23/10/23

Ninguém fica sozinho sem motivo (1/5)

      “O óleo e o perfume alegram o coração; assim o faz a doçura do amigo pelo conselho cordial. Não deixes o teu amigo, nem o amigo de teu pai; nem entres na casa de teu irmão no dia da tua adversidade; melhor é o vizinho perto do que o irmão longe.Provérbios 27.9-10

      Em primeiro lugar é preciso deixar claro que ninguém é melhor por ter achado alguém e construído família, assim como não é melhor por estar sozinho e ser mais livre. Contudo, também precisamos dizer que assim como algumas coisas nós escolhemos fazer e ser, outras coisas nos são impostas, tanto pelos outros como por nossos próprios limites. O ideal seria nos conhecermos, nos assumirmos e estarmos em paz com isso. Ainda que soframos vivendo nossas verdades, na vida sempre há dor, há sofrimento injusto em jogar nos outros culpa pelo que se é ou se escolheu ser. Seja como for, alguns que reclamam da solidão, não pagaram o preço da cumplicidade, não abriram mãos de idealismos e vaidades, para compartilharem suas existências com outros de forma mais íntima. 
      Se separarmos algumas áreas de interesse geral na vida, sexo é uma delas, e não me refiro a casamento, família ou relação afetiva, mas à necessidade física de sentir o prazer que uma relação íntimak a dois proporciona. Muitos fazem escolhas sociais para serem livres e delimitarem certos direitos pessoais, mas mesmo muitos desses podem não abrir mão de relações sexuais. É claro que ainda que o mundo moderno separe sexo de amor, prazer físico de compromisso de vida compartilhada, sexo só por sexo não funciona, não em médio prazo, simplesmente porque o espírito que em nós habita e que anela moralidade não tem paz nisso. Assim, aceitando ou não muitos hoje, o melhor sexo é feito em alianças monogâmicas, duradouras e fiéis, que podemos chamar tradicionalmente, casamentos. 

22/10/23

Uma energia? Não, um amigo (2/2)

      “E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé.” Tiago 2.23-24

      Deus existe, indiferente de como creem nele. Muitos cristãos o veem como um ancião de cabelos, barbas e vestes brancos, sentado num trono, moderando a moralidade da humanidade, legislando algumas coisas como pecado, e pedindo respeito às religiões e a uma interpretação fundamentalista da Bíblia para autorizar o céu na eternidade. Mas a verdade mais alta de Deus mistura conceitos antigos e novos. De um jeito mais moderno podemos ver Deus como um ser espiritual, cuja forma não podemos discernir pois emana uma luz tão forte e tão limpa que é impossível ser contemplada no nível moral que temos. Mas essa luz não nos afasta, nos atrai por amor, amor que tem em Jesus sua manifestação mais plena.
      Mas Deus não é só uma energia, que vibra numa frequência altíssima, que interfere no universo visível e no invisível, nos seres humanos, nos animais, na natureza, nas águas, nos ventos, nos climas, no planeta Terra, na Lua, no Sol, no sistema solar, nas galáxias, em todo o resto do universo físico, assim com em todas as existências nos planos espirituais. Eis agora um conceito religioso mais tradicional, que ateus e materialistas desprezam, mas que são conhecidos desde os tempos mais antigos, mesmo por homens que pouco sabiam de ciência. Esse conceito implica em virtudes morais, santidade, amor, justiça, que somos chamados a conhecer e praticar. Vida não está limitada à matéria, mas anseia liberta-se dela.
      Não são só céticos que cometem o erro de tentar enxergar Deus como só energia, muitos espiritualistas também cometem esse erro, e muitos desses porque querem de alguma forma usar a Deus, manipular a energia, geralmente com objetivos materiais. Por isso muitos tentam, desde o final do século XIX, reproduzir fenômenos chamados espíritas como se fossem experiências de laboratório, até conseguem, mas com mais frequência só os físicos, ligados a seres espirituais inferiores, que o cristianismo chama de demônios. Ainda hoje há uma linha espírita que teima em ver as revelações que Allan Kardec trouxe como a inauguração de um momento na história da humanidade onde ciência e religião se conectariam. 
      Jesus mostrou o que importa, a evolução moral, não conhecimento científico do plano espiritual. Os que veem espiritualidade só como relação com energias esquecem-se que espíritos, apesar de formados de elementos desconhecidos, são pessoais, inteligentes e morais, não são plugues ligados a tomadas, querem ser respeitados e amados, para que possam respeitar e amar. Deus é pessoal e afetuoso, ainda que espírito superior e de forma alguma manipulável, ele estabelece uma relação de amor com as pessoas. Não basta-nos concentrarmos a mente e utilizarmos técnicas de meditação e vibração, precisamos conversar com Deus, como se faz com seres inteligentes, nos relacionarmos com ele e construirmos uma amizade. 
      De algum jeito Deus sempre facilita nosso acesso a ele e não se limita às formas que criamos dele em nossas mentes. Contudo, aqueles que buscarem e estiverem preparados, verão a Deus além das formas mentais construídas pelas tradições, se libertarão do ancião de cabelos, barbas e vestes brancos, com uma concepção antiga de pecado. Esses serão amigos de um Deus santo, por isso luz clara e alta, mas que sempre tem a porta aberta para restaurar a todos, e Deus está conectado com todos. Dos ateus Deus respeita os limites, não violenta o livre arbítrio e a fé deles, mas espera, com muito amor, que eles queiram e se aproximem mais, e permitam serem iluminados por aquele que é início, meio e fim de tudo. 
      Talvez o motivo principal de muitos não crerem em Deus nem esteja em razões religiosas e científicas, mas em razões afetivas. Se o Deus verdadeiro nos chama para sermos amigos dele, terão dificuldades de experimentarem essa relação de amizade pessoas desconfiadas e orgulhosas. Quem não consegue se compartilhar com alguém que vê, como o fará com o invisível? Espiritualidade mais alta nada mais é que uma persistente e íntima amizade com Deus, por isso Deus não pode ser visto só como uma energia, como uma influência moral, como a luz mais alta e mais pura, como a sabedoria mais profunda, ele é tudo isso, mas mais, é um amigo próximo. Na eternidade Deus não buscará religiosos ou cientistas, só amigos. 

