16/02/21

Amor

      “Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.I Coríntios 13.9-13

      Talvez muitos não vejam assim, mas eis acima uma das passagens mais enigmáticas da Bíblia, que revela um mistério importantíssimo sobre a existência no plano espiritual. Eu creio que a maioria das pessoas, incluindo cristãos sérios, conhecedores das escrituras e consagrados, não têm de fato uma ideia clara do que será a eternidade, muitos se limitam a céu e inferno. Não que isso não baste, isso é o suficiente para se ter o melhor de Deus através de Jesus, isso é o que o próprio Deus permitiu que fosse registrado principalmente no novo testamento, e se essa é a vontade de Deus para o momento histórico atual da humanidade, momento que para nós pode estar durando milênios, quem somos nós para ir contra.
      Contudo, muitos se surpreenderão quando passarem para o outro plano, verão pessoas que achavam merecer uma posição na eternidade estarem numa outra posição e vice-versa, diferente de como criam, e penso que os cristãos serão os que mais serão surpreendidos, pois são justamente eles que mais têm expectativas sobre a eternidade e que portanto mais levam consigo para ela preconceitos. Preconceitos categorizam as pessoas, as separam por níveis, partidos, colocando umas como melhores que as outras. Sim, a doutrina cristã é clara no conceito de céu e inferno, mas isso é algo que cabe a Deus administrar, não aos homens, nem os que se acham no direito do céu podem determinar isso enquanto no plano físico. 
      O mais sábio seria vivermos no mundo sem nos preocuparmos com a eternidade, pelo menos sem a obsessão de querermos compartilhar o que pensamos dela com os outros, mas só sendo pessoas do bem neste plano, na maneira como tratamos a nós mesmos, os outros e a Deus, sem levarmos em conta o status espiritual que pensamos ter, que Deus saiba dele e nos recompense por ele quando lhe aprouver. A verdade é que intimidade com Deus deveria ser um conhecimento pessoal, mesmo secreto, como fazem muitos ocultistas, que o mundo exterior saiba o que acreditamos espiritualmente através de nossas realizações, pela prática de nossa fé, não por nossas semânticas. Por menos púlpitos em templos e mais vida no mundo!
      O certo, eu pelo menos creio assim, é que nossa consciência não será apagada na eternidade, apenas nossa essência será libertada e manifestada sem os limites do plano físico, matéria, espaço e tempo, assim quem não tem preconceitos aqui não os levará consigo para lá. Contudo, a única coisa que anula o preconceito é o amor, assim, finalmente, chegamos à explicação da afirmação feita no inicio desta reflexão, sobre o grande mistério revelado na conclusão do ensino de Paulo sobre o amor. Quem ama não teme, por isso não separa, antes, abraça e espera o melhor mesmo para a pessoa mais difícil, crê na força do amor maior de Deus neste mundo, salvando e preparando qualquer um para uma eternidade melhor com ele. 
      Quem ama não será surpreendido na eternidade, pois levará consigo uma consciência humilde que sempre procurou ver o ser espiritual das pessoas, o melhor delas, a despeito de outras variáveis que muitos podem manifestar, mas que não representam de fato suas verdades mais profundas. Por isso na eternidade só haverá o amor de Deus, esse amor é o que ilumina, revela todas as verdades, e chama para mais próximo do Altíssimo, demore o tempo que for para que alguém se aproxime. Ah, seu eu pudesse falar mais a respeito do amor de Deus na eternidade aqui, mas talvez a maioria ainda esteja no momento histórico atual da humanidade que Paulo descreve, como meninos que só veem por espelho em enigma...

15/02/21

A vontade do Senhor prevalece

      “O Senhor desfaz o conselho dos gentios, quebranta os intentos dos povos. O conselho do Senhor permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração. Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo ao qual escolheu para sua herança.Salmos 33.10-12

      “Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá. O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem; porém é melhor ser pobre do que mentiroso. O temor do Senhor encaminha para a vida; aquele que o tem ficará satisfeito, e não o visitará mal nenhum.Provérbios 19.21-23

