09/04/23

Só prazer nunca basta (2/2)

      “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo.” Romanos 5.1

      Paz precisa bastar-nos, e para tê-la basta-nos fé, se não aprendermos isso Deus poderá ter que nos prender a leitos para aprendermos. Só quando o corpo para é que o espírito aparece, não para que o corpo seja ocioso, mas para que a mente entenda quais são as prioridades da existência, essas não são físicas, mas morais. Alguns são fortes porque seus corpos estão fortes, mantêm organismos sadios seguindo à risca orientações científicas, alimentam-se bem e têm hábitos esportivos, mas essa força os deixará quando mais precisarem, na velhice próxima à morte. Quando o corpo perder a força, só um espírito forte pode nos manter fortes. Espírito forte é o que pratica virtudes morais, principalmente andar na luz, amar os outros e ser perdoado por Deus. 
      Para muitos, a maior prova de suas vidas não experimentaram quanto tiveram que trabalhar, mesmo em condições ruins, mesmo sendo confrontados por homens invejosos, ociosos, por demônios e pelo mundo. Muitos seguirão, mesmo dando murros em pontas de faça, mas construirão uma reputação. Contudo, como se sentirão na velhice, quando estiverem doentes e limitados para fazerem e acontecerem? Pararão, descansarão em Deus e terão paz? Ou continuarão, mesmo castigando seus corpos e sacrificando outras pessoas, que precisam mais da companhia amorosa e paciente deles que de seus trabalhos? Muitos trabalham para pagarem outros para fazerem coisas que eles poderiam fazer se não estivessem trabalhando, vivem uma farsa. 
      Inferno é busca de felicidade falsa, que acaba achando prazer, não no que se alcança, mas na busca. Contudo, se a busca for cessada a pessoa se sentirá vazia, isso é o oposto da paz verdadeira e mais profunda de Deus. Essa é efeito de uma aprovação de Deus que é dada por andarmos na luz, ela é fim em si mesma, ela não precisa ser comprada por trabalhos, nem mantida por prazeres. Paz não é efeito de nada que não seja fé em Deus, não é efeito do que fazemos, mas causa que nos fortalece para fazermos as coisas. Quem tem paz é feliz mesmo que não possa fazer nada para mudar uma situação difícil, mas quem não tem paz terá que fazer sempre alguma coisa, mesmo que em igrejas, para se sentir útil, aprovado por homens, e ter algum prazer.
      Não pense que acordaremos transformados como num passe de mágica na eternidade, se a libertação em Cristo não for provada aqui, a doença seguirá conosco, guardada em nossos espíritos. Na eternidade não haverá atividades para fazermos para nos darem a ilusão dos prazeres do corpo, lá não haverá corpo, lá será nosso homem interior diante da luz de Deus. O que essa luz revelará? Uma fé profunda e genuína em Deus pelo nome de Jesus, que entrega paz acima de qualquer outro prazer, mesmo daquele que a religião dá? Ou seremos só viciados com síndromes de abstinência, querendo o prazer que já não será possível? O céu é mais simples que achamos, mas o inferno pode ser bem mais abrangente que pensamos ser, a paz determinará isso. 
      Muitos pastores de ministérios enormes, assim como músicos e pregadores famosos, são viciados, por isso, se não caem na prostituição e no alcoolismo, são dependentes de antidepressivos e outras drogas lícitas. Viciam-se na adrenalina que púlpitos e “altares” produzem quando os colocam diante de centenas de pessoas, e acredite, a emoção diante de grandes plateias ansiosas por receberem o que você tem a dizer e a ministrar, entrega um prazer sem igual. Eu pergunto se muitos pastores e cantores carismáticos, estão de fato preparados para aquilo em que mexem, a carência dos outros e as próprias vaidades. Por isso muitos cristãos proeminentes e gerentes de poderosos ministérios têm prazer, mas não têm aquela paz pura, simples e eterna.