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a 1ª parte desta reflexão

21/10/23

O invisível dá vida ao visível (1/2)

      “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.” I Timóteo 1.17

      Materialistas e ateus não entendem, não querem entender ou entendem e não admitem, a dependência que o universo visível tem do universo invisível. Parece que se esquecem que há poucos séculos, antes da invenção de microscópios e do desenvolvimento de certas áreas da ciência que nos possibilitaram enxergar o que não podemos ver a olhos nus, o homem, e muitos da classe intelectual, não acreditavam em doenças causadas por vírus e bactérias. Dizer no passado que um micróbio poderia fazer um ser humano adoecer, era semelhante a crer que demônios podem se apossar da consciência dos homens e controlarem seus corpos. A ciência evoluiu e evoluirá, porém, verdades espirituais genuínas nunca mudam. 
     Mas não confundamos verdade espiritual com dogma religioso. A física foi além da microbiologia ao entender pela mecânica quântica fenômenos de dimensões atômicas e subatômicas, que não conseguimos relacionar de maneira direta com nossa experiência macroscópica, o que vivenciamos com nossos sentidos. Mas se aparelhos e tecnologias nos permitiram ver e estudar coisas pequenas demais, também nos ajudaram a estudar coisas gigantescas e distantes demais, como os astros e outros corpos cósmicos fora do planeta Terra. Assim, simplesmente dizer que Deus e espíritos, fora ou dentro de corpos, não existem, não é possível, pelo menos não ainda, se alguém quiser ser científico isso é no mínimo uma possibilidade. 
      Mas muitos negam a existência de Deus, não porque foram a fundo na busca e nada acharam, estudando religiões e investigando com seriedade fé e manifestações espirituais, mas porque não gostam do fã clube de Deus, digamos assim. Eles não têm motivos legítimos para não gostarem de Deus, mas equívocos baseados em interpretações equivocadas de muitos religiosos, assim a mentira faz duas vítimas, uma que crê e outra que não crê. Meus caros ateus e materialistas, se a ciência precisa de trabalho sério e meticuloso para ser verdadeira e não charlatanismo, experiência real com o Deus verdadeiro também precisa para não ser superstição, ainda que seja possível a qualquer um, mesmo sem erudição intelectual.
      Por um lado não existe diferença, não preciso entender de medicina para confiar nas orientações que um médico me passa sobre como restabelecer e manter minha saúde, só preciso de fé, que ele é um profissional competente e sabe o que diz. Com Deus é semelhante, ainda que na área espiritual, não preciso comprovar sua existência com meus sentidos físicos, basta-me acreditar que ele me ama e realiza o melhor por mim e em mim para experimentá-lo. Mas até que ponto sou beneficiado no plano físico por um evento do plano espiritual? Eis o ponto, e podemos ter várias respostas. A primeira é: não sabemos, ou, ainda não sabemos até que ponto o que denominamos hoje de mundo espiritual interage com o mundo material. 
      A outra resposta é: muitos eventos que muitos aliam a intervenções espirituais são eventos puramente materiais, não há “milagre” algum neles, pelo menos não em como acontecem, mas em quando acontecem. Muitos “milagres” ocorreriam de qualquer maneira, e também ocorrem para ateus e materialistas, são só efeitos de processos físicos, mas que para o que crê em Deus ocorrem em momentos especiais e específicos, nem antes, nem depois, mas exatamente quando são necessários e após serem apossados em oração. Mas há uma terceira resposta, e nessa muitos céticos podem achar bons argumentos para serem céticos: muita coisa que muitos aliam a Deus são só invenções mentais, não são fatos. 
      A vida não é dois e dois são quatro, a conta não bate, principalmente se olhamos a existência só com olhos físicos. A vida na verdade não faz conta, contar é controlar, controlar é prender, espírito não se prende. Há muito mais no mundo que se pode ver, e o que vive para sempre está invisível, a morte é que é visível. Quem vê a vida só como trabalhar para comer e comer para ter forças para trabalhar, ainda que tenha PHDs, trabalhe com alta tecnologia e coma alimentos caros, só está construindo morte. Não é dinheiro e ciência que nos fazem usufruir e entender a vida, mas fé, virtude que materialistas e ateus arrogam não precisarem, mas que faz o humilde usufruir e entender o invisível que vence o visível. 

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a 2ª parte desta reflexão

20/10/23

Paz no real, luz no mental (2/2)

      “E tu, meu filho Salomão, conhece o Deus de teu pai, e serve-o com um coração perfeito e com uma alma voluntária; porque esquadrinha o Senhor todos os corações, e entende todas as imaginações dos pensamentos; se o buscares, será achado de ti; porém, se o deixares, rejeitar-te-á para sempre.” I Crônicas 28.9

