04/08/21

Na velocidade certa

      “Porém, muitos primeiros serão os derradeiros, e muitos derradeiros serão os primeiros.Mateus 19.30

      A vida é uma corrida com um carro defeituoso. Podemos até consertá-lo e continuar correndo, mas tornará a quebrar, o que nos forçará a uma nova parada para conserto. Enquanto corremos podemos ultrapassar alguém com um carro em piores condições que o nosso, as pessoas recebem carros diferentes com defeitos diferentes, mas isso não significa que estamos ganhando. O objetivo não é chegar antes, estar na frente dos outros, mas é nos mantermos em movimento, cada um no seu carro e em posições distintas. 
      A corrida da vida não é uma prova de velocidade, mas de resistência, e para resistirmos muitas vezes é melhor irmos mais devagar, à medida que conhecemos o carro que temos. Esse carro não pode ser trocado, invejarmos o carro dos outros não melhora o nosso, só o nosso trabalho pode melhorá-lo. Vence o que ficou menos tempo parado, ainda que em relação aos outros corredores esteja em último lugar, assim nossos oponentes não são os outros, mas nós mesmos, e nossa ferramenta é o nosso auto-conhecimento.
      A prova não é aprender a correr mais rápido, mas a consertar o carro diversas vezes e mantê-lo sempre funcionando, de um jeito ou de outro todos chegarão ao final da corrida, ainda que em tempos diferentes. O carro é o nosso espírito, sempre necessitando de ajustes, de evolução, de melhoras. Não aprendemos a consertá-lo olhando os outros a consertarem seus carros, os carros são diferentes, o aprendizado é pessoal, ainda que observando os outros possamos ser incentivados a não desistir, se houver em nós olhos certos.
      A plateia que realmente importa é Deus, um pai de amor que torce por todos os seus filhos igualmente, sem preferidos, isso ainda que muitos nos assistam e possam até desejar nosso sucesso ou nosso fracasso. O pódio é a presença mais alta de Deus, que não desiste de nenhum dos corredores, Deus está o tempo todos atraindo-os e incentivando-os com amor. Algo, contudo, pode ocorrer, muitos com carros mais rápidos chegarem por último, e alguns, com carros menos eficientes, chegarem nas primeiras posições. 
      A Bíblia insiste em “aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mateus 24.13), o motivo é que lutar com os mesmos problemas pode desanimar e nos fazer desistir de nós. Não me refiro a tentações da carne que diariamente todos experimentamos, também não me refiro a vícios maiores que Deus pode nos libertar, esses não são peças defeituosas nos carros. As peças são os espinhos na carne (II Coríntios 12.7), limitações que Deus permite para sermos humildes, essas temos que persistir administrando até o fim. 

03/08/21

No tempo certo

      “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.Salmos 1.1-3

      Queremos as coisas do nosso jeito e no nosso tempo, agindo assim nos colocamos como deuses que podem tudo, que sabem tudo e que conseguem exercer tudo isso no momento que desejam. Bem, esse é um motivo para andarmos tão aflitos, a razão de termos tanta dificuldade para segurar a paz, quem acha que pode controlar tudo não consegue reter o mais importante, paz de espírito. É certo que muitas coisas temos que fazer, mesmo sem pensar muito, principalmente aquelas que se referem à nossa sobrevivência no mundo material, nosso trabalho, nosso estudo, nossa relação com família.
      Isso não significa que essas coisas devam ser feitas sem temor a Deus, ao contrário, são nossas prioridades de oração, constituem nossa dignidade no mundo. Contudo, outras coisas, podemos fazer por escolha, podemos até deixar de fazer, essas são as que devem ser feitas ainda mais na comunhão com o Espírito Santo, não devem ser feitas simplesmente porque queremos e podemos fazer. Ansiedade é uma mal que domina muitos, alguns com menos intensidade, mas outros com muita força, tornando os homens obsessivos, fazendo com que eles queiram muito o tempo todo sem controle sobre isso. 
      Vencer a ansiedade é se deixar ser sincronizado com o tempo de Deus, saber quando fazer, quando não fazer, e principalmente, saber esperar para fazer melhor depois, sem a obsessão de querer tudo aqui, agora e sempre. Quem descansa no tempo de Deus acha paz, se der para fazer algo hoje, tudo bem, fará, senão, esperará, certo que quando der para fazer fará melhor, com as melhores condições e em melhores oportunidades. Vencer a ansiedade é importante principalmente em nossos relacionamentos com as outras pessoas, porque não sabemos o tempo delas, se estão ou não preparadas para nós.
      Deus sabe o melhor momento de todos, assim, se vencermos a ansiedade e acharmos paz no tempo de Deus seremos bênçãos nas vidas das pessoas, pois faremos e falaremos as coisas não só no nosso melhor tempo, mas no melhor momento delas também, tudo na harmonia maravilhosa da vontade de Deus. Como perdemos tempo angustiados porque não descansamos no tempo de Deus, que sempre nos leva tranquilamente para o melhor lugar e o melhor momento, num barco seguro, ainda que o mar esteja revolto e o mundo em trevas. Há paz no tempo de Deus, entendamos isso e sejamos felizes. 

