07/08/19

Faça porque é difícil

      “Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.” Romanos 7.5-6

      Algumas coisas na vida eu faço não porque é fácil, mas porque é difícil. Não, não generalize, algumas coisas são difíceis porque não são para fazermos, não são para nós, e insistir em fazê-las pode ser sofrimento desnecessário para agradar homens ou nossas inseguranças. Contudo, algumas são difíceis para nos desafiar a melhorarmos, a subirmos para um outro nível de virtude, de vida espiritual, de vitória que no final nos deixarão, não mais escravos, mas mais libertos. Algumas dificuldades se apresentam diante de nós para alcançarmos mais liberdade e paz, e acredite, o próprio Deus nos leva por caminhos onde encontros ruins são inevitáveis. 
      Se certos encontros te deixam desconfortáveis, enfrente-os, com humildade, mas com coragem, no Espírito Santo, não na carne. Você será escravo se fugir, mas se fizer o mais difícil, estar no mesmo lugar onde certas pessoas se encontram, ser educado com elas, a recompensa será grande. Veremos que o que no início parecia difícil, depois se torna mais fácil, o bicho não era tão feio quanto achávamos, isso é dar mais um passo para a liberdade para a qual Cristo nos chamou. Usemos da liberdade de Cristo para construir pontes, não muralhas, para nos livrarmos do medo, não evitá-lo, assim, certas coisas devemos fazer não porque são fáceis, mas difíceis. 

      “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.Gálatas 5.1

06/08/19

Confessa, deixa e siga

      “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia. Bem-aventurado o homem que continuamente teme; mas o que endurece o seu coração cairá no mal.Provérbios 28.13-14

      Errou? Confessa, aproprie-se do perdão, deixa o desejo de comete-lo de novo e siga buscando não mais errar. Se pecou uma vez, que não peque uma segunda vez, o que não podemos é pensar que já se cometeu demais o mesmo pecado e não teremos mais como mudar. Aceitar um erro e não lutar mais contra ele é matar o espírito, negar o Espírito Santo, é render-se ao senhorio do tempo e negar Deus, o senhor do tempo. O que nos envelhece não é o colapso em que nosso corpo entra como efeito inexorável do passar do tempo, mas a falta de confissão do erro e de deixar o pecado. Perdão é fonte de juventude eterna, de juventude espiritual.
      Se a solução está só no perdão, e ele é sempre fundamento para qualquer construção de caracter, ele bastará para que tenhamos forças para seguir em paz, quando isso acontece nosso coração fica tranquilo imediatamente após nosso acerto com Deus, de forma milagrosamente simples. Embora, às vezes, mesmo depois que confessamos, nosso coração ainda esteja aflito com algo, nesse caso é preciso buscar mais a Deus e pedir orientação. Em alguns casos é preciso entender melhor a razão de algo ter nos roubado a paz, isso fará com que nos conheçamos melhor e entendamos de fato todas as implicações de nossas escolhas. 
      O maior poder que Deus confere aos homens, todavia, é o perdão no nome de Jesus, isso muda vidas, anula o poder do acusador e alcança misericórdia do Altíssimo que sempre protege e honra pecadores arrependidos. Não desistamos, não sejamos vencidos pela própria frustração de ter pecado de novo, que muitas vezes nos desanima não por desapontarmos a Deus, mas por vermos nosso orgulho ferido quando nos mostramos como menos espirituais diante de homens. Quando confiamos no perdão de Jesus, o problema não é mais nosso, agora Deus passa a lutar por nós, nos defender e nos justificar, diante dos poderes deste mundo, das hostes do mal e dos homens. 

05/08/19

Deixa a semente morrer!

