11/05/21

O poder do amor

      “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.I João 4.18

      Todo ser humano recebe de Deus missões, assim, ainda que façamos muitas coisas em nossas passagens por este mundo, que conquistemos posições e bens, se essas missões não forem realizadas, que essencialmente estão na área moral e não na material, nossas missões não serão realizadas. Amar os outros não é uma missão pessoal e específica, é vocação espiritual de todos que querem estar próximos de Deus, contudo, com algumas pessoas, Deus pode nos dar a missão de amá-las, e isso de um jeito especial. 
      Se parte de tua missão for amar uma pessoa de forma diferenciada, não espere que essa pessoa reconheça teu amor, que tome qualquer iniciativa para te abençoar, também não ame aguardando qualquer tipo de retorno, de reconhecimento, não neste mundo. Ame-a, aproxime-se dela, que ela saiba que você está perto dela, disponível caso ela necessite de algo, e ainda que ela te despreze ou te agrida, perdoe-a e continue amando-a. Para uma missão de fato de Deus ele sempre nos prepara e nos fortalece. 
      Caso seja essa tua missão, você poderá ser, em algum momento, a única pessoa que poderá auxiliar alguém em algo muito sério, no qual a vida desse alguém poderá até estar em jogo, e eu não estou exagerando, acredite. Nesse caso o importante é não termos medo da pessoa, já que seu jeito arredio e sua atitude desconfiada podem ser oposições fortes ao amor, entendamos que não é a nossa reputação que está em jogo, mas o amor do Senhor que precisa ser mostrado a alguém através de nós, especificamente. 
      Contudo, sejamos sábios, não confundamos amor incondicional, que pode ser missão de Deus, com suportar relações abusivas, de forma irresponsável e imatura, de gente que já negou o amor de Deus de forma irredutível, principalmente em relações afetivas próximas, e mesmo em casamentos. Ore a Deus e peça orientação, em muitos casos não temos a missão de suportar, mas a obrigação de nos afastarmos, por respeito a nós mesmos e com confiança que Deus tem sempre o melhor para nós em amor. 

10/05/21

O poder da escolha

      “E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu, apelidado Tadeu; Simão o Zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.Mateus 10.1-4

      “Porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa; ou que desse alguma coisa aos pobres.João 13.29

      “Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes, e disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E eles lhe pesaram trinta moedas de prata, e desde então buscava oportunidade para o entregar.Mateus 26.14-16

      “Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo. E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.Mateus 27.3-5

      Os textos iniciais resumem as citações bíblicas sobre Judas Iscariotes, ele fez e viveu mais que o descrito nesses textos? Com certeza, mas os autores bíblicos não quiseram, por motivos que nos parecem claros, dizer mais sobre ele, talvez existissem mesmo coisas boas a serem ditas, mas seu ato final de entregar o redentor à morte foi forte demais, tirou dele qualquer direito de uma boa memória como legado. Infelizmente, uma escolha muito ruim, pode apagar toda uma vida de escolhas mais acertadas. Quando pensamos em Judas nos vem à mente alguém mau, sem virtudes, injusto e egoísta, contudo, não penso que ele era assim, não a princípio, senão Jesus não o teria escolhido. 
      Devia haver em Judas algum gérmen de bem, uma possibilidade dele acertar e escolher o melhor caminho para se aproximar de Deus, por isso Jesus o chamou, não só como discípulo, mas como um dos doze apóstolos. Jesus sabia que ele o trairia? Sim, mas com certeza não queria isso. Deus não descarta nenhum ser humano, todos têm chances de fazer boas escolhas, e mesmo se fizerem muitas escolhas erradas, ainda terão uma nova oportunidade de escolherem certo. Essas novas oportunidades têm fim? Sim, não por causa de Deus, mas por causa do homem, que pode num determinado momento de sua existência decidir de maneira irredutível que não quer mais seguir para a luz. 
      Jesus escolheu Judas porque ele tinha, na pior das circunstâncias, possibilidades de ser bom, contudo, apesar disso, teve uma oportunidade de escolha e preferiu a opção errada, trair Jesus, desse pecado ele não conseguiu se arrepender e teve a pior das mortes. Triste a condição de se chegar num ponto onde não se consegue mais, não o perdão de Deus, e mesmo dos homens, mas de si mesmo. O homem é seu principal inimigo, o diabo não o vence, nem Deus desiste dele, mas ele pode ser vencido por ele mesmo, exercendo seu livre arbítrio, depois disso só lhe restará a eternidade para ser consumido em sofrimento, deixando no mundo, no coração das pessoas, a pior impressão sobre ele. 

