21/09/20

Por que as pessoas caem?

      “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.Provérbios 16.18

      As pessoas não caem porque erram, muitas neste mundo ainda que errem e não se arrependam, não sofrem grandes tropeços, pelo menos nesse plano. O que leva às quedas, contudo, é a arrogância, principalmente quando se joga publicamente na cara dos outros que se é intocável, que nunca errou ou ainda que tenha errado não será julgado por isso. O homem pode enganar a si mesmo, até a outros homens, mas não tente ele ludibriar a justiça, desdenhar do juízo, desprezar o juiz, não se ache ele deus pensando que nunca erra e tentando construir neste mundo obras de justo, defendendo uma reputação mentirosa como correta, usando isso para enganar e se apossar do que nunca foi ou será seu. 
      Quem lhe será juiz nesse caso? Nem será Deus em pessoa, mas os semelhantes de tal homem, principalmente seus opositores, esses o odiaram por ter se mostrado como melhor, como moralmente diferente, quando não era. Melhor teria sido para ele aliar-se aos errados, ser amigo dos pecadores, fazer alianças, como fazem todos que querem algum poder nesse mundo. Ele escaparia do juízo de Deus? Não, mas nesse mundo poderia ter alguns anos de glória, já que ainda que errado teve certa “humildade”, errou mas não foi arrogante. Não, as maiores vergonhas neste mundo não passam os pecadores, todos somos pecadores, mas os loucos que se colocam acima da justiça e não fazem alianças com seus semelhantes.

20/09/20

Ore mais!

      “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.
  João 15.7
      “Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.”
  Gálatas 5.25

      Quando oramos frequentemente várias coisas boas acontecem:

- falamos diretamente com Deus, isso é de suma importância para termos de fato comunhão com o Senhor, ninguém conhece alguém só pensando nesse alguém, mesmo gostando ou admirando à distância, é preciso dialogar, de perto, olho no olho;

- testamos nossas intenções e nos conhecemos, ninguém resiste orar por muito tempo pelas coisas erradas, assim, ainda que comecemos a pedir a Deus algo que não é para nós termos, na insistência nosso coração esfria, a paixão passa e fica só o que é de fato legítimo;

- entendemos a intenção de Deus, quando nossas ilusões caem por terra, o que fica é a firme vontade de Deus, a qual se tivermos humildade e maturidade aceitaremos como a melhor para as nossas vidas, ouvir a voz de Deus com precisão é um trabalho de oração persistente;

- conhecemos a Deus, nesse conhecimento há comunhão, nos sintonizamos na “vibração” do Altíssimo, nessa experiência nos colocamos num local especial, elevado espiritualmente, nesse lugar há paz e vitória, orar é mais que dialogar, é se posicionar;

- nos santificamos, a oração confronta homem com Deus, esse confronto, se verdadeiro e íntimo, exige do homem limpeza espiritual e moral (e mesmo física), quem se aproxima do rei quer estar com os melhores trajes, banhado e bonito;

- somos ouvidos por Deus, o resultado de tudo isso é que pedimos e recebemos, antes ainda de pedirmos, pois não só andamos com Deus ou seguimos a Deus, mas vivemos em Deus, somos nele, numa comunhão plena, em todas as alturas e dimensões.

19/09/20

Ganhar ou perder?

