28/06/23

Em paz com você

      “E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, diante dele, tranquilizaremos o nosso coração. Pois, se o nosso coração nos acusar, Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas. Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável.I João 3.19-22

      Faça todo o possível para estar em paz com você. Não entenda errado, isso não significa ter uma atitude egoísta, onde se olha só para si mesmo e não se importa com os outros. Para termos a paz baseada em estarmos bem conosco, não importando o que os outros pensam de nós, se nos aprovam ou não, precisamos estar em paz com Deus antes. Quando estamos realmente em paz com Deus não somos egoístas, fazemos bem a quem importa e não fazemos mal a quem merece, fundamentados assim, podemos olhar para nós mesmos e fazermos tudo que podemos para não estarmos em dívida com nossas próprias consciências. 
      Mas existe um mistério em vivermos em paz conosco, é estarmos melhor preparados para a morte. O que é o inferno, senão sentirmos que tivemos oportunidade de acertar nossas vidas, de fazer nossa felicidade funcionar, de receber e dar perdão, e ainda assim não aproveitamos as chances para isso? Não, inferno não é nos sentirmos acusados e humilhados pelos outros, mesmo por Deus, mas por nós mesmos. Temos essa experiência no mundo, ainda que estejamos bem com as pessoas, se não estivermos bem conosco tudo e todo lugar serão um tormento. Imagine estarmos numa situação assim no plano espiritual? 
      Não são os espíritos malignos que nos empurram para baixo, somos nós, que pondo-nos para baixo, “vibramos” na mesma “frequência” de espíritos malignos, que achando nos encarnados consonância moral usufruem momentos de prazer pervertido. No mundo podemos nos distrair com os apetites do corpo, até a dor cansa, dormimos e um novo dia traz nova oportunidade de paz. Na eternidade não teremos distrações do corpo, o que conseguirmos reter por mais tempo no mundo será manifestado lá, se for tormento por culpas e mágoas, estaremos num inferno, e mais próximos a espíritos malignos vibrando semelhantemente. 
      Crendo, que o temente a Deus e humilde, o Senhor livra de acidentes e violências, morreremos quando nossos corpos pararem de funcionar. Será por infarto, por derrame, por tumor, por infecção generalizada, por outro problema? Não sabemos, mas cuidemos de nossos corpos o melhor que pudermos, mesmo desleixo com saúde, ainda que vigiemos na área moral, pode instalar culpa e tortura para “infernos”, não duvidemos disso. Mas tenhamos cuidado com toda irresponsabilidade e displicência, quando deixamos de fazer o que podemos, haverá graça para o desinformado sincero, mais que para o informado e arrogante. 
      Você pode se guardar e estar em paz consigo, mas nem isso te poupará de imprevistos que podem ser úteis à providência divina para te provar e te aprovar em algum quesito. Só Deus sabe qual é a melhor forma de você deixar este mundo para merecer o céu que te está preparado desde antes do início dos tempos. Por isso confiarmos na ciência é sábio, é o que podemos fazer, mas é mais importante confiarmos em Deus, quando Deus quer nem a ciência de nosso século pode prever ou impedir. “Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido” (Jó 42.2), antes de tudo temamos a Deus.  

27/06/23

Amizades ou conveniências?

      “Tenho refletido sobre todas estas coisas para chegar à seguinte conclusão: os justos e os sábios, com os seus feitos, estão nas mãos de Deus; e, se é amor ou se é ódio que está à sua espera, isso ninguém sabe. Ninguém sabe o que vai acontecer.Eclesiastes 9.1