      O que nos leva a tomar certas decisões? O que faz com que escolhamos isso e não aquilo? O que se passa em nossas cabeças? Quais são os nossos propósitos? Temos que pensar, avaliar, confrontar nosso presente com um futuro que estamos prevendo ocorrer, principalmente na área econômica é preciso planos, metas e checagens constantes. Nossa vida afetiva também precisa ser pensada, analisada, para que nada fique escondido embaixo do tapete, para que resolvamos o que precisa e pode ser resolvido, para então, diante do que não tem remédio, vermos se vale a pena seguir ou corrigir o percurso. 
      Contudo, por mais que o homem raciocine e sinta em fazer, no final prevalece só o que Deus permite, o seu conselho, porque entre o homem planejar e executar, podem ocorrer muitas coisas, escolhas de outras pessoas, eventos dos sistemas do mundo, coisas que um indivíduo sozinho não pode controlar. Deus usa muitas coisas para mudar o propósito no coração do homem, assim o sábio que teme a Deus confia e espera em seu Senhor, mesmo diante das bravatas do tolo, que maquina em sua alma e faz ameaças, não com propósitos misericordiosos, mas egoístas e injustos, que no final só prejudicarão a ele.
      Quem teme ao Senhor não teme o que não confia em Deus, não reage a esse, não usa de ironia, não foge, é claro e direto, como é o Espírito Santo quando nos responde, é espiritual de verdade, como foi o Cristo encarnado. Calibremos nossos espíritos, para que não caiamos no desespero nem na vitimização, mas achemos na humildade mais verdadeira a segurança dos que veem Deus em todos os caminhos, e sabem que Deus tem sempre o melhor para seus amigos. Feliz o povo cujo Deus é o Senhor, e melhor é ser pobre que mentiroso, pois quem teme a Deus está satisfeito e nenhum mal o visita. 

14/02/21

Repreensão adequada ao mal (2/2)

      “E esta mulher era grega, sirofenícia de nação, e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demônio. Mas Jesus disse-lhe: Deixa primeiro saciar os filhos; porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ela, porém, respondeu, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos. Então ele disse-lhe: Por essa palavra, vai; o demônio já saiu de tua filha. E, indo ela para sua casa, achou a filha deitada sobre a cama, e que o demônio já tinha saído.” Marcos 7.26-30

      É importante discernirmos a origem de um mal, se é de origem física ou psicológica, e se nesses tipos existe uma real atuação espiritual, para não confundirmos os males e consequentemente os tratamentos. Sim, podemos e devemos orar por todos os males, mas consultando a ciência e seguindo suas orientações quando se tratar de um mal físico. Aliás, mesmo que haja um mal espiritual, se a pessoa tiver uma doença psiquiátrica muito séria, um psiquiatra pode ser necessário antes mesmo de um pastor, para diagnosticar o problema e indicar medicamento que torne a pessoa controlável, viável socialmente. Sem uma consciência em ordem será impossível para alguém tomar decisões e entender mesmo o caminho da cura espiritual. 
      Existem muitas passagens nos evangelhos que aliam demônio a mal físico, e quando o demônio foi expulso a pessoa foi curada desse mal, podemos citar Mateus 9.33a, “e expulso o demônio, falou o mudo”. Contudo, não tínhamos presente na época uma equipe, munida tanto de conhecimento médico quanto de discernimento espiritual, que avaliasse o estado do endemoniado e o tipo de influência, psicológica e física, que um mal originalmente espiritual teria causado à pessoa, o certo é que a cura espiritual sarou também o corpo e isso foi registrado pelo autor do evangelho. Na dúvida, repreenda, com autoridade sobre o espírito mau e em amor com o homem, mas depois leve a pessoa a um médico, sejamos sensatos. 
      O mal espiritual não precisa necessariamente de interação física para ser repreendido, em Marcos 7.26-30 vemos um exemplo disso, Jesus expulsa demônio sem ao menos estar presente no local onde estava o endemoniado. Essa passagem nos ensina uma outra lição, além da que está no tema desta reflexão, uma lição de humildade, você entendeu bem a maneira como Jesus respondeu à mulher? Ele usa uma metáfora, chamando os gentios de cachorrinhos, já que ela era de origem sirofenícia, para dizer que os judeus, os filhos, tinham prioridade em seu ministério. Como será que muitos reagiriam hoje a esse não de Cristo, vitimizando-se? A mulher reagiu com humildade e por isso teve seu pedido respondido. 
      Jesus executou uma repreensão de demônio mesmo à distância, contudo, via de regra, para nós hoje em dia, é conveniente que a repreensão seja feita em voz audível, os demônios em algumas situações ocupam lugares físicos específicos e conhecidos por quem está expulsando, dessa forma devem ser repreendidos no espaço físico. Ainda assim não precisam de gritaria, muito menos de negociações feitas por encantamentos, “trabalhos espirituais” ou rituais mágicos, eles só necessitam da pura e simples palavra de autoridade feita por um cristão verdadeiro em nome de Cristo. Isso não é tarefa só de pastores, ainda que certos casos exijam consagrações especiais, mas é direito de todo filho de Deus com a vida em ordem com seu Senhor. 
      Quem faz repreensão espiritual precisa ter o discernimento de que está repreendendo demônio, não o endemoniado, precisa entender que demônio e endemoniado são entidades distintas, apesar de ligados no momento, o endemoniado poderá ser orientado depois para que não seja novamente possuído. É interessante que mesmo antes da repreensão o possesso receba alguma orientação, ainda que se ele tenha chegado a esse estado poderá ter dificuldades para fechar sozinho uma porta que ele mesmo abriu em seu livre arbítrio. O trabalho de recuperação de quem sofre possessão é o de dar-lhe uma conscientização sobre um novo estilo de vida moral, por isso é necessário mudança de vida numa conversão ao evangelho. 
      O único jeito de fechar de vez a porta para a possessão é pelo Espírito Santo, quem recebe o Espírito Santo fica selado com uma paz divina e exclusiva, quem prova a pura água da vida não terá mais prazer nos caminhos da morte, essa paz é o que fortalece o homem para não querer mais ser “cavalo” de espírito rebelde das trevas. Mesmo os salvos podem ser oprimidos, mas jamais possessos, creio assim, ainda que já tenha presenciado pessoas que se apresentavam como crentes consagrados com um alto grau de “atitude endemoniada”, não posso deixar de fazer esse registro. Quem está de pé, cuidado para não cair, tenhamos, contudo, temor a Deus, a autoridade maior está numa vida de qualidade moral por Jesus Cristo. 