      “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.” João 12.24

      Hoje quero dar glórias a Deus, pois mais uma vez ele me surpreendeu com sua bondade. Sempre que penso que algo está acabando, que é o fim e que nada mais de bom haverá, vem o Senhor e me mostra que é apenas o final de uma fase, que outra vai começar e será melhor. Contudo, o melhor só se inicia quando o que havia antes, que depois entendemos que não era tão bom assim, mas que lutamos para não deixar ir porque achamos que é tudo que temos, termina. 
      Assim, ainda que teus olhos não vejam, que tua mente nem sequer imagine, que teu coração não sinta, creia, só haverá fruto quando a semente for plantada e aparentemente parecer morrer. Deixa a semente morrer! Deixa a semente morrer! Sim, o tempo de espera pode ser difícil, pois não vemos nem a semente, nem os frutos, mas esse é o tempo de crer no Senhor e glorifica-lo, pela fé. Bem-aventurados os que não viram e creram, nada supera a recompensa do que crê e espera.

      “Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.João 20.27-29

04/08/19

Só Deus sabe de mim

      “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.” Mateus 16.27

      Me espanta, e com muita tristeza, como muitos púlpitos, representados por pastores, pregadores e outros que se colocam como lideranças de igrejas, ainda medem espiritualidade por estereótipos, avaliam consagração por clichês, entendem como cristãos de qualidade aqueles que se encaixam nos velhos moldes das tradições, tradições que até tiveram origem em verdades, mas que com o tempo foram consideradas só superficialmente enquanto que a essência foi esquecida. 
      Os de linha pentecostal se equivocam mais em aquilatar ungidos preparados para não negar o evangelho mesmo numa perseguição ao cristianismo, aqueles que louvam ou cantam mais alto, que batem mais palma, que olha para o irmão do lado e diz “seja abençoado”,  ou que demonstram com palavras de ordem e manifestação pública de dons seu suposto grau de intimidade com o céu. Faltam a esses juízes profundidade de vida, respeito ao próximo, e mesmo na ausência disso por limitações intelectual e emocional, amor, que vê o outro com os olhos generosos de Jesus. 
      Quem sabe da intimidade das pessoas? Quem vê o que se passa nas madrugadas de vidas solitárias e angustiadas chorando aos pés do Senhor? Quem sabe da extensão de dor e de tristeza, construídas em uma vida de violência sofrida, que instalou nas almas dificuldade terrível mesmo para se ter o mínimo convívio social? Não julguemos a cara feia, o semblante fechado, o olhar inseguro e distante, nem usemos de desculpas como a que diz que o convertido deve ser transformado e que se a pessoa é fechada é porque ainda não se converteu. Não julguemos coração por cara. 
      Muitos não entendem, muitos pastores não sabem, e muitos nem se dão de fato ao trabalho de saber, lhes é mais conveniente gritarem protegidos pelos púlpitos seus equívocos, mas muitos não têm ideia do quanto é custoso dar um passo em direção a Deus. Sim, Deus é maravilhoso, contempla esse único passo e retribui com cem na direção do que sofre solitário, o Senhor seja louvado por isso. Mas os que julgam o fazem por não conhecerem de fato o coração de Deus, ainda que se achem espirituais e capazes de julgarem quem o é.
      Quando muitos desses pastores conhecerem de fato o amor de Deus pararão de generalizar, de achar que o fogo do Espírito deve ser provado de maneira igual por todos, ou conforme seus clichês, deixarão de achar que expressão emocional por si só é espiritualidade. Nesse dia pastores respeitarão quem muitas vezes reuniu todas as forças que tinha para ir até um templo, se sentar e prestar atenção à palavra, e que sofreu muito quando o púlpito deu ordem para que todos fizessem isso ou aquilo sem notar que alguém só queria ficar quieto e ter comunhão com Deus. 
      Muitos se surpreenderão no final, quando a pior e derradeira perseguição vier sobre os cristãos, ficarão surpresos ao verem que muitos que cantavam e falavam em línguas estranhas em público não estão mais se reunindo publicamente por temerem por suas vidas, não estão assumindo a fé que tanto diziam que tinham. Muitos dos primeiros serão os últimos (Mateus 19.27-30).
      Por outro lado, muitos sobre os quais se pensava serem frios, se mostrarão fortes e corajosos, sem medo de seja lá o que for que lhes possa impedir de assumirem diante do mundo que amam a Deus, isso porque sempre o amaram e andaram com ele. Muitos que não fizeram questão de mostrar para religiosos que seguiam a Cristo serão parte dos poucos que não terão receio de revelar a um mundo perseguidor que sempre seguiram a Jesus. Muitos dos últimos serão os primeiros, glória a Deus por isso. 

