16/01/24

Obedeça e fortaleça-se

      “Esforçai-vos, e ele fortalecerá o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor.Salmos 31.24

      Há força na obediência a Deus, não porque os homens entendam ou aprovem o que fazemos, mas porque Deus manda e nós obedecemos. Se ele orienta, ele nos entende e nos aprova, indiferente do que os homens pensam, e isso é suficiente para estarmos em paz e felizes. Dessa forma prossigamos persistentemente em obedecer a Deus, fazendo aquilo que ele pede de nós, nesse trabalho somos fortalecidos, consolados e supridos. O que Deus pede de nós é tão honrado e digno quanto o que ele pede de qualquer outro ser, ainda que muitos não compreendam, aceitem isso e façam coisas diferentes, assim nos sintamos satisfeitos, não por estarmos fazendo algo, mas por estarmos fazendo o que Deus pede de nós.
      Obedecer é exercitar força da vontade, muitas vezes contra muitos obstáculos, incluindo uma tristeza inerente em todo ser humano, que se descontrolada conduz à depressão e outras enfermidades. É certo que algumas vezes temos que ter mais força de vontade para cessar uma atividade que para desempenha-la, mas quando temos que fazer uma coisa ou outra só descobrimos buscando a Deus com todo o coração, senão poderemos nos enganar e aos outros dizendo que somos esforçados quando só somos rebeldes. A rebeldia conduz a enfermidades mais que a ociosidade, já que uma ultrapassa limites e a outra deve ser ultrapassada para que conquistemos nossos limites. Força de vontade é perseverar principalmente na busca a Deus. 
      O mal trabalha nos extremos, pode destruir levando a fazer demais, como amarrar conduzindo a fazer menos. Muitas vezes paralizações emocionais se instalam porque estamos exaustos por estarmos represando negativismo e incredulidade em nós, estamos fazendo e muito, mas a coisa errada. A palavra de Deus sempre é de paz, luz e amor, se há pecado ela entrega perdão, se há porta fechada, descortina o impossível para nós, mostrando que Deus pode abrir outra porta. Recebe essa palavra quem crê em Deus mais que em si, nos homens e no que vê. Insista em buscar a Deus, em abençoar quem te persegue, em clamar por uma vida material e afetiva digna, e em confiar que o Senhor tem sempre o melhor para você. 

15/01/24

Os fracos movem a humanidade

      “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.II Coríntios 12.10

      Muitos criticam o sistema de inclusão no ensino, muitos defendem a meritocracia, muitos celebram os vitoriosos e saudáveis, mas menosprezam perdedores e doentes. A verdade é que na sociedade atual a regra é vencer quem teve mais condições para isso, em se tratando de vida material, condições estão relacionadas com vida profissional, essa a bons estudos e esses a meios de pagá-los. Conclusão: vencedores ainda são, com maior probabilidade, os mais ricos. Mas serão esses também os mais evoluídos espiritualmente? O mundo, seu desenvolvimento científico e suas revoluções sociais, não são movidos pela glória dos fortes, mas pela necessidade de respeito com os fracos, se não amamos, não evoluímos, ainda que ricos materialmente.
      Se chegássemos num ponto, aqui no plano material, onde não houvesse mais diferenças, pobreza, doenças, falta de alimentação, de natureza para haver uma vida sadia no planeta, o ser humano pararia de se desenvolver, viveria só para gozar prazeres, então, a estética moral e espiritual seria relegada de vez. O ser humano não está preparado para uma vida perfeita neste mundo, simplesmente porque não está preparado para ter uma vida iluminada no outro, por enquanto temos que evoluir em direção a Deus, e o que move essa evolução são nossas fraquezas. Essa evolução muitas vezes é levada à frente pelo esforço dos próprios fragilizados, não dos fortes. Negar os fracos, ao invés de fortalecê-los, é negar a principal razão de existir. 
      A escravidão de africanos foi mão de obra que desenvolveu a economia de muitos países, oprimindo seres humanos, mas mais que evolução econômica, é o clamor por igualdade e direitos de descendentes de africanos que gera evolução social. A diabólica eugenia nazista, levada por Hitler na Alemanha, pretendia “purificar” o povo alemão achando que isso era evoluir. Mas antes dos judeus, tentaram exterminar ciganos e outros, tentaram exterminar até doentes mentais e deficientes, achando que “fracos prejudicavam a sociedade”. Só há crescimento no amor, o melhor amor é praticado com diferentes e necessitados, se não houver fraqueza a ser superada e em Deus, não haverá necessidade de respeito e o ser humano não será incentivado a amar. 

