04/08/22

Começa na Bíblia e no louvor (4/92)

      “Porque assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me, e vivei.Amós 5.4

      Tudo começa na Bíblia e no louvor, entretanto, para muitos, tudo também acaba aí. A Bíblia contém textos sagrados especiais, Deus se revelou ao povo judeu de maneira especial. Textos hinduístas e budistas contêm ensinos bem interessantes, se aprofundando em alguns temas de maneira que nem a Bíblia se aprofunda, se você nunca os leu, eu recomendo, mas a Bíblia entrega uma simplicidade viva e atemporal única. Os textos tidos como registrados em sua maior parte por Davi e Salomão, nos consolaram e nos consolarão sempre (leia em especial Salmos 40.1-4).
      Um salmo pode nos permitir catarses emocionais, nos representa a confidência íntima que o escritor faz de sua experiência, detalhando as percepções  de sua alma. Muitos salmos mostram o autor se sentindo preso e sufocado num buraco, cercado por inimigos, mas a confiança em Deus retira o salmista do cárcere, dá-lhe forças para vencer o que achava impossível vencer e depois, leve como um pássaro, bem acima do problema, o vemos no templo de Deus, adorando-o pela bênção. Nenhum livro religioso entrega palavra assim, parecendo ter sido escrita só para nós.
      Tantos desprezam a Bíblia e só perdem com isso, incluindo religiosos e espiritualistas. Olham para o cristianismo desviado do mundo, prendem-se a interpretações ao pé da letra de certas passagens bíblicas, a óticas fora de contexto e preconceituosas, e se privam de beber da água e comer do pão que o Espírito Santo nos dá através do cânone bíblico. Nunca despreze a Bíblia, Deus tem mudado o mundo, a minha e a tua vida por ela, só dê ao mesmo Espírito que inspirou escritores bíblicos, a prioridade que tem como fonte original, fresca e eterna da palavra de Deus. 
      Existe um motivo do porquê o louvor ter ganho tanta relevância nos cultos, principalmente nos últimos trinta anos, pelo menos no que eu acompanho as igrejas protestantes e evangélicas no Brasil. Ele é o meio mais rápido e eficiente de se estabelecer comunhão emocional, física e espiritual com o Deus Altíssimo. Não, não são só belas melodias, letras passionais, ritmos contagiantes, tudo com arranjos instrumentais que têm se tornado cada vez mais profissionais, mesmo em igrejas pequenas. Deus é tocado com essa música e as portas do mundo espiritual são abertas.
      Muitas vezes estou no início da madrugada, quando esposa e filhas já estão dormindo, assistindo algum telejornal, e minha boca simplesmente se “enche” de línguas espirituais, algo poderoso de cima para baixo me puxa para adorar a Deus. Ter uma experiência assim e constante exige de nós andar em Espírito, manter a mente limpa, estar com ouvidos e olhos espirituais sempre atentos, mas como é maravilhoso. Orar não se torna peso, sacrifício, difícil, mas é natural, fácil, e nos leva a ter mais e mais experiências com o mundo espiritual. Somos todos chamados a isso. 
      Tanto na leitura correta da Bíblia quanto no objetivo maior do louvor está a pessoa do Espírito Santo, um procedimento tão importante de Deus após a subida de Jesus ao céu, mas que muitos não entendem, não buscam entender e não vivem. A maioria dos cristãos prefere religião, sentar-se nos bancos, assistir experiências de outros, experimentar êxtases no louvor, mas para aí, não dá seguimento àquilo que o Espírito Santo tem para dar. Se há alguma consagração diferenciada é só enquanto se aguarda solução de uma contingência, depois volta-se ao início. 
      Até quando? Não por muito tempo mais, os dias urgem, uma passagem de era ocorrerá, o velho não poderá mais entregar o novo, só o novo entregará o novo. Essa mudança ocorre na própria alma humana, que está enjoando do velho, mesmo com boa música e estudos bíblicos com cara de novidade, o espírito sente que o velho não alimenta mais. O xeque-mate está ocorrendo com o velho cristianismo apoiando um lado negro da política do mundo, o que a igreja católica fez por séculos, evangélicos querem continuar fazendo, estabelecer o reino de Deus na Terra. 
      Ore mais a Deus, santifique-se mais, busque os dons espirituais, fale em línguas espirituais, profetize, peça sonhos e visões, enfim, viva o chamado sobrenatural de Deus e em Deus. Se na vida deste planeta boas faculdades, boas leituras, conhecimento de outros idiomas, uma visão mais ampla do mundo, abrindo-nos mesmo para estudarmos, trabalharmos e vivermos fora do Brasil, é crescimento, na vida espiritual quem nos leva é o Espírito Santo e experiências profundas com os dons espirituais. Creia, Deus nos chama para mais, busquemos mais a Deus e vivamos! 

