24/01/20

Só faça teu melhor

      “E veio a mim um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro. E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu.” “E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro.” “E as nações dos salvos andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua glória e honra.” “E não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro.Apocalipse 21.9-10, 22, 24, 27 (se possível leia todo o capítulo 21 de Apocalipse)

      Ninguém, de fato, vai entender a razão maior de tua existência nesta vida, entenderá um pouco depois que você for para a próxima existência, mas ainda assim não será um entendimento completo, que te console, que te satisfaça e dê à tua vida o sentido que você tanto busca aqui, é isso mesmo que você já esteja do outro lado. Assim, faça, não te importe muito com os outros, não dependa de homens, e faça bem feito, como se cada dia teu fosse o último, faça sem esperar recompensa ou justiça, não humana. 
      Quem de fato importa está vendo tudo, e em algum momento te recompensará, não necessariamente para que os homens vejam e te honrem, e também não nesta vida, para esse nada passa desapercebido e aos seus olhos cada palavra, cada pensamento, cada sentimento, cada atitude que vivenciamos é anotada num livro, um não feito de matéria, mas de espírito, não de qualquer espírito, mas do Santíssimo, onde só uma caneta pode escrever, a da luz mais alta e pura. 
      Esse livro não envelhece, ainda que seja antiquíssimo, nem é esquecido, ainda que seja imenso, é de conhecimento exclusivo do altíssimo, na verdade  esse livro é a própria consciência do altíssimo, em quem vivemos e no qual habitaremos, nele portas se abrem quando merecemos, quando as construímos, e portas se fecham quando as desprezamos, não só com indiferença, mas com falta de paciência, com negação de misericórdia, com excesso de ego, com idolatria de superficialidade. 

      Sobre o texto inicial, a cidade maravilhosa que existe no céu espiritual são os próprios salvos, cada pedra ou mineral precioso são as virtudes de nossas existências acumuladas no plano físico, são nossas consciências purificadas habitando novos corpos espirituais. O templo em que adoraremos a Deus é o próprio Deus, compartilhado, revelado e cognoscível. Precisamos entender que a cidade e o templo foram interpretados por João, e Deus mostrou as coisas de um jeito que ele entendesse, para que uma relevância maior fosse entendida.
      Que relevância? Na eternidade os salvos e o altíssimo terão um valor, uma pureza e uma beleza ímpares, superiores a tudo o que conhecemos no plano físico, essa relevância será manifestada de forma espiritual. Nós, seres humanos encarnados, ainda que selados com o Espírito Santo, somos incapazes de mensurar e compreender o mundo espiritual, tanto o de trevas quanto o de luz, contudo, há um mistério. Ainda que inferior o mundo material é uma metáfora do espiritual, principalmente a natureza, uma metáfora construída por Deus. 
      Os que tiverem olhos entenderão o mistério de “assim na terra como no céu” (ou “tanto em cima quanto em baixo”). Mas o que foi construído pelo homem, tanto na arquitetura quanto pela ciência, também revela o céu espiritual e o altíssimo. Ainda que muitos excelentes e geniais arquitetos e cientistas não creiam no céu espiritual, o sopro de Deus está neles e é o que lhes dá as inspirações mais excelentes. O que se vê é uma sombra maravilhosa do que não se vê, o passageiro do eterno, a matéria do espírito, e matéria não era para ser inicialmente sinônimo de carne, de pecado.
      Deus não faz nada escondido, são nossos pecados que nos fizeram esconder, fugir do Éden e nos refugiarmos numa caverna de ignorância espiritual, ainda que achando que estávamos buscando o conhecimento do bem e do mal e escolhendo o caminho da ciência. O tal conhecimento (talvez?) apressado concedido pelo pecado original, criou o mistério, entregou as trevas, autorizou os grandes anjos caídos a terem autoridade no plano físico. Para descrever o céu, João usou as sombras, mesmo que com o privilégio único de ter visto o original, privilégio que nenhum outro homem teve. 
      No final do texto inicial, o livro da vida do cordeiro é citado. Bem-aventurado o homem que tem como desejo principal estar nesse livro, mas que além de desejar persiste em viver em Cristo uma vida digna, dia a dia, de estar inscrita nele. O conhecimento de quem está no livro só saberemos no final da era desse mundo físico. Contudo, se como nos ensina o evangelho, obter é abdicar, viver é morrer, ganhar é perder, talvez a grande chave para estar no livro seja existir nesse mundo sem nos preocuparmos com certas coisas, e ainda assim sendo produtivo, benigno, iluminado e caridoso. 