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

08/04/23

Que nos baste a paz (1/2)

      “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.I João 1.7

      Queremos Deus ou o prazer que é efeito de uma experiência com Deus em nossos corpos? Muitos de nós estamos tão viciados nos prazeres físicos, que podemos acabar, não buscando valores religiosos, mas só trocando de vícios. Já refleti outras vezes sobre esse tema aqui, mas no momento, Deus me chama especialmente para um tratamento, onde o Espírito Santo me liberta das últimas consequências de vícios. Faço uma pergunta: e se Deus se calasse para você? Não, isso não significa que ele iria parar de cuidar de você, de ouvir tuas orações diárias sobre tuas necessidades básicas, que não te perdoaria mais, não é isso. Estou dizendo que ele, ao menos por um tempo, impedisse experiências que dão a você emoções mais fortes, te entregando só sua paz. 
      Mas paz não basta? Paz deveria bastar, como consequência simples de andarmos na luz, tendo comunhão com as pessoas e perdão pelos nossos pecados. Contudo, muitas vezes passamos a vida buscando fortes emoções, e fazendo isso até em igrejas e em trabalhos religiosos, porque desejamos algo além da paz. Por isso muitos são obcecados, não pelo mundo, não por sexo, comida e bebida, mas por igrejas, por desempenharem ministérios dentro delas. Deus usa isso para abençoar os outros? Sim, sempre. Mas Deus usa isso para abençoar quem faz atividades assim só por obsessão? Por um tempo, na infância de suas jornadas com ele, mas num determinado momento ele terá que confrontar o servo que serve assim, para curá-la e libertá-lo. 
     Difícil é esse tratamento, a libertação de vício religioso, mas é necessário para o que de fato quer amadurecer. Esse vício religioso afeta especialmente músicos, e posso dizer isso porque foi na música que mais trabalhei em igrejas. Muitos são fiéis em ministérios por anos, mesmo debaixo de lideranças que sabem quem estão erradas, porque o prazer que sentem fazendo música é muito grande e se tornou um vicio, maior mesmo que a verdade. Sei que muitos não aceitarão essas palavras, dirão, “mas o que tem de errado eu servir a Deus na igreja com meus talentos e ser feliz com isso?”. Não é errado para muitas pessoas, não é errado para o neófilo na caminhada com Deus, mas pode ser errado para os que querem crescer espiritualmente. 
      Vivendo neste mundo material, o prazer físico, advindo da experiência que for, do corpo ou do espírito, tende a ficar cada vez mais difícil de ser provado e mantido. Quando jovens nos encantamos com facilidade, primeiras vivências sempre são deslumbres extasiantes, nos apaixonamos depressa e pelas coisas mais absurdas possíveis, mas isso muda à medida que nossos corpos envelhecem e que nossos emocionais são usados. Quem não se libertar da necessidade de prazer como efeito, procurará sempre causas mais poderosas para produzir efeitos mais fortes e perenes de prazer. Ainda que quando jovens nossos filtros sejam mais permeáveis, se envelhecermos sem qualidade moral e emocional os filtros perderão ainda mais qualidade. 
      O texto bíblico inicial é uma daquelas passagens bíblicas que contém chaves para maravilhosos mistérios espirituais, nesse caso a chave da paz. Ele cita três conceitos, luz, comunhão e perdão, paz não é citada, mas ela só pode existir quando esses três conceitos são experimentados. Tudo começa na luz de Deus, essa revela a verdade, que se seguida conduz ao amor e à santidade. Na luz temos paciência para amarmos, assim temos comunhão, querer amar os homens sem estar na luz de Deus não é possível. Muitos não amam e colocam a culpa nos outros, mas a culpa é deles que não amaram antes a Deus. Quem está na luz de Deus conhece seus pecados e verdadeiramente se livra deles, buscando perdão no nome de Jesus e ficando em paz com Deus.

