01/09/19

Poder de Deus: evoca-lo ou invoca-lo?

      O tema que mais tira “aleluias” de grande parte dos evangélicos atuais, na maioria pentecostais, nas igrejas é o poder de Deus, por outro lado, sabendo que o tema agrada, é assunto de muitos pregadores, e muitos por pura conveniência. Mas por que os crentes gostam tanto do tema “Deus tem poder”, para que esse poder é evocado? O problema pode estar justamente aí, o poder é evocado, não invocado, sabe a diferença? Vamos achar várias definições dessas palavras, seguem algumas que podem nos ajudar a entender essa reflexão.
      Evocar pode ser chamar para fora, já invocar pode ser chamar para dentro (como eu disse essas são algumas das definições que podemos dar a essas palavras quando se referem a coisas espirituais). A grande maioria quer o poder de Deus para realizar milagres externos, não para experimentar milagres internos. No exterior está o nosso corpo se relacionando com o mundo, no interior estão nossa alma e nosso espírito relacionando-se com Deus e com o mundo espiritual. 
      Milagres exteriores mudam condições materiais, acessam provisões físicas, bens, dinheiro, posição social, mesmo alianças afetivas como casamento. Milagres interiores mudam nosso caráter, nossos valores, nos fazem seres humanos melhores, ao invés de nos darem conforto e status no plano físico. As conquistas no plano físico ficarão aqui após a morte, as interiores levaremos conosco e definirão nossa eternidade. Isso nos faz pensar sobre quais são as prioridades da maioria dos evangélicos atuais. 
      Muitos podem argumentar, “mas Jesus fez milagres físicos e disse que se tivermos fé faremos milagres maiores ainda”, sim, ele fez, e fez muito mais para convencer incrédulos infantis que para ensinar a sermos crédulos maduros. O maior milagre que o poder de Deus realiza é nos perdoar, sermos seres humanos como foi Jesus encarnado, em sua santidade, em sua misericórdia, em suas prioridades com suas relações com Deus, consigo mesmo e com as pessoas, deveria ser o maior milagre que buscamos pelo poder de Deus.
      Como cantamos sobre o poder de Deus, como dizemos que queremos estar perto do Senhor para adora-lo, como queremos sentir o poder de Deus, mas para quê? Para fugirmos da realidade em algum êxtase, para termos status de espiritual, para ganharmos providências materiais? Jesus nos chama para fora, não para dentro de igrejas, a maior intimidade do Senhor revelamos quando andamos pelas ruas, nas empresas, nas salas de aulas, não no “altar” cantando alto com um microfone na mão.
      Os milagres que cristãos maduros provam do poder de Deus é serem seres humanos melhores, não terem condições de vida material melhores, o poder de Deus quer nos fazer prioritariamente ser, não ter. Não que Deus não nos dê fisicamente o que precisamos para termos vidas dignas, mas temos que entender de uma vez por todas que essa não é a prioridade do Senhor para filhos maduros que querem ser como o Cristo encarnado.
       Digo sempre Cristo encarnado porque hoje Jesus é plenamente espiritual, mas quando viveu no mundo, há quase dois mil anos atrás, viveu como homem para nos ensinar como podemos agradar a Deus como homens encarnados neste mundo. Jesus encarnado com todo o poder de Deus que tinha não era rico, casado, um homem bem sucedido no molde, por exemplo, do rei Salomão. Jesus era simples, humilde, manso, ainda que com autoridade legítima de Deus, e materialmente tinha só o mínimo que necessitava. 
      Não, não somos todos chamados para ser apóstolos, missionários, pastores, e as definições bíblicas dessas funções se diferenciam bastante do que muitos acham hoje serem essas funções. Deus nos chama para sermos bem sucedidos também no plano físico, em nossas profissões, em nossos casamentos, sendo que nessas áreas podemos experimentar muito do poder de Deus (que se manifesta principalmente através de nossos esforços pessoais, não por intervenções sobrenaturais). 
      Quando desejamos tanto a manifestação do poder de Deus, analisemos com honestidade esse desejo, para que queremos esse poder? Segue texto de Mateus 10.21-23 que ensina a prioridade do evangelho, como faço aqui em grande parte das reflexões, cito texto bíblico como exemplo, sem fazer estudo bíbulo detalhado, algo que ao meu ver já foi feito muito nos púlpitos reais e virtuais sem que vejamos mudança na realidade de grande parte do povo evangélico atual. 
      A lição do texto é uma, a melhor manifestação do poder de Deus está em mudar o coração do homem não em enriquecer seu corpo: “E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me. Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste; porque possuía muitas propriedades. Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!”.