23/01/20

A sabedoria de Deus não está em palavras

      “Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém.João 21.25

      Jesus falava pouco, estou convencido disso, em relação ao tempo que viveu encarnado, a tudo o que sabia, a inteligência emocional que experimentava, ao equilíbrio espiritual que tinha, à prática de oração e consagração que exercia, ele falava muito menos que podia e que tinha direito de dizer. Nele não havia vaidade, hipocrisia ou qualquer necessidade emocional baseada em carência ou insegurança de convencer as pessoas sobre quem era e o que fazia, assim o pouco que falava era suficiente. Mas com certeza Jesus vivia o amor, e nesse aspecto, sim, como diz João, não haveria livros o suficiente para registrar todo o amor que ele viveu, como o tratamento que ele deu à mulher pega em adultério.
      Isso contrapõem-se aos homens que achamos sábios hoje em dia, pregadores, teólogos, filósofos, escritores, nos encantamos com belos discursos, com estudos bíblicos meticulosos, com pregações emocionais que nos levam às lágrimas e a uma intensa alegria. Mas acredite, experimentar uma sabedoria nas palavras, sejam faladas ou escritas, entender o universo, o mundo, a vida, o homem, Deus, e explicar tudo isso com simplicidade e poesia, de maneira que todos entendam e comprem o que as palavras dizem, não confere a ninguém a verdadeira sabedoria de Deus, ainda que seja uma sabedoria que fale da sabedoria de Deus. A sabedoria de Deus é prática, mais que sons gostosos de se ouvir.
      Em João 8.4-11 está parte da passagem sobre a mulher pega em adultério e trazida à Jesus, é incrível como Jesus fala pouco nesse registro, aliás, demonstrando um imenso amor parece que tenta ficar invisível. Isso foi para se abster de interagir com a armadilha que os religiosos judeus tentavam armar para ele, esses demonstrando total frieza e falta de amor com a mulher? Não, Jesus não temia os falsos e arrogantes, Jesus só sentia empatia pela mulher humilhada e procurava não humilha-lá mais ainda. Jesus não falava, ele praticava a sabedoria de Deus, a sabedoria de Deus é o verdadeiro amor, aquele que eu você precisamos tantas vezes, muito mais que palavras. Ah, como eu preciso falar menos, como eu preciso amar mais.

