28/07/19

O Espírito Santo orienta sempre

      “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.”
      “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

João 14.16-17, 26-27


      “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.

Joel 2.28-29


      Sabemos disso, mas não usufruímos da segurança que isso nos dá, e portanto, temos dificuldades para retermos a paz. O Espírito Santo nos habita, ele é vivo, ciente, nos fala, e pode nos responder pronta e diretamente quando pedimos a ele orientação sobre algum assunto específico, ainda que seja algo simples e corriqueiro do dia a dia. Essa é a palavra de Deus que deve ter prioridade em nossas vidas, a palavra viva, renovada, atualizada e sempre verdadeira que Jesus mandou para nos ajudar, ensinar e consolar em nossas caminhadas neste mundo. Contudo, usufruir de fato desse privilégio implica em: 
  • vencermos a ociosidade espiritual, 
  • nos desvencilharmos da aprovação humana, 
  • nos libertarmos da tradição religiosa e 
  • equilibrarmos o controle intelectual que muitos de nós querem ter sobre a vida.
      Para termos intimidade com alguém precisamos conhecer bem esse alguém, sem vida de oração, de diálogo com Deus, não podemos ter intimidade com ele, assim, para aprender a ouvir e discernir a voz do Espírito Santo é preciso se dar ao trabalho de ouvir não só o ensino de outras pessoas, de não só assistir cultos, e mesmo de não só louvar, é preciso deixar a ociosidade espiritual e nos relacionarmos pessoal e profundamente com Deus. 

      A busca de aprovação humana também pode nos impedir de ouvir mais a voz do Espírito Santo, já que se confiarmos mais nos homens que em Deus, se acharmos mais importante sermos apoiados no plano físico, por pessoas que são vistas por pessoas, e não pela fé no Deus invisível, acabaremos deixando o Espírito Santo que nos habita em segundo plano. 

      A tradição religiosa protestante também pode extinguir o Espírito Santo, à medida que coloca os textos bíblicos como prioritários para nos mostrar a vontade de Deus para nossas vidas de maneira fria, como uma simples lista de mandamentos, atemporais e fora do contexto histórico. Neste momento é importante que eu deixe bem claro uma coisa, eu amo a Bíblia, a considero como sendo o livro mais importante do mundo para a humanidade de qualquer tempo, mas afirmo que seu real entendimento só pode ser adquirido debaixo da interpretação do Espírito Santo. O Espírito Santo é a palavra do Senhor no reino de Deus estabelecido pelo evangelho, acima de qualquer outra revelação ou registro escrito.
      Não existe na própria Bíblia um texto sequer que diga que nos últimos séculos teríamos um cânone de 66 livros que seriam a palavra final de Deus para o homem, o cânone foi reunido e selecionado por judeus, católicos e protestantes, por seres humanos, ainda que debaixo de um temor a Deus. Contudo, existe sim a promessa do Espírito Santo, veja os textos iniciais. Repetindo o que já disse outras vezes aqui, o termo “palavra de Deus” que mais existe na Bíblia se refere a um conceito que a nação de Israel tinha no antigo testamento, que se referia à Torá (relacionada principalmente ao pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia cristã), e na caso da velha aliança, onde a obra redentora de Cristo ainda não havia sido realizada e nem o Espírito Santo havia iniciado seu ministério permanente na Igreja, a palavra de Deus era, sim, um grupo de textos escritos.