09/05/21

Deus reage pelos seus

      “Mas se diligentemente ouvires a sua voz, e fizeres tudo o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários.” Êxodo 23.22

      O que nos faz agir errado quando vemos pessoas e situações contra nós é a justificativa que achamos para reagir, para nos defender, que é atacar quem está nos atacando. Erramos nesse posicionamento porque nos esquecemos que o Deus para o qual entregamos nossas vidas também cuida de nós, assim, quando alguém, por algum motivo, se coloca contra nós, de forma injusta, sem amor e para nos destruir ou nos ofender de algum jeito, Deus vê. Esse mesmo Deus promete no texto inicial que os inimigos de seus amados se tornam seus inimigos, assim, não precisamos reagir, de nenhuma maneira, se for preciso Deus reagirá por nós, e tenhamos a certeza, Deus age do jeito melhor, da maneira certa e no tempo exato. 
      A lição maior é que nada, nada mesmo, justifica usarmos de qualquer espécie de violência, seja física ou verbal, nada nos dá razões para agirmos sem amor, nada pode comprar uma paz profunda que temos em Deus com nós mesmos e com o universo, ira e vingança, ainda que motivadas por injustiças legítimas, só destróem, não constróem, e antes de aos outros, a nós mesmos. Sejamos sempre instrumentos de paz, ainda que calados, ainda que abaixando a cabeça, ainda que fugindo dos que só querem afrontar e se impor, só assim seremos ferramentas limpas e disponíveis nas mãos de Deus. Deus constrói, mesmo depois de destruir e rebaixar, age com amor, mesmo depois de disciplinar e punir, sempre com justiça. 
      Ah se entendêssemos a seriedade e a gravidade do texto inicial, sabemos de fato o que é ter Deus como inimigo? Quão terrível coisa é cair nas mãos do todo poderoso? Não, isso não nos dá o direito de folgarmos e nos alegrarmos com possibilidades de vingança sobre desafetos nossos, o verdadeiro filho de Deus não se satisfaz com o mal alheio. O cristão genuíno teme e treme, sabe que é humano e limitado como qualquer outra pessoa, e que se não andar certo também pode ser corrigido. Deus zela pela justiça, nenhum ponto, por menor que for, vivido de maneira injusta, egoísta e sem amor, deixará de ser cobrado, o Senhor é que conduz o universo e todos os seres à sua luz e ao bem maior, temamos e tremamos. 

08/05/21

O ímpio tem muitas dores

      “O ímpio tem muitas dores, mas àquele que confia no Senhor a misericórdia o cercará.Salmos 32.10

