09/01/21

Os pequeninos e os “fortes”

      “E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe. Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar.Mateus 18.5-6

      Em minhas andanças por igrejas evangélicas, nesses 44 anos de conversão oficial ao cristianismo, já conheci todo tipo de cristão, dos “carnais“ com muita sabedoria aos “espirituais“ preconceituosos, dos profundamente conhecedores de Bíblia e sem intimidade espiritual com Deus, aos crentes mesmo em heresias mas com uma sensibilidade espiritual ímpar. O que aprendi? Que Deus não se importa com certas coisas como nos importamos, e que sinceridade em seguir ao Senhor só o Senhor sabe se existe, olhando o mais íntimo do coração de um seguidor. Quanto a mim não me cabe julgar, confiar cegamente nem desconfiar friamente de ninguém, o homem é tão complexo e enganoso para se confiar nele, quanto verdadeiro em seguir suas crenças, mesmo que a aparência diga o contrário. É preciso humildade para ter olhos puros e amor para não magoar os sinceros, assumir-se criança em meio a crianças, sábio e mestre somente Jesus. 

      “Porque eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita; e te digo: Não temas, eu te ajudo. Não temas, tu verme de Jacó, povozinho de Israel; eu te ajudo, diz o Senhor, e o teu redentor é o Santo de Israel.Isaías 41.13-14

      O certo é que Deus tem um amor especial por aqueles que o buscam com sinceridade, ainda que seja uma sinceridade não tão pura ou que não queira de fato obedecer e agradar a Deus, o Senhor não lança ninguém fora, a todos dá oportunidades, a todos vê como o que podem vir a ser, não como o que são no momento. É sábio nunca nos colocarmos entre um “verme de Jacó”, um “povozinho de Israel” e Deus, como é prudente não tentar afastar um pintainho de uma galinha ou um filho de uma mãe amorosa e responsável, nunca tente dizer a pais que seus filhos têm defeitos, eles os defenderão ainda assim. É claro que Deus não pode ser manipulado ou ludibriado, também não se engana só por amar, mas ele ama, e muito mais que qualquer mãe ou pai. 

      “Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos.Romanos 15.1

      Nós, contudo, em nossas arrogâncias, podemos menosprezar alguns, ainda mais quando temos mais experiências em algumas áreas, mesmo em andar com Deus. O homem sempre é tentado pela vaidade, e o que sobe mais, sabe mais, intelectualmente e mesmo espiritualmente, e é mais tentado a se achar melhor e mais forte. Mas quem é o forte, afinal, o que faz algo porque acha que isso é obedecer a uma lei que agrada a Deus? Ou o que sabe que Deus está acima de certas coisas e não se importa se elas são ou não feitas? O forte é o que mostra amor pelo outro, que foge de escândalos, independente do que faz, deixa de fazer, ou ache sobre o nível da própria espiritualidade. Bom é crer, conhecer e obedecer Deus, mas se isso não for evidenciado em prática de obras em amor pelos homens pouca valia tem. No final restará só o amor, e eis aí um mistério que poucos entendem. 

      “E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão. E verão o seu rosto, e nas suas testas estará o seu nome. E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre.” “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro. Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.Apocalipse 22.3-5, 12-14 

      O que importa é sermos fiéis com aquilo que de fato recebemos de Deus, a cada um de nós o Senhor dá uma vocação, e nela podemos não só conhecer e entender o mundo espiritual, os questionamentos principais da existência humana, mas também praticarmos uma vida de virtudes morais no mundo, de maneira humilde e caridosa entre os homens. Ninguém se julgue melhor pelo que recebeu de Deus, nem, se sentindo menor, tente ser aquilo para o qual não tem vocação de Deus para ser, nisso temos paz, somos satisfeitos, e fazemos muita gente feliz. O que Deus cobrará de nós na eternidade? A vocação que ele nos deu, que nos colocou diante de provas específicas para nós, que não foram grandes demais para nos fazer desistir de o temermos, nem pequenas demais, que nos levassem a uma vida sem sentido. Os fortes de Deus são pequeninos no mundo diante dos homens, mas brilharão fortemente na eternidade.

08/01/21

Quem está preparado para o silêncio de Deus?