03/08/22

Onde está a felicidade? (3/92)

      “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne.Filipenses 1.21-24

      Deus não impõe ao homem buscá-lo, não de fora para dentro. Os que tentam essa busca porque uma religião que lhes foi ensinada pelos pais lhes impõe isso, ou que a fazem por se sentirem obrigados pelo remorso, achando que se não buscarem a Deus cairão em desgraça, não buscam com intenção correta. O que a busca de Deus tem a ver com felicidade? Para muitos nada, muitos não creem no que a ciência não comprova e são materialistas felizes. Será que são mesmo? Talvez tanto quanto os que buscam felicidade só na religião. Somos felizes? Sermos cristãos em igrejas, nos faz felizes, pelo menos mais que os outros? 
      Uma das razões de muitos não serem felizes é acharem que devem ser felizes. Ninguém é feliz, não o tempo todo. Isso não significa que não podemos achar a paz e momentos de alegria. A felicidade não está no sentimento que existe após uma exaltação, mesmo que essa exaltação seja por algo benigno e positivo, toda exaltação passa. A felicidade está na serenidade que se experimenta na humildade, quando se aceita do jeito correto que mesmo que nada aconteça se está em paz. Felicidade não se prova com força, mas com descanso, não no clímax, mas na calma que existe mesmo sem ter havido clímax. Felicidade está na morte.
      Como assim, morte? Mas não somos ensinados o tempo todo, inclusive nas igrejas, que felicidade é vida e eterna? Sim, mas existe vida neste mundo? Não, a matéria existe para morrer, lutar contra isso é o que nos deixa infelizes, assim aceitar a morte inexorável é ser feliz. Isso não é dar um tiro na cabeça, nem viver moralmente de forma irresponsável, mas é aceitar certas finitudes como seres humanos, não nos achando eternos e poderosos como deuses. Felicidade é a morte da matéria para que o espírito viva, esse é o ensino do Sermão da Montanha. Parece, contudo, que o homem atual não quer morrer de jeito algum.
      Não que não se reconheça que o pecado causal é o do interior, e que o exterior é só efeito, como ensina o evangelho. A ciência também é ouvida, buscando-se melhorar qualidade de vida para que se viva mais e num planeta mais bem cuidado. Mas até que ponto essas bandeiras são só desculpas para negar a morte da matéria e não priorizar a vida eterna do espírito? Porque a humanidade, ainda que com valores mais altos e direitos mais amplos que há tempos atrás, segue materialista, o cristianismo o é, a eternidade se torna cada vez mais mera fábula. Dessa forma nega-se a morte, glorifica-se a matéria e esquece-se de Deus. 
      Na obsessão de se querer ser feliz a todo custo não se é, amor à existência neste mundo leva à morte, em achar que o ser humano e a ciência podem tudo só há a tentativa de matar o espírito imortal. A busca de Deus não nos é imposta de fora, mas de dentro, de dentro de nós mesmos, é nosso espírito que clama por Deus, ainda que não seja ouvido. Felicidade maior está em buscar e achar Deus, isso só é possível com ferramentas espirituais. Enquanto isso administramos o mundo e nossos corpos da melhor maneira possível, com inteligência e ciência, mas sempre colocando isso em seu devido lugar, no plano material. 
      No texto bíblico inicial Paulo nos apresenta um nobre dilema, e que inveja “santa” nos dá desse dilema. Se morrer é estar com Cristo, viver é amar as pessoas, ah, meus queridos, como estamos distantes desse alvo. Queremos justamente o oposto, viver sem Cristo e para nossos egos, e morrermos para nos livrar das pessoas e da dor. Quem não sabe viver, não morre bem, mas quem vive certo, está preparado para a morte, ainda que não a busque. Esforcemo-nos, façamos nossa parte para termos vidas dignas aqui, cuidemos também do planeta, nossos filhos e netos precisarão dele para se prepararem bem para a eternidade. 
      Uma boa maneira de olharmos o mundo é vê-lo como sala de aula, ninguém quer estudar num lugar ruim. Queremos ambiente arejado, protegido das intempéries, mas também com clima social de igualdade e respeito. Como alunos estamos o tempo todo trabalhando, o estudo é nosso trabalho, assim temos responsabilidades. O professor não é a ciência, ela ajuda a manter a sala e os alunos bem, mas só dá o suporte, quem nos ensina é um Deus espiritual. Por mais que o recreio seja gostoso, não está nele nossa felicidade maior, essa teremos quando passarmos pela prova final e formos aprovados, só na eternidade. 