03/08/19

Não esteja dividido, integre-se em Deus

      “Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.” 
Lucas 16.13

Mamon é um termo, derivado da Bíblia, usado para descrever riqueza material ou cobiça, na maioria das vezes, mas nem sempre, personificado como uma divindade. A própria palavra é uma transliteração da palavra hebraica "Mamom" (מָמוֹן), que significa literalmente "dinheiro".

      O texto inicial se refere a estar dividido entre servir a Deus e às riquezas, ele fica no capítulo 16 do evangelho de Lucas entre as parábolas do administrador infiel e a do rico e o mendigo. As parábolas (e alguns dizem que a parábola do rico e o mendigo não é uma parábola, uma simbologia, uma fantasia, mas a descrição de um fato real), apesar de se referirem a um assunto em comum, riquezas materiais, mostram pontos de vista distintos. 
      Na primeira somos ensinados a sermos esforçados no trabalho material mas ainda assim sermos misericordiosos com as pessoas. O mordomo que antes tinha sido criticado pelo seu senhor por estar sendo descuidado na administração dos bens do senhor, foi elogiado no final. Mas vejam que a atitude do mordomo foi sábia, obteve a aprovação de seu senhor sem ter que ser duro demais com os devedores, assim fez amigos nos dois lados, “louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz” (Lucas 16.8). 
      Já na passagem sobre o mendigo Lázaro e o rico, a lição é outra, quem foca só nas riquezas poderá ter honras no mundo, mas sofrimento na eternidade, por outro lado, o que sofre injustiças neste mundo poderá ter na eternidade o consolo de Deus, disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado” (Lucas 16.25). Sem usar esse texto como legalização ao pé da letra, condenando ao inferno alguém só por ser rico, ou elegendo ao céu outro só por ser pobre, a passagem ensina sobre prioridades e exorta os poderosos deste mundo que o poder que eles têm aqui pouca diferença fará no plano físico espiritual eterno. 

      Mas o ponto desta reflexão é estar dividido, e não necessariamente entre Deus e as riquezas. Podemos experimentar esse dilema em relação a muitas coisas, é importante que entendamos que não podemos fazer duas escolhas. Sobre alguns assuntos, escolher um e relevar o outro, é aceitar tanto as recompensas de uma escolha quanto os prejuízos de não se ter feito a outra escolha. Assim, confrontos são inevitáveis, só não os terá quem ficar em cima do muro e for morno, não optando nem pelo frio, nem pelo quente (Apocalipse 3.15-16).
      Alguns talvez tenham mais facilidade para decidirem-se sobre algo e dizerem “danem-se” (me desculpe o termo) o resto, eu não consigo, assim está reflexão vai especialmente para aqueles, que como eu, têm dificuldades para conviver com os que se colocam como opositores (inimigos). Confesso que é muita presunção minha achar que posso agradar a todos, isso me coloca como melhor que Jesus, que definitivamente não agradou a todos mesmo fazendo tudo muitíssimo mais certo do que eu. 