      Penso que uma das bênçãos de envelhecermos bem é darmos valor às pessoas pelo que elas são, não pelo que nos dão. Quando atingimos certa idade ficamos saudosistas, e existem lados bons nisso, aquele que teme a Deus e é humilde verá sumir no ar, como fumaça, os problemas, os defeitos, as discordâncias, que experimentaram com várias pessoas. Assentará no coração as coisas agradáveis, os sorrisos, o que se compartilhou de positivo e construtivo com as pessoas, e mesmo aquilo que não resultou em algo material grande e duradouro, mas que gerou alegria fácil. Mas quem disse que alegria fácil não é duradoura? É ela que rememoramos anos depois, da qual sentimos saudades, que esquenta nossos corações. 
      A vida atual nos leva a mudanças para termos melhores oportunidades profissionais, assim deixamos cidades, estados, até países. Ficam para trás amigos, em empresas, em igrejas, em bairros, e quanta saudade sentimos deles anos depois. Com o tempo entendemos que tantos interesses que nos levaram a fazer certas alianças eram menores, mesmo desnecessários, conveniências que nos impediram de desfrutar do melhor que os seres humanos possuem, seus espíritos exclusivos. Podemos ser felizes de novo, com outras pessoas, em várias áreas, mas nunca será igual, será diferente, não a mesma coisa. As pessoas, todas elas, possuem características únicas, se podem errar como ninguém, amam como só elas podem amar.
      Conhecer um ser humano é conhecer mais a Deus, todos os espíritos são filhos do Senhor e recebem dele um dom especial, algo que lhes permitirá fazer diferença no mundo como nenhum outro ser pode fazer. Deus se manifesta em nós. Se nos conhecermos em Deus e vivermos isso, seremos relevantes, não conforme muitos homens acham que é, mas conforme Deus sabe que é. Todos somos necessários, quem busca e se coloca debaixo da luz do Altíssimo cumpre sua missão, marca as vidas de pessoas certas de forma singular, é ferramenta de Deus para adicionar, não para subtrair. Mas faz amigos, não conveniências, quem não se trata de forma conveniente para agradar à própria vaidade, mas por amar a Deus.
      Você que é mais jovem, principalmente você que é jovem trabalhador dentro de igreja cristã, não deixe que o ativismo religioso seja mais importante que as amizades dos pares, obreiros de ministérios como você. Temos que entender uma coisa, o que importa não são as atividades, as organizações, os trabalhos, mas as pessoas, se um culto ou um evento for perfeito, mas não abençoar de alguma forma as pessoas, não só as que são servidas, mas também as que servem, pouca utilidade terá para o propósito maior de Deus. Na verdade se muitas “convenções”, nome que algumas igrejas evangélicas dão a grandes reuniões, fossem substituídas por cultos familiares com poucas pessoas, seriam bem mais úteis a Deus. 

26/06/23

Às vezes depende de nós só orar

      “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.Romanos 12.18

      Às vezes não depende de nós termos paz com algumas pessoas e conseguirmos conviver bem com elas e de perto. Não é porque não erramos e são as pessoas que estão erradas, muitas vezes erramos e muito, mas ocorre que algumas pessoas, por limites delas, não conseguem nos perdoar. No início, a resistência de algumas pessoas nos faz sofrer e muito, se formos honestos poderemos nos culpar, contudo, com o tempo o perdão maior de Deus se assenta em nós entregando-nos a paz que tira do nosso coração toda culpa. Então, passando mais um tempo nós até insistiremos, afinal, Deus já nos perdoou, contudo, as pessoas podem guardar rancores por muito tempo, insistindo em ver em nós as pessoas erradas que não somos mais. 
      No caso de você não ter consciência de ter feito algo errado, e ainda assim certas pessoas teimarem em não te respeitarem, não se faça de vítima e muitos menos guarde mágoa, só respeite, mesmo o direito de alguns de não terem respeito por você. Não guardar mágoa não significa desprezar, e como eu já compartilhei aqui, às vezes pessoas que nos incomodam injustamente é Deus nos chamando para interceder por elas. Pareceria mais fácil gostar de quem gosta da gente e nos afastarmos de quem não gosta, isso pode ser regra social, mas não é como funciona a espiritualidade mais alta de Deus. Nossa missão principal é amar o próximo, ainda que muitos não nos amem e nem saibam que desejamos tudo de melhor para eles. 
       Vivo na própria pele há algum tempo uma experiência com duas pessoas, elas me incomodam muito e de formas diferentes. Com uma delas convivo há décadas, ambos tivemos vidas complicadas, nos ajudamos quando precisávamos? Não, mas não conseguíamos ajudar nem a nós mesmos. Hoje eu mudei, Deus tem aperfeiçoado meu caminho a cada ano, contudo, a pessoa parece que continua igual, me cobrando por algo que só sou agora, mas que ela teima que ainda não sou. A outra pessoa também é de meu círculo familiar, convivo com ela há mais de vinte anos, com essa a coisa é mais estranha, nunca tivemos nenhum atrito direto, mas depois que passo algum tempo com ela fico pesado, suas palavras voltam-me como acusação. 
      Sobre ambas as pessoas o Espírito Santo me dá uma palavra: “elas precisam de você mais que você precisa delas, precisam de seu amor e de sua oração”. Quando aceito essa palavra meu coração se enche de paz, entendo que o incômodo não é para eu me sentir mal, mas para me lembrar de abençoar tais pessoas. Outro entendimento o Espírito me dá, “não pense que tua atitude de abençoar tais pessoas será reconhecida nesta vida, nem espere por isso, na eternidade as coisas serão entendidas”. Assim devem ser nossas reações com muitos, de luz, de amor, em paz, não para mantermos distâncias aqui, ainda que educadas, mas para aproximarmos seres humanos de Deus para a eternidade. Nenhum ato de amor ficará sem recompensa. 