02/08/22

Para que viemos ao mundo? (2/92)

      “Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; porque é melhor a sua mercadoria do que artigos de prata, e maior o seu lucro que o ouro mais fino. Mais preciosa é do que os rubis, e tudo o que mais possas desejar não se pode comparar a ela. Vida longa de dias está na sua mão direita; e na esquerda, riquezas e honra. Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas de paz. É árvore de vida para os que dela tomam, e são bem-aventurados todos os que a retêm.Provérbios 3.13-18

      Certas coisas não precisam ser ditas, melhor serem mantidas em segredo, entre nós e Deus. Alguns pecados confessados e perdoados são assim, muitos costumam nos condenar pelos restos de nossas vidas por algumas coisas que fizemos, mesmo que tenham sido corretamente resolvidas em Deus. Evangélicos são os que mais cometem esse engano, justamente eles que pregam perdão em Cristo. Mas muitos deles pensam que as pessoas têm que estar prontas depois que entram em igrejas, assim podiam até errar antes de se tornarem membros oficiais dessas, mas depois não mais. Muitos cristãos não entendem que Deus usa muitas coisas e muito tempo para aperfeiçoar os homens, incluindo idas, saídas e voltas a igrejas. 
      Dessa forma, às vezes é melhor deixarmos certos assuntos só entre nós, Deus e pouquíssimos amigos verdadeiros, mais que irmãos oficiais de igrejas, mas gente que realmente nos ama. Mas o ponto aqui é manter em segredo não erros, mas acertos, e não me refiro à qualquer promoção profissional onde se tem algum aumento de salário, e tem gente, incluindo crente, que tem esse pensamento. Muitos não gostam de falar de prosperidade material, acham que isso atrai inveja, que bobagem, ainda que se deva ter sabedoria nesse assunto, inveja é problema de quem inveja. Alcançarmos nossas vitórias deve nos fazer mais humildes, mas não mais medrosos ou desconfiados. Esta reflexão também tem a ver com humildade.
      O título foi “para que viemos ao mundo?”, você já entendeu qual é tua chamada principal nesta vida? Tenho visto gente com chamada clara, não só para viver, mas para divulgar vida com Deus, Bíblia, ou de maneira genérica, alguma religião. Parece que muitos desses começam bem, compartilham verdades recebidas de Deus e as vivem, não há neles hipocrisia nem invenções, mas num determinado momento a coisa fica estranha. As pessoas se acomodam com um nível alcançado, e com o respeito que esse nível confere a elas diante de outras pessoas, então, se acham com capacidade e no direito de falarem mais que o necessário, não só coisas certas na hora errada, mas coisas erradas, fugindo de suas chamadas iniciais. 
      A vaidade, sempre ela, se não derruba no início, derruba no fim, e não duvidem, todos são tentados por ela. Não sei de alguém, que não seja Cristo homem, que não tenha vencido plenamente a vaidade. Se não podemos vencê-la, convêm-nos ficar longe das situações que nos expõem a ela, o que mais nos expõem a ela é vida pública. Somos seres humanos, como tais precisamos de vida social, nossa identidade é construída na sociedade, não no isolamento. Mas retiros espirituais podem ser úteis e orientados por Deus, não só temporários, mas definitivos, a partir de um momento de nossas vidas. Isso não é fugir para o mato e ficar lá, mas focar na busca espiritual mais profunda, melhor anonimato com Deus que fama com homens. 