      Aquele que não está em Deus, vive em trevas, quem vive em trevas não sabe onde está nem para onde vai, nessa incerteza há dor, culpa e medo, o tempo todo. Por isso a busca de vícios, prazeres inferiores e passageiros na carne, para tentar anular a ausência de paz no espírito, e isso ainda que a pessoa não admita, que tenha construído um estilo de vida negacionista da culpa, que jogue nos outros a responsabilidade de seus problemas, as dores existem, lá dentro, matando aos poucos, gerando doenças. O versículo inicial opõe duas afirmativas, em uma fala do ímpio, na outra do que confia no Senhor, ao ímpio as dores, ao que confia no Senhor, a misericórdia, o ímpio é aquele que caminha longe de Deus.
      Mas quem é o que confia no Senhor? Ele tem alguma qualidade que o difere do ímpio, é melhor que o ímpio? Não, na verdade o que confia no Senhor e não sofre com dores morais constantes é tão ímpio quanto qualquer outro ser, a diferença não está nele, mas em sua última escolha, de ainda sendo pecador se posicionar em Deus, em sua luz, em seu amor, em suas virtudes, assim vence seu mal, seu passado, suas fraquezas, a diferença não está no homem, mas no Senhor. Para muitos erros que cometemos não existe como voltar no tempo e anular suas consequências, teremos que conviver com eles, mas podemos anular a dor da culpa se nos posicionarmos em Deus, pela fé, com humildade e força de vontade. 
      Viver não é fácil, ter paz é andar num caminho estreito e difícil, e nos colocarmos nas regiões espirituais mais altas por Cristo, livrando-nos das regiões inferiores onde existe culpa, vícios, acusação e muitas dores, é ainda mais difícil. Isso exige de nós um trabalho espiritual constante, na verdade o trabalho mais difícil de nossas existências, aquele que de fato nascemos para desempenhar. Mas é só assim que crescemos, que deixamos de ser ímpios para sermos os amados de Deus que confiam, não em si mesmos, mas em sua misericórdia. Esse é o único caminho para a humildade, a humildade é a única porta que conduz ao amor, de Deus por nós, de nós por Deus e por todos os outros seres humanos.  
      Cercados pela misericórdia do Senhor somos livrados de muitos efeitos de erros que nós mesmos cometemos, isso não significa que Deus vá nos mimar, nos privar de responsabilidades. Contudo, o Senhor é pai de amor, se vê no coração de um homem humildade, arrependimento, submissão à justiça, ainda que o homem esteja desacreditado pelos homens, Deus protegerá o homem de si mesmo e de seus acusadores. Se tivemos uma vida de escolhas erradas ainda assim podemos ter paz, mas não nos enganemos, Deus só nos dá paz se fizermos a nossa parte, a nossa parte é sermos humildes, não fazermos exigências, trabalharmos para sermos melhores, e confiarmos somente na misericórdia do Senhor. 

07/05/21

Satisfeitos em Deus

      “Eu te amarei, ó Senhor, fortaleza minha. O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu escudo, a força da minha salvação, e o meu alto refúgio. Invocarei o nome do Senhor, que é digno de louvor, e ficarei livre dos meus inimigos.” Salmos 18.1-3

      Algumas pessoas pensam, “estou sozinho, ninguém me ajuda, ninguém me entende, todos se preocupam só consigo mesmos, e ninguém se preocupa comigo”, todas essas meditações negativas são só panos de fundo para um pensamento que essas pessoas têm e que não querem assumir, “Deus me abandonou”. Deus não abandona ninguém, somos nós que o abandonamos, e quem só se ocupa de si mesmo é justamente quem pensa que ninguém se preocupa com ele. Por que sentir-se desprezado pelos homens é só consequência de se sentir desprezado por Deus? Porque quando nos sentimos acolhidos por Deus nada mais importa, nada nos falta, ao contrário, agradecemos por sentirmos que temos até mais que merecemos. 
      Mas entendamos bem, não é porque dizemos que Deus cuida de nós e isso nos basta que não desprezamos os homens, muitos usam o nome de Deus com amargura, e se for assim na verdade não estão satisfeitos no Senhor, só resignados. Quem se reconhece abraçado por Deus é misericordioso com os homens, quem está em paz com o Senhor não cobra dos homens ser servido por eles, antes os serve com amor e humildade, quem sabe que Deus dele cuida não exige nada de ninguém, antes agradece e entende as pessoas. A verdade é que o maior problema do outro não somos nós, é o outro não estar resolvido com Deus, quem não tem comunhão com o Senhor nunca se sentirá satisfeito, sempre se achará injustiçado, mal amado, só.
      Deus está o tempo todo mostrando seu amor para com as pessoas, de um jeito ou de outro, por palavras diretas em seu corações, por ensinos nas igrejas, pelas atitudes de caridosos que abençoam com discrição, e mesmo pela natureza, pelos sistemas do mundo e do universo. Muitos, contudo, em boas condições físicas, intelectuais e morais, não reconhecem isso porque são orgulhosos, se desviaram de Deus e construíram em si falsos deuses, até feitos de ideias evangélicas, de moralismos, mas ainda assim ídolos e não o Deus verdadeiro. Falsos deuses são só máscaras para um único e maior ídolo, o ego humano, os que se afastam de Deus querem sempre mais e nunca se sentem satisfeitos, esses um dia serão quebrados e aprenderão a ser gratos. 

06/05/21

Crer ou amar?