31/08/19

O que é o amor de Deus?

      “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, E a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.Romanos 5.3-9


      O amor de Deus, temos a mínima ideia do que ele é. Em primeiro lugar porque a grande maioria de nós não sabe amar, e não sabe porque não recebeu amor nem foi ensinado sobre ele. O mundo confunde amor com paixão, com sexo, com intimidade física, e tudo isso, sim, também faz parte do amor, mas tem mais a ver com a alma e o corpo humano. Amor vai além de sentimentos e pensamentos, muitas vezes terá que agir por fé e deverá mostrar com obras, com prática de vida, que muitas vezes sacrifica, entega-se, antes de usufruir e receber. Mas o amor, o verdadeiro amor, é completo e sempre conduz à perfeição.
       Quem se olha, se conhece, se avalia, sem orgulho ou falsidade, e tem o mínimo de lucidez para discernir a vontade e o agir de Deus no universo, entende o amor de Deus, contempla-o e maravilha-se com ele, como alguém como Deus pode me amar tanto, eu questiono? Eu erro e continuo errando, ainda que insisto em dizer que não gosto de errar é que não quero errar mais, e ainda assim Deus deposita crédito na minha vida. Eu injusto com as pessoas, exijo delas o que não sou, o que não vivo, como se eu fosse juiz, não só outro réu, e ainda assim Deus tem misericórdia de mim e não me trata como eu aos outros trato.
      Mas conhecer o amor de Deus é conhecer o próprio Deus e se desvencilhar de equívocos religiosos que não têm a ver com Deus, mas com tradições religiosas. Muitos perguntam, “se Deus é amor por que tantos sofrem no mundo”? Outros respondem, “sofrem porque peçam”. Então o lúcido questiona, “mas tantos sofrem inocentemente, sem terem pecado diretamente, como crianças e mesmo adultos, subnutridos, sem potência intelectual ou emocional para reagirem”. Será que tantos que afirmam nos púlpito que Deu ama a humanidade e abençoa todos os que se aproximam dele em Cristo, assumem a verdade que tantos sofrem injustamente e o “deus” que eles creeem não faz absolutamente nada para ajudar a esses? 
      Sim, isso acontece, e quem quer de fato entender o amor de Deus não pode fechar os olhos para isso, enfrentar essa realidade nos levará a nos libertarmos da religião e a conhecer de fato Deus e seu amor. Não, Deus não é um pai rico e liberal que dá a todos de forma indiscriminada, e não basta uma oração aqui no Brasil para que crianças africanas sejam abençoadas, ou mulheres no mundo árabe sejam libertadas. A responsabilidade de ajudar essas crianças e essas mulheres é justamente daqueles que se dizem abençoados pelo amor de Deus.
      Os mais culpados pelas injustiças e sofrimentos do mundo não são os ateus, espíritas e esotéricos, mas os cristãos, essa é a verdade (aliás, em termos de caridade ateus, espíritas e esotéricos fazem muitas vezes muito mais que evangélicos e protestantes). Por quê? Porque esses são os que dizem mais receber de Deus, que testemunham como sendo os que mais conhecem e provam do amor de Deus. Ao invés de ficarem arrecadando dízimos para possuírem grandes templos, ainda que isso seja feito com sinceridade e sem a intenção de enriquecer lideranças, os cristãos deveriam assumir suas responsabilidades de transformarem em obras de caridade todo o amor que dizem provar de Deus. 
      Sobre os que mais recebem pesarão as maiores cobranças, ninguém se engane, melhor seria para muitos dizerem que não conhecem assim tanto a Deus, que não têm tanta intimidade assim com o criador e Senhor do universo, melhor seria para muitos terem mais vergonha de dizer que são filhos amados de Deus, aliás, muitos não têm vergonha do evangelho, mas o evangelho tem vergonha deles, e não me refiram aos carnais e presos aos vícios, mas a muitos que se acham espirituais. A verdade é que o cristianismo perdeu a vergonha na cara, e isso desde sempre nas denominações tradicionais e oficiais, sempre que homens dominam sobre homens em nome de um “deus”.
      Ainda assim Deus continua amando, o Deus verdadeiro que manifestou em Jesus todo o seu amor, que se deu para que aprendéssemos a nos dar pelos outros. O cristianismo, principalmente o das religiões e denominações fora do catolicismo, sofrerá uma grande perseguição no final, mas isso não acontecerá porque o diabo se fortalecerá, o diabo sempre foi e será fraco, fraco e vencido. Mas o cristianismo das igrejas cristãs que mais se aproximam do verdadeiro evangelho é que se enfraquecerá, e esse processo já se iniciou, são os que representam o cristianismo no mundo que estão entregando de bandeja o evangelho para o inimigo. 
      O Espírito Santo, contudo, nunca é fraco, nunca se vende, e ele não é propriedade do pentecostalismo dos evangélicos carismáticos, nem do conhecimento bíblico apurado dos tradicionais, ele é Deus, o consolador que Jesus disse que viria para lembrar e ensinar o evangelho ao mundo. É para ele que devemos nos voltar, ele é a Igreja corpo de Cristo, não os templos, as denominações, as religiões, os homens. Só ele nos conduz à verdade e pode nos fazer amar o amor de Deus, um amor de obras, não só de palavras, a única coisa que pode ajudar a humanidade e mudar o mundo. 