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão

07/04/23

Minhas palavras não passarão

      “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo.Marcos 13.31-33

      Como em toda palavra profética bíblica, três entendimentos podem ser feitos. O primeiro é o mais objetivo para o momento histórico em que ocorre a passagem relatada. Jesus fala de coisas que aconteceriam para os homens de seu tempo, e para esses a profecia do texto bíblico inicial pode já ter se realizado. O cerco à Jerusalém e a destruição de Templo no ano 70 d.C., podem ter sido a profecia imediata que Jesus fez. O segundo entendimento também é profético, mas para acontecimentos mais futuros, que podem ainda não terem ocorrido, portanto ainda profecia a ser realizada mesmo para nós hoje. O terceiro entendimento, é o que na prática mais nos interessa, assim como a seres humanos de todos os tempos.
      Para esse último entendimento dois ensinos nos chamam a atenção no texto bíblico inicial, o primeiro é passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. O que vem de fato de Deus, mesmo passando pelos filtros dos contextos históricos dos que registram os textos bíblicos, infalivelmente se cumprem. Jesus disse que até céu e terra passarão, e a ciência diz que a possibilidade do nosso sistema solar entrar em colapso e nosso planeta ser destruído é para daqui a só cinco bilhões de anos. Assim, o cumprimento de profecias sobre fim do mundo, levando em conta os corpos celestes se colapsarem, ainda demora muito, mas enquanto isso, como antes disso e depois disso, a palavra de Deus mantém-se fiel.
      Um detalhe, Jesus disse que o dia final nem os anjos e nem ele sabiam, só Deus, mas vejam que ele afirmou isso ainda como homem. Hoje Jesus é Deus, ou está mais perto de Deus que qualquer outro ser celeste, assim hoje, como ser espiritual, talvez ele tenha essa informação. Se ele sabe pode dizer a alguém? Até poderia, mas isso seria útil? Não para nós homens encarnados, e é sobre isso que nos fala o segundo ensino da passagem, olhai, vigiai e orai, porque não sabeis quando chegará o tempo. Não saber nos leva a vigiar o tempo todo. O trabalho de vigilância moral é nossa vocação principal aqui, é assim para que vençamos pecados e cresçamos espiritualmente, nos preparando para o céu, a melhor eternidade de Deus. 
     Algo importante é preciso dizer sobre a verdade atemporal da genuína palavra de Deus, e entenda que nem tudo que a tradição religiosa cristã de homens lê e entende da Bíblia é essa palavra irrevogável. A palavra de Deus não muda, sempre se cumpre e sempre é verdade, mas pode ficar mais clara, se buscarmos mais a Deus e nos for permitido ver. Quem olha para a Lua a olhos nus e com telescópio vê o corpo celeste dos dois jeito, mas com telescópio enxerga mais detalhes. O que olha a olhos nus não pode dizer que enxerga mais a verdade que o que usa telescópio, nem o que usa telescópio pode dizer que não é a Lua que enxerga, mas outra coisa. Como você olha a palavra de Deus, a olhos nus ou com telescópio? Você escolhe.

06/04/23

Use o escape de Deus

      “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.I Coríntios 10.13

      Se Deus diz que dá-nos o escape para vencermos a tentação, para que nenhuma tentação seja maior que nossas forças possam vencer, mas ainda assim estamos com alguma facilidade caindo em uma tentação, de duas uma. Ou vemos o escape e não o usamos, ou ainda não entendemos qual é esse escape, uma coisa é certa, Deus não mente, nem muda. Ocorre muito é não conseguirmos usar um escape por não o entendermos, e se o entendemos, não damos a devida importância a ele, teimamos em não aceitá-lo. 
      Escape sempre será uma disposição, uma escolha, uma atitude, uma palavra ou só uma convicção mental e emocional, que nos fortalecerá o suficiente para resistirmos à tentação do mal. Em grande parte das vezes essa tentação não é de algo excepcional, mas daqueles pecados mais comuns do nosso dia a dia, principalmente exagero com apetites do corpo, como sexo, comida e bebida, e obras da carne, como ira e inveja, sejamos honesto sobre isso. O escape nos permite superar essas fraquezas de forma objetiva. 
      Vazios, ainda que limpos, entregamos lugar para o mal, assim, além de orarmos e nos acertamos com Deus, temos que ocupar, de maneira produtiva e positiva, nosso tempo e nossas energias. O escape pode ser só estarmos ocupados com o bem. Mas tudo tem o outro lado, nos ocuparmos em demasia, mesmo com coisas que não são más, pode nos cansar, não só fisicamente, mas emocionalmente. Isso pode nos enfraquecer diante de tentações banais, assim, o escape pode ser descansarmos ou fazer algum lazer. 
      Fazer ou não fazer, o que fazermos? Às vezes estamos tão cansados que não temos forças nem para descansarmos, essa é a situação mais difícil de se descobrir o escape. Numa situação assim só uma atitude de serenidade emocional e vigilância espiritual silenciosa pode nos fortalecer. Essa situação é difícil, mas pode ser consequência de uma insistência nossa numa desobediência, que nos deixou exaustos. A vida é constante aprendizado sobre nós mesmos, coisas a princípio boas, podem se mostrar prejudiciais depois. 
      Minha experiência pessoal no momento em que escrevo este texto, é que o escape de Deus para mim, é aceitar pela fé uma informação que o Espírito Santo tem me dado nos últimos dias, e que eu não estou querendo aceitar. Nessa dúvida fico aflito, aflito fico ansioso e como efeito, enfraquecido. Aceitar o que Deus está me dizendo confirma tudo que minha fé pessoal em Deus me ensinou e me deu até aqui. Vou só descansar e aceitar, confiar no Deus que tem me conduzido em vitória, eis o escape para mim agora. 