Leia na postagem de ontem  a 1ª parte dessa reflexão
José Osório de Souza, 31/10/20

13/02/21

Repreensão adequada ao mal (1/2)

      “E admiravam a sua doutrina porque a sua palavra era com autoridade.Lucas 4.32

      Uma palavra de autoridade basta para repreender o mal, mas como é essa palavra, que males ela pode repreender? Contemplemos novamente as três áreas do ser humano, física, emocional e espiritual, em cada uma delas o mal pode ser instalado e palavras de autoridades distintas podem ser usadas para repreendê-lo. Forma ou conteúdo, o que importa na repreensão? Uma palavra pode ser dita num volume mais alto ou mais baixo, essa é a forma, mas ela pode conter uma ordem curta e direta, assim como um texto longo e repleto de termos misteriosos, esse é o conteúdo. Formas e conteúdos diferentes podem ser adequados para repreender males instalados em áreas humanas distintas. 
      O ocultismo e mesmo a igreja católica podem utilizar encantamentos mágicos complexos para exorcismo e repreensão de demônios ou espíritos rebeldes das trevas, já os cristãos protestantes e evangélicos usam frases mais curtas e explícitas, são ordens, não rituais. O próprio termo exorcismo não é usado no meio protestante e evangélico, justamente porque ele nos remete a algo complicado e misterioso, que difere do que entendemos nos relatos de expulsão de demônios no novo testamento, feita por Jesus e pelos seus discípulos diretos. Jesus não era exorcista nem mágico, ele simplesmente tinha uma legítima palavra de autoridade, efeito de uma vida equilibrada em todas as áreas, física, emocional e espiritual. 
      Mas mesmo com conteúdo mais simples e semelhante, os evangélicos podem diferir na forma que dão à palavra de autoridade. Vemos muito em igrejas pentecostais atuais, repreensões feitas aos gritos, de maneira teatral e escandalosa, isso é bastante divulgado na TV, o que passa uma imagem ainda mais inadequada do cristianismo, principalmente para os que já se colocam como seus opositores. Até que ponto esse tipo de repreensão tem propriedades realmente práticas e espirituais, ou são só formas de exaltar mais o homem que faz a expulsão do mal que o Espírito Santo que de fato permite a expulsão, já que ela é feita no nome de Cristo? Falar mais baixo ou mais alto, contudo, pode ter sua utilidade.   
      Os pais repreendem seus filhos, os amorosos entenderão que não é preciso punição física ou ameaça dela, mas os amorosos e sábios verão que muitas vezes só um olhar basta, ou no máximo uma palavra em volume baixo, sem gritos. Isso porque autoridade é algo que começa no interior das pessoas, e quanto mais coerentes formos, mais forte será nossa autoridade. Ser coerente é não ser hipócrita, é se viver o que se fala, as crianças sabem quando não somos hipócritas e assim reconhecem nossa autoridade, mesmo que só olhemos para elas ou falemos pouco e num volume baixo. Quem precisa usar violência física ou mesmo gritar, na verdade tem dúvidas sobre a própria autoridade, não a possui legitimamente dentro de si. 
      Infelizmente, algumas pessoas são mal educadas, criadas com gritaria e violências, para essas pode ser preciso, no nível emocional, uma palavra de autoridade mais enfática, ainda que encharcada de amor e unção. Não estou dizendo que o machucado emocionalmente deve ser tratado de maneira estúpida e autoritária, é bem o contrário, pessoas socialmente problemáticas precisam de muita paciência e de bastante amor, só com a ajuda do tempo é que elas serão totalmente curadas. Mas as pessoas podem surtar e nisso podem até simular possessões demoníacas, não existe uma atuação espiritual direta do mal, mas só um descontrole psicológico, nesse caso pode ser preciso, sim, uma palavra firme de chamada de atenção. 
      Se essas pessoas forem reeducadas, e a igreja deveria ter também esse papel, de cura e reeducação emocional e afetiva, no futuro poderá bastar um olhar ou uma repreensão mais branda para tranquiliza-las. Contudo, se para um mal psicológico pode ser necessária uma palavra de autoridade, que deixe claro para a pessoa que sofre o mal que existem regras, que é preciso que ela se porte de maneira adequada à civilidade, ao meio social, que ela não é uma criança egocêntrica nem está sozinha no mundo, mas que vive em sociedade e precisa respeitar seus limites e os direitos dos outros, um mal puramente físico não é curado com repreensão, mas com ajuda médica profissional adequada. 