25/06/23

Mistério da fé

      “Conservando o mistério da fé com a consciência limpa.I Timóteo 3.9

      O texto acima é parte das orientações gerais que Paulo dá a Timóteo sobre administração da igreja local, o versículo inicial orienta especificamente sobre os diáconos, membros selecionados com a finalidade de auxiliarem pastores na área social, dentre outras. Paulo insta algumas vezes em suas epístolas sobre o cuidado que deve haver nas comunidades cristãs, não só com crescimento moral, mas também com necessidades materiais. Dentre orientações relacionadas a casamento e santidade de forma geral, o versículo acima nos chama a atenção por relacionar fé com mistério, palavra que valorizo, ainda que muitos em igrejas pentecostais a vulgarizem sem de fato saberem a profundidade espiritual que ela abarca. 
      Fé é o conceito religioso mais popular, muitos acham que ter fé é ser religioso, é relacionar-se com Deus e com o mundo espiritual. É simples entender o porquê disso em conexões onde não existem provas pelos sentidos físicos e que funcionam a partir de pensamentos e emoções. Quem acredita vê o que não existe, ou que pelo menos ainda não existe, ouve o que gravadores não registram, sente o que não pode ser medido ou pesado, e quem crê não precisa que outros o apoiem nisso, fé é algo pessoal e suficiente. Já refletimos aqui sobre a fé como dom de Deus, essa é diferente de simples convicção humana, é uma informação que Deus dá e que alia legitimidade ao que cremos como aprovado pelo melhor do Senhor.
      Tudo passa pela aprovação de Deus, ainda que espíritos malignos e homens maus possam ser usados para executarem o mal, esses não criam o mal, em Deus tudo é criado, tanto coisas boas como ruins (Isaías 45.7). Se o ser humano crê baseado na fé dom de Deus (Efésios 2.8), numa aprovação que veio de cima para baixo, ele orará de baixo para cima e poderá receber o melhor de Deus, conforme o princípio fundamental de oração de João 15.7. Mas voltemos ao ponto, apesar de muitos acharem que exercer fé é coisa simples e fácil, dela ser para o espírito como é o ar material para o corpo físico, há um mistério na fé. Entenda mistério como algo que neste mundo nunca entenderemos plenamente, ainda que confiemos em mistério. 
      Fé só deixa de ser mistério quando morremos no plano físico e passamos para o plano espiritual, ainda que mesmo no mundo possamos tirar os véus espirituais e enxergarmos o mundo espiritual com mais nitidez. Por outro lado todos exercem fé, mesmo ateus, materialistas, e quem idolatra ciência ao invés de confiar nela como ferramenta maravilhosa de Deus, ninguém levanta da cama de manhã sem fé, mas com a esperança que valerá à pena outro dia debaixo do Sol e que terá nova oportunidade para trabalhar, realizar sonhos e fazer a existência dar certo para ser feliz. Fé no mundo é mistério para que o ser seja desafiado a ir além do limite da matéria, só superando esse limite que se conhece e se vive o melhor de Deus. 
      Quem não crê porque não tem comprovação científica para isso, ou porque não gosta de religiosos e de religiões que dizem crer em Deus, nega parte importante de si mesmo, o espírito, que não vive só algumas décadas no mundo, mas eternamente. O mistério da fé consiste em liberar os sentidos espirituais, que não são meros delírios emocionais e alucinações mentais, ainda que utilize esses para funcionar. Crente não é maluco, ainda que haja muito maluco que ache que é crente, mas como sempre, sabemos a diferença entre o que exerce fé e o que está insano, por bons frutos que permanecem. O mistério da fé entrega lucidez e paz, humildade e santidade, além de um amor paciente, sem preconceitos, por todos os seres humanos. 