      “Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.” Lamentações 3.26

      Os que buscam a Deus são respondidos por ele, Deus fala aos que o procuram, contudo, Deus pode se calar, e por motivos diferentes. Quem está preparado para o silêncio de Deus? Deus pode se calar para disciplinar alguém que mesmo depois de tanto ouvir a voz de Deus não tomou jeito, não obedeceu, não corrigiu seu caminho. Esse terá que sofrer com o silêncio daquele que pode dar vida, terá que experimentar neste mundo o gosto amargo da morte para que possa se arrepender e voltar a Deus, agora com real desejo de mudar de atitude e de fazer a coisa certa. Com o filho pródigo foi assim, ele teve que tomar a iniciativa de volta porque foi ele quem quis partir, mas amor de pai é assim, basta um passo de filho rebelde em sua direção que o pai dá os outros nove na direção do filho, aceita-o e faz uma festa para ele.
      Contudo, tem um outro tipo de silêncio de Deus, que não é com o rebelde, mas com aquele que está em obediência à vontade do pai. Esse silêncio talvez seja mais difícil que o outro, porque o provam os que buscam a Deus, que se prontificam a fazer o que lhes foi solicitado, mas que ainda assim precisam de um silêncio divino. O pai, que por outras vezes respondeu, revelou, ensinou, dessa vez não quer falar, contudo, aquele que é amigo de Deus, que conhece a intimidade de seu Senhor, não se sentirá rejeitado por essa resposta. Ao contrário, ele descansará no silêncio de Deus, que não verdade não é a ausência total de palavras, mas apenas uma frase, mansa e baixa, dizendo, “hoje, só espera”. O profeta do Altíssimo entenderá o recado, não como disciplina, mas como oportunidade para respirar fundo e parar um pouco.
      Diferente do espírito, o corpo e a alma muitas vezes precisam descansar e serem restaurados, “vigiai e orai, para que não entreis em tentação, o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca“ (Marcos 14.38), assim o silêncio de Deus quando não é para disciplinar é para curar, fortalecer, sim, até o silêncio de Deus abençoa quando o coração do homem é simples para confiar nele. Sabe aquele amigo, que pode ser tua esposa ou teu esposo, com o qual você não precisa falar para estar junto, com o qual você não se sente desconfortável por não ter assunto, mas com o qual basta estar junto para que você se sinta acompanhado, amado? Pois Deus é muito melhor que esse amigo, e em sua intimidade também pode haver momentos de silêncio, onde só uma frase ouviremos, “pare um pouco, descanse e só confie em mim”.
      Nesses momentos Deus se cala para nos ajudar, para não exigir de nós mais que podemos, ele só quer que descansemos e nos renovemos, para estarmos prontos para um novo encontro de sua presença, onde ele nos ensinará como procedermos para que cumpramos a missão que ele tem para nós da melhor maneira. Mas o título dessa reflexão é: quem está preparado para o silêncio de Deus? O silêncio do Senhor é sempre difícil de se experimentar, muito para os rebeldes e surdos, mas talvez mais ainda para aqueles com ouvidos espirituais sensíveis, contudo, quem é o homem, quem sou eu ou é você? Deus é soberano e se ele quiser se calar, aceitemos humildemente, mas com fé, crendo que seu silêncio não será longo, pois quem somos nós sem a poderosa e viva palavra de Deus? É ela quem nos faz ter esperança e seguir em paz. 

07/01/21

Que venha e que se vá...

      “E dirás naquele dia: Graças te dou, ó Senhor, porque, ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolas.Isaías 12.1