14/01/24

Coragem para aprender e ensinar

      “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.Lucas 4.18-19

      É preciso coragem para enfrentar as consequências das escolhas erradas que fizemos. Coragem e humildade, afinal muitas vezes construímos toda uma vida sobre escolhas ruins, inventamos desculpas para termos feito o que fizemos, não admitimos para ninguém que erramos, pois não admitimos para nós mesmos. Deus sempre nos chama à luz, mas ele também sempre respeita nossa vontade, e nós podemos construir fortes muralhas mentais que nos protegem da verdade e nos mantêm na mentira. A verdade pode nos colocar numa fragilidade que não queremos enfrentar, porque equivocadamente achamos que temos que enfrentar sozinhos, sem Deus. Desistimos de Deus e achamos que ele também desistiu de nós. 
      Mas sábio é o que acha a tempo coragem para enfrentar no presente o que podem ser causas erradas, assim evitando efeitos ruins no futuro. Só na luz de Deus temos essa clareza, mas só ficamos nessa luz com humildade. O tempo sempre tenta nos ensinar, e o humilde ainda que tenha feito escolhas ruins, aprende com os frutos dessas e passa a andar com cuidado, escolhendo certo. Contudo, ter coragem para enfrentar escolhas erradas é ter amor e humildade também para ajudar os outros, primeiro nossos cônjuges e filhos, e depois parentes próximos e amigos. Ainda que tenhamos que respeitar o tempo das pessoas, temos que ter coragem para lutar por elas, isso é mais que agradar a Deus andando na luz, é conduzir os outros à luz. 
      Todos temos uma chamada, indiferente de nossas profissões seculares e de nossos ministérios em igrejas, a chamada de professor, o verdadeiro mestre o é dando exemplo em obras, não só em palavras. O verdadeiro mestre aprendeu com os próprios erros, assim deseja evitar que os que ama cometam os mesmos erros e colham frutos ruins. Se não ensinamos por amor e em humildade não somos mestres, somos só hipócritas tentando prevalecer sobre os outros por vaidade e insegurança, muitas vezes falando aos outros, mas tentando convencer a nós mesmos sobre algo que não vivemos. Que não sejamos corajosos para a crítica e para a arrogância, e negligentes para escolhermos certo e ajudar os outros a fazerem o mesmo.

13/01/24

Gotas no oceano

       “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.” João 17.22

     Uma gota se torna o oceano quando entramos em íntima comunhão com Deus, o oceano se torna uma gota quando Deus nos toca e se compartilha conosco. Quando um facho de luz muito forte, ainda que pequeno, se expõe a uma luz com a mesma intensidade, mas que ilumina um local muito extenso, não se discerne mais a pequena luz da maior, tudo é uma única claridade. Quando um instrumento toca na mesma afinação de toda uma orquestra, o instrumento se torna orquestra, mas toda a orquestra pode baixar seu volume e acompanhar um instrumento solo, e se todos estiverem no mesmo tom não haverá diferença entre instrumentos que acompanham e instrumento solo, só haverá uma completa e harmoniosa orquestra. 
      Água, luz, som, três ambientes distintos, mas que belas metáforas da comunhão do ser com Deus. Deve haver humildade na gota para se adequar e se unir ao oceano de forma que não se discerna mais o que é gota e o que é oceano, mas muito mais humildade no oceano para permitir que uma pequena gota compartilhe sua identidade, sua substância, sua grandiosa presença. Sim, Deus, o todo-poderoso, é humilde, se não fosse não amaria o ser humano, tão inferior a ele em virtude e conhecimento, e o atrairia para ser parte sua. Mas quem estranha uma vela acesa debaixo do Sol a pino? É tudo luz, toda a verdade está revelada, nada precisa estar escondido, não há vergonha ou escândalo, se conhece como se é conhecido. 
      Mas a terceira simbologia completa o mistério, ainda que um violino afinado pareça desaparecer no meio da massa sonora sinfônica, a sonoridade, ímpar, exclusiva de um instrumento, faz diferença, não é só mais um, confere mais beleza e riqueza ao todo. No amor Deus adiciona e nisso ele próprio fica maior e melhor, sim, Deus precisa de nós, simples seres humanos, imperfeitos e mortais, através de nós, outros podem ser iluminados e aperfeiçoados. Uma gota limpa e salgada faz diferença num oceano, uma vela acesa faz diferença sob o sol, um instrumento afinado faz diferença numa orquestra, cada um é igualmente importante para Deus, por isso ele se emana em Jesus e pelo Santo Espírito para conectar-se a nós. 