Leia na postagem de amanhã a 2ª parte dessa reflexão
José Osório de Souza, 31/10/20

12/02/21

Matemática do universo

      “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.Gálatas 6.7-9

      “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.Mateus 5.10-12

      Eis um tema que não me cansa refletir a respeito, ele cita um princípio que existe no cristianismo, mas que é fundamento de outras religiões, o chamado karma ou causa e efeito, citado nas religião orientais, esotéricas e espíritas. Como cristãos cremos que no nome de Jesus temos perdão para os nossos pecados, o que nos dá paz neste mundo e o melhor de Deus na eternidade, o céu, ainda que não tenhamos feito nenhuma obra para merecer isso, o acesso a essas bençãos é feito simplesmente através da fé. 
      Contudo, a lei de causa e efeito é válida para todos os seres humanos, cristãos ou não, e ainda que não interfira nas dádivas espirituais obtidas pelo nome de Cristo, interfere em nossa vida física neste mundo, principalmente em nossas relações com outros homens. Como já dissemos aqui tantas vezes, nas leis do universo nem Deus interfere, porque são leis que ele mesmo criou e são válidas para todos, mesmo perdoados por Jesus não podemos anular as consequências de nossos atos passados neste plano.
      Se tratamos alguém de maneira injusta ou se ganhamos algum bem de forma desonesta, um dia a conta chega, seremos tratados com injustiça ou perderemos algo, para pagarmos o crédito indevido obtido. A diferença disso para o cristão é que se ele se arrepender pode colher o efeito ruim em paz, já que só estará pagando uma dívida material, não espiritual, mas só se arrepender não o livra da má colheita, ele terá que pagar para anular o mal que fez no plano material, ainda que no espiritual esteja em paz.
      Aquele, todavia, que tratou alguém com injustiça, mesmo que esse alguém tenha feito por merecer isso, também plantará uma semente ruim que um dia crescerá e dará um fruto de injustiça para ele colher. O justo é disciplinado para que se corrija, mas quem foi usado para discipliná-lo também será cobrado, assim, ninguém se alegre por ter dado a alguém o que esse alguém merecia, mal nenhum fica sem retorno proporcional, e mal contra filho de Deus, ainda que esse precisasse de disciplina, pode custar caro.
      A matemática do universo só começa dar crédito quando sofremos injustiça sem ter feito injustiça antes, o maior exemplo disso é Jesus, por isso sua humilhação e sua morte lhe conferiram crédito para salvar toda a humanidade. O sermão das bem-aventuranças em Mateus 5 é dedicado a explicar o fruto maior, que colhem os que sofrem, não por seus erros, mas pelo nome de Deus, essa experiência, contudo, dificilmente experimentamos, na maior parte do tempo só colhemos frutos amargos que nós mesmos plantamos. 
      Por isso o evangelho diz que é muito feliz o que sofre, se sofre por merecer e com resignação, estará equilibrando sua balança, e quanto mais humildes e calados recebemos injustiça merecida mais nosso espírito amadurece. Mas se sofre sem merecer, se atingiu o nível espiritual de poder dar a Deus e à sua vontade prioridade em sua vida, se abriu mão de vaidades e de se postar sobre os homens para prevalecer ainda que pudesse, terá um direito especial ao reino dos céus, e na Terra terá ganho o bem mais precioso. 
      Muitos cristãos não creem nas coisas desse jeito, acham que se houver bastante fé em Jesus pode-se colher ainda que não se tenha plantado, a teologia da prosperidade prega mais ou menos isso, riqueza material neste mundo a troco de fé (e de dízimos), mas isso rebaixa o cristianismo a uma religião materialista. Jesus trouxe uma espiritualidade mais alta que isso, ensinou que só com muito trabalho de aperfeiçoamento moral abrimos mão de orgulhos e egoísmos para sermos dignos do reino dos céus. 