      Por fim, outra coisa que nos impede de ter uma experiência mais direta com o Espírito Santo é o egocêntrico e humano controle puramente intelectual que muitos querem ter sobre si mesmos e sobre a religião, mas isso acaba sendo uma faca de dois gumes. Não há dúvida que, via de regra (e não generalizando), os melhores estudos teológicos são feitos pelos protestantes tradicionais não pentecostais. Por quê? Porque esses sabem usar uma área humana com inteligência, conhecem história, geografia, línguas antigas, religião, da Bíblia com profundidade e analisam tudo isso de maneira puramente científica, isentos dentro do possível de subjetividades. 
      É bom que seja assim, mas o que mais desvia o homem do pleno conhecimento de Deus é o extremismo, focar-se numa área e desconsiderar, ou mesmo demonizar, outra, isso nunca nos levará ao conhecimento de toda a verdade. Assim os mesmos intelectuais científicos que tão bem apresentam a Bíblia fecham-se em si mesmos, no intelecto humano, e perdem revelações espirituais só acessadas pelo fé e no Espírito Santo. (Mas ainda assim, eu, pessoalmente, prefiro as Bíblias comentadas por protestantes tradicionais que as de editoras pentecostais, via de regra e também não generalizando). 
      Essa disposição também impede muitos de terem a maravilhosa experiência da manifestação dos dons espirituais, ainda que os recebam na salvação e não saibam disso. Manifestação de dons espirituais é muito mais uma questão de libertação emocional que de atingir um nível espiritual mais elevado, eu creio assim, todos somos plenamente habilitados espiritualmente quando nascemos de novo e fomos selados com o Espírito Santo, alguns, contudo, por travas psicológicas que necessitam de cura, têm mais dificuldade para exteriorizar isso fazendo interagir Espírito Santo no espírito humano com alma e corpo humanos. Contudo, na maturidade existe não extinção do Espírito Santo, mas controle dele, de suas manifestações emocionais, principalmente em público.
      Os pentecostais, usando o termo mesmo de maneira estereotipada, ainda que buscando o melhor dele, buscam uma experiência direta com o Espírito Santo, e isso também pode ser uma faca de dois gumes. Eles têm acesso direto à ótica de Deus, contudo, na subjetividade da leitura, podem se confundir entre o que é voz do Espírito Santo e o que é só alma humana falando, e o coração humano pode ser bem enganoso, por isso tantas heresias nascem nesse meio. O ideal é o equilíbrio, saber usar a palavra registrada nos textos bíblicos, mas se ter uma intimidade com o Espírito Santo para que ele dê a palavra final, coragem espiritual com inteligência intelectual mais emocional e corpo sadios, eis a vontade do Senhor para todos.

      Prestemos muita atenção ao texto inicial do evangelho de João, Jesus encarnado dá a importância suprema e real ao Espírito Santo que ele enviaria para habitar sua Igreja de modo perene, assim, não diminuamos nunca essa importância. Ouvindo e obedecendo o Espírito Santo nunca damos “bola fora”, nunca agimos com estupidez ou com covardia, nunca falamos demais ou de menos, nem nos apressamos ou nos fazemos de irreverentes. O Espírito Santo sempre dá o tom adequado para que vivamos afinados com Deus, e sintonizados nele sempre estamos sincronizados com o mundo, com a vida, com o universo, para fazer e falar a coisa certa no momento certo.

27/07/19

Depressão: mais sobre...

