26/02/22

Sorriso de Deus (27/90)

      “O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate.” 
      “No rosto do entendido se vê a sabedoria, mas os olhos do tolo vagam pelas extremidades da terra.
      “O homem ímpio endurece o seu rosto; mas o reto considera o seu caminho.
Provérbios 15.13, 17.24, 21.29

      Sorrir é se abrir, nos abrimos para muitas coisas na vida, para a presença da mulher amada, para o abraço apertado do filho, para o olhar sábio da mãe, para o respeito profundo do amigo. Recebemos quem bem nos quer com um sorriso, que deixa claro que temos todo o tempo do mundo para quem nos ama como somos, e se sente bem só por sorrir para nós. Mas sorrir é mais que emoção, sorrir é chave para uma poderosa comunhão espiritual, permite-nos ser ensinados e consolados pelo Espírito Santo, iluminados pelo amor de Deus que sempre sorri para nós. 
      Sorria, mas não só com o rosto, com o coração, com suas entranhas, sorria de dentro para fora, sem concessões, sem reservas, sorria porque você não deve nada a ninguém, e também não precisa agradar a homens. Sorria porque você é amado de Deus e ele sorri para você, por se agradar com você. Receber a graça de Deus é ter o Santo Espírito sorrindo em nós, isso não se compra, só se permite, quando assumimos e deixamos todo o mal, toda a treva, todo egoísmo e toda vaidade. Espíritos felizes são amigos do pai dos espíritos, homens bons têm espíritos felizes. 
      O sábio sorri com facilidade, sua felicidade é verdadeira, não possui alma presa à culpa e à mágoa. O olhar do malicioso, ainda que ria, é pesado, teme que o mal que plantou se volte contra ele, sabe que sua intenção é falsa, por isso seu olhar é desconfiado, sua alma, opaca. Quem pode entender o puro sorriso do que se humilha diante do Altíssimo? Os tolos olharão para ele e duvidarão, não podem captar o que não possuem, e ainda que tenham bens e honras, nunca terão o sorriso limpo e tranquilo daquele que trilhou o longo caminho da verdade e da retidão. 
      Num devocional pleno, numa comunhão profunda em Deus, num momento de oração pelo Espírito Santo, a mente sorri e o mundo espiritual se abre, o corpo descansa, as emoções se entregam, ainda que comecemos sobrecarregados nos tornamos leves, voamos sem asas. Até na mais restrita das celas o ser encontra plena liberdade, pode contemplar o Altíssimo sorrindo para seu homem interior, esse vivencia a eternidade ainda neste mundo. Essa experiência renova-nos, fortalece-nos, revela-nos os mistérios, é a chave para a intimidade do Senhor. 
      Na eternidade, quando a capa do corpo físico for retirada, o que ficará? O que será exposto à luz do Altíssimo? Se houver receios, remorsos, rancores, preconceitos, o espírito se fechará, como um rosto que se endurece diante da tristeza de coração, contudo, se houver paz, aquela aprendida, conquistada e retida com humildade, o espírito se abrirá, num maravilhoso sorriso. O sorriso não precisa falar, nem precisa entender, ele descobre no silêncio da matéria a sabedoria e o conhecimento de Deus, que dá todas as respostas, que sorri graciosamente para os simples. 
      Um homem antigo, com pouco conhecimento sobre si e sobre o planeta, que não estava preparado para receber o amor de Deus revelado pelo evangelho de Jesus, não podia enxergar o eterno sorriso de Deus. Não esperemos achar esse sorriso em muitos textos do antigo testamento, onde se confiava em Deus para se ter vitória sobre inimigos, também não esperemos ver esse sorriso em textos do novo testamento, onde um inferno eterno era meio de conduzir homens a Deus. Mas hoje, pelo Espírito Santo, os que querem podem contemplar, Deus sorrindo para todos. 
      Que Deus você vê quando contempla o mundo espiritual, um onipotente sisudo, exigente, julgador, ou um ser espiritual aberto, ainda que santíssimo e justo, sorrindo, de braços abertos para você? Muitos de nós passamos anos com a imagem mental de um homem dentro de nós, achando que é a de Deus, imagem que pode ter sido construída tendo como base a figura de nosso pai, de nosso avô, mesmo de algum patrão ou sacerdote religioso. Só os que buscam a Deus com todo o coração e com muita contrição, verão o sorriso do Senhor e serão libertados de superstições. 