02/08/21

Olhe certo

      “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro. Por mim mesmo tenho jurado, já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás; que diante de mim se dobrará todo o joelho, e por mim jurará toda a língua.Isaías 45.22-23

      Quando começamos a enxergar em injustiças, afrontas, agressões, desprezos, não somente maldade, egoísmo e inveja de homens, mas provas morais autorizadas por Deus, nossa perspectiva da vida muda. Não queremos mais nos justificar, fazer justiça com as próprias mãos, nos vingar de alguma maneira, mas começamos a entender o caminho da humildade, experimentando virtudes mais altas, mudando nosso homem interior. Isso constrói o céu em nós, agrada Deus nosso pai, nos ilumina para a mais alta espiritualidade, tira nossos olhos dos homens e do mundo e os coloca no Altíssimo. 
      Olhar certo nos faz entender o principal motivo de vivermos neste mundo, sermos provados para sermos aprovados e então evoluirmos. Quem se protege demais, não aceita injustiças, teima em dar a última palavra e em ter razão, principalmente quando de fato tem razão, pode até ser famoso e vencedor no mundo diante de outros homens, mas se distanciará de Deus e de seu propósito melhor para sua vida. A coisa mais importante que Jesus fez foi nos ensinar o caminho superior de morrer para viver, de dar a outra face, de calar em paz e deixar que Deus faça justiça por nós no seu tempo. 
      Provar essa mudança de perspectiva não é algo que fazemos sozinhos, mesmo com a melhor intenção, só acontece quando conhecemos e aceitamos a vontade de Deus para nossas vidas, e Deus tem coisas diferentes para pessoas diferentes, consequentemente provas diferenciadas. Quando nos apossamos da vontade de Deus temos forças, e se ela for calar diante da injustiça faremos isso em paz, e ainda assim não nos faltará o necessário para termos vidas dignas no mundo. Para olharmos certo os homens, antes temos que olhar certo para Deus, que depois nos permite olharmos certo para nós mesmos. 

