26/05/24

Parte de algo maior que nós (2/2)

      “E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.” João 14.3
 
      Raios de sol, emanações da luz mais alta sem início e sem fim, gotas do oceano universal, grãos de areia cósmica, porção de ar movida por um vento suave que nunca para de se movimentar, que não sabemos de onde vem, nem para onde vai, flores de um jardim eterno, únicas, exclusivas. Não fazemos ideia do que somos, de a quem pertencemos, de onde viemos e para onde devemos retornar. Não nossos corpos materiais, esses se formaram neste mundo e aqui ficarão, fragmentados nos elementos, parte da natureza, e apesar de humanos sábios, como qualquer animal irracional. Nossos espíritos são eternos, estarão vivos muitos milênios depois que as estrelas caírem e a Terra virar pó estelar num outro bigbang.
      O caminho é longo, não desistamos, nem por acharmos que não tem fim, nem por crermos que tem fim. Se não há fim nos sentimos fracos demais para seguir por ele, se há fim achamos que tudo acaba breve e em preto e branco. Não, o caminho é multicolorido, entre as trevas e a luz há infinitas nuanças de cor. Isso não é para nos desanimar, mas para nos incentivar, há muito a se viver. Mas para isso temos que aprender a morrer, para egoísmo e vaidades, para preconceitos e intolerâncias, aceitarmos que se todos são parte de Deus, todos são parte de todos. Indiferente de cor de pele, de sexualidade, de idioma, de nível intelectual, de poder aquisitivo, todos são irmãos, filhos do mesmo pai, desafiados a serem amigos íntimos de Deus. 

25/05/24

Parte de algo maior que nós (1/2)

      “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Apocalipse 3.21-22 

      Pessoas diferentes, com relação a que pensam de fé, religião e Deus, cometem erros diferentes com relação ao entendimento do que é depender de Deus. As equivocadas que são “crentes” acham que depender de Deus é ter fé e pedir coisas a ele, as equivocadas “céticas” acham que dependência de Deus é coisa de gente ignorante e ociosa, talvez baseadas naquilo que veem as equivocadas “crentes” dizerem o que é ser dependente de Deus. Ambas se enganam, ainda que às crentes, Deus ouça com misericórdia e atenda, e às céticas, Deus ame e ilumine. Depender de Deus não é vê-lo como caixa de banco a quem se entrega um cheque assinado por Cristo e se tem direito a coisas, depender de Deus é ser o caixa. 
      Depender de Deus é entender que fazemos parte de algo maior que nós, assim a dependência não estabelece uma relação de respeito distante, mas algo que ainda que comece assim não é para ser isso para sempre. Dependência de Deus autoriza-nos a estar em íntima conexão com o Altíssimo, a dependência não congela-nos num ponto, como súditos ajoelhados diante do trono, mas põem-nos a caminho para nos assentarmos no trono. O catolicismo gravou no subconsciente da cristandade um cristianismo restringente, pode-se olhar o Deus verdadeiro, adorá-lo, mas de longe, sem se aproximar. Mas Cristo nos chama justamente para que nos aproximemos de Deus, para sermos mais que soldados ou servos, mas amigos. 

24/05/24

O bem repele o mal

      “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tiago 4.7-8

      Por que muitas vezes somos atacados injustamente? Porque os maus, para se defenderem, atacam, e atacam porque sentem-se repelidos, não pela violência do bem, o bem nunca é violento, mas pela simples presença de alguém bom. O mal fica desconfortável com a proximidade do bem, diante disso três reações podem acontecer. Se o mau quiser continuar mau, mas tiver alguma decência, se afastará do bom para não ser incomodado por ele. Se o mau não quiser continuar mau e for humilde, se aproximará do bom, aprenderá com ele e mudará de atitude. Mas se o mau for orgulhoso, não fugirá, teimará em ficar perto, ou pior, se aproximará mais, tentará destruir o bom e tomar seu espaço. A vida é constante guerra espiritual.
      Por isso muitas vezes, ainda que vivendo corretamente, somos atacados injustamente, e isso pode acontecer não só de forma explícita e física, mas espiritual. Não são só as pessoas que são más e boas, espíritos também são, espíritos das trevas procuram quem é simpático às suas causas no plano físico para estarem próximos e compartilharem suas vis intenções. Seres espirituais malignos abraçam os maus, mas na presença da luz no plano físico sentem-se incomodados e atacam os bons. Contudo, se o livre arbítrio das pessoas deve ser respeitado, se uma pessoa quer nos atacar o sábio é nos afastarmos dela, ataques espirituais do mal podem ser repreendidos, sob autoridade do bem, demônios fogem dos que são bons.

23/05/24

O que mudou em tua vida?

      “Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar o pão. Compadece-se sempre, e empresta, e a sua semente é abençoada.Salmos 37.25-26

      Você, que já viveu um pouco, que já fez um curso superior, atingiu certa prosperidade na área profissional, que pode estar num relacionamento afetivo estável há algum tempo, com filhos, enfim, você que já amadureceu e é ser humano independente, o que de fato e de mais importante mudou em você, em tua vida? Para quem começou preso a vícios e mágoas, pode ter experimentado cura e libertação de Deus, assim pode avaliar sua jornada e ver que o que é hoje é melhor que o que foi. Entretanto, quem começou com alguma estabilidade emocional, com forças para ser alguém moral, mesmo religioso, pode ser tentado a achar que não precisa de grandes mudanças internas, focar seu objetivo em valores externos e materiais. 
      Cuidado, se fizer avaliação de sua vida e perceber que o que mais mudou nela foi o valor da conta bancária, o número de escrituras de imóveis, o quanto pode gastar em lazer e festas. Você até pode ser um bom cidadão, um bom cristão, mas seu espírito pode não ter evoluído, não aprendeu a ser mais amoroso e misericordioso, era alguém razoavelmente bom há vinte anos e hoje permanece o mesmo. A quem muito é dado, muito é exigido, e muitas vezes o que recebeu pouco amor, valores morais deficientes, menos apoio, mudou mais que o que começou melhor. Muitos são chamados para salvarem as próprias almas, mas outros são melhores formados, são chamados para servirem os mais fracos. Afinal, quem nos tornamos no tempo? 