Esta é a 27ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

25/02/22

Quem está em Deus tem tudo (26/90)

      “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.” 
João 15.16

      São textos como o acima que nos fazem amar a Bíblia, em um versículo, uma sucessão de eventos ligando o homem a Deus. Em primeiro lugar o princípio fundamental da espiritualidade da luz, começa em Deus e em Deus finda, nós homens somos apenas meios, assim, se alguém acha que tem algum crédito por ter feito a escolha melhor, por ter sido bom, por ter se esforçado para servir a Deus, engana-se. Nosso processo de crescimento ocorre na luz de Deus e fora dela só existe morte, Deus nos atrai por amor e nisso temos forças para fazermos escolhas certas. Se o Altíssimo não nos atraísse, nem todo o trabalho que fizéssemos, nem toda nossa boa intenção e toda nossa fé, nos conduziriam para as mais altas virtudes. 
      Contudo, entendamos certo, todos os seres humanos, de todos os tempos e lugares, são atraídos pelo amor de Deus à sua mais alta luz. Deus não escolhe uns e despreza outros, a escolha que acontece é para as provações, que podem ser expiações ou missões. Mas mesmo essas não são para privilegiar uns e desconsiderar outros, são para respeitar limites e características de cada ser humano, de modo que todos possam ser seus melhores com liberdade e felicidade. Se você está sentindo que deve fazer uma coisa para ajudar alguém, não é para que você se ache superior aos outros, não é você que está escolhendo o que deve fazer para ser melhor, se tua intenção for sincera é muito mais que isso, é inclinação do Espírito de Deus. 
      É Deus quem está te chamando para fazer tal coisa, para glorificar o nome dele servindo ao próximo e seguindo no caminho de virtudes que conduz à luz do Altíssimo. Não é só questão de escolha, de opção humana, mas de responsabilidade com algo muito mais alto, num grande plano divino. Saiba de uma coisa, o plano de Deus nunca se frustra, se alguém não cumpre sua obrigação ele chama outro para cumprir, a tempo e com igual eficiência, contudo, o que perde oportunidade de ser útil perde tempo. Neste mundo, tempo importa, a saúde, a disponibilidade, a energia que temos hoje para fazer algo, podemos não ter amanhã. Saiba, portanto, que é Deus quem te chama e obedeça, o mais depressa possível, não perca tempo.
      “o vosso fruto permaneça”, gosto dessa frase, não basta dar frutos, mostrar para os homens, colher os louros de boas obras no mundo, o fruto deve ser provado pelo tempo, e o tempo, meus queridos, testa a qualidade de tudo e de todos. Mas não é só uma questão de durabilidade, algo bom que é feito, que passa a existir a partir daí e que segue existindo sem perder a utilidade, algumas coisas não se manifestam no momento que são feitas. Poderá passar muito tempo, alguns acharem até que nada foi feito, contudo, se é semente plantada por Deus, em Deus e para Deus, um dia frutificará, então, dará frutos perenes. Por isso é preciso paciência e confiança em Deus, já que ainda que os homens não saibam ou vejam, Deus sabe.
      Frutos nobres, contudo, ainda que demorem a manifestarem-se, durarão eternamente, levaremos em nossos homens interiores como pedras preciosas em uma coroa, não serão de forma alguma para nos engrandecer, mas para nos fazer iluminados e úteis nas mãos de Deus. Quem atinge esse nível de utilidade espiritual recebe um direito, “a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda”. Eis um privilégio que muitos querem e não entendem, almejam para terem coisas materiais para si, não para serem bênçãos nas vidas dos outros. Chegar num ponto onde tudo o que pedimos Deus nos dá, parece ser recebermos a lâmpada com um gênio, mas é justamente o oposto disso, sobre vários pontos de vista.
      Nenhum pedido é negado ao que sabe pedir, nenhuma resposta é negada ao que sabe perguntar, e sabe o que Deus nunca pode negar? A si mesmo, assim se alguém estiver plenamente nele poderá existir à vontade que será sustentado por ele, será cuidado, suprido, esclarecido e satisfeito, nada falta ao que vive em Deus. Muitas pessoas fazem muitas coisas e Deus não responde suas orações, elas querem ser o que Deus não quer que elas sejam, assim, mesmo ricas, estão insatisfeitas, mesmo honradas pelos homens, não agradam ao Senhor e são infelizes. Temos que saber bem para que Deus nos chamou, só entendendo, aceitando e praticando isso com alegria, daremos frutos que permanecem e seremos sustentados por Deus em tudo. 
      São esses frutos que levaremos à eternidade, quem chegou ao ponto de saber pedir e ter todas os seus pedidos atendidos, entendeu a espiritualidade maior que constrói o céu em seu homem interior. Quem você será na eternidade? Árvore viva ou árvore seca? Assumir que Deus nos chama a desempenhar missões específicas nos leva a viver cada dia no mundo com mais responsabilidade, mas também com confiança. Se Deus chama ela capacita, portanto não podemos usar de desculpas para não fazer algo, não se esse algo de fato for a vontade de Deus para nós, não a nossa vontade ou aquilo que fazemos para agradar a vontade de homens. Ânimo, temos ordem do Altíssimo a cumprir, nossa recompensa melhor está na eternidade. 