      “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.Mateus 11.28-30

      E eis-me aqui falando novamente sobre um assunto que muitos atualmente têm conhecido de perto, infelizmente, a depressão. Esse assunto é muito sério, assim se você acha que tem essa enfermidade ou se tem alguém próximo que acha que a tem, procure ou indique um bom profissional da área médica, psiquiatra ou psicólogo, e por favor, não se oriente unicamente por este texto ou por qualquer outro material da internet. Leve o assunto a sério. 
      O que é depressão? É uma tristeza que não passa, que tira a vontade de fazermos as coisas básicas do dia a dia e que por enfraquecer nossa vontade de viver pode baixar nossa imunidade e ser porta para outras doenças, repito, não sou profissional da área médica, não use esse texto como referência final para concluir qualquer coisa, contudo, sou um ser humano como você, que já viveu um pouco e já teve varias experiências de dor na vida. 
      Alguns podem alegar que têm depressão quando não têm, experimentam apenas uma tristeza emocional ou uma enfermidade física que afeta seu humor. Outros se colocam propositalmente numa situação de desânimo, escolhem o buraco e nele ficam. Contudo, seja qual for a causa, legítima ou não, efeito de trauma, de violência real, de repressão externa, de impotência diante de problemas que não se resolvem, seja ela nascida de uma verdade ou de uma mentira, na insistência pode gerar um estado real de depressão.
       Tristeza pode ser um vício que ajuda-nos a construir uma identidade, doentia, mas identidade. Na dificuldade de se ter uma identidade, a doentia pode servir. Viciamos em algo porque ele nos dá prazer, pelo menos porque pode nos dar uma dor menor que a que temos sem ele, infelizmente o ser humano em suas complexidades pode se alimentar de prazeres estranhos que iludem enquanto matam. 
      A tristeza pode, sim, ser bebida aos poucos, como uma cachaça, com a finalidade de obtermos uma satisfação com a autopiedade, por quê? Porque isso nos coloca na posição de vítimas, vítimas não têm culpa, a culpa é dos que as fizeram sofrer e serem vítimas. A tristeza nos aprisiona ao mal porque nos oferece desculpas para permanecermos como estamos, essa disposição é o ninho da depressão. 
      Muitas vezes podemos deter o início de uma disposição errada de tristeza e impotência, mas depois que se instala a tristeza, teremos mais dificuldade para curar a depressão, assim o segredo é nem deixar começar. Mas quem tem essa força, esse controle? Os deprimíveis que parece já nascerem ou serem formados com essa característica, a sofrerão um dia, alguns até sem terem motivo direto para isso, a depressão simplesmente vem e fica. 
      Pastores e pregadores precisam ter mais conhecimento sobre o assunto para assim poderem falar com mais responsabilidade sobre depressão, respeitando o doente e a gravidade da doença, depressão não é demônio que se expulsa com uma oração, ainda que demônios possam oprimir o deprimido se aproveitando de sua situação já fragilizada. Que se expulse o demônio mas que se dê atenção com tempo e amor ao deprimido, aos que não querem exercer evangelho com paciência é melhor nem sem aproximarem de deprimidos (que não se toque em ferida que não se pode curar).
      Algo que aprendi sobre depressão é que na maioria das vezes ela é consequência, não causa, ainda que possa ser desencadeadora de outras doenças, assim, a princípio, é preciso descobrir e tratar antes o que levou a pessoa à depressão e não a depressão em si. É certo que depois que ela se instala a pessoa pode experimentar um terrível loop onde o efeito se torna causa que cria outro efeito num laço difícil de se encerrar. Mas se a pessoa está desanimada pode não adiantar só dar a ela remédios para que ela fique mais animada, não se ela não tiver uma enfermidade que objetivamente alterou seu humor.
      Todavia uma das causas da depressão pode ser falta de algum hormônio, assim não é só um problema psicológico, mas químico, físico. Dessa forma a depressão pode também ser um mal em si, sem causa emocional, obviamente isso também levará a pessoa a um desânimo, a uma tristeza muito grande, onde o psicológico também será afetado. Ainda que seja ausência de um hormônio, a auto-imagem, a auto-confiança, podem ser afetadas levando o doente a princípio físico se tornar também emocional.
      Se doenças físicas podem levar à depressão, transtornos psiquiátricos levam mais ainda, já que a pessoa já está debilitada psicologicamente. Alguém com transtorno bipolar ou com esquizofrenia pode ter sérias crises depressivas, e nesses casos a causa da depressão é ainda mais difícil de identificar. Com tudo isso entendemos que depressão é algo muito complexo, tenhamos portanto muito cuidado, repito, respeitemos o doente e a doença, tristeza que vem e fica não é simplesmente demônio ou mera frescura.
      Longe de mim aconselhar deprimidos, longe de mim, contudo eu creio num Deus que a todos entende, ama e pode ajudar. Via de regra o que mais deprime é nos sentirmos impotentes diante de um problema sem solução, assim só existe duas ações práticas, ou resolvemos o problema ou assumimos que a falta de solução não é problema nosso. Isso é fácil de fazer? Não! Se fosse não existiria tantas pessoas deprimidas, mas podemos caminhar para agir assim, resolvendo o problema ou nos desligando dele.
      Contudo, quem está numa crise depressiva não tem forças para nada, assim não se exija dele nada, depois de orientado por um médico da área e medicado que o deprimido tenha uma situação tranquila para melhorar enquanto é ouvido por um bom terapeuta. Ao doente convém não exigir nada de si mesmo, apenas descansar, relaxar, vencer a impotência é acima de tudo um exercício de humildade e mansidão, aliás, humildes e mansos sempre achamos cura, paz e saída, mesmo para a depressão.

26/07/19

Liderança, questão de escolha?