11/02/21

Paz e santificação para ver a Deus

      “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o SenhorHebreus 12.14

      Eis outro versículo, pequeno, simples, mas que revela um verdadeiro mistério, ele fala de três tipos de relacionamentos, do homem com seu semelhante, do homem consigo mesmo e do homem com Deus. Penso que não se pode viver uma das orientações, de forma verdadeira, sem viver as outras duas, as três coisas estão interligadas. Como ter acesso à intimidade do Senhor sem estarmos em paz e santos? 
      Como estarmos em paz sem nos relacionarmos de maneira benigna com os outros homens, sem ira, sem inveja, com amor? Não só com aqueles que nos tratam com respeito, mas principalmente com os que não nos tratam assim? Sim, porque quando alguém nos trata com injustiça e reagimos, mesmo com razão, deixamos que o mal alheio se instale em nós e assim perdemos a paz. 
      Por outro lado, como entrarmos na presença do santíssimo Deus se temos a mente viciada e o coração sujo, os pensamentos entrevados e os sentimentos escravizados aos prazeres da carne? Como receber os pensamentos do Esprito Santo em nosso espírito se esse está angustiado, torturado, culpado, ansioso, ocupado com o mal? Sem luz a palavra de Deus não se manifesta. 
      Paz e santificação, eis o segredo que nos permite ver a Deus, e quando o texto diz ver a Deus ele se refere a termos uma comunhão tão próxima com o Senhor que nos permite conhecer todos os mistérios espirituais sem limites, porque ao que sabe perguntar tudo lhe é respondido. Quem se coloca assim, como depositário da palavra de Deus, será alimentado pela água da vida eterna. 
      Não é fácil ter paz e ser santo, é preciso vigiar a mente e manter-se alimentado, só então teremos forças para resistir às provocações do mal, que provoca de maneira diferenciada os que vigiam, ele sabe que esses não perdem a paz por qualquer coisa. Naquilo que podemos tenhamos paz com todos, quando não for possível, uma distância educada para que não percamos a santidade por entrarmos em conflito errado. 

10/02/21

Firme em tuas convicções!

      “Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.Romanos 12.3

      Busque a Deus, sem limites, não deixe qualquer dúvida ou sombra naquilo que você deseja saber, então, conheça a vontade de Deus para tua vida, toda ela. Assuma esse conhecimento e ponha-se a vivê-lo, para isso continue buscando a Deus, santificando-se e quebrantando-se, assim Deus te fortalecerá para obedecê-lo. Enquanto vive avalie tuas convicções, tuas crenças, aqueles princípios básicos que você acredita e nos quais você se firma, pode até olhar para trás, para o hoje e para o futuro, mas que o Espírito Santo ilumine tua fé de modo que seja mais e mais clara para você, como palavras de fogo escritas na pedra mais dura. 
      Quando já tiver caminhado algum tempo se sentirá tranquilo, confiante, e isso pode te fazer esquecer que a prática de vida que tem nesse momento é resultado de fé, assim poderá ser tentado a viver pela vista, e não pelo que teve que crer para chegar nesse ponto, isso é uma reflexão normal. Dessa forma, depois que tiver feito tudo reconheça tuas convicções e não abra mão delas, não compare-as com as convicções dos outros, não julgue mal as dos outros, não se diminua, não aumente os outros nem o contrário, mas compreenda que chegou onde chegou pois adquiriu convicções em Deus e as viveu, segure-as com firmeza.
      Não que você vá viver até o fim de sua vida com as mesmas convicções, elas podem mandar, ou melhor, em alguns casos, elas devem mudar, mas quem deve mudá-las é Deus, mais ninguém. Seja como for, não duvide das convicções aprovadas no tempo por Deus, elas poderão ser degraus para novas convicções, processo que te levará a uma comunhão maior com Deus à medida que vê na prática de tua vida frutos doces e que permanecem. Se tiver que haver alterações, elas ocorrerão enquanto você segue firmemente olhando para frente e para cima, e não para trás ou para os lados, quem cuida de você é Deus.