      Às vezes uma tristeza muito grande simplesmente parece surgir em nossas almas, uma lembrança qualquer traz à tona algo que parecia esquecido e simplesmente infla algo que era pequeno e que então fica enorme. Parece um balão sobre nossas vidas, impedindo que a paz entre, isso nos deixa arrasados, ficamos rendidos por algo que nos parece grande demais para vencermos. A primeira coisa que tentamos fazer é negar a razão da tristeza, já que é uma coisa que nos acusa, que nos faz lembrar um momento de vergonha e humilhação diante dos homens, e por mais que tentemos superar, a tristeza aumenta. Dizemos a nós mesmos, “por que fui agir daquele jeito, isso não tem solução, nunca poderei consertar isso”.
      O segredo para começarmos a vencer essa tristeza é deixá-la assentar, é aceitá-la, é parar de tentar negar sua existência ou achar motivos para anulá-la, temos que reconhecer que ela existe, que o motivo para isso não pode ser desfeito, é algo que foi feito e por nós, ainda que as pessoas possam ter interpretado mal ou que estejam até hoje pensando de nós algo que não somos, é assim porque agimos errado. Quando assumimos nossa culpa e paramos de negar o efeito de nosso erro, o balão começar a se esvaziar e quando isso ocorre ele começa a se abaixar e a se assentar, o único jeito da tristeza desaparecer é por baixo, porque aí ela dá espaço para algo que só pode vir de cima, o perdão de Deus que traz paz. 
      O mal sai por baixo e o bem entra por cima, isso nos calibra, nos faz ficar humildes, nos faz ver e aceitar nossas realidades e permite que Deus apareça, como um sol, forte e pleno, desintegrando totalmente o balão escuro e frio cheio de tristeza. Espero que você tenha entendido a metáfora, mas é exatamente assim que me sinto algumas vezes, tenho aprendido que a superação só pode começar a existir na aceitação, sem justificativas, de um erro que fui eu mesmo que cometi. Deus não quer que sejamos infelizes, mas também não quer que sigamos iludidos, achando que certas atitudes erradas podem ser feitas de novo, assim têm que doer para que não queiramos mais fazê-las e enfim tenhamos cura. 
      Uma grande dor precisa de uma grande cura para que uma grande benção seja provada, isso só entende os humildes, que confiam em Deus e não se importam com o que os homens pensam deles. Não adianta tentarmos esconder certas dores lá no fundo da alma, trancá-las num quarto e jogar a chave fora, um dia elas inflam, arrebentam paredes e portas e ressurgem, quando menos esperamos e até já pensávamos que elas não existiam mais. As coisas precisam ser resolvidas e do jeito certo. Interessante que quando o balão de tristeza se assenta ele expande nosso coração, dói mas ele tem essa função, assim, depois, quando ele for desintegrado pelo amor de Deus, haverá mais espaço para que a bênção de Deus ocupe. 

06/01/21

Livre-se do rancor e depressa

      “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.Efésios 4.26

      O texto inicial fala de ira, mas seu ensino também pode ser usado para rancor, assim: não deixe que algo ruim permaneça em seu coração por tempo demais. Principalmente em nossos relacionamentos mais próximos, cônjuges, filhos, familiares com quem convivemos mais intimamente, sábio é não irmos à cama para dormir sem antes resolvermos pendências com eles. Ficamos magoados com alguma coisa? Recebemos algo que achamos que não merecíamos? A tendência de muitos de nós quando somos feridos assim, principalmente por próximos, dos quais mais exigimos compreensão e afeto, é nos fecharmos. Não tomamos nenhuma atitude porque achamos que não vai resolver, afinal temos que conviver com essas pessoas, mas também podemos não perdoar, então, nos amargamos.  
      Contudo, a solução, muitas vezes com cônjuges e mais próximos, pode ser justamente algo simples, puxarmos conversa, falarmos de qualquer coisa boa, não relembrarmos o assunto, já que muitas vezes isso não adianta nada, mas procurarmos fazer isso ainda no dia, antes que um novo Sol nasça. Por quê? Porque se isso não acontecer o rancor pode se prolongar e bastante, nós seres humanos nos adaptamos facilmente a novas situações, a novas disposições, mesmo que sejam ruins, é por isso que nos viciamos tão depressa em coisas que um pouco antes achávamos repugnantes. Livremo-nos do rancor, de todos eles, e façamos isso o quanto antes, uma pequena mágoa de alguém que gostamos pode ser porta para um mal terrível e duradouro, rancor é a ferida que as trevas usam como porta para nos corromperem.
      Rancor é impedimento para que o Santo Espírito tenha comunhão conosco, ninguém chega ao “santo dos santos” rancoroso, muitos, todavia, podem se acostumar com o rancor. Se escondem atrás do álibi que são vítimas, que os outros são os agressores, e que eles não têm culpa de terem sido feridos, assim nem consideram rancor como pecado, não o deles, e desse jeito tentam se aproximar de Deus. A porta, contudo, se fecha sempre que a luz do Espírito Santo revela um rancor mantido vivo no coração, às vezes por anos, lá num cantinho escuro. Para anular o rancor é preciso humildade, não esperar a iniciativa do outro, mas ser voluntário para amar e se aproximar, mesmo porque nem sempre o silêncio do outro é porque o outro está magoado, muitas vezes é só o jeito do outro, diferente do nosso jeito. 
      Nós sabemos quando não é o nosso jeito, quando guardar mágoa nos faz muito mal e quando a responsabilidade de se aproximar e simplesmente conversar, benignamente, é nossa, não do outro. Dessa forma, sejamos rápidos em perdoar, em amar, em anular a seta das trevas na raiz, colheremos doces frutos disso, a intimidade do Senhor, e abençoaremos aqueles que muitas vezes não têm forças para tomar a mesma atitude. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia... Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus“ (Mateus 5.7,9), se você chegou nesse ponto, de tomar a iniciativa para restabelecer uma aliança e não permitir o rancor, feliz é você, Deus te honrará de forma especial, cristão é o que constrói pontes, não o que ergue muros. 

