quinta-feira, maio 26, 2022

Livrando-nos do medo (2/2)

      “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.II Coríntios 5.17

      Alguns podem dizer que o que estamos falando aqui é inútil, só “frescura”, esses até têm experiências semelhantes, mas as ignoram. Contudo, precisamos entender que traumas podem nos impedir de conhecer muitas verdades, nos tornam medrosos, limitam nossas jornadas e nos fazem infelizes. Uma das melhores definições de nossas existências neste mundo, é que elas são passageiras estadias num hospital para se experimentar cura, não só do corpo e da mente, mas antes disso do espírito. Negar doença, busca por cura e oportunidade de ser curado é negar a vida, é fugir da razão de ser.
      Muitos fazem isso, são orgulhosos, se acham sãos e fortes, mas são só covardes negando a vida, por isso tantos acham que chorar é sinal de fraqueza, outros choram por qualquer coisa, alguns não acham graça em coisas simples e boas, outros riem de desgraças. Isso tudo são sentimentos viciados precisando de resgate, espíritos doentes necessitando de tratamento. Não podemos ver ou tocar nossos espíritos, mas podemos notar mentes transtornadas, percepções distorcidas e órgãos e membros doentes em nossos corpos, a qualidade de nossos espíritos se reflete nisso tudo.
      Medo é sistema de alerta contra perigo, assim não é errado por si só, mas nem sempre ele nos alerta contra perigos reais, muitas vezes é medo de riscos imaginários, justamente por causa de lembranças onde experiências ruins foram aliadas a sons, imagens, cheiros etc. Vencemos o medo errado com fé em Deus, não somente sozinhos, sim, é preciso determinação pessoal, mas não é só isso que resolve, como diz a psicologia materialista. Fé no Deus verdadeiro nos dá não só proteção contra males, que não temos nem noção que existem, também nos dá conhecimento de verdades espirituais.
      Essas verdades podem nos mostrar aquilo que de fato temos que nos manter longe, e do que podemos nos aproximar sem receio, ainda que a princípio sintamos medo. O desconhecido sempre nos causa temor, mesmo o desconhecido benigno de Deus, e nesse caso o medo não é para nos afastar de algo para sempre, mas só aviso que temos que nos preparar melhor, respeitando nossas limitações assim como os misteriosos caminhos de Deus. Na Bíblia muitos sentiram um temor terrível quando confrontados com seres espirituais do bem (leia mais post “Cegos sob o Sol”).
      É quase normal, para a maioria de nós, ter medo do mundo espiritual, afinal, a tradição judaica-cristã nos criou para ter esse medo. É mais fácil para quem quer controlar as pessoas e impedi-las de saber certas coisas, aliar perigo a essas coisas, assim, por medo, ninguém se aproxima delas. Mas será que temos de fato que temer certas coisas? Elas realmente implicam em perigos? É verdade que coisas podem nos pôr em risco, se não soubermos tratá-las, crianças podem ser criadas com medo já que elas ainda não estão prontas para separar o que é e o que não é perigoso. 
      Mas se nem crianças hoje são criadas pelo medo, por que religiões querem criar homens medrosos? Não podemos voltar no tempo, mas podemos resgatar nossos sentimentos, sabermos quando algo é bom e com o qual podemos nos alegrar, assim como discernirmos quando algo é ruim, não para nos sentirmos apavorados, mas só para nos afastarmos dele. O mais importante é nos libertarmos das mentiras que nossos próprios sentimentos podem nos contar, conseguimos isso reeducando nossos sentimentos à medida que caminhamos com Deus, só sua luz pode nos iluminar e nos curar. 
      Quando algo me amedronta eu pergunto objetivamente a Deus se devo parar ou seguir, muitas vezes não é um “diabo” me afrontando, mas apenas um “anjo” guardando uma porta. Nesse caso se eu pedir com cuidado Deus me preparará, isso pode demorar algum tempo, mas depois Deus abrirá a porta, então, serei libertado do medo. Tenho essa experiência principalmente em áreas de conhecimento do mundo espiritual. Mas mesmo em áreas morais precisamos de resgate, já que nela somos criados no meio cristão com falsos moralismos e muitos preconceitos, que nos causam falsos medos. 
      Como sentimentos podem ser resgatados? Substituindo lembranças de experiências ruins por novas e boas experiências, cujas lembranças falarão mais alto que as antigas. A melhor experiência é conhecer a Deus, depois a nós mesmos, então amarmos os outros e sermos amados do jeito certo, sem violências e egoísmos. Resgate de sentimentos é trabalho de uma vida, ainda que na “conversão” entendamos o que Deus quer de nós, não mudamos num instante. Devemos nos lembrar que em Jesus somos novas criaturas todos os dias, porque nos esquecemos disso todos os dias. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão
José Osório de Souza 

Nenhum comentário:

Postar um comentário