22/01/20

Tenho achado vida nesse conhecimento

      "E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que enviaste." João 17.3

      Nas igrejas cristãs, no cristianismo institucionalizado, eu conheci Jesus, achei o conhecimento de Deus, mas esses lugares, essas pessoas, não são o conhecimento puro de Deus, ainda que sejam, eu creio, os melhores guardadores desse conhecimento, os mais fieis, os mais puros. Nesse conhecimento tenho achado vida, tenho achado cura, tenho achado perdão, tenho achado paz e vitória. Isso não é ilusão, não é teoria, não é só religião, mas é verdade e prática, provada por mim durante muitos anos. Essa verdade e prática me fez o que sou hoje, me deu uma família e me trouxe até aqui vivo e lúcido. 
      Existe verdade em outras religiões, em outros “ismos”? Sim. Isso me interessa? Sim, todo conhecimento verdadeiro me interessa. Mas isso pode de alguma maneira desmentir as bases do cristianismo que eu provo? Não. Pode revelar algo que substitua e se eleve além do principal que aprendi com o cristianismo? Não, ainda que revele verdades periféricas que o próprio cristianismo não se aprofunde. Em Jesus eu recebi o principal de Deus, nisso há a melhor das vidas, aqui e na eternidade, e disso nunca abrirei mão. Só Cristo salva, só Jesus é o caminho direto para o Deus único e altíssimo.
      Esse conhecimento me leva a adorar a Deus, com todo o meu coração e com todo o meu entendimento. Adoração não é só verbalizar palavras lisonjeiras a Deus, não é só dizer frases de exaltação ao Senhor, também é muito mais que praticar as orientações de Jesus para as nossas vidas. A verdadeira adoração nos coloca em sintonia com o Altíssimo, harmonizados com ele conhecemos como somos conhecidos, ou pelo menos o melhor que se pode conhecer de Deus nesta existência encarnada. Adoração é vibrar com Deus, ser um com ele, e assim provar a eternidade ainda neste plano.
      O diabo imita essa harmonização, assim quando as pessoas cantam e dançam em rituais de afro-espiritismo, por exemplo, elas estão sincronizando-se com entidades espirituais. Na verdade o princípio está correto, nos harmonizamos com o mundo espiritual vibrando com ele, sentindo, pensando, crendo, colocando todo o nosso ser em sua “onda”, e isso é adorar. Os afro-espíritas exercem uma adoração profunda e verdadeira em seus rituais, ainda que com entidades espirituais do mal, demônios e diabos, e aqui não vai uma crítica, só uma constatação de acordo com a doutrina cristã. 
      Que todas as pessoas tenham liberdade para se harmonizarem e adorarem quem elas desejam, e que ninguém proíba ninguém disso, mas que todos também respeitem a interpretação doutrinária que outras religiões dão sobre o mundo espiritual e suas prioridades. Eu tenho achado vida no conhecimento de Jesus baseado no cristianismo, nesse conhecimento tenho adorado ao Deus altíssimo, e nessa adoração tenho achado harmonia com o mais alto dos espíritos, o Santo de Deus, que tem transformado minha vida de uma maneira inequívoca, isso nunca negarei e nisso persistirei até o fim. 

21/01/20

Bem em si mesmo

      “Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente.” Mateus 6.2-4

      O bem é um bem em si mesmo, significa que só fazê-lo já é colher uma recompensa, ele não necessita de qualquer outro retorno ou reconhecimento. Isso parece simples? Mas como nós temos dificuldade para aceitar isso, e desse entendimento depende qualquer experiência real com virtude e espiritualidade. A dificuldade existe porque não nos conhecemos de fato, e muito menos a Deus, pensamos de nós mais do que somos e de Deus muito menos do que é, ainda que digamos que cremos num Deus todo-poderoso.
      Toda a espiritualidade se resume a um princípio, fazer o bem sem precisar de motivação, só fazer e ficar em absoluta paz depois, experimentando a ausência de qualquer espécie de expectativa de ganhar algo por isso. Adquirir essa paz é provarmos a mais alta e pura das virtudes, é tocarmos o centro da vontade de Deus para as nossas vidas, é sermos libertos de vaidades e orgulhos, é entendermos a essência do evangelho, é colocarmos os pés nas pisadas de Cristo, é experimentarmos na carne o melhor da eternidade.
      Mas o segredo para entender isso é conhecer e aceitar de todo o coração que nós homens não podemos fazer qualquer bem, se fazemos é porque Deus permite e realiza o bem em nós. Assim, porque não somos nós quem fazemos, não temos direito de exigir nada por isso, e ainda devemos estar muito gratos a Deus, louva-lo muito, pelo bem que foi feito, como se não tivesse sido feito por nós. Para isso é preciso vigilância e exercício, nossa alma essencialmente egoísta não pratica o bem verdadeiro com facilidade.
      O homem é confrontado o tempo todo com um pecado, talvez o maior deles, a vaidade, assim o que pouco sabe é tentado a ser vaidoso, mas o que muito sabe é muito tentado para ser vaidoso. Na prática do bem também há essa tentação, e a maior das vaidades é se achar melhor que os outros por ser espiritual, por ser virtuoso. Fazer o bem mais alto requer a mais alta das vigilâncias para não cair no pecado da maior das vaidades depois, anjos do mais alto nível caíram justamente nesse pecado. 
      Dessa forma, talvez o maior dos trabalhos espirituais não seja fazer o bem, mas não se achar melhor que os outros e consequentemente se ver no direito de fazer exigências depois de fazer esse bem. Alguns podem até serem tentados pelo diabo não fazendo o mal, mas tendo a oportunidade de fazer o bem. A saída, o escape, a solução é louvar a Deus, sempre e por tudo, assim entregamos toda glória ao Senhor, anulando toda energia que possa existir em nós para nos gloriarmos. 