      Vamos definir imaginário como algo que nasce dentro de nós, sem auxílio de ser humano ou de espírito, e tenha certeza, somos totalmente capazes de gerarmos o mal com total autonomia. Se o mal real, que vem de fora, acha em nossa imaginação terra fértil para grudar em nós e dar seus frutos, nós mesmos podemos plantar e colher o mal nessa terra. A imaginação humana, contudo, é muito mais que capacidade para criar arte, sonhar, gerar prazer e efervescer dores, é ferramenta para comunicação com o plano espiritual. Na eternidade seremos espíritos livres, esses são nossas consciências, mentes e sentimentos, libertadas das limitações de espaço, tempo e matéria, podendo se comunicar e se mover na velocidade do pensamento. 
      Quando dizemos, “ah, isso é bobagem, é coisa da minha cabeça, só imaginação”, podemos cometer um erro. O que mais nos faz sofrer se passa dentro de nossas mentes, muitas vezes sem ninguém saber, mas o que mais nos dá prazer também pode existir só dentro de nossas cabeças, e pode ser melhor que muita realidade. Deus não precisa de nossas palavras, basta uma prece mental, focada, verdadeira, e ele pode mudar nossas vidas. Por outro lado basta um pensamento errado, uma interpretação equivocada de uma palavra, de um gesto, de uma atitude, e colocamos tudo a perder. A vida é mental, depois se manifesta na realidade material, quem já não se sentiu acima da terra, como um espírito levitando sobre a realidade? 
      Estamos aqui para pôr os pés no chão, e ainda que o imaginário nos eleve ao espiritual eterno, quem vive só de imaginação aliena-se e pode até endoidecer. O melhor da vida são as pessoas e com elas, pelo menos a princípio, nos compartilhamos com palavras em som audível e com ações físicas, ainda que muitas vezes tenhamos uma comunhão quase que espiritual com alguns, onde não se necessita de palavras ou de toques, só de olhares. Não fujamos da realidade, o sábio será humilde para achar suas convicções, mas também para respeitar as convicções dos outros, assim dará e receberá, fará parte do imenso sistema do universo onde é uma engrenagem importante para que a humanidade ache paz no real e luz no mental. 
      Talvez um título melhor para esta reflexão fosse “real ou mental”, já que nem tudo que existe em nossa mente é imaginação e mentira, mas pode ser tão real quanto aquilo que ocorre no mundo material. Muitas vezes aqueles que mais negam o espiritual são os que mais usam o mental, e muitos desses são os que mais adoecem psicologicamente. Mas assim como nossos corpos precisam processar uma respiração, inspirando o que é necessário e expirando o que é inútil, e isso não inclui só oxigênio, mas também alimentos sólidos e líquidos, nossa mente também precisa respirar. Não basta assimilarmos e processarmos tudo, temos que nos livrar de males, isso, contudo, não podemos fazer sem íntima interação com o Espírito Santo de Deus. 
      Buscar a Deus é respirar espiritualmente, isso mantém asseado nosso espírito, que ventila e limpa nossa mente, que produz sentimentos elevados e que finalmente dá saúde a nosso corpo, mantendo-o longe de vícios e obsessões. Mas se respirar com o corpo é algo que fazemos sem pensar, já que se pararmos de respirar morremos, respirar espiritualmente é escolha que Deus nos dá, e muitos tentam substituir isso com experiências intelectuais e artísticas. Como sempre digo aqui, experiências religiosas podem levar a Deus, mas não são a presença de Deus, podemos estar mortos espiritualmente mesmo sendo religiosos sinceros e fiéis. Deus é esprito e é experimentado espiritualmente, isso é conhecimento da verdade e da vida eterna.

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19/10/23

Real ou imaginário? (1/2)

