quinta-feira, outubro 19, 2023

Real ou imaginário? (1/2)

      “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. Com todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.” Salmos 119.9-11

      O que é real e o que é imaginário em nossas vidas? Talvez tanto faça, quando nos faz sofrer. O que nos faz sofrer é o mal, e esse pode ser enfrentado de maneiras diferentes, dependendo se é real ou imaginário. Vamos definir real como algo que vem de fora para dentro, um mal exterior que nos atinge e que nós retemos. Para entendermos isso precisamos aceitar que somos atacados por setas do mal o tempo todo, críticas e seduções dos seres humanos, acusações e tentações de espíritos malignos, ações de seres humanos influenciados por espíritos malignos, enfim, quando dizemos exterior pode ser tanto material quanto espiritual. Contudo, não é a existência do mal que nos faz mal, é o acolhimento que damos ao seu ataque. 
      Se estivermos íntegros pelo Espírito Santo, limpos, humildes e crentes, a seta chegará a uma distância mínima de nós, mas não nos tocará nem permanecerá em nós. Acolhemos o mal quando permitimos que se ligue a nós, assim nos tornando não só atacados pelo mal, mas atacantes, já que quem recebe o mal alheio entra em comunhão com a intenção daquele que lançou o mal. O mal quer companhia, só sobrevive quando um ser o recebe, se isso não ocorrer se desfaz ou volta-se a quem o lançou. O mal é uma mentira, já que a verdade, ainda que possa nos deixar a princípio desconfortáveis, nos faz bem se tivermos humildade para aceitá-la. O mal inventa algo que não existe e tenta nos convencer que existe usando nossa imaginação.
      Quando cobiçamos algo que não é nosso, damos legalidade para o mal tomar nossa mente fazendo com que o que foi cobiçado exista em nós como nossa propriedade. Quando desejamos sexualmente alguém com quem não temos direito de compartilhar intimidade física, se retermos o mal acharemos com o tempo que aquela pessoa nos pertence, tanto quanto nos pertence a intimidade consentida de alguém unido a nós por uma aliança legítima. O mesmo ocorre quando vemos numa loja um celular que não temos condições de comprar, de longe até sabemos que não é para nós. Mas se entrarmos na loja, pegarmos o aparelho, acessarmos seus recursos, acharemos que é nosso e o compraremos, mesmo contraindo dívida inadequada.
      Não somos refreados por leis, só saber que algo não é nosso e que não podemos ter não é suficiente para não tomarmos algo como nosso. Uma lei não impede nossa cabeça de imaginar, regras não freiam nossas ideais, aliás, tudo pode passar e deixar de existir, menos uma ideia. Por isso se diz que o revolucionário não o é pelas ações que executa contra uma realidade, mas pela ideia que tem, ainda que seja assassinado sua ideia pode sobreviver nas mentes de outras pessoas. Assim verificamos a eficácia do evangelho de Jesus sobres as leis mosáicas, ele não julga as consequências, mas enfrenta as causas, limpando, curando e mudando o interior dos seres humanos, onde imaginações são criadas e mantidas. 
      A proteção mais eficiente não é a da boca, dos olhos, dos ouvidos, dos pés e das mãos, mas interior, do que pensamos e sentimos. Mente e coração bem ocupados não deixam espaço para instalação do mal, Deus é a única presença que nos preenche e satisfaz por inteiros e nos protege do mal. Contudo, não nos enganemos, aprisionar o corpo em templo, manter a boca cheia de rezas, orações e louvores, distanciar olhos, ouvidos e mãos do mundo e dos homens, necessariamente não traz o Espírito Santo para dentro de nós. A vontade de Deus às vezes pouco tem a ver com religião, igreja e doutrina. Deus se experimenta com busca, que conhece sua vontade, e com obediência, que pratica sua vontade, isso entrega paz ao humilde.

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão

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