20/01/20

Deus é delicado

      “E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o Senhor. E eis que passava o Senhor, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto; E depois do terremoto um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada.” I Reis 19.11-12

      Deus é educado, elegante, os que têm ouvidos e sensibilidade saberão discernir a sua voz no meio de tantas outras, entenderão seu delicado falar e farão a coisa certa no melhor momento. Quanto aos outros, farão escolhas erradas ainda que na certeza que estão fazendo as melhores escolhas, trabalharão em vão, gastarão tempo e dinheiro, verão a vida passar sempre colhendo frutos estranhos, ainda que tenham se esforçado tanto. Por quê? Porque não tiveram paciência, não pararam um instante, para ouvir a voz educada de Deus. O que é viver de verdade? É aprender a discernir a voz de Deus em em meio a tantas outras que gritam conosco nesta vida, no trânsito, nos shopping centers e mesmo nas igrejas e em nossos lares, sem falar das milhares de vozes que falam e falam nas redes sociais da internet e na televisão. 
      Deus é delicado, manso, mas certo, direto, em sua voz não há dúvida nem confusão, quando ela fala o faz em nossos corações exatamente após nós questionarmos o Senhor sobre alguma decisão que precisamos tomar, e responde exatamente aquilo que precisamos ouvir, que nos levará ao melhor caminho. Como tenho provado esse Deus delicado, pela sua misericórdia tenho aprendido a ouvi-lo e a obedecê-lo, e graças a isso as coisas têm dado certo para mim e para minha família, minha esposa e minhas filhas, e ainda que eu, por um motivo ou outro, não tenha arrumado um tempo para ouvi-lo, ele tem protegido o meu caminho, reservado para mim o melhor, no tempo e no espaço, neste mundo e no plano espiritual. Deus é, sempre foi e sempre será delicadamente elegante comigo, toda glória ao Senhor por isso! 

19/01/20

Exercemos de fato livre arbítrio?

      “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.João 3.18

      Até que ponto fazemos escolhas na vida, enxergamos com atenção as opções, as analisamos com calma para no final fazer a escolha de fato melhor para aquilo que de fato somos? Acho que não fazemos, pelo menos não na maior parte das vezes, para escolher é preciso que se tenha liberdade e nós, muitas vezes, escolhemos o que nos “cativou”. A palavra cativo significa escravo, bem, o escravo não é livre assim não pode exercer livre arbítrio. Eu não disse que não temos livre arbítrio, temos sim, entregue a todos nós pelo pai eterno e altíssimo de todas as almas, contudo, nós não o exercemos porque somos escravos. 
      Somos escravos do quê? Dos falsos prazeres da carne e das verdadeiras feridas da alma, isso mesmo, os prazeres são falsos, mas as feridas são genuínas, assim outra questão se levanta, não exercemos livre arbítrio e na verdade isso não importa muito, talvez não seja isso o que nos defina. Podemos escolher o melhor para sermos de fato felizes? Não, não escolhemos o melhor e muito menos precisamos ser felizes, não o tempo todo, não na maior parte das vezes, e muitas vezes, nunca. A vida é longa, mas passa depressa, nós somos sempre escravos de algo, mas ainda assim não devemos desistir de querer ser livres. 
      Escolhemos a Jesus? Essa é a melhor escolha que podemos fazer na vida e na qual todas as outras boas escolhas se basearão? Sim e não, escolhemos porque Deus nos escolheu primeiro, mas quem escolhe parece que já nasce escolhido, e quem não escolhe para que toda a sua vida foi um engano. Sem entrar na questão de que se Deus escolhe ele não dá oportunidade para alguns o conhecerem e serem mais felizes, principalmente na eternidade, sem entrar na polêmica “teologia da predestinação”, parece que algumas pessoas, por mais erradas que andem, amam a Deus, sempre voltam a ele para pedir perdão, e não fazem isso por causa de religião, como instituição ou tradição humana. 
      Por outro lado outras pessoas, mesmo que sejam boas cidadãs, prósperas materialmente, e muitas vezes boas religiosas, sempre se mantêm intimamente distantes de Deus, nunca se entregam de fato totalmente. Seja como for, Jesus é sim a melhor e mais importante escolha, seja lá por qual motivo a fazemos, talvez isso também não importe tanto assim. O que importa é seguirmos insistindo no melhor, talvez o que nos defina não seja o que fazemos mas o que tentamos fazer na maior parte das vezes, talvez o que importe sejam nossas boas intenções, por mais que, como dizem, “o inferno esteja cheio delas”, mas isso é só um ditado popular. 