      “Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos ímpios.Salmos 37.16

      Talvez, só talvez, os homens sejam divididos em dois grupos, os que vieram ao mundo para ganhar e os que vieram para perder, e me refiro a ganhar ou perder valores materiais, bens, posição social, fama, por ter ganho isso ou sido aquilo, não às virtudes morais e espirituais. Alguns de nós precisam se esforçar, mais e mais, estudar mais, trabalhar mais, para entender que neste mundo as coisas são obtidas com trabalho árduo e honesto, isso é o que os tirará de suas zonas de conforto e os fará crescer. Contudo, outros de nós, precisam aprender a renunciar, precisam entender que por mais que se esforcem certas coisas não darão certo, não para os deixarem ricos e famosos, talvez esses não estejam preparados para serem ricos e famosos, ainda que nasçam com aptidões e em lares que lhes propiciem isso. 
      Talvez você não veja a vida assim, talvez a veja por um dos dois extremos, um extremo, crédulo até fantasioso, que diz que todos devem fazer o máximo para chegar ao topo, ou o outro extremo, amargo ou simplesmente abnegado, que diz que ninguém é feliz nessa vida e nunca consegue ser o que realmente quer. Ilusão e mágoa são coisas que todos nós, de um jeito ou de outro, sempre levamos na alma. Mas podemos ver a vida ainda de uma outra maneira, como uma oportunidade para crescimento espiritual, onde os valores materiais são só provas, que a uns conduzem para melhor quando existem e a outros para melhor quando faltam. Por que pode ser assim? Porque nós, seres humanos, somos maravilhosamente diferentes.
      Qualquer generalização que desrespeite as diferenças é injusta, impede de entender o real motivo da nossa existência neste plano, assim é falsa a premissa que a felicidade é alcançada por todos do mesmo jeito, que todos têm que vencer sempre, em termos materiais. Sim, todos precisam ter na sociedade os mesmos direitos de escolha, mas as escolhas devem ser diferentes, contudo, o que tem feito muita gente infeliz é achar que o que faz o outro feliz a fará também, que alguém tem que ser e fazer algo porque os outros têm e são, assim, muitos tentam e tentam e nunca ganham, perdem e perdem, por quê? Porque esses têm que aprender a perder, não, não tudo, mas o suficiente para que sejam libertados de vida de aparência, ou que acha que tem que agradar os outros, para ser e ter o suficiente para achar a felicidade. 
      Quem precisa perder para de fato achar a espiritualidade, encontrar a humildade, a simplicidade, será infeliz se não aceitar isso, será amargo e terá inveja dos que são ou têm o que eles gostariam de ser ou ter. A felicidade é descobrir quem somos de verdade, e isso só descobrimos em Deus, ele é o espelho puro e limpo que nos mostra quem realmente somos, revela-nos nosso melhor homem interior. Muitos, todavia, passam a vida fugindo do espelho, se olham nos outros, ao invés de em Deus, e nos outros só veem os outros, não eles mesmos, assim podem até enriquecerem e serem famosos, mas não são felizes. Em primeiro lugar busque a Deus, conheça-o e assim a si mesmo, só depois poderá construir uma vida sobre a rocha, será uma pequena casa ou um castelo? Não importa, contanto que seja o que de fato você em Deus. 
      A felicidade não está no muito ou no pouco, mas em ser justo com o que se tem, se podemos ser justos com o pouco, nos resignemos com isso, e não almejemos mais, contudo, se podemos ter muito e ainda assim sermos justos, nos esforcemos para isso em Deus. Não nos esqueçamos, porém, de Marcos 10.25, “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus“, não que Deus não queira que sejamos ricos, mas riqueza nesse mundo, assim como fama, podem ser tentações grandes demais para a maioria. A realidade para a maioria de nós é, aprendamos a perder, a morrer, a abrir mão, com a certeza que por Jesus ganhamos vida e liberdade espiritual, bens que transcendem esse plano e que nos acompanharão onde as riquezas e a fama não irão, a melhor eternidade com Deus. 

18/09/20

Ter ou não ter?

