28/05/22

Não brinque com pecado

      “Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior.João 5.14

      Brincar com o “pecado” é reincidir nele depois de ter noção que ele é errado e prejudica a nós e aos outros. Coloquei entre aspas porque nesta reflexão “pecado” pode representar vários tipos de erros que seres humanos, cristãos ou não, cometem. Alguns sabem que jogar lixo na rua é errado, mais ainda estando próximos a lixeiras, mas fazem, outros sabem que comer demais prejudica sua saúde, mas continuam comendo sem controle, outros já entenderam que trair o cônjuge machuca a si e ao outro, mas não cessam as traições. Citei três tipos distintos de “pecados”, um social, um físico e outro moral, qual é o meu?
      O pior tipo de irresponsabilidade é ter uma vida de pecado, principalmente na área sexual e conjugal, e usar o púlpito, e nem digo ir de vez em quando à frente do templo para falar alguma coisa, mas para pregar, tendo título oficial de pastor, pregador ou outro. Que escândalo, esses que não abrem mão da vaidade de serem vistos e aplaudidos por muitos, causarão quando seu pecado vier a público, que vergonha para o evangelho, mas também que preço caro pagarão. Brincar com o pecado, não levá-lo a sério e ainda posar de cristão, de “ungido”, de celebridade gospel seja na palavra ou na música, tem preço alto e doloroso.
      Com 62 anos de vida (45 de convertido) já vi muitos pagarem preços amargos por terem brincado com pecado, principalmente por terem sido irresponsáveis com chamadas ministeriais. De vergonha pública e destruição de famílias, a doenças terríveis, mortes por acidentes estúpidos e mesmo suicídios, isso porque muitos que passaram a vida como pastores não conhecem outro meio de sobrevivência, não só social como profissional, perder tudo isso pode ser algo que não dá para ser encarado. Não foi Deus que se vingou, Deus não se vinga, foram as leis divinas do universo cobrando efeitos ruins de causas ruins. 
      É preciso repetir aqui algo: as pessoas, principalmente protestantes, não entendem como Deus trabalha nas vidas dos seres humanos. Muitos cristãos acham que quando alguém vem para uma igreja, se batiza, tem seu nome no rol, e mais ainda, quando faz seminário e se torna pastor ou reverendo, a vida dessa pessoa é transformada como que num passe de mágica. Acham que essa pessoa já está pronta e nunca mais pecará, pelo menos aqueles pecados que tais consideram os maiores (como se pecado tivesse tamanho). Deus pode até trabalhar assim em algumas vidas, mas não em todas, cada pessoa tem história exclusiva. 
      O que Deus tem para as pessoas só saberemos quando elas partirem deste mundo, até lá a “temporada” de reformas, desconstruções e reconstruções, está aberta. Infelizmente, por não entenderem isso é que muitos pastores persistem em esconder assuntos que sabem que destruirão suas carreiras, persistindo na hipocrisia, consequentemente dando um alimento contaminado às ovelhas, mas principalmente, não resolvendo-se. Penso que o pecado pior nem é o pecado em si, e pecado todos nós cometemos, mas é esconder o pecado, isso impede Deus de trabalhar, aumenta o pecado pela mentira e perde-se tempo. 
      Divórcio? Às vezes causado porque o homem ou a mulher nem heterossexuais são? É algo muito triste, dolorido para as famílias envolvidas e mais ainda para filhos se houver, mas é melhor que a hipocrisia. A verdade é sempre melhor, nela Deus pode agir, reconstruir, mas para enfrentá-la há de se ter humildade e coragem. Grandes erros ocorrem por causa de grandes teimosias que existem por causa de grandes orgulhos, a revelação desses implicará em enormes humilhações, que desencadearão mudanças extremas. Mas ninguém se sinta só nisso, muitos precisam disso, mais gente que achamos, ainda que não assuma.
      O que leva à hipocrisia é achar que a vida tem que se resolver depressa, que tem que dar certo de cara, que não se pode errar. Muitos protestantes veem a vida assim, como veem de forma errada suas denominações e suas igrejas, considerando-as pedaços do céu, onde os que pisam não podem mais cometer grandes pecados, isso é arrogância. Isso é menos comum em igrejas pentecostais, que por receberem público com menor poder aquisitivo e pior formação cultural e estrutura familiar, em outras palavras, gente com perfil da maioria dos brasileiros atuais, são mais complacentes com quedas e reerguidas humanas. 
      Mas nas chamadas igrejas protestantes tradicionais, sem generalizar, o falso moralismo pode ser maior, por isso doenças psicológicas e até suicídios de líderes podem ocorrer. Novamente nos deparamos com o questionamento alarmante: que evangelho está sendo pregado nas igrejas cristãs? Aquele que dá novas oportunidades em amor aos humildes, ou o falso, que exige vida religiosa de aparências? Pecado é pecado em qualquer lugar e para todos, não deve ser suportado, mas cura para ele nem sempre é rápida e milagrosa, pode ser um longo processo no tempo, realizado no amor de Deus, e se possível, dos homens. 