Esta é a 26ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

24/02/22

Amar santifica (25/90)

      “Se me amais, guardai os meus mandamentos.” 
João 14.15

      Temos a tendência de ver a palavra de Deus como uma lista de regras, acreditamos que são mandamentos de Deus, mas tentamos obedecer essas regras com a disposição errada. Por isso muitas vezes não conseguimos obedecer a Deus e pecamos, nos sentindo tão frustrados. Para entendermos nossa aliança com Deus analisemos nossas alianças com as pessoas, nas relações de amizade e de casamento. Quando convivemos com uma pessoa, conversamos com ela, nos confidenciamos com ela, temos cumplicidade com ela em várias áreas, dividimos gastos, moradia, dores e alegrias. Isso pode ser só amizade, mas se também temos vida física íntima e afetiva com uma pessoa, isso é parte de uma aliança chamada casamento. 
      Como assim, só uma parte? Sim, porque a outra parte de um casamento é a fidelidade, ter as experiências citadas com alguém, mas isso de forma exclusiva. Quem tem todas as proximidades e intimidades citadas é porque ama, ninguém consegue praticar um “casamento”, não por muito tempo, se não amar. Quem ama é fiel e não só para obedecer uma lei de forma fria, o amor naturalmente nos faz querer estar mais próximos de alguém, assim como não partilharmos certas coisas com outras pessoas. Amor de casamento estabelece uma aliança naturalmente monogâmica, ainda que amizades genuínas e mais próximas também compartilhem coisas exclusivas, que não são compartilhadas com outros amigos. 
      Conceitos têm surgido, casamento aberto, uniões poligâmicas, poli-amor, ainda que poligamia não seja novidade têm aparecido novas formas desse antigo costume. Mas mesmo que alguns vejam essas modernidades como casamento, não creio que representem o melhor de Deus, mesmo que muitos insistam que sejam expressões válidas de liberdade. São ligações mais baseadas em liberalidade para prática de sexo por prazer, que de fato casamento, buscam muito mais usufruto pessoal que famílias maduras, tanto que essas uniões não duram muito tempo. O ser humano, contudo, é altamente adaptável, e sua moralidade, elástica, sabe-se lá o que a humanidade futura nos reserva de ruim antes que Deus exerça algum juízo. 
      Sobre casamento tenho uma ótica tradicional, ainda que meu entendimento em Deus sobre sexualidade não seja o do cristianismo tradicional. Vejo como casamento adequado e prático aquele entre dois seres humanos, com fidelidade e fazendo todo o possível para que comece certo e dure até o final de suas vidas no mundo. Se viver com uma pessoa de forma plena e verdadeira já é difícil e caro no mundo atual, imagine com mais de uma? O ponto dessa reflexão, contudo, é: amar santifica! Quem ama vive junto, não trai e naturalmente é santo. Um bom casamento, equilibrado, com cumplicidade em todas as áreas, é um castelo forte e resistente contra muitas ciladas do mal. Busquemos isso em Deus, não abramos mãos disso! 
      O erro que podemos cometer é tentarmos ser fiéis sem amarmos de fato, se não há amor o coração está vago e disponível para amar, isso ocorre com amigos, com cônjuges e com Deus. Mas muitos podem dizer com relação a casamento, “mas eu amo, não traio, ajudo minha família nas despesas financeiras, faço lazer com ela, levo minha esposa e meus filhos à igreja”, mas será que isso é feito com amor ou por pura obrigação? Com Deus é semelhante, alguns podem dizer, “mas eu amo a Deus, não falto a cultos, dou meu dízimo, dou bom testemunho no serviço, leio a Bíblia”. A esses a mesma pergunta deve ser feita: você é um bom religioso por amor a Deus ou por medo do inferno e do diabo? No amor não há nenhum medo.  
      Nós seres humanos preferimos fazer um monte de coisas para não amarmos, sacrifícios para não sermos misericordiosos, exibirmos aparências externas ao invés de buscarmos uma vida íntima de devoção a Deus através do amor. Só o amor nos permite ser fortes para sermos fiéis e consequentemente sermos santos, santidade nada mais é que guardar alianças. Tenha uma experiência em amor e não haverá espaço em teu coração para quebrar alianças. Amar nos alimenta de dentro para fora, nos evolui. Quem você será na eternidade? Seu homem interior terá a extensão do amor que você aprendeu a viver e a reter, no céu ele te fará mais bonito e mais forte porque te fará brilhar mais e estar mais próximo da luz e do Altíssimo. 