      “Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação.Romanos 15.1-2

      Pessoas diferentes precisam pagar preços diferentes para se aproximarem mais de Deus e amadurecerem espiritualmente. Alguns precisam aprender a administrar com misericórdia o poder que recebem, outros com humildade o podem que não recebem. Os que recebem algum tipo de poder não são maiores, nem os que não recebem menores, não diante de Deus, e ambos precisam e podem crescer igualmente para chegarem ao mesmo nível. Misericórdia ou humildade? É claro que em alguma instância todos precisamos das duas virtudes, assim como todos temos poderes para dar aos outros para administrar assim como administrar falta de alguns poderes que dependemos de outros para ter. Na verdade é tudo um jogo de equilíbrio, o universo é equilibrado, Deus é equilibrado, ainda que a princípio o mundo não pareça e muitos homens insistam em não ser, também a princípio.
      O que é ter poderes? Ter uma empresa com funcionários é ter poderes, os que colaboram conosco como empregados trocam serviços por dinheiro, mas são os empregadores que mantém empregados, e esses podem ser despedidos e trocados pelos proprietários das empresas. Mas existem poderes mais subjetivos, muitas vezes apenas em ter possibilidades de ajudar alguém, sem receber nada por isso, de fazer um favor, é esse tipo de poder que pode exigir de nós mais espiritualidade, para que não o exerçamos com arrogância, frieza ou displicência, nem querendo algo em troca. Os poderes que de fato são provas da vida para que adquiramos misericórdia podemos realizar sem fazer muita força, sem que seja um peso para nós, podemos fazer simplesmente para sermos ferramentas da providência divina, do amor de Deus com as pessoas. Nesse caso é importante, se queremos de fato amadurecer espiritualmente, entender que não somos donos de nada, apenas mordomos de algo, de um direito, que nos foi dado por Deus para abençoar, libertar, as pessoas, não prende-las a nós.
      Por outro lado convém a Deus, através do universo, de seus sistemas e probabilidades, que estão diretamente ligadas às nossas escolhas, que não tenhamos certos poderes, certas vantagens, assim precisamos aceitar, em Deus, se é que queremos crescer nele, que dependemos de outros para tê-los. Nesse caso é preciso humildade para aceitar isso com um coração simples e pacífico, que não cria amargura por causa dessa dependência nem busca vingança contra aqueles dos quais depende. Quem é maior o que tem ou o que recebe? O evangelho diz que mais bem-aventurado é dar que receber, mas por outro lado ter parece ser mais fácil que não ter, dar parece ser mais fácil que receber, ser humilde parece ser mais difícil que ser misericordioso. Em última instância, como já dissemos no início, tudo pode ser um desafio espiritual que pode nos conduzir a um crescimento em direção ao Deus altíssimo. O que tem coração de aluno, não de mestre, sempre achará na vida uma oportunidade para ser alguém melhor e mais parecido com Jesus.
      Contudo, muitos recebem a possibilidade de exercer poder porque talvez não conseguiriam viver de outro jeito, porque não são humildes suficientemente para depender de algum poder alheio. Outros, por sua vez, precisam aprender a receber, serem fiéis no pouco, para só depois poderem dar, serem fiéis no muito, mas o mais espiritual é sermos misericordiosos enquanto recebemos, enquanto dependemos de alguém, e humildes enquanto damos, enquanto administramos os que dependem de nós. Se entendermos, todavia, que ninguém é dono de nada, que tudo pertence a Deus, e que muitas posições neste mundo são passageiras, hoje pode ser de dono de poder e amanhã de dependente do poder de outro, aceitando assim a fragilidade do ser humano, tanto fará estar numa quanto em outra posição, teremos paz das duas maneiras, seremos homens de bem das duas formas, glorificaremos ao Senhor dos dois jeitos, nunca ao homem, nunca a nós mesmos, nem por sermos poderosos materialmente para poder dar, nem elevados espiritualmente para receber e não se sentir menor por isso. 

17/09/20

Ser ou não ser?

      “Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios. Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.Salmos 91.7-9

      O texto inicial nos faz pensar na situação política atual do Brasil e no envolvimento de cristãos nela, ele diz, “mil cairão ao teu lado e dez mil à tua direita”, mesmo nossos “irmãos” de fé podem ser derrotados se quiserem estabelecer um reino de Deus neste mundo. O amigo de Deus, contudo, não se apoia nos lados, nos extremos, nos homens, mas no altíssimo, que está no plano espiritual, não nos poderes, mesmo religiosos, deste mundo. No altíssimo somos protegidos, de todos os extremos, sejam à esquerda e à direita, dos homens, seja abaixo, dos seres espirituais das trevas.
      Ocorre todavia um engano entre muitos cristãos, que começa quando refletem erroneamente no adjetivo altíssimo que é dado a Deus, um adjetivo que mostra como o Senhor está num ponto extremo. Isso leva muitos a pensarem assim: “mas a Bíblia não ensina algo extremo, sobre santidade e verdade? O crente fiel não deve ser extremista em sua fé? Ser cristão não é viver num extremo moral e espiritual?” Sim, isso está correto, mas o extremismo de Deus é o espiritual, não o material, ele se reflete numa vida de virtudes interiores, não necessariamente refletidos em prosperidade material e domínio político sobre a sociedade. 
      Esse extremismo que vem de Deus, e não de tradição religiosa, deve nos levar a abrir mão de querer ter, ser ou dizer, diante dos homens. Depois de refletirmos bastante, nas últimas postagens aqui do blog, no extremismo exterior equivocado que muitos cristãos têm tentado viver no mundo, reflitamos agora em como alcançar o extremismo espiritual verdadeiro do altíssimo, que é o oposto do que muitos pensam. Nele muitos valores são trocados, nele perder é ganhar, não se impor é ser e calar diz mais que muitas palavras.