27/05/22

Se não for algo espiritual, não diga

      “E procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz. Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem os vossos adivinhos, nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que sonhais; Porque eles vos profetizam falsamente em meu nome; não os enviei, diz o Senhor. Porque assim diz o Senhor: certamente que passados setenta anos em Babilônia, vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar.Jeremias 29.7-10

      Se não há um jeito espiritual de se dizer algo é porque não é para ser dito. Para ser espiritual não basta ser verdade ou dizer com convicção, deve ser manifestado com amor e em santidade. Muitas vezes não conseguimos achar amor para dizer algo, ou não mantemos a santidade quando dizemos, e pode nem ser por estarmos em pecado, mas por estarmos ultrapassando limites e desobedecendo a Deus, ainda que tenhamos algo útil a dizer. Pode ser melhor só orarmos a Deus e intercedermos por alguém, vigiando em amor e santidade, que fazer justiça com as próprias mãos sem amor e perdendo a paz. 
     Antes de tentarmos acertar os outros devemos nos acertar, quando estamos certos diante de Deus somos espirituais e na verdadeira espiritualidade há amor e santidade reais. Contudo, alguns de nós têm chamadas específicas ou são confrontados com pessoas específicas, e nisso não somos chamados para sair atirando verdades nas caras dos outros, mas para orarmos pelos outros, em contrição, humildade e muito amor. Essa é uma chamada poderosa e necessária, ainda que invisível aos olhos de homens, que só honram aquilo que veem. O que trabalha com discrição é abençoado pelo Deus invisível.
      A passagem inicial de Jeremias é uma orientação que Deus dá a um povo que terá que passar por setenta anos de disciplina, situação que não será mudada por nada. Contudo, ainda nessa situação inexorável o povo podia ser feliz e devia orar, ao invés de cair numa disposição depressiva que desiste da vida diante do opressor implacável. Por quem deveria interceder? Pelo opressor. Num mundo atual onde as pessoas não querem pagar preços, não querem sofrer e acham que fé em heresias pode livra-las de toda dor, essa orientação pode não ser entendida por muitos que se dizem cristãos. 
      Eis uma situação onde a verdade não pode ser dita porque quem pode dizê-la está numa posição ilegítima, o povo de Deus sendo escravo de um povo que não teme a Deus. Ainda que seja nação escolhida, Israel não deveria ter qualquer disposição altiva, deveria aprender, agora a duras penas, o caminho da humildade. É mais útil para nós hoje tirarmos uma lição dessa passagem interpretando o cativeiro não como uma fase da vida, mas como toda nossa existência neste mundo, vendo assim entendemos que nascemos em cativeiro e seguiremos cativos até a morte. Cativos de homens? Não, de nós mesmos.
      Se vermos a vida assim entenderemos como podemos ser espirituais, desfrutar de amor e santidade, e como devemos manifestar essa espiritualidade, com humildade e esperando aprovação só de Deus. Se não for espiritual, não diga, o silêncio cabe aos cativos, não do pecado e dos vícios, mas do corpo material, os que assim se colocam são libertos no espírito e como tais têm privilégios espirituais. Não tentemos ganhar e manter glórias neste mundo, isso é uma ilusão, não queiramos dar a última palavra nem prevalecermos sobre os homens de alguma maneira, vivamos para Deus, calando e orando. 
      Quem tiver alguma lucidez perceberá que a orientação desta reflexão vai contra a ordem que impera no mundo atual, que é: diga o que pensa, sem medo e a todos, imponha seus direitos, “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará e neste mundo” (dói meu coração ver essa palavra de Jesus sendo tão mal usada). Ah, meus queridos, este mundo sempre será um cativeiro e só conquista a liberdade maior quem entende e assume isso, quem se prepara para a existência na melhor eternidade com Deus, onde poderemos ser espirituais e dizer, com todo amor e na mais alta santidade, coisas hoje inefáveis.