Esta é a 25ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

23/02/22

Até onde fomos por amor? (24/90)

      “E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti. Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.” 
Mateus 11.23-25

      Falarmos sobre amor, mais e mais, é de suma importância numa reflexão sobre eternidade. No mundo, o céu se constrói com amor e o inferno com ausência dele, na eternidade irão ao céu os que estiverem prontos para serem atraídos pelo amor de Deus, no inferno estarão os que dizem não a esse amor. O céu, o melhor de Deus, é o próprio amor do Altíssimo, cada espaço, cada construção, cada palácio que imaginamos ser o céu, cada jardim, cada árvore, cada flor, cada rio, é a luz mais alta emanada do amor de Deus, no qual não há culpa, dor, tristeza, mágoa, saudade que dói, mas um olhar firme e convicto para o alto, para o melhor que somos no amor de Deus. Inferno não é um lugar sem o amor de Deus, o amor de Deus atrai todos em todos os lugares, Deus não cria lugares para sofrimento, só o homem pode criar o inferno, dentro dele quando nega o amor de Deus pelo livre arbítrio.  
      Para entendermos o amor de Deus em primeiro lugar precisamos entender e assumir o nosso amor, o que temos por nós e pelos outros, para depois avaliarmos ambos e não confundirmos as coisas. Julgarmos a Deus por nós, tendo nós mesmos como referência, é um tipo de idolatria, a egolatria, que pode ser um engano, uma insanidade, mas também entrega de legalidade de atuação a espíritos malignos. Ocultismos e satanismos dizem que nós seres humanos somos deuses, que o ser que deve ser adorado somos nós, os homens. Enganam-se os que acham que certas linhas espiritualistas são só adoradores do diabo, não é bem isso. Alguns usam rituais e protocolos mágicos para estabelecerem contato com seres espirituais do mal e terem controle sobre esses, eles querem usar o diabo. O que ocorre então é o contrário? Quem usa quem? Comunhão espiritual pode estabelecer uma relação simbiótica. 
      Diz um ditado, “aquele que estuda o mal é estudado pelo mal”. Seja como for, muitos não respeitam e não conhecem um Deus maior e do bem pois seus deuses são eles mesmos. Isso, contudo, é equívoco que mesmo inconscientemente cristãos podem cometer, quando limitam as virtudes de Deus às suas próprias, por isso a importância de entendermos melhor o nosso amor e o amor do Altíssimo. Como funciona o nosso amor, amamos só quem nos ama? Declaramos amor só para termos direito à intimidade sexual? Achamos que sexo é amor? Amamos só aqueles que frequentam a mesma igreja que a gente, pois só consideramos esses como irmãos espirituais dignos de receberem nosso amor? Nosso amor termina quando alguém nos machuca? Amamos só a família, num afeto que beira à idolatria, enquanto não nos vemos na obrigação de amar desconhecidos, que Deus põe em nossos caminhos? 
      Se como indivíduos nós não entendemos o que é o amor de Deus, é como cristianismo coletivo que esse equívoco é potencializado, ainda que isso não seja assumido. Como percebemos isso? Quando chamamos de pecado condenado à perdição estilos de vida que vão contra a definição de moralidade do cristianismo tradicional, principalmente nas áreas da sexualidade e da família. Meus queridos, que vergonha muitos que se acham cristãos passarão na eternidade por causa disso. Quantas vezes já não ouvimos de púlpitos, e alguns famosos, que todo homoafetivo vai para o inferno, sem direito ao amor de Deus? Quantos são excluídos e desprezados para sempre pelos “irmãos” por quebrarem alianças de matrimônios? Sem chance de tratamento de amor que acompanha com paciência, conhece a doença moral e às vezes até psiquiátrica, para recuperar para o amor de Deus, não para abandonar num inferno? 
      Ah, o meu amor e o seu amor são fracos demais, convenientes demais, egoístas demais, e não estou dizendo que devemos simplesmente passar a mão na cabeça do errado, quem ama confronta com a verdade. Sim, o errado deve sentir profundamente a consequência do seu erro, mas sob disciplina de amor, não de vingança, não como se os que o punissem fossem braços e mãos privilegiados do todo-poderoso para fazerem justiça. De fato muitos serão surpreendidos na eternidade, e logo de cara, no primeiro momento que os olhos físicos se fecharem e os espirituais forem totalmente abertos. Será surpresa de alegria ou de dor? De paz ou de perturbação? De segurança ou de constrangimento? Muitos se sentirão profundamente envergonhados pelo falso cristianismo que viveram no mundo, anos em igrejas, assiduidade em cultos, mas sem prática do amor de Deus, isso meus queridos, é um inferno.  
      Todo tipo de promiscuidade é pecado, vício em sexo, como qualquer vício que controla o homem, é pecado, não importa se essa promiscuidade, se esse vício, faz uso de relações físicas íntimas com o mesmo sexo, com sexo oposto, com uma pessoa, com um grupo, com animais, ou com algum tipo de objeto, artifício ou fetiche, que tem como objetivo só saciar de forma desenfreada apetites carnais, sem respeitar aliança de fidelidade com um companheiro por amor e para toda a vida. Nessas palavras tentei definir o que é sexualidade como pecado, diferenciando de relação íntima que ocorre em casamento santo e em amor entre dois seres, sejam do sexo que forem. Sodoma e Gomorra foram condenadas por causa de promiscuidade e de vício sexual, não por causa de relação homoafetiva, essa é minha posição diante de Deus! Condenar homoafetivo, só por sê-lo, isso sim é pecado sujo.
      Até onde você foi por amor? Não me refiro a suportar casamento tóxico, a não ter amor próprio e por isso pagar preço desnecessário por um falso amor que Deus não pede de ninguém. Me refiro a amigos, a irmãos de igreja, a familiares, a seres humanos que estejam precisando urgentemente de uma atitude verdadeira de amor, pelos quais precisamos persistir, orar, aguardando pacientemente o momento certo para que a palavra certa seja dita de modo a erguer o que está caído. Você, que condena um homossexual, já foi com ele até as últimas consequências do amor? Acompanhou-o, às vezes, por anos, ouvindo-o, conhecendo-o, respeitando-o? Verificou se aquilo que podem ter ensinado a você sobre homossexualidade procede, se ela pode ser curada, ou se é só característica com a qual a pessoa tem que viver para sempre, e que não a impedirá de habitar o céu, muito menos de receber o amor de Deus? 