      “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas.” João 10.14-15

      Algumas coisas são perdas inerentes às escolhas que fazemos, entrar em determinadas salas implica em deixar do lado de fora coisas que não poderão entrar conosco. Eu poderia citar várias situações em que esse princípio se aplica, mas vou me ater a situações onde nos colocamos de alguma forma como líderes, posição que muitos almejam, desejam, mas que alguns não entendem exatamente o que é necessário perder para tal status exercer. Alguns que estão de fora invejam os líderes e buscam sempre brechas para criticá-lo, esses gostariam de ser líderes, mas não têm coragem de pagar os preços para serem (e nem admitem que existem preços a serem pagos), é mais fácil menosprezar aquilo que não temos vontade de fato de ser. 
      Com relação à liderança, um preço importante a se pagar por ela é o abrir mão de exposição de gostos e opiniões pessoais, ainda que o líder genuíno tenha convicções claras e use-as para delinear sua liderança, mas isso é feito para desempenhar sua posição de moderador, não para polemizar ou defender pontos egoistas. Um líder de bem de verdade modera para equilibrar, para ser justo e dar espaço a todos, um líder de verdade orienta para que todos cresçam, não é um ditador que escravisa e prende na ignorância, mas ele precisa se deixar de lado muitas vezes e pensar antes nos outros que nele mesmo. O pastor de verdade, como diz o texto, dá a vida pelas ovelhas e não as sacrifica, vende, mata, manipula, para ter alguma vantagem pessoal. 
      Não, ninguém é obrigado a ser líder, a ser moderador, a ser professor, a escolha nos é oferecida e aceitamos se quisermos. Quando, contudo, é uma escolha legítima, dada por Deus e portanto tendo nossas capacidades, experiências e esforços como base apoiada pelo Senhor do universo, com certeza é algo, que por mais difícil que pareça, temos condições de desempenhar. Por isso o título desta reflexão tem um ponto de interrogação no final, será que seremos felizes, que acharemos paz e satisfação na vida se dissermos não a uma chamada assim? Uma chamada verdadeira não é opção, mas missão, esse entendimento consola-nos quando achamos que a responsabilidade é muito grande, que as perdas não compensam o ganho, que é solitário e injusto demais ser professor, ser líder, ser moderador, administrar um grupo em direção ao bom conhecimento. 
      Outra coisa, todavia, que podemos entender em Deus, com relação à liderança, chamada, missão, é que se existe um Senhor que tudo controla, equilibra e abençoa, então, a obra que realizamos não é nossa, mas desse Senhor. Assim quem lidera, quem é liderado e a área em que essa liderança é efetuada, tudo isso pertence a Deus, o líder não é dono do que lidera ou dos liderados, nem os liderados são proprietários de alguma coisa, tudo é de Deus. Se é dessa forma, Deus chama para líder quem ele quer, Deus coloca como liderados, quem ele quer, e todos participam de uma grande obra de  aperfeiçoamento de Deus. Quem não entende isso ou liderará de forma egoista ou com má vontade, ou será liderado cegamente por qualquer um ou viverá reclamando de seus líderes, seja como for, não verá Deus acima e além de tudo e todos. 
      Mas o ponto desta reflexão é o chamado para liderança, aquele que escolhe em Deus essa missão, a esse compartilho uma palavra de consolo do Senhor: olhe além, do que os invejosos e tímidos veem, se temos a oportunidade de liderar, de ensinar, de moderar, isso não nos faz melhores, com mais direitos, mas com mais deveres. Isso é ruim, é exigir demais de você? Não, quem ensina aprende de novo, que se dá, recebe, quem morre, viverá, quem se ocupa com o bem dos outros tem o próprio Deus cuidando dele. Contudo, mais que tudo isso, quem aconselha, compartilha, oferece sabedoria, se prepara para algo maior, superior, não neste mundo, mas na eternidade com Deus. 
      Na eternidade com Deus usufruiremos de valores e honras puramente espirituais, lá ninguém reinará sobre ninguém, nem ninguém será injustiçado, mas os que abriram mão de ganhos e honras no plano físico receberão do Senhor a melhor e mais justa das recompensas. Dessa forma, que importa andarmos um pouco sozinhos, tendo que guardar só para nós mesmo muitos sonhos, muitas opiniões, muitos mistérios? Essa vida é um segundo em relação à eternidade, a dor aqui é uma lágrima em relação à alegria que teremos na eternidade com Deus. O egoísmo, a palavra final, a verdade pessoal, tudo isso é vaidade, é passageiro, quanto aos generosos, humildes, pacificadores, misericordiosos, serão eternos com o sábio e santo pai de amor.

25/07/19

Somos o que somos?