      Como já dissemos outras vezes aqui, o caminho do justo é definido pelo fim, não pelo início, e se pode começar bem, deveria terminar ainda melhor. Qual o melhor fim para todos nós? É aquele que prioriza o motivo principal de termos vindo a este mundo, conhecimento de Deus. Pelo que tenho aprendido, é mais conveniente buscarmos mais profundamente esse conhecimento de maneira secreta, evitando compartilhá-lo em púlpitos, sejam físicos ou  virtuais. Isso é para quem entende que o melhor que podem ter neste plano físico é espiritualidade, não riquezas e fama. Na intimidade do Senhor há verdade e paz, no aplauso do mundo há falsidade e dor. Felizes os chamados à humildade, acharão provisão e proteção do Altíssimo. 
      Deus nos usa para abençoar os outros, feliz o que perde para dar ao próximo, contudo, ganharmos a nós mesmos sempre é prioridade. Muitos, querendo ser vistos como altruístas, trabalhadores, espirituais, tentam ganhar o mundo e acabam se perdendo. Há os humildemente arrogantes, os sinceramente falsos, os estupidamente sábios, os termos são antagônicos, impossíveis de serem vividos ao mesmo tempo, mas muitos tentam, por vários motivos. Vaidade é o principal, mas ela conduz à incredulidade e ao desvio do plano original de Deus para nós. Muitos um dia entenderam o evangelho, mas sucumbiram à vaidade do mundo, assim tentam o impossível, serem honrados por Deus e pelos seres humanos ao mesmo tempo. 
      O texto bíblico inicial fala sobre sabedoria, uma característica do sábio é apurada percepção de tempo, ele sabe exatamente quando chegar, quando ficar e quando sair. Se o cristianismo exige chegada com fé, se crescermos dentro de igrejas e religiões requer que permaneçamos olhando para Deus não para homens, conhecimento mais profundo do Altíssimo pede retirada de meios sociais. No mundo atual, distanciamento de redes sociais na internet, é algo sábio a ser feito, mas isso só por quem não tem mais a insegurança de querer prevalecer em polêmicas, nem a vaidade de se exibir como vencedor e feliz. A verdade é que hoje nos apresentamos com menos cuidado na internet, que ao vivo, em igreja, trabalho, escola e família. 
      O final do texto me chama a atenção, “todas as suas veredas (são) de paz, é árvore de vida e são bem-aventurados todos os que a retêm”. Paz, vida e felicidade, mas para os que a retêm, assim, se no início é preciso sabedoria, muito mais no fim. É no final de nossas vidas, já com corpos físicos cansados e limitados para novos empreendimentos no mundo, que precisamos avaliar o que somos. Atingimos aquilo para o qual viemos? Cuidado, não use referências de homens, nem de homens religiosos, os homens não sabem aquilo que de fato precisamos vencer para chegarmos melhores no final. Muitos acham que somos perdedores na área financeira, mas não sabem o preço que pagamos para nos tornarmos moralmente limpos.
      Viemos ao mundo para melhorarmos, isso necessariamente não se evidencia em vida religiosa ou em riquezas materiais. Não julguemos ninguém, mas respeitemos todos, se entendemos para que viemos ao mundo e conseguimos viver isso, também administraremos os outros com amor. O que puder fazer, faça, o que não puder, não faça, mas não seja cobrador do próximo. Confie em Deus que sustenta o que não tem quem o auxilie, e que conduz à humildade o que não precisa de ajuda de homens, para que não se exalte por isso. Saiba quando parar de correr atrás de dinheiro, busque mais a Deus, se a vida é incerta, a morte não é. Adquira a sabedoria mais alta, o bem maior que achamos neste mundo e que poderemos levar ao outro. 