Esta é a 24ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

22/02/22

Amar protege do mal (23/90)

      “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos.” “Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão”.
I João 4.7-9, 19-21

      Com que facilidade condenamos uns ao inferno e outros consideramos reais merecedores do céu, quando odiamos temos o inferno instalado dentro de nós, e quando amamos, o céu desce até nós. Mas até que ponto nossa realidade emocional, ou nossa fantasia mental, reflete a verdade? Sermos libertados da carne não é só fecharmos a boca para fazermos um regime ou pararmos de consumir bebidas alcoólicas e pornografia. A carne usa nosso corpo físico, mas sua essência é espiritual, se não fosse assim o diabo e os demônios, seres puramente espirituais, não estariam tão interessados na carnalidade humana. A carne, como princípio que se opõe ao espírito, também reside no espírito, assim talvez seja mais apropriado entender carne como afastar-se da moralidade e aproximar-se da matéria, e espírito como o desejo de se ter virtudes morais e de se aproximar da mais alta luz espiritual. 
      Na eternidade quem está num inferno, ainda que seja um ser puramente espiritual, continua, de alguma forma, desejando a carne, os prazeres e as ilusões do mundo, ou se prendendo às culpas e dores que vivenciou no plano físico. Já quem está no céu aprendeu a amar as coisas mais altas da vida puramente espiritual, assim olha para cima, não para baixo, sente a atração do amor de Deus e sobe para a luz do Altíssimo. Mas voltando ao ponto, confundimos muito nossa interpretação emocional e mental do mundo, com discernimento espiritual, e isso pode ser um enorme engano. Só conseguimos ter emoções e pensamentos santos, que amam mesmo que a realidade nos leve para o contrário, tendo íntima comunhão espiritual com Deus. Conhecer a Deus é, acima de tudo, conhecer seu amor, só com esse amor podemos amar de verdade a todos, e não só quem nos interessa. 
      Sabe aquela pessoa que mais te incomoda, que te irrita só de estar no ambiente? Cujo riso, jeito, maneira de falar e de reagir, cujas opiniões sobre qualquer coisa, te deixam desconfortável? Não, não precisa ser alguém necessariamente mau, mas é alguém que, como dizem, a “química” parece não bater com a tua. Ela tem algo que você não sabe bem o que é, algo em algum lugar, que faz com que você tenha muita dificuldade para amá-la. Pois bem, essa pessoa Deus ama, profundamente, deseja o bem dela, está sempre pronto para ouvi-la e quer abençoá-la tanto quanto quer abençoar você. Deus não faz nenhuma diferença entre ela e você, para ele vocês são iguais. Esse raciocínio, extremado, pode nos dar uma noção do que é o amor de Deus, e Deus nos orienta a vivenciar um amor com a mesma qualidade, ainda que sejamos seres com potências morais infinitamente menores que a dele. 