05/04/23

Paciência e respeito

      “Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e seródia.Tiago 5.7

      As pessoas têm missões absolutamente solitárias neste mundo, o que delas é cobrado, o que elas conseguem responder dessas cobranças, o que elas procuram no mundo, o que as entristecem, o que as fazem felizes e as deixam vitoriosas, só elas e Deus sabem. Nós podemos nos encontrar com elas em algum nível de relacionamento, podem ser amigos que achamos na escola, na faculdade, vizinhos que moram perto de nós, podem ser colegas de serviço, irmãos de igreja, e mesmo familiares próximos e cônjuges, pessoas que queremos e achamos conhecer, mas creia, não sabemos de fato quem são as pessoas. 
      Com todas essas faremos alianças pelas quais teremos deveres e direitos, seja como amigos, como parentes, como cônjuges, como empregados, como patrões, como irmãos de religião, como líderes em igrejas, mas com todas devemos ter o cuidado de sermos pacientes e respeitosos, olhando-as como criaturas muito especiais de Deus, e sempre mistérios para nós. Não podemos mudar ninguém, não temos que mudar ninguém, ninguém é igual a ninguém, nem tem que ser, e ainda que como cônjuges compartilhemos os corpos e cumplicidades e intimidades, sempre haverá nas pessoas lugares fechados e inacessíveis. 
      Se por algum motivo acharmos que temos mais direito a esses lugares que outras pessoas, as pessoas se fecharão e se afastarão, da mesma forma que nós nos protegemos. Sempre, sempre, mesmo com filhos, que vieram ao mundo por autorização nossa, que foram criados por nós, que estiveram sob nossas autoridades por um bom tempo, mesmos a esses devemos dar o direito de serem seres independentes, com privacidade, com livre arbítrio, e com uma solidão inerente a todo eles. Viajantes solitários sofrem, e como administram seus sofrimentos é particular de cada um, importa respeitarmos profundamente a dor de cada um. 
      Não entender e não aceitar isso é o que nos faz muitas vezes sofrer e aos outros desnecessariamente. As pessoas têm direitos, mesmo de não quererem nos dar direitos, e quando é assim devemos simples e educadamente nos afastarmos. As pessoas têm direito de não nos amar, mesmo que as amemos, elas têm o direito de não nos entenderem e mesmo de não nos respeitarem, e nós temos o dever de as respeitarmos por isso, não nos acharmos melhores e não querermos mudá-las, ainda que as amando e orando por elas. Resumindo, tenhamos paciência e respeito com todos, não tentemos mudar ninguém, só a nós. 

04/04/23

Vaidade, a pior tentação

      “E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna? E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus.Mateus 19.16-17a