18/01/20

O mal está no controle, não no caos

      “E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gênesis 2.16-17

      A pior das opressões, das injustiças, das escravidões, não nasce da baderna generalizada, da liberalidade egoísta e irresponsável, da criminalidade, da ociosidade que tenta roubar para obter sem executar trabalho honesto em troca, mas ela vem de se tentar estabelecer à força uma sociedade justa e igualitária, impondo aquilo que alguns acham que é o melhor para uma maioria de pessoas sem que essa maioria queira de fato isso. Por incrível que pareça, neste mundo o mal maior está no controle, não no caos. 
      O pior dos males está num estabelecimento forçado de ordem, ainda que em nome do bem, porque uma pessoa ou um grupo delas achou que pode ditar para as outras pessoas aquilo que é bom, e que na verdade é bom, na melhor das circunstâncias, só para um ou para um grupo. No caos há tudo, inclusive liberdade para se fazer o bem, mas na ordem imposta só existe escravidão, bem imposto é mal. Neste mundo, contudo, há caos porque existe livre arbítrio, dado aos homens não por homens mas pelo altíssimo.
      Foi por isso que Deus só se revelou integralmente como Deus quando deu esse livre arbítrio aos homens, permitindo que o ser humano escolhesse o caos no lugar da ordem. Contudo, ainda assim, tendo do próprio Deus o melhor dos exemplos, muitos, principalmente religiosos e cristãos, e nem vou me referir a políticos e filósofos, buscam controle do mundo com aquilo que eles acham que é o melhor para mundo, para todas as pessoas. A escolha deve ser individual, e cada um escolhe e vive com as consequências disso. 
      Mas como já disse aqui outras vezes, minha crítica é para os de dentro da minha casa, nos aos das casas dos outros, e novamente vai para os cristãos que insistem em crer que podem se envolver com política exercendo cargos, apoiando e confiando em ditos cristãos que exercem cargos: o evangelho permite o estabelecimento do reino de Deus nos corações dos homens, não no mundo, o mundo jaz no maligno e será assim até o fim. Querer um mundo inteiro governado por princípios cristãos não foi plano de Deus. 
      Os querubins foram colocados no jardim do Éden (Gênesis 3.24) depois que o homem desobedeceu a ordem de Deus, eles não estavam antes guardando a árvore do conhecimento do bem e do mal (e a árvore da vida), assim o caminho até elas estava livre, para que o homem fizesse a opção que achasse melhor, comer ou não dos frutos, obedecer ou não a Deus, isso é livre arbítrio. Se as consequências são tão sérias, por que não colocar guardas nas árvores, ou melhor, por que colocar tais árvores no jardim?
      Depois da escolha pior, mais trabalhosa, mais dolorida, contudo, as coisas mudaram, e mudaram para sempre, não há mais volta somente um perdão por Jesus, perdão para a eternidade, que ainda assim não livra ninguém de continuar vivendo uma vida dura neste mundo, no plano físico. Uma vida sob controle? Não, ninguém tem nada sob controle, ainda que todos nós queiramos obsessivamente controlar as vidas alheias, de um jeito ou de outro. Alguns malucos, todavia, de tempos em tempos tentam dominar o mundo.
      O melhor que podemos fazer é seguir insistindo em tentar dar liberdade para que o Espírito Santo viva em nós, só Deus é de fato livre, o Espírito Santo é Deus em nós através de Jesus. Também temos que dizer não a qualquer espécie de controle humano, mesmo de igrejas e por pastores, dentro dos templos, mas também no mundo, controlar o mundo com o evangelho não é a maneira de Deus trabalhar, Deus não quer o mundo só quer eu e você, e isso se eu e você permitirmos.