12/01/24

Iniciativas

      “Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos.I João 4.9

      Uma verdade básica que temos que entender sobre Deus e sua conexão com os seres humanos: a primeira iniciativa é sempre dele. O amor de Deus nos atrai e isso move o universo, depois cabe-nos responder sim a essa iniciativa e tomarmos a iniciativa de nos ligarmos a ele. Deus manifesta seu amor aceitando nossa iniciativa ainda que seja imperfeita, digamos, não tão bem intencionada, infantil, recebe-nos e emana sua luz sobre nós. Nisso temos perdão, temos paz, temos forças, temos proteção e começamos a ter conhecimento das verdades espirituais. Eu disse começamos, pois a subida de cada nível espiritual, e o caminho para o Altíssimo, têm vários níveis, pedem de nós uma nova escolha consciente e responsável. 
      O termo iniciativa, se entendido corretamente, pode impactar conceitos que muitos cristãos têm sobre sua religião e Deus, que os levam a ser passivos, contemplativos, idolatrando fé e relegando a um nível mais baixo o objeto da fé e as obras. Catedrais católicas passam-nos um ambiente sepulcral, avesso a obras e iniciativas para a vida, convida-nos à morte, e ainda que se diga que é a morte dos apetites do corpo, da carne, acaba anulando a água viva do Espírito Santo. Pouco vale a fé se ela não mover-nos para tomarmos a iniciativa para amar, e não só em palavras, mas em perdão dos opositores e em caridade para os pobres e fracos. Estar em Deus é estar vivo, e vivos somos conduzidos a tomar iniciativas de bem e de justiça. 
      Não é fácil tomar uma iniciativa, tanto para crer num Deus invisível, como para amar um ser humano desconfiado, amargurado, orgulhoso, egoísta. Mas nada manifesta mais nossa eterna essência espiritual que agirmos por fé, sem provas, sem recompensas aparentes, só porque algo dentro de nós diz que é o certo a fazer. Que iniciativas temos tomado? Para julgar, gerar polêmica, jogar na cara das pessoas seus erros? Ou para perdoar, pacificar e ver o lado bom em tudo e em todos? A mais difícil iniciativa Jesus tomou, enfrentou ignorância, maldade, hipocrisia, andou entre os homens sendo paz e amor, sem nada pedir em troca, sabendo que sua iniciativa não seria entendida e que lhe levaria à uma morte solitária e terrível. 

11/01/24

Fazer, mas do jeito certo

      “E, olhando ele, viu os ricos lançarem as suas ofertas na arca do tesouro; e viu também uma pobre viúva lançar ali duas pequenas moedas; e disse: Em verdade vos digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva; porque todos aqueles deitaram para as ofertas de Deus do que lhes sobeja; mas esta, da sua pobreza, deitou todo o sustento que tinha.” Lucas 21.1-4

