domingo, maio 22, 2022

Rodas quadradas?

      “Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus.Salmos 20.7

      Vou iniciar esta reflexão contando uma estória, nem é uma parábola, e mais uma fábula, digamos assim, e bem hipotética. Há muito tempo atrás, numa terra imaginária, quando as primeiras carroças foram utilizadas e camelos, jumentos, cavalos, bois e outros animais eram força motriz para elas, usava-se rodas, mas não eram redondas, eram quadradas. Parece engraçado? Você já vai entender. Essas rodas tinham utilidade, ajudavam os veículos a se movimentarem, mas eram duras, lentas, giravam aos solavancos. 
      Com o tempo, pelo desgaste, as rodas quadradas perdiam os ângulos e ficavam arredondadas, contudo, quando isso acontecia as rodas eram descartadas e por novas rodas, quadradas, eram trocadas. Usar rodas quadradas nem era escolha do povo, era obedecer ordem do rei, e quem usasse rodas de outros formatos era punido, afinal, só havia uma fábrica de rodas e essa pertencia ao rei. Essa fábula parece inverossímil, ridícula, impossível? Pois é, mas é assim que a humanidade se comporta com muitas religiões. 
      O ser humano, usando mal a característica de adaptabilidade, facilmente se acomoda, assim se alguém que ele considera importante diz algo, ele obedece, nem se importa se as rodas da carroça são quadradas. Se artistas, ricos, políticos e reis são formadores de opinião, mais peso tem a palavra de líderes religiosos, afinal ensinam sobre uma maneira de se ter provisão, proteção e aprovação de uma divindade, assim como um jeito de passar a eternidade no paraíso. Para não precisar pensar, o homem paga outros para isso. 
      Aprofundado-se mais na estória inicial, o problema não estava só nas rodas quadradas serem o tipo de roda que as pessoas tinham que usar no início, se fosse isso com o tempo elas perceberiam que tal formato não era eficiente e procurariam usar formatos melhores. Poderiam mudar para pentagonais, depois hexagonais, só nessas mudanças os solavancos já seriam menos acentuados. Contudo, o rei era dono da fábrica de rodas quadradas, lucrava com elas, e não queria ninguém tendo ideias melhores que a sua. 
      O cristianismo estabelecido no mundo não só dogmatizou entendimentos sobre Deus, o diabo, Jesus, salvação e a eternidade, que ainda que fossem ideias superficiais poderiam ser o início necessário para que depois o homem seguisse sozinho e conhecesse mais das verdades que esses princípios contêm. Esse falso cristianismo proibiu o crescimento, e mais, se alguém pensasse diferente seria excomungado, expulso do rol ou pior. Deve-se usar rodas quadradas sempre, afinal, instituições religiosas lucram com elas.
      Andar com Deus é algo tão poderoso que ainda que comece restrito, se há vontade do ser humano, conduz a conhecimentos espirituais profundos, e isso de maneira natural, como as rodas quadradas que com o tempo, pelo desgaste, se arredondam. Mas nesse momento o homem deve ter coragem para assumir que o que começou limitado tornou-se melhor e não deve ser descartado, mas usado para seguir em frente. Ele não precisa comprar novas rodas quadradas, nem temer o rei, pode usar as mais eficientes rodas redondas.
      Ainda que religiões queiram nos obrigar a comprar rodas quadradas, nosso trabalho de vida com Deus arredondará as rodas, não são líderes religiosos que fazem isso, somos nós e Deus. Mas tem mais, depois que as rodas arredondadas se desgastarem muito, nós mesmos podemos fabricar novas rodas, agora redondas, não quadradas. Trabalho gera conhecimento e conhecimento propicia liberdade (Gálatas 5.1). Qual a melhor religião? A tua para você, a minha para mim, a do outro para o outro, todos conectados a Deus. 
      O melhor é que muitos conheçam o Cristo real, só ele pode nos dar gratuitamente rodas de fogo que se movem em todas as direções e dimensões, que nunca se desgastam e que se renovam eternamente. Contudo, é preciso coragem para nos libertarmos da posição cômoda de religiões, da prepotência de papas, bispos, padres, pastores, apóstolos e outros tantos. Todos esses devem ser respeitados e podem nos ensinar muito, mas não para sempre, assim como não devem ser de forma alguma temidos, temer, só a Deus. 

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