morte, o que vem depois que meu corpo parar de funcionar e meu espírito estiver solto. O problema, contudo, não é a morte, mas o que vai levar meu corpo a ela, muitas vezes é um processo lento e doloroso. 
      Contudo, eu tenho certeza que o mesmo Deus que nos dá uma vida de vitória, de honra, que nos supre em tudo, a nós e aos nossos queridos mais próximos que dependem de nós, esse mesmo Deus, movido pelo mesmo amor e com o mesmo poder, pode nos dar uma partida menos sofrida e em paz. Se estivermos ligados a ele, obedientes, temendo o nome dele, e como consequência disso tudo, fiéis às nossas alianças, casamento, vida financeira, amizades e ministérios, o Senhor será fiel e gracioso, nos livrará da violência e da dor sem remédio. O justo em Cristo, assim como viveu pela graça de Deus, também nela morrerá, na hora e no lugar certo, cercado de uma família e de amigos que o amam.