      Escolher algo pode nos indispor com algumas pessoas, assim façamo-nos algumas perguntas, as primeiras delas são: no que de fato acredito, quero ser isso e lutarei para isso, e serei fiel até o fim pagando o preço que for necessário para isso? Quem não acredita em nada, quer nada, pensa que tudo tanto faz, ou que esta sempre mudando de ideia, esse não fará inimigos, mas também não terá amigos com os quais compartilhe objetivos claros e definidos. Sim, mudar de ideia é preciso, mas isso ao final de processos de testes, que mostrarão a realidade da prática e nos farão escolher caminhos mais eficientes para cumprir nossos objetivos. 
      Mas em primeiro lugar precisamos estabelecer objetivos e focar neles, quando nos convertemos a Cristo o Senhor nos dá objetivos e nós começamos a conhecê-los e pô-los em prática tendo vidas pessoais de comunhão com Deus e tendo comunhão com outros cristãos dentro de igrejas. Esse é o início de um processo que nos confrontará com Deus e com o que outras pessoas entendem ser Deus e o cristianismo. Quem busca equilíbrio, que não deseja ser hipócrita e tem coragem, admite que nessas duas relações, com Deus e com cristãos, aparecem discrepâncias e somos confrontados a fazer escolhas.
      Muitos escolhem o jeito mais fácil, fazer o que todo mundo faz para não arrumar encrenca, para terem apoio de um grupo, para não terem que pensar muito. Assim, ao invés de buscarem grupos de cristãos que mais batem com o que eles são (algo que não é fácil), se conformam, não com o mundo mas com o cristianismo tradicional da maioria das igrejas. Outros, contudo, entendem que igrejas e denominações cristãs não são embaixadas oficiais de Deus na Terra, são apenas pontos de vista humanos do que é Deus e o evangelho, os quais Deus usa por não existir algo melhor para ele usar. 

      Não tem jeito, escolher Deus, o nosso Deus, o Deus de nossa intimidade, aquele que se colocou como nosso amigo por tantos anos, que nunca nos enganou, que sempre se mostrou santo e pediu de nós também santidade, o Deus que nos deu respostas de paz e esperança nas situações mais difíceis que enfrentamos muitas vezes sozinhos, sem que igrejas ou pastores se quer soubessem ou quisessem saber, o Deus que nos ensinou a andar com ele num caminho onde os milagres acontecem naturalmente, escolher ser fiel a esse Deus nos colocará contra homens, mesmo homens dentro de igrejas. 
      A segunda pergunta que você deve se fazer é, a quem quero continuar servindo? Se tua escolha for de fato servir a Deus, não tema os homens, nenhum deles, sejam os ocultos em cerimônias secretas buscando os maiorais entre os seres espirituais do mal, sejam os que se colocam à luz do dia nos púlpitos usando a Bíblia de maneira legalista, clichesada e superficial, achando-se sinceramente mais espirituais que você, não os temas, mas também não os confronte, cale-se, controle-se, ore mais, adore mais a Deus e deixe que Deus aja, como quer e quando quiser. 

      O que não podemos é estar divididos dentro de nós, isso nos colocará em fraqueza e nos fará cair mesmo diante do inimigo mais pequeno (Mateus 12.24-28). Se temos um foco, Deus, e queremos continuar com Deus, temos que aprender a conviver com indisposições humanos, contudo, e é aí que está a grandiosa bênção, se for a Deus de fato que estivermos seguindo, a quem queremos agradar, não aos  homens e muito menos a nós mesmos, o próprio Deus nos dará forças para suportar em plena paz interior as indisposições, os confrontos, os que se colocam, mesmo sem admitir ou ainda de maneira sútil, como nossos inimigos. 
      O sábio põe em prova não os outros, mas a si mesmo, clama ao Senhor, abre o coração diante de Deus, apresenta seu ponto de vista e pede que o Senhor mostre com paz se sua escolha é a melhor diante dele. Contudo, ele também entende a responsabilidade de fazer certas escolhas, que terá preços e que ele está preparado para pagá-los. O coração em paz é intocável pelas setas dos falsos e dos demônios, um coração íntegro se vê forte diante dos que se vendem e se acomodam, o coração que escolhe Deus acima de tudo será confrontado, mas será luz, forte e eterna.
      Se você está certo sobre o que quer e a quem quer servir, e se Deus confirmou tudo isso em teu coração com paz, não tema, não vacile, não dê lugar à insegurança nem à vaidade, não se coloque como arrogante, como superior, abrigue-se de joelhos espirituais no abraço do Senhor e siga em frente. Obedeça a Deus, fale pouco, não julgue nunca, tema sempre ao Senhor, ame pois o amor nos liberta do medo e nos faz mais fortes, seja um com Deus, integre-se em Deus, e veja a obra que o Senhor fará diante de teus olhos. 