      “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. Com todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.” Salmos 119.9-11

      O que é real e o que é imaginário em nossas vidas? Talvez tanto faça, quando nos faz sofrer. O que nos faz sofrer é o mal, e esse pode ser enfrentado de maneiras diferentes, dependendo se é real ou imaginário. Vamos definir real como algo que vem de fora para dentro, um mal exterior que nos atinge e que nós retemos. Para entendermos isso precisamos aceitar que somos atacados por setas do mal o tempo todo, críticas e seduções dos seres humanos, acusações e tentações de espíritos malignos, ações de seres humanos influenciados por espíritos malignos, enfim, quando dizemos exterior pode ser tanto material quanto espiritual. Contudo, não é a existência do mal que nos faz mal, é o acolhimento que damos ao seu ataque. 
      Se estivermos íntegros pelo Espírito Santo, limpos, humildes e crentes, a seta chegará a uma distância mínima de nós, mas não nos tocará nem permanecerá em nós. Acolhemos o mal quando permitimos que se ligue a nós, assim nos tornando não só atacados pelo mal, mas atacantes, já que quem recebe o mal alheio entra em comunhão com a intenção daquele que lançou o mal. O mal quer companhia, só sobrevive quando um ser o recebe, se isso não ocorrer se desfaz ou volta-se a quem o lançou. O mal é uma mentira, já que a verdade, ainda que possa nos deixar a princípio desconfortáveis, nos faz bem se tivermos humildade para aceitá-la. O mal inventa algo que não existe e tenta nos convencer que existe usando nossa imaginação.
      Quando cobiçamos algo que não é nosso, damos legalidade para o mal tomar nossa mente fazendo com que o que foi cobiçado exista em nós como nossa propriedade. Quando desejamos sexualmente alguém com quem não temos direito de compartilhar intimidade física, se retermos o mal acharemos com o tempo que aquela pessoa nos pertence, tanto quanto nos pertence a intimidade consentida de alguém unido a nós por uma aliança legítima. O mesmo ocorre quando vemos numa loja um celular que não temos condições de comprar, de longe até sabemos que não é para nós. Mas se entrarmos na loja, pegarmos o aparelho, acessarmos seus recursos, acharemos que é nosso e o compraremos, mesmo contraindo dívida inadequada.
      Não somos refreados por leis, só saber que algo não é nosso e que não podemos ter não é suficiente para não tomarmos algo como nosso. Uma lei não impede nossa cabeça de imaginar, regras não freiam nossas ideais, aliás, tudo pode passar e deixar de existir, menos uma ideia. Por isso se diz que o revolucionário não o é pelas ações que executa contra uma realidade, mas pela ideia que tem, ainda que seja assassinado sua ideia pode sobreviver nas mentes de outras pessoas. Assim verificamos a eficácia do evangelho de Jesus sobres as leis mosáicas, ele não julga as consequências, mas enfrenta as causas, limpando, curando e mudando o interior dos seres humanos, onde imaginações são criadas e mantidas. 
      A proteção mais eficiente não é a da boca, dos olhos, dos ouvidos, dos pés e das mãos, mas interior, do que pensamos e sentimos. Mente e coração bem ocupados não deixam espaço para instalação do mal, Deus é a única presença que nos preenche e satisfaz por inteiros e nos protege do mal. Contudo, não nos enganemos, aprisionar o corpo em templo, manter a boca cheia de rezas, orações e louvores, distanciar olhos, ouvidos e mãos do mundo e dos homens, necessariamente não traz o Espírito Santo para dentro de nós. A vontade de Deus às vezes pouco tem a ver com religião, igreja e doutrina. Deus se experimenta com busca, que conhece sua vontade, e com obediência, que pratica sua vontade, isso entrega paz ao humilde.