01/08/22

Por que somos cristãos? (1/92)

      “Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.I Samuel 16.7

      Iniciando hoje, noventa e duas reflexões sobre espiritualidade, santidade, fé, mundo, eternidade, temas que cumprem o objetivo maior da chamada profética do espaço “Como o ar que respiro”. Por que falarmos sempre disso? Talvez a pergunta seja: por que somos cristãos se não for para entendermos e vivermos tudo isso? A não ser que estejamos querendo com o cristianismo só mais uma religião, se for isso fatalmente seremos presas de homens, não livres em Deus, manadas de líderes humanos, não rebanho espiritual de Jesus. O que de fato queremos como cristãos, indo a igrejas, lendo Bíblia, cantando louvores e orando? 
      O cristianismo é lugar bem adequado para quem quer só uma religião, principalmente na católica, com suas pomposas liturgias, com suas catedrais carregadas de história e de tradições, com cultos padronizados por sacramentos e dogmas. Quem não se sente num lugar digno de respeito quando está num templo católico? Parece museu, pede seriedade e austeridade por si só, mesmo que não esteja havendo uma missa. Isso é ruim? Não necessariamente, sou protestante desde os dezesseis anos, hoje tenho sessenta e dois, mas ainda sinto algo religiosamente instigante quando estou numa dessas velhas construções católicas. 
      Tive uma experiência significativa aos dezoito anos, quando fazia faculdade na P.U.C. de Campinas. No intervalo fui até à capela da universidade, uma sala comum, com cadeiras e um altar resumido à frente, me ajoelhei e me pus a orar. Um padre então entrou e me exortou duramente, disse ele, “como você se coloca de costas para o altar?”, intimidado saí do local. Eu estava de joelhos, de frente para uma cadeira, mas de costas para a frente da capela, isso escandalizou o sacerdote. Não  importou a ele o fato de eu estar falando com Deus, mas só o fato de eu ter inflingido algum protocolo, nem quis saber se eu era católico ou não. 
      Seria injusto de minha parte fazer qualquer generalização, dizer que todos os sacerdotes católicos agem assim, nem estou me eximindo de ter desobedecido alguma regra importante para alguém, mas ele poderia ter me perguntado se eu conhecia a regra. Aquilo poderia ser uma oportunidade dele me evangelizar, afinal deve ser mais fácil para alguém que está orando dentro de uma capela querer a Deus que outras pessoas. Mas como eu disse foi uma experiência significativa, revelou uma faceta icônica do cristianismo católico, a importância que ele dá a símbolos, rituais e tradições, mais que ao vivo Espírito Santo do Deus altíssimo. 
      Sei que critico o catolicismo, e também critico o protestantismo, mas critico como instituições, já o ser humano católico ou evangélico, sincero e cheio de fé, não deve ser julgado. Deus ouve todos os que o buscam, estejam onde estiverem, e muito mais em catedrais e templos, que ainda que carregados de tradições e mesmo de doutrinas adicionadas ao puro evangelho, recebem quem ora ou reza em nome do Cristo. Mas isso também não me desobriga de instar sobre a necessidade de experiências espirituais mais diretas e profundas com Deus, e para isso nem é necessário muito do que o cristianismo do mundo exige. 
      Um perigo da religião é nos acomodarmos a ela e acabarmos achando que ela é Deus, usando o exemplo acima, se eu não rezar de frente para o altar estarei pecando. Esse tipo de entendimento já deveria ter ficado claro para todos nós que é errado, baseado nas reações que Cristo homem teve diante dos religiosos judeus do primeiro século, quando exortou sobre a relevância do interior sobre a aparência, do espírito sobre a matéria, do amor sobre protocolos religiosos. Contudo, fazem mais ou menos dois mil anos que Jesus esteve no mundo e religiosos ainda não entenderam o que é a religião que de fato agrada a Deus. 
      Reflitamos um pouco mais, não em como somos vistos como religiosos no mundo, não em como a sociedade nos vê como católicos, batistas, presbiterianos, assembleianos ou outros. Os homens veem o exterior e podemos passar vidas inteiras nos esforçando para exibirmos bons exteriores religiosos para eles, mas o que de fato há em nosso interior só Deus sabe. O que levaremos para a eternidade? Nossos espíritos, o que está dentro de nós, as aparências todas ficarão neste mundo. Que tenhamos coragem de vencer o orgulho e a vaidade de querer mostrar, não ser, e ser para Deus, não para padres, pastores ou outros. 
      O texto bíblico inicial relata a chamada de Davi, quando seu pai tentou apresentar ao profeta Samuel outros de seus filhos, porque achava que esses agradariam mais, mas Deus disse que escolheria conforme o coração, não pela aparência externa. Muitos se fiam em igrejas pela grandiosidade que elas têm no mundo, sentem-se seguros de estarem agradando a Deus porque, afinal de contas, são membros fiéis de instituições estabelecidas, como a milenar igreja católica, ou mesmo protestantes seculares. Mas mesmo denominações evangélicas e pentecostais mais novas, inspiram confiança em muitos por terem grandiosos templos.
      Grandioso é o engano de muitos, mas é ele que impede tantos de buscarem mais direta e profundamente a Deus. A busca verdadeira requer aprovação só de Deus, não de homens, exigirá consagração e oração solitárias, sem o suporte luxuoso de templos e ministérios. Isso não significa sair de igrejas, de forma alguma, mas significa colocá-las em seus devidos lugares, locais para reuniões sociais e um conhecimento mais exotérico de Deus, bom para crianças e novatos na fé, eis a verdade, e não interpretem isso como algo arrogante. Não é arrogância, é humildade, quem busca mais a Deus não faz propaganda, guarda para si. 
      Será que os outros irmãos de Davi, apresentados orgulhosamente pelo pai a Samuel, suportariam toda a perseguição que Davi recebeu diretamente de Saul, o rei deposto por Deus e que não aceitava isso? Davi teve que viver como pária por algum tempo, até ter a honra de ser entronizado rei de Israel. Quem quer a vaidade de parecer bom religioso para homens não suporta as provas da busca da espiritualidade mais alta, provas para a humildade e a santidade mais puras. Por que somos cristãos? Se somos para Deus nada nos impedirá de sermos, nem nossos egos, nem os homens, nem os demônios, nem o mundo, nem a religião. 