      “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” João 3.20-21

      Nenhum homem nasce condenado, somos condenados por nossas escolhas à medida que amadurecemos. Essencialmente somos o que somos, o tempo, quando escolhemos a luz, desgasta o que temos de ruim, deixa-nos cansados de fazer o mal, e acabamos deixando livre o que temos de melhor. Se o melhor do ser humano for só humano, ele amadurecerá, melhor, mas vazio, contudo, se o melhor for achar e amar a Deus, Jesus ajudará para que a boa essência floresça. 
      A verdade é que pouco mudamos, jovens e utópicos poderão discordar disso, acharem que o ser humano é fruto do meio e que pode mudar com o tempo. Contudo, quem viveu de fato, fez o resumo de seus tempos, e teve lucidez para medir teorias e práticas, sabe que somos o que somos, nascemos para sermos assim e não mudaremos, só traremos à luz a nossa verdade pessoal escolhida no passar dos anos. 
      Sim, crentes, vícios podem ser tirados, curas podem ser efetuadas, prioridades podem ser rescritas, mas tudo para que as mentiras que nos ensinaram e que escolhemos ser, por um tempo, sejam reveladas e o melhor de nós em verdade seja trazido à tona e vivido. Repito, muito feliz o homem que percebe seu melhor para Deus, por Jesus, no Espírito Santo, esse encontrará paz, se sentirá satisfeito espiritualmente, e achará sentido na existência neste plano físico para que entre na eternidade iluminado. 
      Triste os que pensam poderem viver seus melhores sem Jesus, ainda que civilizados, ainda que religiosos, nossa luz interior busca florescer para achar na luz de Deus sua razão de ser, nossa luz interior é sopro de vida de Deus em nós, assim ela só busca voltar pra quem a criou. Fora disso, mesmo a mais linda das luzes humanas, será tragada pelas trevas do mal e se apagará, deixando o homem perdido para enfrentar a eternidade. 

24/07/19

O evangelho não é um hobby

        “E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.Mateus 10.22

      O verso inicial foi retirado de um capítulo onde Jesus descreve a realidade de quem o segue, ela de maneira alguma se assemelha à tranquilidade prazerosa de quem usufrui um hobby, antes é luta, é sofrer incompreensão, injustiça e perseguição, inclusive no seio familiar (e na igreja). Neste mundo atual do politicamente correto e da tolerância (convenientes para alguns), existem muitos equívocos. Por um lado alguns que acham que interpretar a Bíblia erradamente e basear-se em tradição religiosa de homens (ainda católica mesmo entre os que arrogam ser protestantes) lhes dá o direito de julgarem e serem intolerantes. Esses se acham perseguidos por causa do evangelho, mas são só tolos hereges sem amor dando testemunho inadequado do evangelho e sendo eles mesmos perseguidores de inocentes. Por outro lado temos os que acham que evangelho é amor sem justiça, e que nele não pode existir confrontos, esses caem no perigo do outro extremo, colaboram para que a agenda “anti-Cristo” ganhe seguidores, enquanto defendem promíscuos que se fazem de vítimas e que só querem direitos e não deveres. 
     Viver o evangelho é algo muito sério, não é só uma disposição positiva de amar a todos e ter paz interior, como um eXoterismo oriental de botique, muito menos uma teologia que se ama e se estuda como a melhor religião de todas sob o nosso ponto de vista pessoal, enquanto se bebe conhaque e fuma um cubano. Viver o evangelho é uma questão de vida e de morte, requer sacrifícios, é uma escolha que se faz todos os dias e envolve não só nossa mente, mas nosso coração e nosso espírito, busca santidade e humildade sempre, enfim, o evangelho não é um hobby. Se visto só como um passatempo, ainda que como o mais excelente deles, só conduzirá à religiosidade hipócrita, será impossível de ser minimamente vivido, fará das pessoas seres  esquizofrênicos, divididos entre uma maravilhosa teoria é uma prática carnal e nunca de fato espiritual. 
      Teólogos e profundos entendedores dos textos bíblicos podem cair na tentação de ter o evangelho só como um esplêndido hobby, mas muitos de nós, mesmo sem admitirmos, na prática temos o evangelho só como um hobby, um hobby religioso, algo a fazer para aplacar remorsos, para saciar a necessidade inerente de todo ser humano de se relacionar com o mundo espiritual. Todavia, na prática de vida, o evangelho faz pouca ou nenhuma diferença, e o coração humano, enganoso, é especialista em inventar desculpas para chamar o certo de errado e o errado de certo, em dizer que é uma coisa quando é outra. Muitos se consideram espirituais e seguidores de Cristo só porque praticam o “evangeliques”, isso é, falam como evangélicos, se vestem como evangélicos, se portam exteriormente como evangélicos, ou com aquilo que a tradição lhes diz que é ser evangélico, mas eles de fato vivem o evangelho de Cristo? Se você acha que isso nada tem a ver com você, pense melhor, avalie-se, e se pergunte, eu sou um só ou dois, um que frequenta os cultos esse relaciona com outros crentes e outro diferente, no trabalhar, na escola, nas ruas, convivendo com o mundo?

