segunda-feira, fevereiro 21, 2022

Lei do Cristo (22/90)

      “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir.
Mateus 5.17
      “Não pensem que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir.” 
v. Nova Almeida Atualizada 

      Após crítica desconstrutiva, não destrutiva, feita até aqui no estudo “Quem você será na eternidade?”, segue reflexão sobre a passagem que considero a mais objetiva da Bíblia para nos ajudar a construir nosso melhor homem interior. No texto bíblico postado no final desta reflexão, Jesus entrega a versão avançada das leis mosaicas, que permite à humanidade atingir o próximo nível de espiritualidade, possível a partir de sua vinda como homem. Na segunda parte de Mateus 5 Jesus começa dizendo que não veio ab-rogar, termo jurídico usado nas versões mais tradicionais da Bíblia, que significa revogar, fazer cessar a existência ou a obrigatoriedade de uma lei, fazer cair em desuso, assim ele não veio desprezar a lei, mas cumpri-la, e na verdade com ainda mais veemência. (Fiz uma reflexão sobre as bem-aventuranças, presentes na primeira parte de Mateus 5, em “Raiz, tronco ou galhos?”). 
      Matamos pessoas o tempo todo dentro de nós, e não pense que isso fica em segredo, intenção é mais poderosa que palavras, intenção pode se comunicar com o mundo espiritual e tanto fazer o bem, quanto o mal, com o mundo espiritual se comunica com o pensamento. Por isso Jesus reavaliou a mandamento não matarás, e matamos ainda antes de xingarmos alguém, de dizermos alguma palavras agressiva. Esse conhecimento é de suma importância para quem quiser conhecer mais profundamente a existência do ser humano, a relação dos planos, e principalmente, aquilo que define nossa qualidade moral e consequentemente quem seremos na eternidade. Muitos calam a boca, tomam esse cuidado, conseguem manter aparência de sabedoria e espiritualidade, de respeito com o outro, mas Deus sabe o que está em seus corações, quanto ódio, quanta inveja, quanto rancor, quanto homicídio. 
      Da mesma forma o adultério, nem precisa ser concretizado, basta intenção no coração e na mente, e meus queridos, não é justamente nosso interior quem o mal tem mais atacado, usando ferramentas eficientes como a internet e dispositivos móveis de telefonia? O vírus HIV, que levou as pessoas a se protegerem mais nas relações sexuais, a Covid 19, que encarcerou muitos em casa por causa do isolamento, e mesmo a falta de grana e o pouco tempo da vida moderna tão corrida, tudo isso tem construído um ser humano solitário. O consolo é a vida virtual, basta um celular conectado à rede mundial para que o divertimento seja achado e desfrutado. Assistir vídeos pornográficos e interagir com desconhecidos por webcams e textos coloca em prática o adultério tanto quanto ir ao motel e consumar o ato, o mal tem acabado mais com casamentos pela internet que com zonas de tolerância. Pecado mental é foco do mal, é o novo estilo de vida, e foi justamente contra isso que Jesus alertou-nos há quase dois mil anos atrás. 
      Que valor tem a palavra do homem hoje em dia? Não, não precisamos jurar por Deus ou por nossos pais, basta-nos nossa palavra, um sim ou um não. Jesus conduz crianças à maturidade, ensina que para gente crescida não há necessidade de ter aval de pais, basta-lhe ser correta, são ações nossas como homens de bem que testemunham que somos filhos de Deus. Contudo, como mentimos muitas vezes, nem sempre para obter algum benefício em negócio, mas por pura política, em nossas relações sociais, só para ficarmos bem com algumas pessoas, só por medo de perdermos aprovações caso digamos a verdade. Infelizmente não podemos estar bem com todos, não porque queremos fazer mal a alguém, mas porque não podemos ser aquilo que alguns querem que sejamos, não podemos prometer algo que não podemos cumprir. Temos que dizer a verdade, “eu não posso te ajudar nisso”, “não concordo com isso”, “não espere pois não vou conseguir fazer isso no prazo”, sim, sim, ou não, não, ainda que perdendo com isso. 
      Mas as duas últimas releituras que Jesus faz são as mais importantes, vão contra as leis mais enraizadas na concepção de vida dos israelitas da velha aliança. “Olho por olho e dente por dente” e “amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”, uma se refere à justiça, a outra ao amor. Jesus tira a referência dessas virtudes do mundo, de um reino material na Terra, do contexto de uma nação escolhida lutando contra um inimigo que está nas demais nações, e lança a referência para o alto, para Deus, para o reino dos céus na eternidade. Tratarmos alguém, não do mesmo jeito que esse alguém nos trata, mas de maneira oposta, retornando ao mal, o bem, amando aquele que se coloca como nosso inimigo, pode não nos dar benefícios neste mundo, mas nos dará no outro. Isso é não fazer justiça com as próprias mãos aqui e confiar na justiça vindoura de Deus na eternidade, o que Jesus ensinou provocou uma revolução na concepção religiosa judaica e no mundo, que infelizmente muitos até hoje ainda não entendem. 
      O Cristo abriu os olhos dos homens para verem além de sua terra, de seus bens, além do coletivo de uma nação, e contemplarem a eternidade do reino do Altíssimo para cada indivíduo, indiferente da nação que o indivíduo pertença. O poder que realizaria essa revolução não seria o reinado de um descendente de Davi, com o mesmo ou maior poder político e religioso que esse no mundo, o poder seria o amor, de cada ser humano na Terra, judeu ou não, por outro ser humano. Isso é lindo demais, aleluia! Eis o caminho para construirmos o homem interior que seremos na eternidade, para darmos qualidade ao céu que mereceremos, e o consequente livramento de qualquer inferno, seja aqui ou no outro mundo. Ah se todos os cristãos entendessem isso, seriam libertados de religiões, de catolicismo, de protestantismo, de preconceitos, deixariam de se acharem donos de verdades espirituais, teriam uma comunhão com Deus de qualidade ímpar, viveriam de fato o reino de Deus ensinado por Jesus e mudariam o mundo. 

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      “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.
      “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
      “Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.
      “Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra
      “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.

Mateus 5.21-22, 27-28, 33-37, 38-39, 43-45


Esta é a 22ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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