31/07/22

Clamarei ao Deus Altíssimo

      “Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades. Clamarei ao Deus altíssimo, ao Deus que por mim tudo executa. Ele enviará desde os céus, e me salvará do desprezo daquele que procurava devorar-me. Deus enviará a sua misericórdia e a sua verdade.” Salmos 57.1-3

      Orar com sentimento e com convicção mental é fazer um clamor do lugar mais profundo de nós. Isso é vencer em nós outros sentimentos e pensamentos, outros medos e dúvidas, outros prazeres e ódios, outras distrações, outras preocupações. Mas isso também é levar nossa oração para além do quarto, da sala, do templo, do lugar físico onde estamos orando. Mas mais ainda, é elevar nosso clamor acima de seres espirituais, potestades e principados, chegar a Jesus e por ele alcançarmos o Deus santo e Altíssimo.
      Isso não pode ser feito sem o auxílio do Espírito Santo, e muitas vezes estamos tão exaustos física, emocional e intelectualmente, que mal conseguimos balbuciar algumas coisas. Por isso a primeira coisa na oração é estarmos na condição de templo limpo e focado que pode receber a ajuda do Consolador, isso se faz admitindo pecados, tomando posse de perdão e se colocando numa posição de mais sincera humildade. Quando isso acontece nos acalmamos e sentimos brotar palavras espirituais poderosas dentro de nós. 
      No escuro e no silêncio onde não existem distrações, gotas puras e leves de unção se elevarão, serão o que Deus mais quer ouvir de nós, o que mais precisamos dizer, o que conseguimos falar, e bastará para tocar o trono de Deus nas regiões celestes mais altas. Sempre tenho muita satisfação tentando descrever esse processo, é o remédio que nossas almas necessitam para serem renovadas, mas só o compreenderão de fato os que buscarem a Deus de todo o coração e com toda a mente, em santidade e humildade. 
      A frase final do texto bíblico inicial é especial, “Deus enviará a sua misericórdia e a sua verdade“. Ela não diz Deus enviará seu poder de destruição e vingança, termos que os homens do antigo testamento tanto gostam, ela fala de duas virtudes, que sobre nós não revelam fortalezas, mas fraquezas. Quem necessita de misericórdia é quem errou muito, não merece mais atenção ou perdão, assim clama como excessão, que Deus o ouça e não leve em conta seus erros. A misericórdia de Deus muitas vezes é tudo que precisamos. 
      Mas a frase fala também da verdade de Deus, como precisamos da verdade nos tempos atuais, onde a mentira tem cara de textos bíblicos, boca de evangélicos, e se exibe despudoradamente nas redes sociais da internet. Hoje a verdade é arma mais poderosa que espadas e metralhadoras, que socos e chutes, clamemos ao Senhor por ela, para que chova sobre o nosso país. Nossas vidas pessoais necessitam que a verdade de Deus chegue, e cale tantos que se colocam como setas de espíritos das trevas contra os filhos da luz.