30/08/19

Não precisamos saber tudo, só o mais importante

      “Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.Filipenses 2.10-11

      Existem muitos mistérios na vida e no universo, a ciência, dentro do espaço e tempo, vai conseguindo explicar as coisas. No futuro, ou no futuro possível que a humanidade terá antes que ela mesmo se precipite num caos iminente e derradeiro, poderemos através da ciência ter a resposta de muitas coisas que hoje ainda são mistérios. Eu creio que se houvesse tempo e humildade científica diante do evangelho, mesmo mistérios espirituais poderiam ser explicados cientificamente.
      Mas principalmente no plano espiritual, a fé nos dá certas seguranças, cremos mesmo sem saber, muitos que tentam saber o que não devem acabam se perdendo nas artimanhas do mal. O ocultismo e outras práticas mágicas e esotéricas podem até explicar, mas a Bíblia adverte que a busca desse conhecimento não é conveniente. Nem estou afirmando que isso ou aquilo não é verdade, não é possível, mas só que não convém, pelo menos não para a grande maioria dos seres humanos. 
      Como funcionam as potestades e legiões de anjos e demônios, como se desenha as hierarquias no mundo espiritual? O diabo, em sua arrogância, não sabe (ou não admite) por isso insiste em querer vencer ou sabe que vai perder e por isso quer levar os homens consigo para o inferno? Certeza ninguém tem de muitas coisas, e é assim para que aceitemos nossos limites e confiemos em Deus. Deus nos dá uma certeza, e ela basta por tudo, descansar nisso é segredo de paz. 
      O nome de Jesus Cristo tem poder acima de todo nome, sobre todo mal, mais alto alto que todo diabo, assim como perdoa todo pecado dos vivos neste mundo, dessa forma não precisamos saber como nem de onde vem certos males, mas apenas que o nome de Jesus nos protege de todo o mal. Não sejamos curiosos sobre certas coisas, gastando tempo e energia com o que deve continuar como mistério, mas saibamos o que mais importa, o nome de Jesus tem poder. 