26/05/22

Livrando-nos do medo (2/2)

      “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.II Coríntios 5.17

      Alguns podem dizer que o que estamos falando aqui é inútil, só “frescura”, esses até têm experiências semelhantes, mas as ignoram. Contudo, precisamos entender que traumas podem nos impedir de conhecer muitas verdades, nos tornam medrosos, limitam nossas jornadas e nos fazem infelizes. Uma das melhores definições de nossas existências neste mundo, é que elas são passageiras estadias num hospital para se experimentar cura, não só do corpo e da mente, mas antes disso do espírito. Negar doença, busca por cura e oportunidade de ser curado é negar a vida, é fugir da razão de ser.
      Muitos fazem isso, são orgulhosos, se acham sãos e fortes, mas são só covardes negando a vida, por isso tantos acham que chorar é sinal de fraqueza, outros choram por qualquer coisa, alguns não acham graça em coisas simples e boas, outros riem de desgraças. Isso tudo são sentimentos viciados precisando de resgate, espíritos doentes necessitando de tratamento. Não podemos ver ou tocar nossos espíritos, mas podemos notar mentes transtornadas, percepções distorcidas e órgãos e membros doentes em nossos corpos, a qualidade de nossos espíritos se reflete nisso tudo.
      Medo é sistema de alerta contra perigo, assim não é errado por si só, mas nem sempre ele nos alerta contra perigos reais, muitas vezes é medo de riscos imaginários, justamente por causa de lembranças onde experiências ruins foram aliadas a sons, imagens, cheiros etc. Vencemos o medo errado com fé em Deus, não somente sozinhos, sim, é preciso determinação pessoal, mas não é só isso que resolve, como diz a psicologia materialista. Fé no Deus verdadeiro nos dá não só proteção contra males, que não temos nem noção que existem, também nos dá conhecimento de verdades espirituais.
      Essas verdades podem nos mostrar aquilo que de fato temos que nos manter longe, e do que podemos nos aproximar sem receio, ainda que a princípio sintamos medo. O desconhecido sempre nos causa temor, mesmo o desconhecido benigno de Deus, e nesse caso o medo não é para nos afastar de algo para sempre, mas só aviso que temos que nos preparar melhor, respeitando nossas limitações assim como os misteriosos caminhos de Deus. Na Bíblia muitos sentiram um temor terrível quando confrontados com seres espirituais do bem (leia mais post “Cegos sob o Sol”).
      É quase normal, para a maioria de nós, ter medo do mundo espiritual, afinal, a tradição judaica-cristã nos criou para ter esse medo. É mais fácil para quem quer controlar as pessoas e impedi-las de saber certas coisas, aliar perigo a essas coisas, assim, por medo, ninguém se aproxima delas. Mas será que temos de fato que temer certas coisas? Elas realmente implicam em perigos? É verdade que coisas podem nos pôr em risco, se não soubermos tratá-las, crianças podem ser criadas com medo já que elas ainda não estão prontas para separar o que é e o que não é perigoso. 
      Mas se nem crianças hoje são criadas pelo medo, por que religiões querem criar homens medrosos? Não podemos voltar no tempo, mas podemos resgatar nossos sentimentos, sabermos quando algo é bom e com o qual podemos nos alegrar, assim como discernirmos quando algo é ruim, não para nos sentirmos apavorados, mas só para nos afastarmos dele. O mais importante é nos libertarmos das mentiras que nossos próprios sentimentos podem nos contar, conseguimos isso reeducando nossos sentimentos à medida que caminhamos com Deus, só sua luz pode nos iluminar e nos curar. 
      Quando algo me amedronta eu pergunto objetivamente a Deus se devo parar ou seguir, muitas vezes não é um “diabo” me afrontando, mas apenas um “anjo” guardando uma porta. Nesse caso se eu pedir com cuidado Deus me preparará, isso pode demorar algum tempo, mas depois Deus abrirá a porta, então, serei libertado do medo. Tenho essa experiência principalmente em áreas de conhecimento do mundo espiritual. Mas mesmo em áreas morais precisamos de resgate, já que nela somos criados no meio cristão com falsos moralismos e muitos preconceitos, que nos causam falsos medos. 
      Como sentimentos podem ser resgatados? Substituindo lembranças de experiências ruins por novas e boas experiências, cujas lembranças falarão mais alto que as antigas. A melhor experiência é conhecer a Deus, depois a nós mesmos, então amarmos os outros e sermos amados do jeito certo, sem violências e egoísmos. Resgate de sentimentos é trabalho de uma vida, ainda que na “conversão” entendamos o que Deus quer de nós, não mudamos num instante. Devemos nos lembrar que em Jesus somos novas criaturas todos os dias, porque nos esquecemos disso todos os dias. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão
José Osório de Souza 