01/08/21

Ouça certo

      “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.Marcos 13.31

      Para quantas palavras damos ouvidos, às que ouvimos nos programas da TV, no Youtube, às que lemos nos grupos de Whatsapp, no Facebook, no Twitter, e em tantos outros espaços virtuais desse mundo moderno. Mas também quantas palavras nos vêm à mente, lembranças, culpas, acusações, setas lançadas por outras pessoas, por espíritos maus, o que não faltam são palavras negativas neste mundo. Interessante que certos transtornos mentais levam as pessoas a ouvirem vozes, mas essas vozes nunca dizem coisas boas, sempre coisas ruins, ou no máximo ilusórias, isso nos faz pensar se essas são de fato palavras que ecoam de mentes doentes e que voltam para elas, ou se são outra coisa. Enfim, temos muita facilidade para captar e guardar o que não presta, já para discernir a voz mansa de Deus precisamos nos esforçar tanto, até calarmos todas as outras vezes, Deus é educado, não fala enquanto outros estão falando. 
      Todas as vozes passarão, ecoarão até sumirem, críticas, mentiras, mesmo as aparentemente positivas, mas falsas, que não soam promessas verdadeiramente de Deus, nasceram da morte e morrerão um dia, ninguém se fie nelas. A palavra de Deus, essa nunca passa, é eterna, confiável, sempre positiva, mesmo que seja de aniquilação, Deus desconstrói para depois construir melhor. A palavra de Deus não é só semântica, som, impressão superficial ou mesmo comentário jocoso, a palavra de Deus é sempre séria, ainda que cheia de graça, é criação, age para cumprir um propósito específico e faz isso no instante que é proferida. Tenhamos ouvidos espirituais limpos e tranquilos para ouvirmos essa palavra e descansarmos nela, Deus tem sempre uma palavra de vida para nos dar, vinte e quatro horas por dia, basta que nos acalmemos e creiamos. Todo o universo passará, de um jeito ou de outro, mas a palavra de Deus, não.

31/07/21

Princípios

      “E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.” João 8.10-11

      Algo que me marcou quando vim para o cristianismo protestante, foi a seriedade como ele trata o pecado e a reputação. Antes mesmo do batismo, éramos orientados a acertarmos nossas vidas, deixarmos vícios básicos, como tabaco e álcool, colocarmos vida matrimonial em ordem, pedirmos perdão para pessoas, caso tivéssemos coisas não resolvidas como discórdias ou males cometidos que de alguma forma tivessem ofendido ou machucado alguém. Da mesma maneira era a disciplina, caso alguém, que já fosse membro oficial do hall, “pisasse feio na bola”, seria deletado da igreja. 
      Contudo, acho que algumas coisas que funcionavam com convertidos de trinta, quarenta anos atrás, não funcionam mais com convertidos de alguns anos para cá, não que o pecado esteja menos relevante, mas com certeza as pessoas ficaram, digamos assim, bem mais complicadas, principalmente na área de sexualidade e matrimônio. Por outro lado, falando honestamente, na minha época - me converti em 1976 numa Igreja Batista tradicional - havia muita hipocrisia e superficialidade, coisas sérias e profundas não eram tratadas, só jogadas para longe, o “culpado” ficava sozinho.
      Eu mesmo tive que ser tratado sozinho por Deus em várias áreas, sem ajuda de minha igreja de origem. Infelizmente, principalmente em algumas igrejas protestantes tradicionais, com membros mais de classe média, ainda hoje existe um forte falso moralismo, que julga as pessoas por obras, não têm um trabalho eficiente de gabinete pastoral, de “cura interior”, de aconselhamento em amor, que de fato permita às pessoas serem tratadas. Algumas coisas ainda são simplesmente julgadas como pecados imperdoáveis, submetendo os que os praticam à sucinta exclusão do hall de membros.
      Por outro lado, e isso mais no meio mais pentecostal, com membros de classes mais baixas, os erros parecem ser mais tolerados, e se forem da liderança, talvez por motivos políticos ou financeiros, quando alguém “cai em pecado” não é disciplinado com tanta dureza, por favor, não estou generalizando nada, apenas constatando fatos. Mas de maneira geral dificuldades no casamento ainda são vistas de forma equivocada, e esse é um assunto bem complexo, que não pode ser resolvido passando a mão na cabeça ou excluindo, existem muitos tons de cinza entre o branco e o preto. 
      Não vou fazer aqui mais um estudo minucioso sobre a passagem da mulher adúltera, citei o texto inicial só para compartilhar o principal, a palavra de Jesus “nem eu também te condeno, vai-te e não peques mais”. Cristo não menosprezava o pecado, mas também não o espetacularizava, como já vi ser feito em sessões de exclusão de igreja, Jesus era objetivo visando a recuperação, não a condenação. A solução do evangelho para o pecado é uma, amor a Deus e aos homens, quem ama a Deus deseja santidade e quem ama os homens age com misericórdia, não com preconceitos ou displicência.
      Vou compartilhar um sonho que tenho para as igrejas cristãs não católicas, ainda que diferenças sejam úteis, que visões distintas de costumes, mesmo interpretações variadas de doutrinas devam existir, ainda que deva ser assim para que cada ser humano em sua idiossincrasia ache o cristianismo mais confortável, desde que não se mude o principal, meu sonho é: bom seria haver uma união das denominações. Para quê? Para zelar pela qualidade do cristianismo, para disciplinar quem precisa, ajudar quem quer ajuda. Isso testemunharia um evangelho mais próximo do original num mundo descrente.
      Quando vejo a mídia veiculando com prazer sórdido um escândalo do meio cristão não católico, generalizando nas entrelinhas de maneira injusta o povo crente, como se todos fossem iguais e de baixa qualidade, como seria bom se um grupo que representasse os evangélicos e protestantes se levantasse e se posicionasse. Que fosse então disciplinado quem escandalizou e deixado claro para a mídia e para o mundo que isso é uma exceção, não uma regra, enfatizando que existe crente que não vive só para trocar dízimos e fé por bens materiais, mas para praticar o evangelho verdadeiro de Cristo. 