22/05/24

Para nosso bem fica mais difícil

      “E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.Jeremias 29.13
      “Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreisI Pedro 4.12-13

      Nossa busca a Deus fica mais difícil cada vez que o achamos, é assim para que sejamos incentivados a crescer, senão nos acomodamos num degrau e não subimos para o próximo. Somos incentivados com sofrimento, e muitos ainda precisam experimentar falta de suprimentos básicos para a existência material, como alimento e um teto para repousar, para serem motivados. Felizes os que conquistaram o direito de perderem só a paz interior para se lembrarem que precisam buscar a Deus com todo o coração para o achá-lo. Mas do que adianta ter tudo e não ter paz? Na ausência, paz se torna o bem mais caro, mais desejado, mais que pão e água. A paz profunda e duradoura, contudo, só experimentamos em comunhão com Deus. 
      Não se sinta sozinho ou esquecido quando percebe, que apesar de já ter se esforçado tanto para buscar a Deus e obedecê-lo, ainda parecer que ele está longe, que sua presença é difícil de achar. Enquanto vivemos neste mundo, presos a corpos físicos e sob véus espirituais, nos conectarmos com a luz mais alta de Deus sempre exigirá de nós fé, consagração e momentos de busca com convicção mental e foco emocional. Deus conhece nosso limite, não pede de nós mais que aquilo que podemos fazer e ser, e buscar ao Senhor é algo que podemos fazer mesmo velhos e limitados fisicamente. Não precisamos de orações em alto som, nem de louvores eloquentes, basta um posicionamento mental de serenidade para falarmos com Deus e ouvi-lo.

21/05/24

Ponto sem volta

      “Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.Filipenses 3.13-14
      “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível.I Coríntios 9.24-25

      O caminho para o conhecimento de Deus não tem volta, não a partir de um ponto. Um avião decola com gasolina para percorrer certo percurso, se passar do meio do caminho e não houver campos de pouso para reabastecimento antes do destino, não poderá voltar ao local de partida, não terá combustível suficiente, assim ou desiste e volta para um local que não é o da partida, sem chegar ao destino ainda que com gasolina para isso, ou vai até o fim. A base de nossa fé em Deus é estabelecida na partida, naquilo que evangélicos chamam de conversão. Depois podemos até nos fortalecer com a unção do Espírito Santo, mas é a experiência do início, se verdadeira, que nos conduz até o fim. Nessa jornada vamos crescendo no conhecimento, não de religião, mas de Deus.
      Nessa aquisição de conhecimento, até um ponto até podemos voltar às primeiras experiências, ainda que seja um acomodamento. Nessa posição podemos achar forças para nos mantermos de pé, mas ela é perigosa. O “universo” nos incentiva a crescer para nos fortalecermos e vencermos tentações e provas, quem desiste e se acomoda na posição de criança será alimentado como criança. Depois que provamos alimento de adulto enfrentamos lutas de adulto, mas também recebemos conhecimento de Deus de adulto, e esse, depois de provado, não dá mais para viver sem. Por isso o caminho do conhecimento de Deus, repito, não de religião, quando chegamos num ponto não tem mais volta, ou seguimos em frente ou desfalecemos. 

20/05/24

Power trio ou banda de apoio?

      “Cada um fique na vocação em que foi chamado. I Coríntios 7.20

      Power trio é uma banda musical de três membros, no Brasil, a Paralamas, e lá fora, The Police, são exemplos. Essa formação geralmente possui músicos competentes no que se propõe, com pouco faz muito ao vivo. Oficialmente a banda é só três pessoas, são elas que têm direitos autorais da obra, mas no estúdio vai para as gravações mais que isso. Dessa forma muitas vezes chama-se outros músicos, contratados como freelancers, para acompanharem a banda e reproduzirem o registro de estúdio ao vivo. No palco esses músicos ficam mais atrás, meio escondidos, mas os notamos quando junto do power trio de bateria, baixo e guitarra, aparece o som de um piano, de um sintetizador ou de uma sessão de metais ou cordas. 
      Que tipo de trabalho desempenhamos na vida? Como banda principal ou de apoio? A principal aparece mais, teve a coragem de vender uma ideia que foi comprada por muitos, mas essa, apesar de especialista, pode ter menos talento que a banda de apoio, que pode tanto apoiar uma banda de rock como de sertanejo ou de axé, assim, com uma formação mais abrangente de música. Geralmente os melhores instrumentistas e cantores não são os mais famosos ou ricos, ainda que quando as duas coisas se unam, originalidade e talento no tempo certo, gênios musicais surgem e arrebatam multidões. Eu pessoalmente me contento em ser músico de apoio, não sirvo multidões, mas sirvo a quem serve multidões. Deus usa a todos.