25/05/22

Resgate de sentimentos (1/2)

      “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.Jeremias 17.9-10

      Tem algo em nós que precisa de redenção, nossos sentimentos. Sensações, sons, cheiros, imagens e demais percepções de nossos sentidos, que para alguns podem trazer sentimentos agradáveis, porque de fato são coisas boas, para outros podem trazer sensações ruins. Isso acontece porque em algum momento de nossas vidas, mais provavelmente em nossas infâncias, quando nossas identidades foram formadas, coisas ruins ocorreram enquanto percebíamos essas coisas, dessa forma tal percepção ficou ligada dentro de nós a coisas que fazem com que nos sintamos mal. 
      Vamos supor que na infância uma pessoa tenha recebido a informação que morte e enterro são coisas ruins. Essa pessoa pode até ter experimentado algum tipo de violência em um evento envolvendo morte ou enterro, violência verbal, física, psicológica, ou ter tido uma morte específica que a traumatizou, enfim, em sua cabeça ficou gravado que morte e enterro não são coisas agradáveis. Não que essas coisas sejam agradáveis, mas podemos educar as crianças com sabedoria, de modo que mesmo coisas difíceis e dolorosas elas possam enfrentar com calma.
      Junto disso, que pode ser no momento do trauma ou num momento posterior, a pessoa foi levada a um enterro e percebeu no local um determinado cheiro, pode ser cheiro de comida de um restaurante próximo, de tinta fresca de um lugar acabado de ser pintado, pode mesmo ser o aroma de flores. A mente humana é especialista em conectar pontos, memorizar para depois ser mais fácil achar significado. O que importa no exemplo é que morte e enterro ficaram marcados na cabeça da pessoa como coisas ruins, assim um tal cheiro fará com que ela se lembre disso e sinta-se mal. 
      Pois bem, anos depois, mesmo num ambiente alegre, de festa, se a pessoa perceber o mesmo cheiro se sentirá mal, sua memória se lembrará daquele ambiente de enterro, do lugar onde um morto foi velado. Veja que o problema não é o enterro ou a morte, por mais tristes que sejam essas coisas, também não está no cheiro, poderia ser até o aroma de um suave perfume. O problema foi a informação que registrou-se na cabeça da pessoa, que morte e enterro são coisas ruins, a mente aliará morte e enterro a um cheiro e esse cheiro não será agradável e a fará sentir-se mal.
      Usei o exemplo de coisas que não são as normalmente mais alegres do mundo, mas poderia até ser algo bom, você poderia ter sofrido algum tipo de violência numa festa de casamento, ou ter sido convencido de alguma maneira que festa de casamento é algo ruim. Pois bem, se anos depois, num lugar totalmente diferente, ouvir uma música que ouviu na festa de casamento, você poderia se sentir mal, além de não se sentir bem em qualquer festa de casamento, com ou sem a música, e aí mesmo que não se toque a música você poderá até imaginá-la e ouvi-la. 
      Traumas ficam especificados em nós, um determinado evento será a memória registrada, ainda que tenhamos ido a outros eventos semelhantes, dessa forma além do cheiro, do som, as imagens desse evento virão à nossa mente, juntos do mal estar. Isso não é uma regra, pessoas diferentes podem ser traumatizadas por coisas diferentes, algo que para um poderá gerar um trauma, para outro não fará diferença, e até poderá gerar um sentimento oposto. O ser humano é complexo, e Deus permite provas diversas para que pessoas distintas sejam aprovadas diferentemente. 
      Resgate de sentimentos, eis o ponto desta reflexão, isso é necessário e possível, Deus pode nos ajudar nessa redenção, mas isso não é algo fácil e rápido. O assunto deste texto não é teórico para mim, é experiência prática, e penso que ele pode ajudar as pessoas, contudo, é minha responsabilidade dizer que não sou psicólogo, assim, se tiver um problema sério relacionado ao que refletimos aqui ou se conhecer alguém que tenha, procure um profissional da área médica. Sejamos humildes, alguns problemas não podemos e nem precisamos resolver sozinhos. 
      Esta é a primeira parte da reflexão, a pergunta foi feita, na segunda parte seguirá uma possível resposta. Mas para você não encerrar a leitura sem um ensino, reflita no texto bíblico inicial, enganoso é o coração, diz ele. Não podemos confiar cegamente nas emoções, precisamos confirma-las através de oração persistente, permitindo que o Senhor esquadrinhe nosso coração e prove nossos rins, e coração e rins referem-se aos sentimentos. O que busca a Deus sentirá paz, conhecerá a vontade do Senhor, não só as imaginações de sua alma, e não se sentirá confuso. 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão
José Osório de Souza