      Algo precisa ficar bem claro, Deus ama mesmo aquela pessoa que mais temos dificuldade para amar. Deus vê em alguém, em quem só vemos maldade ou falsidade, a mesma boa intenção, a mesma necessidade de afeto mais puro, a mesma fragilidade, que vê em você e em mim, ainda que nós, do alto de nossos orgulhos e egoísmos, vejamos em alguns só arrogância, só imaginemos ouvir deles, “sou melhor que você e não preciso de você”. Todos nós precisamos de amor, todos nós necessitamos urgentemente do amor de Deus, e todos nós podemos amar com o amor que precisamos receber. Quem nega amor, nega a Deus, nega o seu amor, e mais, a própria existência de Deus, pois Deus é amor eterno e incondicional! Impossível termos qualquer relação com Deus se odiamos alguém, mesmo alguém que aos nossos olhos não merece amor, isso é mentira, todos merecem o amor de Deus. 
      É fácil amar? Não! de maneira alguma, e principalmente algumas pessoas, mas essas pessoas existem em nossas vidas justamente para isso, para nos confrontar com coisas não resolvidas que existem em nós, e que nós não aceitamos, não amamos, e por isso nos envergonham e queremos negar a todo custo. O que isso tem ver com os outros? Tem a ver porque é nessas situações que usamos um mecanismo emocional chamado projeção, o que ele faz? Ele joga nos outros aquilo que não queremos assumir em nós, assim o que nos incomoda nos outros é o que mais existe em nós e nós não gostamos. Se achamos que falamos demais e que isso nos envergonha, que isso revela coisas que gostaríamos de esconder, projetaremos isso nos outros. Aquelas pessoas que achamos que falam demais nos incomodarão a ponto de não conseguirmos amá-las, mas não são elas que não amamos, é a nós mesmos.
      Por outro lado, quem fala demais ouve de menos, se falamos demais não gostamos de ouvir, e mesmo alguns que não necessariamente falem demais, mas talvez só falem aquilo que não queremos ouvir, a esses teremos muita dificuldade para amar. Isso é só um exemplo de projeção, esse mecanismo pode ser usado por nós para escondermos outros assuntos internos nossos não resolvidos. Quem, por exemplo, gostaria de ser mais bonito, invejará alguém que acha que é belo, e por causa disso não conseguirá amá-lo, ainda que na verdade seja belo e não reconheça, e nesse quesito ninguém é feio, todos temos características belas a serem admiradas. A cura está em conhecer o amor de Deus por nós, depois nos amarmos pelo que somos de verdade, e então, só então, teremos condições de aceitarmos as pessoas como elas são e as amarmos. 
      Um alerta precisa ser feito, influenciamos espiritualmente as pessoas de muitas formas, quem não ama alguém também está dizendo que esse alguém não tem direito ao amor de Deus, e se não conectamos a Deus pelo amor, podemos conectar àquilo e àqueles que negam Deus. Isso não é feito só com ódio, indiferença também gera essa condição, intenção é mais poderosa que a palavra e no mundo espiritual intenção é que vale. Se a pessoa caminha em humildade e temor ela está protegida, mas se está andando meio “solta”, ainda que não em pecado explícito, mas numa condição espiritual distante do Senhor, pode, sim, ser influenciada pelo ódio alheio, assim como pela displicência que inconscientemente gera intenção negativa e que conecta-a a influências espirituais maléficas. Amar nos protege de receber e de enviar o mal, de formas que não podemos imaginar. 

Esta é a 23ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

21/02/22

Lei do Cristo (22/90)

      “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir.
Mateus 5.17
      “Não pensem que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir.” 
v. Nova Almeida Atualizada 