02/08/19

Deus nos fortalece

      “Por que dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus? Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento. Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.Isaías 40.27-29

      E quando estivermos sem forças Deus nos ajudará para que achemos forças para fortalecer quem está mais fraco que nós. O misericordioso acha forças para exercer misericórdia, ainda que fraco e triste tem uma palavra de esperança e consolo para o que precisa, por causa disso encontra em Deus a misericórdia que necessita para seguir em frente. Não desistamos, mas perseveremos, Deus que tudo vê nos recompensa no tempo certo, faz chover no deserto, ilumina o caminho ao longo do precipício, mantém em pé o que está abatido mas persiste em confiar nele. 

01/08/19

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina”

      “Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” I Timóteo 4.13-16

      Às vezes nos perguntamos, “o que fazer? no que achar sentido?”, sim, a vida pode nos levar a um grande vazio, mesmo que estejamos no centro do plano do Senhor, ninguém estranhe isso, é só a realidade se desvendando diante de nossos olhos. No texto acima o apóstolo-teólogo dá conselhos ao jovem Timóteo, mas que são válidos para todos, em qualquer idade. São orientações para que mente e coração estejam cheios e ocupados da maneira correta, com as coisas certas. 
      Muitas vezes na vida, e mais à medida que envelhecemos, vencer o tédio do caminho e a tristeza de se estar só mesmo com uma boa família e amigos leais por perto, não é questão de sentir algo bom, de estar apaixonado por algo, e paixão sempre enche a alma, entrega prazer. Felicidade pode não ser troca de dor por paixão, a paixão, mesmo por coisas boas, acaba, então o que resta? 
      No final, paz será resultado de fazer as coisas certas, não haverá mais lugar para ilusões. A vida se despe com o tempo, as mentiras caem por terra, a verdade aparece crua e nua. Chega um momento em que Deus não nos mima mais, nem nos ensina com indiretas, as parábolas são reveladas e o Senhor mostra-nos tudo como realmente é. 
      Uma frase do texto inicial resume tudo, “tem cuidado de ti mesmo e da doutrina”, duas coisas que têm que importar e que precisam seguir em equilíbrio, uma não pode prevalecer sobre a outra. Quem se ocupa só consigo prioriza uma existência que é mera passagem, e despreza a eternidade que é o fim maior de todos. Quem se ocupa só consigo serve à morte e nunca conhece de fato a vida abundante. 
      Por outro lado quem cuida só da doutrina, só da letra, e com doutrina me refiro a orientações morais sobre certo e errado e explicações sobre o mundo espiritual, é um eterno apaixonado por teorias, pensa servir a Deus, mas acaba servindo a homens e ao diabo, que ama as religiões. Quem cuida só da doutrina enclausura-se nas salas de aulas e nos mosteiros e perde a prática da realidade. 
      Jesus encarnado era perseguido pelos líderes religiosos da época porque tinha equilíbrio, não se ocupava de uma guarda cega das letras, de leis, como se a doutrina fosse um fim em si mesma. Jesus vivia a realidade, vivia perto da pessoas, conhecia as pessoas, amava as pessoas, e assim se conhecia também e praticava a palavra de Deus com sabedoria. Jesus encarnado era um homem da realidade, não da teoria. 
      É preciso as duas coisas, ser feliz em Deus para fazer os outros felizes e ainda assim praticar o que lê, ensina e crê. Quem consegue isso conhece a si mesmo e a Deus e não enlouquece com os excessos dos extremos, mas mais que isso, sempre acha o que fazer para que a vida tenha sentido. Nos guardemos dos excessos, guardemos a nós mesmos e a genuína doutrina de Jesus ensinada a nós diretamente em nossos corações pelo Espírito Santo.