      “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.I Coríntios 13.1-2

      O que nos faz dignos de salvação, fé ou amor? A fé pode nos dar acesso a muitas coisas, como dons espirituais, conhecimentos e mesma à execução de milagres, mas será que é isso que nos define como genuínos seguidores de Cristo, e que consequentemente pode dar-nos salvação na eternidade? Fé no divino e mesmo experiências espirituais, não são suficientes para mudar nosso interior e nos fazer, mais que como Jesus homem-Deus, que fez sinais extraordinários, mas como Jesus Deus-homem, que foi humilde e amou, que teve misericórdia de pecadores, que não acusou nem condenou os que tinham suas fraquezas expostas pelos religiosos hipócritas e eram humilhados por esses. O ideal é sermos as duas coisas, mas termos experiências de fé em Deus porque antes tivemos experiências de amor, por Deus e pelos homens. 
      Não, o que identifica espiritualidade não é fé, nem dons, nem sinais, nem milagres, mas atitudes verdadeiras de amor, só o amor nos dá a humildade necessária para aceitar, entender e abençoar os outros, ainda que esses não nos entendam e nem nos amem de verdade. Senão seremos só como sinos de metais, até faremos barulho, soaremos forte nossas opiniões, nossas causas, mostraremos materialmente efeitos de trabalho e de fé, mas lá dentro seremos frios e vazios. Amar não é fácil, muitos de nós têm muita dificuldade para exercer isso, e alguns, como eu, amam em silêncio, em orações solitárias nas madrugadas, pedindo que Deus ilumine, cuide, console e quebrante pessoas que temos muita dificuldade para entender, mesmo para conviver, mas que amamos muito e para as quais só desejamos o melhor do amor de Deus. 

05/05/21

Estratagemas do mal

      “E a quem perdoardes alguma coisa, também eu; porque, o que eu também perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o fiz na presença de Cristo; para que não sejamos vencidos por Satanás; Porque não ignoramos os seus ardis.II Coríntios 2.10-11

      Aos que se vendem por uma dose de cachaça, o mal lhes vende uma dose, aos que se vendem por vários copos de cerveja, o mal lhes vende vários copos, aos que se vendem por uma garrafa de vinho caro, o mal lhes vende uma garrafa, aos que se vendem por uma noite de sexo casual, o mal lhes vende uma noite, aos que se vendem por anos de relações abusivas, o mal lhes vende anos de abuso, aos que se vendem pela aparência exterior de ser e possuir, o mal lhes vende oportunidades e alianças que lhes satisfarão sua soberba, enfim, o mal é baixo com os baixos.
      Mas podemos ser provocados por outras coisas, que nos fazem trocar paz e virtudes por uma satisfação imediata do ego e do orgulho próprio, e para isso não precisamos ser, necessariamente, viciados em substâncias e disposições que não entreguem prazeres no corpo e na alma. Podemos ser pessoas que dão prioridade para a vida espiritual em Deus, mas termos fraquezas, que são aproveitadas como brechas pelo mal, para nos abaixar aos níveis inferiores da existência moral e espiritual. O mal é tão sofisticado quanto é aquele que ele quer desestabilizar e destruir. 
      Com certeza, o homem neste mundo que sofreu o maior número de tentações, das mais baixas às mais sofisticadas, das basicamente carnais às espirituais e ideológicas, passando pelas afetivas, que tentaram por em dúvida tudo o que esse homem acreditava e vivia, deixando esse homem sozinho, injustiçado, desprezado mesmo por aqueles que considerava seus amigos mais próximos, esse homem foi Jesus, o homem Deus. Ninguém ouse arrogar ser tentado como foi Cristo, nenhum de nós suportaríamos isso, não sem pecar, de alguma maneira, negando a Deus. 
      A chave para vencer os ardis das trevas é estar em paz, um dos meios de se estar em paz, talvez o mais importante, é não manter no coração alguém sem perdão, por mais que o mal que esse alguém tenha feito tenha nos machucado, é sobre isso que Paulo se refere no texto inicial. Dessa forma, se num estratagema sofisticado aos teus olhos, o mal te provocou e você não resistiu, defendendo-se ou desejando vingança, perdoe, não deixe essa brecha em teu interior, vença “Satanás” em sua raiz, que é em teu coração, e siga forte, em paz e esperando no Senhor.