      Após crítica desconstrutiva, não destrutiva, feita até aqui no estudo “Quem você será na eternidade?”, segue reflexão sobre a passagem que considero a mais objetiva da Bíblia para nos ajudar a construir nosso melhor homem interior. No texto bíblico postado no final desta reflexão, Jesus entrega a versão avançada das leis mosaicas, que permite à humanidade atingir o próximo nível de espiritualidade, possível a partir de sua vinda como homem. Na segunda parte de Mateus 5 Jesus começa dizendo que não veio ab-rogar, termo jurídico usado nas versões mais tradicionais da Bíblia, que significa revogar, fazer cessar a existência ou a obrigatoriedade de uma lei, fazer cair em desuso, assim ele não veio desprezar a lei, mas cumpri-la, e na verdade com ainda mais veemência. (Fiz uma reflexão sobre as bem-aventuranças, presentes na primeira parte de Mateus 5, em “Raiz, tronco ou galhos?”). 
      Matamos pessoas o tempo todo dentro de nós, e não pense que isso fica em segredo, intenção é mais poderosa que palavras, intenção pode se comunicar com o mundo espiritual e tanto fazer o bem, quanto o mal, com o mundo espiritual se comunica com o pensamento. Por isso Jesus reavaliou a mandamento não matarás, e matamos ainda antes de xingarmos alguém, de dizermos alguma palavras agressiva. Esse conhecimento é de suma importância para quem quiser conhecer mais profundamente a existência do ser humano, a relação dos planos, e principalmente, aquilo que define nossa qualidade moral e consequentemente quem seremos na eternidade. Muitos calam a boca, tomam esse cuidado, conseguem manter aparência de sabedoria e espiritualidade, de respeito com o outro, mas Deus sabe o que está em seus corações, quanto ódio, quanta inveja, quanto rancor, quanto homicídio. 
      Da mesma forma o adultério, nem precisa ser concretizado, basta intenção no coração e na mente, e meus queridos, não é justamente nosso interior quem o mal tem mais atacado, usando ferramentas eficientes como a internet e dispositivos móveis de telefonia? O vírus HIV, que levou as pessoas a se protegerem mais nas relações sexuais, a Covid 19, que encarcerou muitos em casa por causa do isolamento, e mesmo a falta de grana e o pouco tempo da vida moderna tão corrida, tudo isso tem construído um ser humano solitário. O consolo é a vida virtual, basta um celular conectado à rede mundial para que o divertimento seja achado e desfrutado. Assistir vídeos pornográficos e interagir com desconhecidos por webcams e textos coloca em prática o adultério tanto quanto ir ao motel e consumar o ato, o mal tem acabado mais com casamentos pela internet que com zonas de tolerância. Pecado mental é foco do mal, é o novo estilo de vida, e foi justamente contra isso que Jesus alertou-nos há quase dois mil anos atrás. 
      Que valor tem a palavra do homem hoje em dia? Não, não precisamos jurar por Deus ou por nossos pais, basta-nos nossa palavra, um sim ou um não. Jesus conduz crianças à maturidade, ensina que para gente crescida não há necessidade de ter aval de pais, basta-lhe ser correta, são ações nossas como homens de bem que testemunham que somos filhos de Deus. Contudo, como mentimos muitas vezes, nem sempre para obter algum benefício em negócio, mas por pura política, em nossas relações sociais, só para ficarmos bem com algumas pessoas, só por medo de perdermos aprovações caso digamos a verdade. Infelizmente não podemos estar bem com todos, não porque queremos fazer mal a alguém, mas porque não podemos ser aquilo que alguns querem que sejamos, não podemos prometer algo que não podemos cumprir. Temos que dizer a verdade, “eu não posso te ajudar nisso”, “não concordo com isso”, “não espere pois não vou conseguir fazer isso no prazo”, sim, sim, ou não, não, ainda que perdendo com isso. 
      Mas as duas últimas releituras que Jesus faz são as mais importantes, vão contra as leis mais enraizadas na concepção de vida dos israelitas da velha aliança. “Olho por olho e dente por dente” e “amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”, uma se refere à justiça, a outra ao amor. Jesus tira a referência dessas virtudes do mundo, de um reino material na Terra, do contexto de uma nação escolhida lutando contra um inimigo que está nas demais nações, e lança a referência para o alto, para Deus, para o reino dos céus na eternidade. Tratarmos alguém, não do mesmo jeito que esse alguém nos trata, mas de maneira oposta, retornando ao mal, o bem, amando aquele que se coloca como nosso inimigo, pode não nos dar benefícios neste mundo, mas nos dará no outro. Isso é não fazer justiça com as próprias mãos aqui e confiar na justiça vindoura de Deus na eternidade, o que Jesus ensinou provocou uma revolução na concepção religiosa judaica e no mundo, que infelizmente muitos até hoje ainda não entendem. 
      O Cristo abriu os olhos dos homens para verem além de sua terra, de seus bens, além do coletivo de uma nação, e contemplarem a eternidade do reino do Altíssimo para cada indivíduo, indiferente da nação que o indivíduo pertença. O poder que realizaria essa revolução não seria o reinado de um descendente de Davi, com o mesmo ou maior poder político e religioso que esse no mundo, o poder seria o amor, de cada ser humano na Terra, judeu ou não, por outro ser humano. Isso é lindo demais, aleluia! Eis o caminho para construirmos o homem interior que seremos na eternidade, para darmos qualidade ao céu que mereceremos, e o consequente livramento de qualquer inferno, seja aqui ou no outro mundo. Ah se todos os cristãos entendessem isso, seriam libertados de religiões, de catolicismo, de protestantismo, de preconceitos, deixariam de se acharem donos de verdades espirituais, teriam uma comunhão com Deus de qualidade ímpar, viveriam de fato o reino de Deus ensinado por Jesus e mudariam o mundo. 