24/06/23

Sorte e intuição

      “O Senhor é a porção da minha herança e o meu cálice; tu sustentas a minha sorte. As minhas divisas caíram em lugares agradáveis; é linda a minha herança. Bendigo o Senhor , que me aconselha; pois até durante a noite o meu coração me ensina. Tenho o Senhor sempre diante de mim; estando ele à minha direita, não serei abalado.Salmos 16.5-8

      Sorte é uma facilidade que muitas pessoas dizem ter para serem beneficiadas em empreendimentos onde entram sem nenhum conhecimento prévio se podem ser bem sucedidas ou não. É preciso haver algo desconhecido, imprevisível, para haver sorte, já que se sabemos que existe uma probabilidade maior de algo ser benéfico para nós não precisaremos de sorte. Intuição pode estar relacionada à sorte, quem nela crê se diz beneficiado numa escolha, onde não há conhecimento de qual é a melhor escolha, ouvindo uma voz interior que passa-lhe a informação da escolha mais acertada. 
      O que diferencia intuição de outra informação ou capacitação qualquer, que está disponível para todos, que é inteligível e medível, portanto, não dependendo de sorte, é que a origem da intuição é desconhecida, assim como subjetiva, cada pessoa intui de seu jeito e esse jeito não pode ser ensinado ou passado para outra pessoa. Por incrível que pareça pessoas em polos opostos não creem em sorte e em intuição, os materialistas e devotos da ciência e os cristãos e devotos de Deus, para um extremo sorte e intuição não existem, para o outro não são aprovados pelo Senhor.
      A verdade é que quem teme a Deus e nele confia sempre tem sorte, assim como tem a intuição que mostra-lhe qual escolha fazer para que seja bem sucedido. Sorte é ter a vontade de Deus a seu favor, intuição é ter discernimento para ouvir a orientação do Espírito Santo. Isso significa que o que teme a Deus e nele confia pode comprar um bilhete da loteria que será premiado? Não, quem tem sorte e intuição de Deus não precisa de prêmio de loteria. O pecado da sorte e da intuição é entronizar o ego com a finalidade de ganhar riquezas materiais sem permissão do melhor de Deus. 
      Contudo algo estranho pode ocorrer, pessoas que não possuem relação lúcida com Deus terem sorte e serem sensíveis à intuição, enquanto que outras, com vidas de constante busca a Deus, serem azaradas e surdas à intuição. Não podemos generalizar a maneira como Deus trabalha nas vidas das pessoas, muito menos prender as pessoas em caixas, a existência pode ser complexa e repleta de variáveis. Mas vendo intuição como ouvir uma voz espiritual, não só uma invenção mental, e sabendo que Deus fala com todos, quem acata o Senhor, quem ouve sua intuição, escolhe melhor.
      Mas não é só o Espírito Santo que fala, espíritos malignos também falam, ouvi-los não necessariamente nos levará a viver algo ruim, não em curto ou médio prazo, mas não será bênção duradoura que levaremos à eternidade. Creio em intuição como ouvir uma voz espiritual, mas mesmo alguns bons crentes têm muita dificuldade de usar sua intuição, parece que ainda que vigiem na vida moral, conheçam a Bíblia e sejam assíduos em cultos, não conseguem discernir a voz do Espírito Santo, não com facilidade. Esses têm muita dificuldade de manifestarem dons espirituais, são racionais demais.
      Alguns nascem mais espiritualizados que outros, penso assim, e não confundamos espiritualidade com moralidade. Há céticos mais morais que muitos espiritualizados, e há cristãos morais e ainda assim não espirituais. O espiritual pode fraquejar por muito tempo, mas um dia sempre consegue viver um padrão moral que agrada a Deus dando glória a ele por isso. Por outro lado, pessoas que seguraram por muito tempo um padrão moral alto, não sendo espirituais viveram esse padrão só pelas próprias forças, e quem vive por si sempre acaba querendo honra para si, não para Deus.
      Racionais demais, cuidado! Ainda que sejam religiosos vivem religiões do jeito errado, se fiam no que pode ser visto e aprovado pelo homem, não provam o mistério da fé, não ouvem a intuição, não se alegram por terem a luz mais alta consolando seus espíritos, vocês não se casaram com o Deus da sorte e não ouvem a voz de seu Espírito. Mas quem no fundo de seu ser teme a Deus verá a sorte sorrindo para si, ouvirá a voz de Deus mesmo no vale da sombra da morte, ainda que seja humilhado, no tempo certo será exaltado, não verá intuição como talento pessoal, mas como dom de Deus. 