30/07/21

Pão espiritual da boca de Deus

      “Todos os mandamentos que hoje vos ordeno guardareis para os cumprir; para que vivais, e vos multipliqueis, e entreis, e possuais a terra que o Senhor jurou a vossos pais. E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos, ou não. E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem.Deuteronômio 8.1-3

      “Se eu não comer, não beber, não dormir, eu não vivo”, todos nós pensamos assim. Mas quem permite que estudemos e trabalhemos para ganharmos dinheiro para comprarmos comida, bebida, roupas e poder ter um lugar protegido para dormir? É a palavra de Deus, e com palavra de Deus não nos referimos só aos registros de homens com experiências com Deus feitos no cânone bíblico. A palavra de Deus é o imperativo espiritual que mantém os planos físico e espiritual existindo, todo o universo visível e invisível, incluindo a natureza, as existências humanas, nós, eu e você. 
      Se uma permissão divina for dada um raio pode cair na minha cabeça, ainda que eu esteja protegido em minha casa, mas um carro também pode perder o controle e me atropelar, ainda que eu esteja tranquilo indo à igreja. Entretanto isso pode ser ainda mais sério, se o imperativo de Deus autorizar, um meteoro pode bater no planeta Terra e causar a morte de muita gente, nos acostumamos tanto com a vida que não paramos para pensar o quanto somos frágeis, o quanto a vida é muito mais que pagar o pão de cada dia. A palavra de Deus, esse é o verdadeiro pão que nos sustenta. 
      Jesus usou parte do texto bíblico inicial para repreender Satanás em sua tentação no deserto, “está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus” (Lucas 4.4b), isso parece simples de praticar? Mas não é, quantas vezes damos mais importância para encher o estômago que para encher o coração? E me refiro a nós que temos condição de ter a geladeira cheia de mantimentos, como é difícil para gente ansiosa, que sente fome o tempo todo, fazer um sacrifício agradável a Deus de um jejum por uma causa realmente importante, espiritual, não material. 
      Jejum não é cambiar abstinência física por algum favor material, não é isso, isso é trocar seis por meia dúzia, ficar uns dias comendo menos para ter um aumento de salário para poder comer rodízio com mais frequência. Muito crente sincero e que quer se consagrar não entende que o poder do jejum não é convencer o Senhor que temos fé e somos devotados a ele, para que ele nos dê algo, mas é acalmar nossas almas e permitir que nossos ouvidos espirituais se abram para ouvirmos mais a Deus. Deus não precisa do nosso jejum, somos nós que precisamos, para sermos transformados. 
      Precisamos de uma palavra de Deus todos os dias, não deveríamos ir para a cama sem descansarmos nossas almas e acharmos paz no silêncio, e não tentando saciar ansiedades entupindo-nos de comida. Isso nos permitiria ouvir a voz do Senhor e alimentarmos, não nossos corpos, mas nossos espíritos, o Espírito Santo tem algo para nos dizer todos os dias, ainda que seja só “descansa e fique em paz”. O alimento não está em sabermos algo racionalmente, isso podemos saber e continuarmos agoniados, somos alimentados quando recebemos a palavra que sai diretamente da boca de Deus. 
      Isso é vivermos o cristianismo pelo Cristo, no Espírito Santo, e não pela razão, só por nossas capacidades mentais e emocionais, nessas capacidades só achamos a morte, ainda que seja celebrando a vida. A vida está no Espírito Santo, ele dizer-nos “acalme-se” vale mais que um textão construído com os melhores argumentos teológicos, a palavra do Deus vivo é fogo que não consome e que nos aviva espiritualmente. Esse é o único alimento que pode vivificar nossos espíritos e se os espíritos estiverem vivos, corpo, mente e coração serão renovados, em paz e fortes para seguirem. 