      O ponto desta reflexão não é a passagem do jovem que se achava um ótimo religioso, mas que tinha o coração preso à riqueza (Mateus 19.22), o ponto são as tentações que Jesus teve. De cara podemos dizer que foram duas, as iniciais, colocadas diretamente por satanás no deserto, no início de seu ministério (Mateus 4.1-11), e sua prisão, tortura e morte que seguiram a oração que ele fez no jardim de Getsêmani, onde nos parece que ele adquiriu a noção exata de como seria seu terrível fim (Mateus 26.36-46). 
      Ambas as tentações acima foram extremas, mas foram rápidas, penso que a grande tentação que Jesus sofreu por mais tempo, foi a do tipo que o jovem do texto bíblico inicial o submeteu, quando o chamou de bom mestre, nela foi tentada sua vaidade, talvez a área mais perigosa que o mal nos tente. Muitos pastores, pregadores e músicos começam certo, com humildade, sem fazer exigências, mas à medida que se tornam conhecidos podem cair na tentação de se acharem dignos demais. 
      Todos nós, que desempenhamos nossas chamadas e vocações de Deus, em Deus e para Deus, somos dignos, mas daquilo que Deus nos dá. Deus não dá nada que faça com que nos percamos, e a pior perdição não é no mundo, mas dentro de nós, quando tiramos o Senhor do trono de nossos corações e nos colocamos. Deus é exclusivo, o lugar que ele ocupa ninguém mais ocupa, e quando isso acontece o Senhor honra o humilde que o deixa reinar em seu trono com dignidade. 
      Contudo, quando nós assumimos o trono de nossos homens interiores, junto de nós, usurpadores ganham lugar e holofotes, são os homens manipuladores, gananciosos, assim como seres espirituais malignos, que usando uma carência mal resolvida em vaidade, nos usam e nos fazem usar as outras pessoas. Jesus resistiu à vaidade, e tenha certeza, o mal deve tê-lo tentado muito nisso, quando via os milagres, as curas e as libertações que Deus fazia por seu intermédio entre os homens.
      Muitos de nós clamamos que sejamos usados por Deus como Jesus foi, e muitas vezes usando textos bíblicos como álibis para isso (João 14.12). Contudo, será que estamos preparados para o day after, o que pode ocorrer depois de Deus nos usar, a reincidente veneração que os homens fazem aos milagreiros? Deus não dá asas a cobra, nem medo de água ao peixe, muitos de nós sucumbiríamos à vaidade, e depois nos acharíamos no direito de fazer exigências pelas maravilhas que fizemos. 
      Isso não é motivo para não sermos usados formidavelmente por Deus, mas com certeza é razão para sabermos o que Deus tem para nós, então, fazermos isso com humildade e muita vigilância. Por isso existem muitos homens e mulheres de Deus atualmente, mas muitos dos genuínos estão no anonimato, discretamente amando, servindo e orando, poucos sabem deles. Esses não são ricos, não por serem reconhecidos por igrejas, mas são cuidados especialmente por Deus, o céu os honrará. 

03/04/23

Na luz as trevas somem

      “Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.Lamentações 3.26

      Muitas acusações que recebemos dos homens, às vezes verbalizadas, outras vezes assopradas por espíritos malignos que acham legalidade na maldade alheia ou em nossa sensibilidade, não devem ser refutadas no mesmo nível. Bem, isso é o que aprendemos nas bem-aventuranças de Mateus capítulo cinco, podemos anular essas acusações reagindo certo, perdoando quem nos acusou, deixando claro para o mundo espiritual que a mentira não nos pertence. Contudo, às vezes a acusação deve ser acolhida, aceita de todo o coração, mas não para sermos torturados por ela, mas para anulá-la. 
      Alguém pode perguntar, “como assim, aceitar acusação mentirosa, sem reagir, em silêncio?”, isso mesmo. Fazer com que a acusação ecoe e nos atormente ou fazer com que ela desapareça, depende da qualidade de nosso homem interior, de nossa vida mais constante e profunda com Deus e suas virtudes. O humilde que acolhe a acusação, não a reterá mais que por um instante, trevas desaparecem sob a luz, mentiras não resistem à verdade. Assim, muitas acusações, aceite-as, não resista nem reaja, se o que você tem dentro de você for boa verdade, a mentira que entrou simplesmente sumirá. 
      Cuidado, o mal é ardiloso, muitas vezes estamos bem, andando próximos ao Senhor, em amor com as pessoas, cumprindo todas as nossas obrigações, então, o mal nos lança uma mentira que consegue nos desestabilizar. O mal não precisa da verdade, só de tempo e de espaço, assim, mesmo uma oração sincera para confrontá-lo e expulsá-lo, já é muito mais que ele merece. Se estamos em paz com Deus o mal não precisa mais que de nosso silêncio, mostrando a ele que temos mais o que fazer, que nosso templo interno não tem espaço para ele, que esse espaço já está ocupado com o Espírito Santo.