      Quando o que você tanto deseja ter não fizer mais para você diferença se tem ou não, quando o que você deseja ser você não quiser mais ser para mostrar para os outros que é, quando o que você tem tanto a dizer for satisfeito com o silêncio ou mesmo com a ausência de ouvidos para ouvir, então você poderá dizer. Isso tudo se buscar ter, ser ou dizer em Deus, não em teu ego para os homens. 
      Não é assim para quem vive longe de Deus, ainda que seja um bom religioso ou um cidadão preocupado com o planeta, esse tem o próprio ego como deus, esse precisa ter, ser ou dizer a todo custo, e enquanto isso não acontecer não achará que fez diferença no mundo. Mas não se engane, esse ter, ser ou dizer não é necessariamente ter, ser ou dizer algo mau, ruim, ao contrário.
      Os mais focados em brilharem neste mundo acham forças para isso porque legitimam suas lutas com boas intenções, debaixo de bandeiras levantadas por gente importante. Mas mesmo o bem, desejado, feito ou falado, longe de Deus, é mal, porque não adora o Altíssimo, se não adora não conduz a ele, e se não conduz a ele leva ao homem e aos seres espirituais, por mais bem intencionado que alguém esteja.
      Temos de Deus, recebemos verdadeiramente do Altíssimo, e por nenhum outro meio, ainda que esse outro meio seja através de trabalho honesto e competente, quando o que queremos não nos afasta de Deus. Somos em Deus e podemos dizer em Deus da mesma maneira, quando o que tanto desejamos ser e dizer não desagrada ou não nos afasta de algum jeito do Altíssimo, antes nos aproxima ainda mais dele.
      Abra mão de ter, ser ou dizer, apenas adore a Deus, busque-o, ouça-o, aprenda dele e então cale, que toda a vaidade se vá, que o que o homem pode dar neste mundo, por mais verdadeiro que seja, não seja mais teu objetivo maior, que não seja a motivação para você persistir e se esforçar para ser melhor, que o que o homem pense, qualquer homem, não faça mais diferença para você.
      Quando tua motivação for somente exaltar a Deus, não teu ego, haverá uma legitimidade maior para a tua existência, não apoiada por homens, mas por Deus, não para estabelecer um reino neste mundo, mas na eternidade espiritual, não para convencer as pessoas e ter uma graduação diante delas, mas simplesmente para ser canal direto e limpo da luz mais alta do Senhor, que revela as trevas silenciosamente. 
      Esse é o extremo que cristãos verdadeiros devem almejar, não no plano físico, mas no espiritual, não um extremo para a esquerda ou para a direita, mas para cima, e não nos altos castelos deste mundo, mas na presença elevada do Altíssimo, onde a luz moral está, onde a verdade está, onde o amor está, onde não há conflito, de espécie alguma, mas equilíbrio, o equilíbrio eterno e universal do criador e Senhor de tudo. 

16/09/20

Crítica, liberte-se dela!

      “A candeia do corpo é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso.” Lucas 11.34