24/05/22

Agrade-se Deus conosco

      “O Senhor teu Deus está no meio de ti, poderoso para te salvar; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo.Sofonias 3:17 

      Não existe coisa mais agradável de ouvir que Deus falando que está feliz com nossas vidas, que se agrada dos nossos caminhos. Talvez seja porque não ouvimos isso de homens, e muitas vezes daqueles cuja opinião é mais importante para nós. Penso que é impossível saber dessa aprovação de Deus e não ficar satisfeito, de maneira tal que toda mágoa, toda cobrança, toda inveja e toda insegurança apequenem-se. Estarmos satisfeitos com Deus resolve as outras insatisfações, e com efeito cura todo desamor, sabermos que Deus está feliz com nossas vidas nos deixa livres para amar a todos com pureza e com a paciência, algo que tantos necessitam com muita urgência. 
      Por outro lado, o motivo de muitos cobrarem tanto de homens, de parentes, de irmãos, de amigos, é achar que suas vidas não agradam ao Pai maior, muitas vezes de maneira inconsciente. Contudo, muitos conscientemente não acham que a opinião de Deus sobre eles realmente importa, ainda que se digam cristãos, se importam mais com o que os homens pensam. Homens, incluindo muitos religiosos, julgam pela aparência e pelos títulos, se valores materiais não são exibidos as pessoas são menosprezadas. Deus nos avalia pela espiritualidade, pelas virtudes morais que praticamos, tanto faz para ele dinheiro, bens e posições que mostramos aos homens neste mundo.
      Quando Deus se alegra ele sorri e seu sorriso é a luz espiritual mais alta sendo intensamente emanada sobre nossas vidas e daqueles debaixo de nossa cobertura de oração. A luz de Deus nos salva, nos arrebata das intenções e planos dos maus, mas ela também nos renova em amor. Ser renovado é ser refeito e enquanto no mundo e em corpos físicos nós precisamos de reconstruções constantes, visto que facilmente, e muitas vezes sem motivo aparente, nos entristecemos e nos vemos caídos. A alegria do Senhor é nossa força, nossa vida, nossa esperança, a certeza que Deus não está distante e indiferente, mas perto, atento e ativo, agradando-se dos humildes que o temem. 
      “Quando te sentires totalmente satisfeito só por saber que Deus te conhece e agrada-se de ti, estão serás realmente feliz, pois tua felicidade não dependerá do mundo, mas só de Deus. Quando te satisfazeres com essa felicidade, então, mistérios encobertos a muitos te serão revelados, conhecimentos que materialistas e ocultistas desejam, mas não acham, porque os querem só para se exibirem diante de homens. A palavra de Deus é vida, quem a acha a guarda, como ao tesouro mais caro e raro, e cala, não tem mais necessidade de aparentar, pois já conseguiu ser e ser para Deus, para mais ninguém. Ninguém saberá disso, só Deus, e isso não importará.

23/05/22

Não desista!

      “E não nos cansemos de fazer o bem, porque no tempo certo faremos a colheita, se não desanimarmos.Gálatas 6.9

      Não desista de fazer o bem.
      Não desista de ser a paz.
      Não desista de clamar por justiça.
      Não desista de chamar pecado pelo nome.
      Não desista de pedir perdão.
      Não desista de dar novas oportunidades. 
      Não desista de crer que alguém pode melhorar.
      Não desista de amar.
      Não desista de ser paciente.
      Não desista de ser simples.
      Não desista de não ser malicioso.
      Não desista de não julgar.
      Não desista de orar.
      Não desista de crer.
      Não desista de viver. 
      Não desista de trabalhar.
      Não desista de olhar o Sol.
      Não desista de ver a Lua.
      Não desista de esperar pela chuva.
      Não desista de apreciar as flores.
      Não desista de ensinar as crianças.
      Não desista de seus filhos.
      Não desista de seu cônjuge.
      Não desista de seus pais.
      Não desista de seus irmãos.
      Não desista de você. 
      Não desista de não mudar.
      Não desista de mudar se preciso. 
      Não desista de questionar.
      Não desista de buscar respostas.
      Não desista de querer o que parece impossível.
      Não desista de se contentar com o mínimo.
      Não desista de ser feliz.
      Não desista do céu. 
      Não desista de Deus. 