23/06/23

O ponto de vista correto

      “E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.João 2.23-25

      Só podemos de fato ser espirituais se vermos a existência sob o ponto de vista de Deus. Se tentarmos ver a existência, ainda que sob uma ótica cristã, mas usando um ponto de vista nosso, poderemos até desejar ser religiosos, espirituais, santos, justos, mas ainda será um ponto de vista humano. O ponto de vista humano nunca conduz ao equilíbrio, sempre nos joga nos extremos, o homem é incapaz, só por ele, de ser equilibrado, ele sempre tende a extremismos, seja para um lado, seja para o outro. Entretanto, o ponto de vista de Deus, apesar de ser simples, reto e direto, pode ser de difícil entendimento quando nossos corações estão orgulhosos e vaidosos, quando queremos aparência externa mais que essência interna.
      Pela aparência amamos a matéria, não o Espírito, nos baseamos nos homens, não em Deus, obedecemos à religião, não a Jesus. Pela aparência queremos viver para nós mesmos, não morrermos para nosso ego, mas poderemos nos matar no mundo, e isso pode ser feito de várias formas, perdendo a oportunidade de escolhermos a vida eterna. Nas igrejas cristãs depois que recebemos o leite espiritual para começarmos a andar com Deus, e estou citando igrejas cristãs pois é a minha experiência, onde Jesus me chamou e me trouxe até aqui em paz, nesse lugar precisamos iniciar aprendendo sobre Deus debaixo de pontos de vista humano, nada há de errado nisso, ninguém nasce pronto, todos precisamos dos outros. 
      Contudo, à medida que amadurecemos, que conhecemos mais a Bíblia, que entendemos que ainda que debaixo de pastores e igrejas estamos antes de tudo debaixo de Deus, somos conduzidos a compreendermos as coisas sob um ponto de vista mais elevado. É assim e precisa ser assim, todavia, diante do desafio que o Espírito Santo nos faz, uma de três escolhas podemos fazer. A primeira é a mais fácil, aceitarmos imperfeições de igrejas e lideranças cristãs, mas seguirmos acatando-as. A segunda é mais difícil, ainda que frequentando igrejas e respeitando pastores, empreendermos uma busca pessoal para recebermos mais de Deus. Isso não é só outra escolha, é a única forma de nos fortalecermos para fazermos a vontade de Deus. 
      Todavia, alguns fazem uma terceira escolha, essa é a mais não assumida, ao verem as imperfeições humanas nas religiões, se revoltam contra Deus e não ficam nem nas igrejas e nem fazem uma busca pessoal para saberem mais de Deus. Esses jogarão a culpa por suas insatisfações nos homens e em Deus, não neles, e há muitos que até ficam em igrejas assim, mas revoltados, infrutíferos e frios, enganando a si mesmos e aos outros. Você sabe qual é o ponto de vista de Deus sobre a tua vida, sobre as igrejas, sobre as religiões, sobre os homens? É sempre um ponto de vista de amor, de paciência, de misericórdia, mas que não nos deixa parados, antes nos chama sempre para sabermos e praticarmos mais em sua luz.