05/01/21

Paz não condicionada

      “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.João 10.10

      A verdadeira paz, a melhor, a eterna, é aquela que não precisa de pré-requisitos para existir. Se dependermos de algo para termos paz, de alguém, de fazer, ouvir, falar ou sentir algo, não será mais paz, mas prazer, que é efeito e é passageiro. Na verdadeira paz existe prazer espiritual, mas no prazer físico há uma falsa paz. A verdadeira paz é causa e efeito, tem fim em si mesma, de nada depende, mantém-se acima e apesar de tudo. Você já pensou quantas vezes na vida disse a si mesmo que quer paz, que precisa dela, mas que só a terá depois disso ou daquilo, depois que isso aconteça, que você possa fazer aquilo, que tenha aquela coisa, que alguém pense, fale ou faça alguma coisa para você?
      Muitas vezes passamos a vida buscando uma “paz” condicionada, por isso encontramos alguma paz raras vezes e quando isso acontece ela se vai depressa, nunca ficando suficientemente. Isso acontece porque na verdade não provamos a verdadeira paz, que quando experimentada muda nossas vidas para sempre, o que somos, o que queremos, como vivemos. Paz condicionada é negócio, negócio é troca, e em troca sempre damos algo nosso para obter algo que não é nosso e que está fora de nós, geralmente troca de trabalho por prazer, a verdadeira paz não se obtém assim, ela é de graça. A verdadeira paz não se compra porque não esta fora de nós, mas dentro, sempre está lá, somos nós que nos esquecemos disso.
      A verdadeira paz está no nosso espírito e pode ser ampliada e eternizada pelo Espírito Santo, ainda que muitos aprendam a experimentá-la por outros meios, por meditação, domínio próprio, mas sem Deus. O segredo é olhar para dentro e não para fora, ainda que caminhemos por este mundo tendo que interagir com ele, trabalhando, estudando, nos relacionando com os diversos círculos sociais e sendo confrontados com conflitos externos, com outras pessoas, que muitas vezes não têm paz e nem se importam em mantê-la. Assim, sempre que algo ameaçar nossa paz precisamos voltar nossos olhos para o que somos de melhor dentro de nós, a nossa verdade, paz sempre está ligada ao bem maior que temos em nosso interior. 
      Nossa paz é ameaçada sempre que a mentira tenta se impor para desestabilizar nossas bases, é claro que quando estamos baseados na verdade maior de Deus manter essa paz é mais fácil. O que tenta nos roubar a paz é a acusação que nos lembra o mal que fizemos, a mentira que nos acusa do mal que não fizemos, e o roubo que tenta tirar o bem que temos ou que merecemos ter, seja bem físico ou emocional. Mas a acusação não tem espaço quando nos baseamos no perdão em Cristo e o medo da perda não tem lugar quando confiamos que Deus guarda o que é e será nosso. O que nos dá a paz verdadeira é a certeza que temos vida eterna em Cristo, isso nada pode nos tirar e está acima do ladrão, do assassino e do destruidor.

04/01/21

Motivos e justificativas não bastam

      “Eu, porém, olharei para o Senhor; esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá. O inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz. Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa, e execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça.Miqueias 7.7-9

     Sempre achamos um motivo para ficarmos tristes, assim como justificativas para fazer algo errado, dessa forma, antes de achar que tua tristeza não tem solução ou que tem bons motivos para fazer algo errado, pense um pouco mais, pode ser só tua mente vazia que ao invés de buscar a Deus, escolheu não fazer nada. Quem busca motivos, se fará sempre de vítima, fugindo de responsabilidades, quem inventa justificativas encontrará apoio ouvindo só quem fala o que quer ouvir, de um jeito ou de outro o ser humano é especialista em achar, pelo menos aos seus olhos, boas razões para ser irracional. 
      Pergunte a brasileiros que nos últimos anos apoiaram um dos líderes dos dois extremos políticos, todos listarão bons motivos para os apoios que deram, assim como se justificarão com estatísticas, números, leis e opiniões de pessoas competentes que pensam da mesma forma que eles. O triste é vermos muitos evangélicos caindo nessa armadilha, e por que caem? Porque na verdade já estavam afastados de Deus há algum tempo, e só encontraram quem desse voz às suas tolices, tolices que viraram suas verdades porque não buscaram a verdade maior de Deus, quem não está na luz, está nas trevas.
      A raiz de todo engano humano é um coração arrogante que não permitiu que Deus o disciplinasse, que não quis passar pela vergonha menor de ser tratado por Deus, esse sofrerá mal maior nas mãos dos homens, será manipulado e usado e acreditará nas maiores mentiras, tudo porque não se humilhou diante de Deus. “Euporém, olharei para o Senhor, esperarei no Deus da minha salvação, o meu Deus me ouvirá”, que texto lindo, humilhemo-nos nas mãos de Deus e no tempo certo ele nos exaltará, quanto aos tolos, sejam enganados e colham os amargos frutos que colhem os que se afastam de Deus.