29/08/19

Tempo da informação

      “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente. E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará.” Daniel 12.2-4

      Vivemos o momento da informação, tudo sobre todos é compartilhado com todos o mais rapidamente possível, muitas vezes em tempo real. Isso não significa que haja mais verdade, ainda que as mídias, jornalismo, televisão e internet, arroguem ser o grande hierofante atual na luta de fatos contra fake (news). O que há é muito mais manipulação no jogo de poder, que agora, mais até que por ferramentas financeiras, culturais ou militares, usa a informação como arma. 
      O mais sábio é não levar muito a sério toda essa informação despejada sobre nossas cabeças pelas mídias, ouvir tudo e reter o que é bom (conforme I Tessalonicenses 5.21), não endeusando algumas coisas, ainda que pareçam até cristãs, nem demonizando outras, mesmo quer se declarem não cristãs, é tudo coisa de homem, e portanto, desse mundo e tudo sujeito a erro. Repito, tome cuidado com tudo, principalmente com quem diz que é contra fake news, esses muitas vezes são os mais disseminadores de fake news, ainda que de uma forma mais sofisticadamente manipulada. 
      A verdade no mundo hoje só vem de uma fonte, do Espírito Santo, ele é o consolador que Jesus mandou após sua partida como homem encarnado, o único embaixador divino legítimo, mais que pastores, igrejas e religiões. Urge que tenhamos mais tempo orando que lendo posts, ouvindo podcasts ou assistindo vídeos, urge que nos comuniquemos mais com Deus que com o mundo virtual, urge que tenhamos mais cuidado com tudo que diga ser oficial, profissional, mas que é deste mundo.
      Sim, depois disso, urge que estudemos mais, que nos informemos mais, que levemos mais a sério a ciência, o cristão precisa ser em primeiro lugar espiritual mas depois inteligente, racional, lúcido e bem informado. Entre as ultimas estratégias do mal para o final dos tempos, está o domínio pela informação, urge andarmos mais e mais na luz real do Altíssimo para termos discernimento sobre a verdade maior sobre tudo. Só quem estiver bem ligado a Deus saberá se desvencilhar dessas estratégias malignas e subirá na “primeira leva” do arrebatamento.

28/08/19

Não seja plateia de batalha alheia

      Não se aproxime de uma batalha só por curiosidade, só para assistir, só para ver como as coisas funcionam, batalhas não têm plateia, tem dois lados em guerra. Quem achar que pode ficar neutro acabará sendo alvejado, e isso por qualquer um dos lados, já que quando não se toma partido somos inimigos dos dois que guerreiam entre si. Não tem como não fazer referência, nesse assunto, ao texto de Apocalipse sobre a carta do anjo da igreja de Laodiceia, “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.” (Apocalipse 3.15-16), ser plateia em batalha é ser morno, e o texto deixa bem claro o que Deus pensa dos mornos. Quando queremos ser só plateia? 
      Uma situação é quando queremos conhecer o mundo espiritual, os dons, e principalmente os seres espirituais, do bem e do mal, esse campo é algo muito sério e perigoso, ninguém entre nele despreparado. Como diz um ditado, “quem estuda o mal é estudado pelo mal”, nem todos são chamados para conhecerem com mais profundidade anjos e demônios, principados e potestades, como sempre a proteção está na obediência a Deus. Mas se Deus não mandou, a distância com respeito, não com medo, é o caminho mais sábio. Muito pior, contudo, são os que não têm a vida de fato entregue nas mãos de Deus, que ainda nem se converteram, mas que frequentam, por exemplo, centros espíritas, ainda que seja só por curiosidade, esses dão legalidade ao mal para entrar em suas vidas. Bem, se somos convertidos saberemos que essas práticas nenhum bem trazem, sejam por quais motivos forem. 
      Outra caso é se envolver com problemas alheios, principalmente se for problemas entre cônjuges, ou tomamos partido, e muito mais quando houver algum tipo de violência ocorrendo, e assumimos a responsabilidade por isso, ou nem tentemos opinar sobre o que de fato não sabemos. Novamente obediência a Deus e respeito para com os lados devem ser observados, de maneira que sejamos pessoas que contribuam para o bem, pacificadores, não só intrometidos curiosos querendo preencher vidas vazias com assuntos alheios. “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5.9), para o cristão que quer de fato obedecer o evangelho esse texto dá a orientação final, filho de Deus não guerreia, não com homens, mas busca uma solução equilibrada e pacifista sempre, jamais se porta covardemente só como plateia. 