22/06/23

Espiritualidade genuína é equilibrada

      “Cada um será louvado segundo o seu entendimento, mas quem tem coração perverso será desprezado. Melhor é ser modesto e fazer o seu trabalho do que engrandecer a si mesmo e não ter o que comer.Provérbios 12.8-9

      Já soube de homens que começaram espirituais, com experiências legítimas com Deus, vigilantes na santidade, mas que depois se desviaram. Não, eles não voltaram para mundo, nem se tornaram presas dos vícios do corpo, mas ficaram tão obcecados por espiritualidade e santidade que se tornaram seus próprios deuses. Como falsos deuses exigiram deles mais até que o verdadeiro Deus pedia, em sacrifícios e insulamentos, e ninguém se engane achando que o mal está só nos excessos materiais. O mal está no excesso, seja ele à esquerda ou à direita. Sei que muitos têm dificuldades para entender isso, mas como sempre, Jesus nos ensina o caminho do equilíbrio, que nos livra de qualquer espécie de obsessão. 
      Algo que revela quando o ser humano se desvia para um excesso que o torna obsessivo, é o isolamento social. Na busca de limpeza moral sem o Espírito Santo, pois todo que ouve às suas próprias referências mais que a Deus fecha os ouvidos para o Espírito, o homem se isola de outros homens para não ser tentado pelos apetites do corpo. Jesus orava, muito, se consagrava, o tempo todo, mas era sensível e obediente à voz do Espírito, assim sabia que sua qualidade moral e espiritual só seria útil se convivesse com as pessoas. Servo é chamado para servir, a quem? Aos seus semelhantes. No isolamento pode até haver menos tentações, mas não seremos úteis para Deus, somos chamados para servir nossos semelhantes. 
      Temos registros de encontros, de aulas, de pregações de Jesus falando sobre a nova aliança para entrar no reino de Deus, mas os evangelhos também citam festas, bodas, refeições com amigos, que o Cristo frequentava. Se de fato tivéssemos um diário completo da vida de Jesus de Nazaré, eu penso que o veríamos bem mais como o homem simples, amigo e alegre que era, ainda que sério quanto às intenções dissimuladas dos homens, assim como focado em sua missão. Jesus não era um religioso obsessivo, com medo do mundo, do pecado, do diabo, não exibia uma espiritualidade pedante, nem uma pseudo-santidade desnecessária, Jesus sabia a vontade de Deus para si e a vivia, sem compromisso com hipocrisias. 
      Não podemos generalizar, nem julgar, a chamada de cada homem só Deus sabe, e se o homem for humilde também saberá. Contudo, a vaidade, sempre ela, principalmente depois que mostramos uma reputação aos homens e esses nos admiram por ela, a vaidade pode levar muitos a estabelecerem suas próprias referências para serem louvados pelos homens. Deus pode pedir de nós recolhimento, mesmo certo distanciamento social, ele sabe de nossos limites e como nos tratar para nos aperfeiçoar, mas servir ao próximo em amor sempre será prioridade de todos que querem servir a Deus, ainda que num grupo social pequeno. Tenhamos cuidado para não nos isolarmos demais, não podemos fugir de nós mesmos.