sexta-feira, fevereiro 12, 2021

Matemática do universo

      “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.Gálatas 6.7-9

      “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.Mateus 5.10-12

      Eis um tema que não me cansa refletir a respeito, ele cita um princípio que existe no cristianismo, mas que é fundamento de outras religiões, o chamado karma ou causa e efeito, citado nas religião orientais, esotéricas e espíritas. Como cristãos cremos que no nome de Jesus temos perdão para os nossos pecados, o que nos dá paz neste mundo e o melhor de Deus na eternidade, o céu, ainda que não tenhamos feito nenhuma obra para merecer isso, o acesso a essas bençãos é feito simplesmente através da fé. 
      Contudo, a lei de causa e efeito é válida para todos os seres humanos, cristãos ou não, e ainda que não interfira nas dádivas espirituais obtidas pelo nome de Cristo, interfere em nossa vida física neste mundo, principalmente em nossas relações com outros homens. Como já dissemos aqui tantas vezes, nas leis do universo nem Deus interfere, porque são leis que ele mesmo criou e são válidas para todos, mesmo perdoados por Jesus não podemos anular as consequências de nossos atos passados neste plano.
      Se tratamos alguém de maneira injusta ou se ganhamos algum bem de forma desonesta, um dia a conta chega, seremos tratados com injustiça ou perderemos algo, para pagarmos o crédito indevido obtido. A diferença disso para o cristão é que se ele se arrepender pode colher o efeito ruim em paz, já que só estará pagando uma dívida material, não espiritual, mas só se arrepender não o livra da má colheita, ele terá que pagar para anular o mal que fez no plano material, ainda que no espiritual esteja em paz.
      Aquele, todavia, que tratou alguém com injustiça, mesmo que esse alguém tenha feito por merecer isso, também plantará uma semente ruim que um dia crescerá e dará um fruto de injustiça para ele colher. O justo é disciplinado para que se corrija, mas quem foi usado para discipliná-lo também será cobrado, assim, ninguém se alegre por ter dado a alguém o que esse alguém merecia, mal nenhum fica sem retorno proporcional, e mal contra filho de Deus, ainda que esse precisasse de disciplina, pode custar caro.
      A matemática do universo só começa dar crédito quando sofremos injustiça sem ter feito injustiça antes, o maior exemplo disso é Jesus, por isso sua humilhação e sua morte lhe conferiram crédito para salvar toda a humanidade. O sermão das bem-aventuranças em Mateus 5 é dedicado a explicar o fruto maior, que colhem os que sofrem, não por seus erros, mas pelo nome de Deus, essa experiência, contudo, dificilmente experimentamos, na maior parte do tempo só colhemos frutos amargos que nós mesmos plantamos. 
      Por isso o evangelho diz que é muito feliz o que sofre, se sofre por merecer e com resignação, estará equilibrando sua balança, e quanto mais humildes e calados recebemos injustiça merecida mais nosso espírito amadurece. Mas se sofre sem merecer, se atingiu o nível espiritual de poder dar a Deus e à sua vontade prioridade em sua vida, se abriu mão de vaidades e de se postar sobre os homens para prevalecer ainda que pudesse, terá um direito especial ao reino dos céus, e na Terra terá ganho o bem mais precioso. 
      Muitos cristãos não creem nas coisas desse jeito, acham que se houver bastante fé em Jesus pode-se colher ainda que não se tenha plantado, a teologia da prosperidade prega mais ou menos isso, riqueza material neste mundo a troco de fé (e de dízimos), mas isso rebaixa o cristianismo a uma religião materialista. Jesus trouxe uma espiritualidade mais alta que isso, ensinou que só com muito trabalho de aperfeiçoamento moral abrimos mão de orgulhos e egoísmos para sermos dignos do reino dos céus. 

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