      Todos viemos a este mundo com uma missão, um objetivo que ao mesmo tempo nos faz úteis e nos aperfeiçoa. A grande maioria de nós cumpre nas ações essa missão, pudera, muitos de nós não tem outra escolha, se não fizermos aquilo que nascemos para fazer, morremos. Mas isso basta para que o propósito de Deus dê essa missão por cumprida? Não, não basta fazer, temos que fazer do jeito certo, esse jeito não só nos fará mais úteis para os outros, já que mesmo fazendo do jeito errado podemos até certo ponto ser úteis, mas mais que isso, o jeito certo nos aperfeiçoará tudo o que podemos nos aperfeiçoar neste mundo. Ser aperfeiçoado é viver o exemplo do Cristo na medida do nosso possível. 
      Fazendo, mas do jeito errado, muitos transformam bênção em maldição, muitos usam capacidades e talentos que tiveram facilidade para desenvolver e que possuem desde o nascimento para que pudessem ser úteis e se aperfeiçoarem, para fins errados, para prevalecerem sobre as pessoas e as dominarem. Muitos pensam ser produtivos e até estar agradando a Deus, mas estão sendo mordomos cruéis e egoístas, servindo só a si mesmos, as suas vaidades e as suas carências mal resolvidas. Não, não basta fazer e muito, Deus até pode usar isso para beneficiar outras pessoas, Deus é inteligente, econômico, pontual, nada desperdiça, tudo usa para um bom objetivo, todas as coisas lhes são úteis e a tempo.
      Mas o que é feito sem amor, sem humildade e sem paz, não abençoa quem faz, não conduz ao crescimento espiritual. A bênção não está na quantidade, mas na qualidade, como na oferta da viúva, parecia pouco, mas era tudo que ela podia dar e dado com intenção certa. Era oferta de sacrifício, mas por amor a Deus, com humildade e sem cobrar retorno, e em paz, não para se exibir ou confrontar alguém. Nosso trabalho deve louvar a Deus e servir os outros, não glorificar e servir a nós mesmos. “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis” (Colossenses 3.23-24). 

10/01/24

Não confiemos em falsas certezas

      “Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este. Mas, se deveras melhorardes os vossos caminhos e as vossas obras; se deveras praticardes o juízo entre um homem e o seu próximo; se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal, eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre.” Jeremias 7.4-7

      Com que facilidade muitas vezes, acostumados com o cristianismo e como nossa relação com Deus como com uma mera religião, pecamos a voltamos a nos considerar agradáveis a Deus, como se nada houvesse ocorrido. Sim, até fazemos uso dos protocolos cristãos, pedimos perdão, prometemos que não cometeremos mais o mesmo erro, e achamos que está tudo certo porque temos uma reputação cristã, vamos a cultos, conhecemos a Bíblia, cremos em Jesus como salvador. Mas será que isso basta? No texto bíblico inicial Deus levanta Jeremias para exortar Israel sobre isso, o povo se fiava no Templo e na Lei, recebidos diretamente de Deus, assim começou a perder a noção que desagradava a Deus.
      Nos desviamos de Deus dentro da religião quando achamos que pecado é só o descontrole dos apetites do corpo e a perda de autocontrole que nos leva, por exemplo, à ira, assim somos rápidos para confessar esses desacertos e nos esquecemos do mais importante. Esses pecados, que nos tentam todos os dias, não são os que mais nos afastam de Deus, e são só consequências de estarmos fracos, justamente por estarmos cometendo outros pecados, esses, sim, os mais sérios. Assim limpamos o corpo, porque os pecados menos importantes ocorrem nele, mas não limpamos o espírito. É o espírito que não exerce misericórdia, que não pratica caridade, que não faz justiça, eis a verdade que Israel não queria aceitar. 
      Ninguém, com o mínimo de consciência, entra num templo para participar de um culto com o coração pesado por certos erros. Israel também entrava no Templo, oferecia sacrifícios e ouvia a Lei achando-se limpo, mas eles não estavam limpos. Eles cometiam certos pecados, não se arrependiam desses pecados, permaneciam neles, e não se davam mais nem conta disso, tal o estado de cauterização de mente em que estavam. O pecado que desconsideravam era a razão de existir de religiões que de fato levam ao Deus verdadeiro, servir ao próximo, e principalmente ao mais necessitado. Tenhamos cuidado com certezas falsas, que nos fazem achar que estamos agradando a Deus quando não estamos.