30/07/22

Você conhece a Deus?

      “O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempos de angústia. Em ti confiarão os que conhecem o teu nome; porque tu, Senhor, nunca desamparaste os que te buscam.Salmos 9.9-10

      Algo que dizemos aos materialistas e céticos é que cremos em Deus porque temos experiências reais com ele, nós conhecemos o Senhor e sabemos que ele não desampara os que o buscam. Quem não confia em Deus confiará em outras coisas, e nem estou dizendo que essas outras coisas não sejam legítimas, dignas de confiança, mas não são Deus. Confiar na ciência para cuidar de nossos corpos e mentes, assim como para administrar adequadamente o planeta, é correto. Muitos cristãos deveriam confiar mais na ciência, isso não significa não confiar em Deus, mas temê-lo de forma mais ampla. Deus dá inteligência aos homens para que cuidem de si mesmos e do mundo da melhor maneira possível, glória a Deus por isso.
      Contudo, eu temo pelos materialistas e céticos, vivenciarão um momento em suas vidas que ciência e razão não entregarão solução, então, terão que crer no invisível, no que acham ser impossível, no que pensam ser irracional. Eu disse acham e pensam, porque Deus faz as coisas de maneira racional e inteligente, e ainda que muito do que ele faça achamos hoje estar no campo do não provado pela ciência, um dia poderemos entender que tudo tem causa e efeito, uma lógica, mesmo comprovação pela ciência a princípio materialista. Crer em Deus não é sinal de ignorância, mas de humildade, que admite que não se sabe tudo, não ainda, e que dentro de nós existe um espírito que precisa e anela por um Deus espiritual. 
      Ah, meus queridos amigos e amigas materialistas e céticos, incrédulos de religiões e de Deus, sim, as religiões são imperfeitas e muitos usam religiões da maneira errada, para prender e não para libertar, para fechar e não para abrir. Mas Deus existe, é perfeito e eu conheço seu nome porque já provei, inúmeras vezes, uma ação maravilhosa dele, se tivessem paciência para ouvir saberiam que o Senhor nunca desampara os que o buscam. Não fiquem assim tão sós, materialistas e céticos, por mais que a ciência ajude é só uma ferramenta, fria e vazia. Deus é o que opera todas as ferramentas e ele é vivo e amoroso, admiti-lo como cuidador dos homens, usando a ciência ou não, alimenta nossas almas e nos faz muito felizes. 
      Eu conheço o nome de Deus, poderoso, santo e vivo é esse nome, caminho com Deus racionalmente desde que saí da infância, mas sei que ele cuidou de mim sempre. Fui criado no espiritismo, mas Deus comigo lá estava, depois me converti ao protestantismo, por escolha pessoal, e Deus me acompanhou. Bati muito a cabeça na vida, mas Deus prosseguiu comigo, coloquei à prova muita coisa que a religião me disse, muitas descartei, outras segurei firme, e Deus seguiu fiel comigo, como melhor amigo. Deus só ficou mais iluminado, mas porque eu ouvi sua voz, não a minha, dos homens ou das religiões. Hoje estou curado de muitas doenças, físicas e emocionais, mas mais próximo da santidade e da verdade do Altíssimo Deus. 
      Como se conhece a Deus? Como conhecemos alguém, não é dialogando? Também é assim com o Senhor, tendo papos sinceros com ele, não importando como ou onde estivermos, e sim, pela fé, Deus é, a princípio pelo menos, não perceptível aos sentidos físicos. Mas com o tempo vem intimidade e nela sentimos, ouvimos, vemos, provamos sua ação de maneira inequívoca em nossas vidas. E as religiões? Use-as no melhor sentido, não seja usado por elas, leia a Bíblia, frequente cultos, se puder, faça cursos teológicos, mas a experiência tem que ser pessoal, racional e emocional, não só teórica. O caminho é longo, mas a aventura é fantástica, só melhora se você persistir em conhecer o nome do único e verdadeiro Deus. 