27/08/19

Muito feliz é o perdoado por Deus

      “Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano. Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. Por isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão.” Salmos 32.1-6

      Como é bom ouvir do Espírito Santo a primeira frase do texto acima, quando chegamos com a cabeça cheia diante de Deus, nos sentindo acusados por nós mesmos, cansados de nós mesmos, frustrado com nós mesmos, para então experimentarmos a simplicidade curadoura que somente um pai de amor, um Deus misericordioso tem. “Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto”, feliz é o que acha o perdão de Deus, e achar é conseguir se apossar dele, poder acreditar nele, e sem complicação receber paz. Só existe consolo no perdão, mas pra isso temos que admitir, confessar e deixar o erro, com todo o coração, para então seguir em frente.
      Interessante que o texto, na frase final, não diz que que achamos Deus para sermos santos, mas porque somos santos achamos o Senhor, e a tempo, mesmo no “transbordar de muitas águas”, mesmo que os problemas e os nossos erros estejam por nos submergir. Isso porque o que nos santifica não somos nós mesmos, mas é Deus, é ele que nos acha primeiro e se deixa ser achado por nós, assim, não sejamos negligentes com o amor de Deus, mas gratos, pois ele conhece nossos limites e não quer nos acusar, mas perdoar. Como diz Isaías 42.3, Jesus “a cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade trará justiça.”, o Senhor não é estúpido, prepotente, mas nos respeita em toda a nossa fragilidade.

26/08/19

Não arrogue ter a dor maior

      “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.Isaías 53.4-7

      Não caiamos no orgulho, disfarçado de autopiedade, de acharmos que somos melhores que os outros por termos sofrido mais, por pensarmos que temos a dor maior do mundo. Cada dor é de cada um, sob medida, pessoal, intransferível, e não pode, sob nenhuma circunstância, ser comparada, pode sim ser relativizada, mas não posta como absoluta. Só teve uma dor absoluta, uma dor de fato maior que todas, a de Cristo, e essa dor nem dele era, era minha, tua. A dor que cada um de nós deveria passar, o sofrimento que eu deveria sentir, pelos meus pecados, Jesus viveu por mim, até a morte.
      Se você sofreu com uma enfermidade, saiba que existe outra pessoa que sofreu mais, se eu sofri com uma violência, devo entender que existe gente neste mundo que sofreu com uma muito maior. Mas também não diminuamos ninguém que acha que sua dor é grande, quando talvez sob nosso ponto de vista essa dor não seja tão grande assim, respeitemos os limites de cada ser humano. Muitas vezes aquele que é mais fraco que nós numa área, em outra, é mais forte que a gente. Deus cuida de todos, autoriza tudo, e usa todas as dores com objetivos, nada acontece por acaso.
    Se alguém parece sofrer sem ter culpa, a culpa é minha e tua que não socorremos esse alguém em seu sofrimento. A verdade é que a dor existe para que aprendamos a não ligar muito pra ela, e quando aprendemos a viver em paz apesar dela, ela passa, e me refiro a dores emocionais ou aquelas que ainda que físicas passam mediante medicação, ainda que nunca sejam curadas inteiramente. Não pense que cristãos fiéis e limpos não têm dores sem cura, têm sim, mas, como dito antes, existem para serem deixadas de lado, senão acabam se tornando tronos para nossos egos.
      Não é fácil passar por coisas que nos machucam, principalmente enfermidades físicas, muitas que podem nos fazer contemplar a morte bem de perto. Mas que saiamos dessas batalhas mais humildes, não mais cheios de nós mesmos, o confronto com nossa fragilidade humana serve para nivelar nosso homem interior. Que essa experiência nos faça olhar os outros também diferentemente, com mais respeito, não como melhores por termos sofrido, mas de fato com o entendimento que os outros podem estar sofrendo e muito, ainda que não saibamos, que a dor nos torne mais misericordiosos.