03/01/21

Temor e tremor

      “Servi ao Senhor com temor e alegrai-vos com tremor.Salmos 2.11

      A vida está muito difícil, o mundo anda mal, há muita violência, muita dor, e ainda assim as pessoas querem prazer imediato e não Deus. As igrejas andam desviadas? Os líderes gananciosos e manipuladores? Mas ainda assim igrejas evangélicas oferecem uma solução, uma saída, libertação e paz no nome de Cristo. Não é tempo, e isso já há algum tempo, de alegria, de festa, mas de choro de arrependimento e de contrição, para ver se assim pare ao menos o choro do sofrimento. O mundo tira o principal, oportunidade de trabalho que dá às pessoas o básico, comida e moradia, e se já estava ruim ficou pior com a pandemia, que parece que vai mudar o modo das pessoas viverem para sempre. 
      Assim, é tempo de levarmos nossas chamadas como cristãos mais a sério, nós que já somos salvos e adquirimos alguma dignidade como seres humanos, livres de vícios mais extremos e com famílias protegidas do pecado e do diabo. Temor e tremor, o texto inicial diz muito sobre seriedade no caminhar por essa terra, nos chama a atenção sobre os destinos que teremos no plano espiritual e que dependerão de como vivemos no plano físico, viver não é brincadeira. Mas antes de tudo, não é tempo só de pensar em nós mesmos, mas em tudo e em todos, no planeta, em nosso país, e no que de fato podemos fazer para de alguma maneira sermos úteis em Deus para melhorar as vidas dos outros. 
      Não, não são outros distantes, que vivem lá na África, mas que estão aqui perto, nossos vizinhos de rua, que podem estar sofrendo ao nosso lado sem que façamos algo para ajudar, sem que nos importemos. As pessoas estão clamando quietas, vemos isso nos olhares que deixam subir o coração e que se derrama silenciosamente, muitas pessoas tentando segurar o pouco de orgulho que lhes resta, mas a provação está vindo, e ela não deixará orgulho de pé, todos serão humilhados de alguma forma. Oremos mais, nos separemos mais das fugas da carne, mesmo das pequenas e que em outros tempos nem seriam prejudiciais, mas que no momento atual distrai-nos de focar mais seriamente em Deus.
      Temor e tremor, só uma comunhão real e decisiva com Deus pelo seu Santo Espírito, estando nós lavados com o sangue de Cristo e vigilantes, pode-nos pôr no nível espiritual que Deus quer que seus amigos mais íntimos estejam, aqueles com os quais ele pode de fato contar em dias difíceis, aqueles para os quais ele revela seus segredos, aqueles que não confiam no homem, mas no Altíssimo. Abaixemos a voz, contenhamos nossos risos, levemos a sério a humanidade, não neguemos o óbvio, os que andam na luz sabem para onde vão e o que devem fazer e não se iludem com os falsos profetas que dizem que tudo vai bem e vai dar certo quando não vai. 
     É tempo de pedir a Deus misericórdia, não podemos mudar o livre arbítrio de ninguém, convencer ninguém, e a realidade é que nem todos serão salvos, é preciso entender isso, e muitos terão que passar bastante sofrimento aqui para ter uma eternidade melhor. Mas que o Senhor dê forças aos humildes para que se levantem e confiem nele, Deus não desampara o que nele busca abrigo, mesmo durante a pior das tempestades. Os versículos que antecedem o versículo do texto inicial no Salmo 2, profetiza sobre Jesus, o rei eterno que tem todo o poder, a ele devemos nos render assim como todos os poderosos do mundo que por seu egoísmo têm feito tantos sofrerem.

      “Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião. Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão. Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra.Salmos 2.6-10