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18/10/23

Parte de algo maior

      “Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.Gálatas 5.25

      Siga a orientação do Espírito de Deus, seja parte de algo maior que você, assim fará a coisa certa e terá paz. Nunca estamos sós, ninguém está sozinho, ainda que não creia no mundo espiritual e nem confie em Deus. Somos todos parte de um eterno ciclo da vida, tanto no plano material quanto no plano espiritual. O que outros fazem tem influência sobre nós, o que fazemos tem influência sobre os outros. Precisamos de todos assim como todos precisam de nós. Essa interação nem sempre nos é consciente e nem precisa ser, necessário é estarmos conectados a Deus, se isso ocorre seremos úteis aos objetivos, providências e mistérios do Altíssimo. 
      Alguns têm o privilégio de saber que estão sendo usados, outros são usados ainda que não saibam, mas muitos são usados mesmo que não queiram. Importa que Deus saiba, e eis outra virtude grandiosa e exclusiva de Deus se manifestando, o sincronismo com que ele administra os movimentos dos universos e dos seres, tanto no plano material quanto no espiritual, fazendo que tudo funcione em harmonia e com equilíbrio. Alguns podem dizer, “num mundo com tanta injustiça e violência, onde há sincronismo, harmonia e equilíbrio?”. Pois há, só não há se olharmos sob o ponto de vista de seres presos à matéria durante curtas jornadas aqui. 
      Há coisas que sabemos, há coisas que não sabemos e podemos saber se merecermos e nos prepararmos, há coisas que não sabemos porque não queremos saber, e há coisas que ainda que queiramos saber nunca saberemos. Por quê? Deus sabe. Mas todos nós podemos buscar a Deus e nos colocarmos em profunda comunhão com ele para sabermos sua vontade num determinado assunto, que atitude tomarmos, que palavra darmos, que escolha fazermos. Por exemplo, ainda que devamos amar a todos, só intercedamos por quem Deus manda, e às vezes pessoas próximas a nós Deus orienta não nos conectarmos espiritualmente com elas. Por quê? Deus sabe e utiliza isso. 
      Somos viciados em ativismo, isso procede por um motivo legítimo, neste mundo precisamos trabalhar e produzir para nos mantermos vivos. Contudo, na maioria das vezes, vemos como trabalho só o material, e justamente por fazê-lo nos achamos no direito de não termos que fazer o outro trabalho, o moral, que fará diferença em nossa existência puramente espiritual na eternidade. Se trabalhamos uma semana inteira, achamos que temos direito a algum lazer e prazer na sexta-feira à noite, ainda que sujos e vãos. Deus usa tudo para nos conduzir à sua santa luz, mesmo o nada, para ele esperar é tão útil quanto fazer, retroceder é tão necessário quanto avançar.
      Se Deus não usa para construir, usa para destruir, e ambas as coisas têm propósito. Bem-aventurado o que é usado para construir valores morais, não só materiais, em sua própria existência e na do outro. Termos consciência que fazemos parte de algo maior mostra-nos o sentido da vida, assim podemos ser felizes mesmo fora de palcos e holofotes, mas no escuro exterior, sentados na plateia, aplaudindo show dos outros. Bem-aventurado quem honra quem honra merece e não processa qualquer grau de inveja e vingança. Nossa maior vocação é ser emanação de luz de Deus sobre os outros, a luz interior maior tem quem a reflete de cima para baixo.