23/07/19

Tenha misericórdia, Senhor, consola-nos

      “Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu para que temas o homem que é mortal, ou o filho do homem, que se tornará em erva? E te esqueces do Senhor que te criou, que estendeu os céus, e fundou a terra, e temes continuamente todo o dia o furor do angustiador, quando se prepara para destruir; pois onde está o furor do que te atribulava? O exilado cativo depressa será solto, e não morrerá na caverna, e o seu pão não lhe faltaráPorque eu sou o Senhor teu Deus, que agito o mar, de modo que bramem as suas ondas. O Senhor dos Exércitos é o seu nome.

Isaías 51.12-15


     Tenha misericórdia dos que te servem com sinceridade, ainda que debaixo de homens egoistas, muitos que são fiéis a ministérios há anos, repetindo incansavelmente tarefas que para outros fariam morrer de tédio. Esses servos verdadeiros acham forças em ti, Senhor, creem num Deus poderoso e vivo, e assim encontram sempre um sorriso iluminado para fazer subir do coração à face, compartilhando generosidade e boas vindas a tantos que buscam nas igrejas o consolo que não acharam sozinhos neste mundo.
      Tenha misericórdia dos velhos, cansados, sem pernas, sem mãos, sem olhos, mas ainda vivos e esperançosos mesmo que presos dentro de casa, sem forças para enfrentar o mundo. Muitos se deram tanto, trabalharam tanto, choraram tanto que agora se acham secos, mas ainda mantêm em seus corações uma chama, mesmo que pequena, forte, quente, de uma fé inabalável no Deus que cuida dos esquecidos. Tenha misericórdia desses, meu Deus, pois o Senhor não se esquece nunca de ninguém, para julgar? Sim. Mas muito mais para consolar. 
      Tenha misericórdia Senhor das crianças e adolescentes, tão despreparados para a vida, muitos negligenciados por quem os cria, muitos esquecidos por quem os gerou, mas não por ti. Protege os inocentes das violências, da maldade, dos torpes e viciados, protege seus corpos, seus corações, suas mentes, seus espíritos, dá-lhes consciência de necessidade de salvação e certeza que só Cristo salva. Protege os mais novos nas escolas, nas ruas e mesmo dentro das casas, onde muitas vezes estão os piores inimigos, protege-os e consola-os, de toda a dor. 
      Tenha misericórdia Senhor dos que depois de tanto pecarem enfim tiveram consciência da dor que infligiram aos outros e a eles mesmos, aqueles que sentiram profundamente a culpa e assumiram responsabilidades por seus erros e não os imputaram a mais ninguém. Esses nunca foram justos, mas são mais que justificados pelo sangue do cordeiro, esses que andaram com vestes sujas por tanto tempo adquiriram pela humildade direito às vestes brancas dos santos, esses que só dependem de tua misericórdia para continuarem vivos e seguirem em paz, consola-os.

22/07/19

Quebre o loop do não amar

      “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.I João 4.18

     Julgamos mal porque não conhecemos, não conhecemos porque não queremos conhecer, não queremos conhecer porque estamos mais ocupados com nós mesmos, estamos mais ocupados com nós mesmos porque não amamos os outros, não queremos amar, não sabemos amar. Não amamos os outros porque temos medo deles e tendo medo nos afastamos e os julgamos mal, nivelamos para menos, para diminuir aqueles que achamos que de alguma maneira nos confrontam, para enfraquecer aqueles que vemos como nossos inimigos, e tudo isso ainda que tratando todos com educação, com respeito social, com cuidado. O loop do não amar só produz falsidade e solidão. 
      Quem vence o medo pode amar, quem ama se aproxima, quem se aproxima conhece de verdade, aprende com os outros e acaba conhecendo mais a si mesmo, quem conhece não julga mal, antes trata com generosidade, com misericórdia, quem trata os outros assim adquire amigos e abençoa mesmo os que não querem se aproximar dele e o coloca como adversário, quem ama não tem inimigos. Quebrar o loop do não amar, contudo, é a princípio um passo de fé, que credita sem receber, acredita sem ver, e vence o medo, o orgulho e a própria insegurança com humildade. Esse conhece o amor que liberta, primeiro a si mesmo, e depois os outros.