      Toda crítica que fazemos aos outros nasce de uma crítica que fazemos a nós mesmos, e depois projetamos nos outros. Excesso de crítica não é virtude, não é zelo por perfeccionismo, na verdade quanto mais crítico se é, mas imperfeito se é. Deus é perfeito, e ele não crítica ninguém, pois nele não há nada a ser criticado. Crítica, seja ela qual for, mesmo a chamada de construtiva, é ineficiente para mudar alguém, pois implica em um agente externo querendo modificar algo interno. Mudança só ocorre de dentro pra fora, quando alguém quer mudar, decide isso e trabalha em si mesmo para mudança. Qual o papel do outro nisso? Dar exemplo, mostrar com ação o jeito melhor de fazer algo, não mostrar o jeito errado com palavras, que a crítica se passe no coração de quem percebe que está errado e então mude. O único que pode mudar você é você, com a ajuda de Deus. 
      Nenhum homem neste mundo, encarnado, mostrou melhor isso que Jesus, Jesus nunca criticava, nunca apontava erros, nunca acusava, era sempre amoroso, paciencioso, elegante, e acima de tudo, praticava o jeito melhor de viver, dando exemplo na prática. Por isso as pessoas se sentiam tão incomodadas com eles, por isso os errados se sentiam tão acusados, por isso os hipócritas viam em Jesus críticas tão pesadas às suas maneiras de viver e às suas religiões. Não, não era crítica humana que mostrava aos religiosos judeus suas incoerências, era a luz do Deus altíssimo que era lançada sobre as trevas dos que não viviam e exigiam que os outros vivessem, era um confronto silencioso e realmente justo. Deus não crítica porque fala, mas porque existe, só isso basta para confrontar as trevas, a existência de Deus é viva, fogo consumidor, luz que tudo ilumina, mas silenciosa.  
      Quando abrimos mão de fazer críticas e vivemos o que acreditamos, Deus age por nós, de maneira espiritual, confronta os homens com a verdade. Quando nos colocamos no centro da vontade de Deus para nossas vidas e obedecemos ao Senhor, não vivemos mais para nós, mas para Deus, e assim Deus vive em nós, luta por nós, nos defende, e mostra para os outros, através de nossas vidas, sua vontade. Não é fácil parar de criticar, principalmente quando vemos que nossas vidas são tão imperfeitas, e isso na verdade, pelo menos a princípio, é bom, ser crítico, exigente não é, em primeira instância, um mal. Mas isso se entendermos que somos nós os imperfeitos que precisam ser mudados, não os outros, já que a vida dos outros é problema dos outros e de Deus. Muitos de nós precisam de uma grandiosa libertação, libertação da crítica. 
      Se você, como eu, for um desses críticos compulsivos, aceite que tudo o que você vê nos outros você viu antes em você, assim, mude tua vida e deixe que Deus mude as dos outros, se os outros assim permitirem. Crítica é só um jeito de prender as pessoas, quem prende rouba a liberdade, mas também perde a própria liberdade, pois passa o tempo vigiando os outros para fazer críticas. Criticar é vício, disfarçado de virtude, mas é também tomar o lugar de Deus, se achar juiz, e juiz só existe um, o Senhor. Assim, toda vez que vir um defeito em alguém, pergunte a si mesmo, e eu, tenho esse defeito, o que posso fazer para mudar? Evite verbalizar (ou escrever em redes sociais) os defeitos dos outros para outros, mas ore pela pessoa cuja crítica te veio à mente, fique tua critica só entre você e o Senhor, e abençoe o criticado com oração e bênção.
      Poderíamos usar o texto de Lucas 6.41 para dar um exemplo bíblico do que foi pensado nesta reflexão, mas o texto inicial, de Lucas 11.34, vai além do óbvio, de censurar o julgamento. Ele nos remete a uma característica da crítica, como falsa virtude ela costuma ser elaborada, tentando mostrar legitimidade com alguma profundidade, um olhar não com os olhos nus, mas com uma lupa. O texto inicial, contudo, diz, “sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso”, ele alia ausência de crítica à simplicidade. O olho simples não vasculha procurando defeitos para criticar, não apela para discursos e manipulações, ele é puro. A luz é pura, revela sem fazer força, já as trevas são misteriosas, quem pode dizer o que encobrem? O olhar é uma via de mão dupla, o simples o guarda, não vê mal nos outros, assim como impede que o mal entre nele pelo olhar da crítica.

15/09/20

Elogie sempre

      “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.Romanos 12.10

      Gosto de receber elogio, quem não gosta? Mas o que devemos fazer? Não é criticar quem não nos elogia, nos vingarmos, desmerecer esse alguém, antes elogiar quem merece, e todos merecem. A matemática da justiça é simples crédito, débito e saldo, recebemos o que damos. Contudo, é melhor termos saldo positivo, porque o saldo, o que damos mais que recebemos, não nos dará o homem, mas Deus, e esse sempre aumenta o valor pois nos trata com misericórdia, que é mais que justiça.  
      Os falsos, contudo, sempre acharão falsidade mesmo em elogios, os verão como bajulação interesseira, é difícil vermos no outro o que não existe em nós mesmos, e por outro lado sempre achamos no outro aquilo que existe em nós, se sinceridade, sinceridade, se falsidade, falsidade. Já o generoso vê generosidade, acha generosidade, sempre a tem para dar e nunca se sente necessitado de elogios. Você já elogiou alguém hoje ou só criticou? Dar sempre é melhor que receber. 
      Elogio não é dar lugar ao diabo fomentando vaidade no elogiado, como já ouvi de pregador criticando quem o elogia após uma pregação, elogio é justiça. Agora, se a pessoa vai tomar para si glória que não é dela, ou pior, que é de Deus, isso não é problema nosso, eu penso que é melhor administrar vaidade que carência, o excesso pode ser mais fácil de equilibrar que a falta. Se uma pessoa tem falta, é nossa responsabilidade dar, mas se tem excesso, dar é responsabilidade dela.