17/10/23

O Senhor é o que tira a vida e a dá

      “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela. O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó, e desde o monturo exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do Senhor são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo. Os pés dos seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não prevalecerá pela força.I Samuel 2.6-9

      Podemos aumentar o número de nossos dias na Terra? Achamos que sim, administrando bem nossa saúde, agindo com sabedoria nas escolhas, tendo cuidado no mundo, não sendo irresponsáveis e viciados nos apetites do corpo, praticando vidas morais equilibradas. Mas de verdade, será que é tudo isso que decide nosso tempo no plano material? Não, não mesmo! É a ciência? Pobres os que apostam todas as fichas nela. São sábios por não a negarem? Sim, ciência é bênção que Deus nos dá através de nossa própria inteligência intelectual e de nosso trabalho físico, mas tolos os que a endeusam acima do Deus invisível, espiritual e eterno. Quando Deus decide encerrar nosso tempo aqui, absolutamente nada pode impedir. 
      O ponto é um: qual nossa principal razão de existir? Todos somos surpreendidos na vida, mas aqueles que acham que vivem no mundo por razões materiais serão ainda mais surpreendidos, por isso sofrerão muito mais e possivelmente no pior momento de suas existências terrenas, no final. Alguns acham que vida vitoriosa é prosperidade material, outros acham que é lucidez intelectual, e outros ainda pensam que é devoção religiosa, mas todos esses podem ser surpreendidos e sofrerem, para terem que acordar e entenderem a razão principal deles existirem no mundo. A razão é espiritual, que tem como efeito uma evolução moral, mas não uma moralidade humana e egocêntrica, mas humildemente conectada às virtudes do Altíssimo. 
      Por achar que vida de qualidade superior reside só na moralidade, muitos até controlam suas paixões, cuidam de seus corpos, fazem meditações, mas se essa moralidade não for efeito de uma conexão espiritual verdadeira com o Deus verdadeiro, pouco valerá, se é que será possível, e se for, não permanecerá. O que é vida? Não é boa saúde física, nem moralidade limpa, vida é conhecer e agradar a Deus, como diz o versículo tema do blog “Como o ar que respiro”, João 17.3. É isso que negam os que confiam só na ciência, que sendo trabalho humano leva o ser humano a idolatrar a si mesmo. Sim, temos valores, vencer na vida é conhecer e praticar esses valores, mas eles são parte de um valor maior, Deus. Viver é voltar para Deus. 
      Morrer é fugir de Deus. Muitos têm boa saúde e estão mortos em infernos ainda aqui, outros morrem no corpo e despertam para a vida eterna num céu. Para que entendamos que o principal é nos ligarmos a Deus como seus amigos, ele mexe nas variáveis do universo, empobrece e enriquece, adoece e cura, humilha e exalta. “Os pés dos seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas, porque o homem não prevalecerá pela força”, aceitemos isso! Por  isso são os fracos que mais conhecem a Deus, não os fortes, são os pobres que mais dependem dele, não os ricos, são os de mente aberta que mais creem nele, não os racionais. Quando entendemos isso Deus nos leva em paz, no melhor momento, para acordarmos no céu.