29/07/22

Sede perfeitos!

      “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.Mateus 5.48

      Você luta consigo mesmo, ou aceita muitas coisas como características tuas, que não podem e nem devem ser mudadas? Nem me refiro aos pecados nossos de cada dia, relacionados aos prazeres do corpo, mesmo à ira e a certos descontroles emocionais. Eu tenho muitas características ruins, impaciência é uma delas, mas existe uma séria, que me impede na fonte de ser mais útil nas mãos de Deus nas vidas dos outros. Eu sou meio incrédulo sobre a boa vontade das pessoas. 
      Essa minha intransigência é com todos, mas com jovens é pior, sou meio pessimista com eles, acho-os mimados demais, querem respeito, mas não respeitam, querem direitos, mas não deveres. Ainda que eu saiba que de fato as últimas gerações são diferentes da minha, aquém em alguns aspectos, e que é natural os mais velhos não aceitarem certas coisas de mais jovens, Deus tem me chamado para mudar. Amar não é escolha individual, é vocação de todos, Jesus nos chama à perfeição. 
      Deus ama todas as suas criaturas, esse amor é a força motriz dos universos. Ainda que ele fosse a luz moral mais elevada, o todo-poderoso no plano físico, na Terra, no sistema solar, nas galáxias, e fosse a origem, manutenção e destino de todas as virtudes espirituais, harmonizando os universos em justiça, benignidade e paz, se Deus não amasse o ser humano de forma ativa, só respeitaria o livre arbítrio do homem e se manteria distante, pela incompatibilidade moral que há. 
      Mas é seu amor que atrai os seres humanos a seu melhor, que motiva-os a trabalharem e evoluírem, que dá sentido às suas existências, tanto no plano físico quanto no espiritual. Esse amor divino tem duas características básicas: paciência e fé. Deus acredita em nós, que podemos mudar e melhorar, e aguarda pacientemente que queiramos mudar e melhorar. Deus nunca desiste de suas criaturas, de nenhuma delas, seja qual for o grau de maldade ou o nível de bondade delas.
      Quem busca e conhece a Deus compreende seu amor trabalhando com paciência e fé, assim sabe que se não praticar esse amor não terá utilidade para Deus. Na paciência não julgamos ninguém pelo que é, mas pela fé cremos que alguém poderá ser melhor, isso é o mais alto e puro amor. Em minha impaciência e em meu ceticismo tenho sido levado pelo Espírito Santo a não aceitar essas tristes tendências, a mudar para fazer o que é certo, ajudar as pessoas a serem melhores. 
      Mas não é fácil para mim, não é fácil a ninguém, eu tenho que manter viva essa necessidade o tempo todo na mente, não aceitar minhas tendências ruins, ser humilde, ter paciência com as pessoas e fé nelas. Quando acreditamos nós abençoamos, lançamos sobre uma pessoa a luz espiritual de Deus, fortalecendo-a para ser melhor. Já o nosso pessimismo atrai coisa ruim para nós e para os outros, acreditem nisso, não é superstição, além de adoecer nossa mente e nosso corpo. 
      Digo uma coisa, principalmente aos mais velhos, não aceitemos certas tendências nossas, não nos acostumemos com elas, lutemos contra elas até nosso último instante aqui. Nada nos dá o direito de não termos Deus como meta, Jesus como exemplo e o Espírito Santo como professor das virtudes mais altas. “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz, e o Deus de amor e de paz será convosco” (II Coríntios 13.11).