29/07/21

Imaginar o mal não faz bem

      “Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor.I Coríntios 4.5

      Imaginar o mal não faz bem, olhar uma situação, analizar uma pessoa de longe, observar uma conversa à distância, e nessas situações sempre achar que algo ruim está sendo dito ou feito, nenhum bem nos traz. Você já percebeu que quando olhamos algumas coisas de longe nunca imaginamos algo bom? Quando vemos pessoas falando e rindo a nossa tendência é sempre achar que estão criticando alguém, e não raras vezes a nós? Isso não é paranoia de alguns, é fraqueza de muitos, mesmo que não assumam, que não verbalizem. Em raras situações isso não ocorre, poucas pessoas não nos levam a fazer juízo maldoso, mas com que facilidade nossa cabeça se torna rádio sintonizado em estação ruim.
      Nem precisa ser algo doentio que depois gruda em nós e nos atormenta por algum tempo, basta que seja um pensamento passageiro, se paramos por um momento para fazer o que não temos que fazer, que é cuidar da vida alheia, podemos tecer julgamento errado, e mais que isso, destrutivo. Dificilmente julgamos bem, ainda que sem conhecimento da verdade, ainda que só como imaginação, por que isso? Porque isso é uma tendência humana, mas também oportunidade aproveitada por seres espirituais do mal, que percebem uma fraqueza nossa e lançam sobre nossas mentes raciocínios tóxicos, invenções mentirosas, julgamentos injustos, para tirar nossa paz e nos jogar contra os outros. 
      A existência é basicamente mental, pensamos mais que falamos e fazemos, e o pensamento dispara a emoção que nos faz criar e sentir toda uma história, com enredo e personagens. É por essa razão que a Bíblia nos exorta tanto a vigiar na mente, por isso Jesus ensinou que o primeiro e mais importante pecado ocorre em nossas cabeças e em nossos corações, mesmo que nem se manifeste em ações. A mente é o maior campo de batalhas que existe, a vitória dos demônios sobre os homens começa nela. Se eles nos vencem em nossas mentes experimentaremos o pecado em nosso corpo mesmo que seja só nos sentimentos, e isso já torna o pecado real para nós, praticá-lo só envolverá outras pessoas. 
      Existem pessoas que têm mais facilidade para se isolar, não são tão imaginativas, mas isso pode ser mais deficiência que potência, pode ser insensibilidade, muitas vezes construída como mecanismo de defesa por causa do muito que se foi machucado. Mas quem tem coração, sente, quem tem cabeça, pensa, a questão é administrar isso bem, ocupá-los com coisas boas, altas, espirituais, e não com julgamentos maléficos. Precisamos entender que nosso mundo interior é a ferramenta que Deus nos dá para termos comunhão com ele e adquirirmos conhecimento do mundo espiritual, usemos essa ferramenta para a finalidade mais nobre assim nossas capacidades serão bençãos, não maldições.