22/05/22

Rodas quadradas?

      “Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus.Salmos 20.7

      Vou iniciar esta reflexão contando uma estória, nem é uma parábola, e mais uma fábula, digamos assim, e bem hipotética. Há muito tempo atrás, numa terra imaginária, quando as primeiras carroças foram utilizadas e camelos, jumentos, cavalos, bois e outros animais eram força motriz para elas, usava-se rodas, mas não eram redondas, eram quadradas. Parece engraçado? Você já vai entender. Essas rodas tinham utilidade, ajudavam os veículos a se movimentarem, mas eram duras, lentas, giravam aos solavancos. 
      Com o tempo, pelo desgaste, as rodas quadradas perdiam os ângulos e ficavam arredondadas, contudo, quando isso acontecia as rodas eram descartadas e por novas rodas, quadradas, eram trocadas. Usar rodas quadradas nem era escolha do povo, era obedecer ordem do rei, e quem usasse rodas de outros formatos era punido, afinal, só havia uma fábrica de rodas e essa pertencia ao rei. Essa fábula parece inverossímil, ridícula, impossível? Pois é, mas é assim que a humanidade se comporta com muitas religiões. 
      O ser humano, usando mal a característica de adaptabilidade, facilmente se acomoda, assim se alguém que ele considera importante diz algo, ele obedece, nem se importa se as rodas da carroça são quadradas. Se artistas, ricos, políticos e reis são formadores de opinião, mais peso tem a palavra de líderes religiosos, afinal ensinam sobre uma maneira de se ter provisão, proteção e aprovação de uma divindade, assim como um jeito de passar a eternidade no paraíso. Para não precisar pensar, o homem paga outros para isso. 
      Aprofundado-se mais na estória inicial, o problema não estava só nas rodas quadradas serem o tipo de roda que as pessoas tinham que usar no início, se fosse isso com o tempo elas perceberiam que tal formato não era eficiente e procurariam usar formatos melhores. Poderiam mudar para pentagonais, depois hexagonais, só nessas mudanças os solavancos já seriam menos acentuados. Contudo, o rei era dono da fábrica de rodas quadradas, lucrava com elas, e não queria ninguém tendo ideias melhores que a sua. 
      O cristianismo estabelecido no mundo não só dogmatizou entendimentos sobre Deus, o diabo, Jesus, salvação e a eternidade, que ainda que fossem ideias superficiais poderiam ser o início necessário para que depois o homem seguisse sozinho e conhecesse mais das verdades que esses princípios contêm. Esse falso cristianismo proibiu o crescimento, e mais, se alguém pensasse diferente seria excomungado, expulso do rol ou pior. Deve-se usar rodas quadradas sempre, afinal, instituições religiosas lucram com elas.
      Andar com Deus é algo tão poderoso que ainda que comece restrito, se há vontade do ser humano, conduz a conhecimentos espirituais profundos, e isso de maneira natural, como as rodas quadradas que com o tempo, pelo desgaste, se arredondam. Mas nesse momento o homem deve ter coragem para assumir que o que começou limitado tornou-se melhor e não deve ser descartado, mas usado para seguir em frente. Ele não precisa comprar novas rodas quadradas, nem temer o rei, pode usar as mais eficientes rodas redondas.
      Ainda que religiões queiram nos obrigar a comprar rodas quadradas, nosso trabalho de vida com Deus arredondará as rodas, não são líderes religiosos que fazem isso, somos nós e Deus. Mas tem mais, depois que as rodas arredondadas se desgastarem muito, nós mesmos podemos fabricar novas rodas, agora redondas, não quadradas. Trabalho gera conhecimento e conhecimento propicia liberdade (Gálatas 5.1). Qual a melhor religião? A tua para você, a minha para mim, a do outro para o outro, todos conectados a Deus. 
      O melhor é que muitos conheçam o Cristo real, só ele pode nos dar gratuitamente rodas de fogo que se movem em todas as direções e dimensões, que nunca se desgastam e que se renovam eternamente. Contudo, é preciso coragem para nos libertarmos da posição cômoda de religiões, da prepotência de papas, bispos, padres, pastores, apóstolos e outros tantos. Todos esses devem ser respeitados e podem nos ensinar muito, mas não para sempre, assim como não devem ser de forma alguma temidos, temer, só a Deus.