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      “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.
      “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
      “Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.
      “Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra
      “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.

Mateus 5.21-22, 27-28, 33-37, 38-39, 43-45


Esta é a 22ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

20/02/22

Óculos ou antolhos? (21/90)

      “Ouve tu, filho meu, e sê sábio, e dirige no caminho o teu coração.” 
Provérbios 23.19

      O que você precisa para caminhar, de óculos ou de antolhos? Alguns seguem mesmo sem óculos, com dificuldade, mas vão em frente, fazendo as escolhas certas. É claro que quando admitem suas limitações, suas doenças, que começam a usar óculos, que não são parte original deles, mas acessórios adquiridos, a visão melhora e fazerem escolhas melhores fica-lhes mais fácil. Outros, mesmo com ótima visão, escolhem errado, confiam em si mesmos por terem mais capacidades naturais e não caminham para a direção certa. 
      O que está no fim do caminho ninguém sabe, nem o que enxerga bem, nem o que precisa de óculos, por isso escolhas refinam nossa jornada, mas isso ocorre aos poucos, cada novo trecho deve ser percorrido com escolhas melhores de fé e de boa intenção. Mas tem os que permitem que outros lhes ponham antolhos, aqueles acessórios que são colocados em cavalos e outros animais e que limitam a visão lateral desses, de modo que sigam com mais facilidade para a direção que o cavaleiro escolhe e dirige através do cabresto
      Não há nada de errado em adicionar acessórios externos ou subtrair tendências naturais do ser humano, para que esse fique mais eficiente para alcançar um objetivo, desde que isso seja vontade de Deus para fazer a vontade de Deus. O que Deus não quer que façamos não deve ser feito, nem que tenhamos em nós capacidades naturais para isso, nem usando outros meios. Da mesma forma, o que Deus quer que façamos pode ser feito deixando de usar tendências naturais assim como utilizando acessórios que nos completem. 
      Algumas pessoas precisam de antolhos, não vivem sem eles, infelizmente, no atual grau espiritual da humanidade, nível que já persiste por uns séculos, uma grande maioria de homens e de cristãos, não exerce religiosidade sem antolhos. Eles tornam a vida mais fácil, o que não se enxerga não é empecilho, “o que os olhos não veem o coração não sente”, como diz o ditado. Existem antolhos para todos os gostos e com preços variados, conforme a pompa religiosa que as pessoas querem exibir no mundo aos seus pares. 
      Se alguns ouvem, “o inferno eterno é um conceito que não casa com um amor irrestrito de Deus”, eles respondem, “mas minha religião diz que inferno existe para os que não amam a Deus”, como se o amor de Deus estivesse relacionado ao nosso amor por ele. Se fosse assim estaríamos todos em infinita condenação. Contudo, esses seguem argumentando, “somos salvos por fé em Cristo, isso nos dá o céu”, mas e quanto a tantos, que por um motivo ou outro, nunca ouviram uma palavra adequada sobre Cristo, o salvador?
      Não existe diálogo com quem usa antolhos e cabresto, eles verão o que escolheram enxergar quando permitiram que homens lhes colocassem tais acessórios religiosos. Contradizê-los só os levará a nos taxar de desviados, hereges e rebeldes. Uso de cabresto delega para o outro o direito de escolha, antolhos permitem que só se veja aquilo que se é conduzido a ver, assim não há necessidade de pensar, de orar, de reavaliar, de trabalhar, antolhos e cabresto infantilizam as pessoas, as distanciam da luz mais alta de Deus. 
      Só tem um jeito de se crescer espiritualmente, de se conhecer as verdades maiores de Deus e do mundo espiritual, caminhando-se só, fazendo escolhas baseadas em Deus, não nas religiões. Isso não significa não frequentar igrejas, mas é preciso separar as coisas, vida social necessária em que podemos aprender e ensinar convivendo com pares, com aquilo que somos de verdade e sabemos em Deus. A mais alta espiritualidade não se compartilha em púlpitos, mas guarda-se no coração como tesouro precioso que é. 
      Quando entendemos isso percebemos que nem tudo podemos contar, mesmo para irmãos de igreja, isso não é viver em hipocrisia, mas em sabedoria, entendendo que Deus usa as religiões, mas as religiões não são Deus. Se achar que está enxergando mal, adquira óculos, mas não use antolhos, escolha com sabedoria dada por Deus, mas não permita que outros escolham por você com cabresto. À liberdade somos chamados, para evoluirmos como indivíduos, sozinhos chegamos ao mundo e sozinhos partiremos para a eternidade. 

Esta é a 21ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021