25/08/24

Não seja lerdo para amar

      “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.João 13.34-35

      Não demore demais para expressar amor por alguém, amanhã pode ser tarde. Podemos dizer, “é tão difícil gostar dessa pessoa, mesmo porque ela não está nem aí comigo”. Você não precisa gostar das escolhas de alguém, aprovar seu estilo de vida, pode até te faltar forças emocionais para sentir afeto. Amar, contudo, é mais que isso, é vocação dos santos, é ferramenta de Deus para abençoar os seres humanos, é o modo espiritual de se viver. Se buscarmos a Deus, com empenho e boa sinceridade, o Senhor nos dará forças para amar. Aquele que é espiritual escolherá amar, ainda que tenha dificuldades para isso, porque sabe que é o melhor a fazer, assim achará forças em Deus para amar a tempo de ser útil para alguém.
      A dificuldade que temos para amar é desvincular amor do conceito mundano, onde se ama quem se gosta e que pode retornar algum tipo de prazer, mas isso não é amor verdadeiro. O maior amor custa um preço, a Cristo custou a vida, esse amor dá trabalho e pode não retornar prazer imediato. Como sempre alerto quando falando nesse assunto, não estou aqui defendendo relação abusiva, onde uma pessoa insiste em permanecer afetivamente ligada a alguém que a trata mal, que a agride. Por outro lado, não podemos alegar não amar por ser difícil, alguns parentes, colegas de trabalho, mesmo irmãos de igreja, temos que nos esforçar e amar, para isso às vezes basta um contato telefônico perguntando como estão as coisas.

24/08/24

Segurar e largar

      “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas.Mateus 10.16

      A vida é um alternar entre segurar e largar, como os movimentos das ondas, trazem águas à praia, depositando na areia muitos elementos, depois retornam ao mar fazendo perder os elementos na imensidão das águas. Em si nada de errado há em segurar ou em largar, são momentos diferentes e necessários para aprendermos e melhorarmos nesta vida, a sabedoria está, como sempre, no equilíbrio, nos extremos pode haver vício e cárcere. Quem a nada se prende e nunca, perde uma das melhores oportunidades que temos no mundo para evoluir, fazer e manter alianças de afeto e responsabilidade. Casamento e vínculo profissional implicam em segurarmos alianças, aprendemos muito na restrição, além de sermos protegidos dentro delas.
      No casamento aprendemos porque assumimos a obrigação de sermos fiéis em nossa intimidade com uma pessoa, isso gera virtudes em nós, virtudes que não são necessárias na liberdade promíscua de não se ter aliança com alguém. Mas restritos em aliança afetiva somos protegidos do desconhecido, conhecemos melhor com quem vivemos por mais tempo, assim somos menos surpreendidos por decepções. O mundo atual celebra a liberdade, mas quem é livre demais está preso a tudo achando que não é preso a um só. Contudo, largar também é necessário, não de quem amamos e nos ama, mas de quem não nos respeita, assim como de ilusões do mundo que nenhum valor têm na eternidade e que não levaremos daqui para lá.

23/08/24

No que mais pensamos?

      “Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia.Tiago 3.17

      A existência é mental, já dissemos isso aqui, vivemos muitos mais no que pensamos e sentimos que no que de fato fazemos de forma física. Ainda que não nos locomovamos, falemos, ajamos e reajamos com as pessoas, mesmo que não olhemos e ouçamos, nós pensamos, e como pensamos. Não podemos parar de pensar, mesmo quando dormimos nossa mente trabalha e sonha. Nossa relação com o plano espiritual é pela mente, indiferente do espaço e do tempo em que estamos, falamos com Deus e espíritos e os ouvimos. A existência mental nos dá a noção de como será a existência espiritual na eternidade, nosso corpo físico morrerá, mas nossa identidade mental é eterna e terá liberdade na potência e dimensões do pensamento. 
      Entretanto, como pensamos bobagens. Adiantamos na nossa cabeça coisas que ainda não existem e que muitas vezes nunca existirão, sonhamos com o que queremos ter, mas mantemos vivas por anos memórias que nos machucam ou nos acusam. Fazemos sofrer não só a nós, mas também aos outros, já que podemos criar pessoas em nossas mentes, assim julgá-las, condená-las mesmo idolatra-las ou nos apaixonar por elas, pessoas que na verdade não existem, ou pelo menos, não mais. Penso como devia ser a mente do Cristo homem, como ele interagia com seu universo mental, ainda que de fato soubesse a verdade sobre tudo, tinha uma mente leve, em paz, dava atenção só ao que valia a pena, não armazenava bobagens e morte. 

22/08/24

Aprendendo a viver certo

      “Rogamo-vos, também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais pacientes para com todos. Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns para com os outros, como para com todos.I Tessalonicenses 5.14-15

      Algo que aprendemos quando amadurecemos certo e no Senhor é discernir as pessoas, o que elas falam e mostram e o que de fato elas desejam e precisam. Isso não nos faz frios e displicentes, mas nos leva a ser diretos, sofrendo menos e sendo mais úteis. Algumas pessoas são cobradoras obsessivas, o são quando mais jovens e não conseguem se curar disso quando envelhecem, ao contrário, podem se achar ainda mais no direito de cobrar os outros. Todos temos carências, ninguém recebe criação familiar equilibrada, e mesmo que receba cai na tentação de cobrar dos outros mais do que dá aos outros. Ninguém está no mundo por ser perfeito, estamos por ter defeitos, o quanto antes os admitirmos e buscarmos solução para eles, melhor.
      Importante assumirmos responsabilidade por erros, fazermos nossa parte e não cobrarmos, ainda que os outros estejam em falta legítima conosco. Quando paramos de cobrar entendemos o verdadeiro equilíbrio do universo, a vitória não está em suportar a fraqueza presente do outro, mas em aceitar a fraqueza passada nossa que leva o outro a nos cobrar. A dívida é nossa, não do outro, quem vê a vida assim sempre fará mais, não menos, assim estará com crédito, não em débito. O maduro ama, no amor administra cobrança dos outros com paciência, sem tomar o problema para si. Ele discerne de forma clara a cobrança injusta de gente imatura e não se sente cobrado e acusado por ela, mas faz sua parte quando pode e segue em paz.

21/08/24

Para morrer basta estar vivo

      “Porque aquele que está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos; sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte não mais tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor.Romanos 6.7-11

      Só há um pré-requisito para morrer, estar vivo, nisso temos duas lições. A primeira é que ninguém escapa da morte, pobres ou ricos, graduados ou analfabetos, pretos, brancos, amarelos, de todas as cores, brasileiros ou estrangeiros, católicos ou evangélicos, crentes ou ateus. Se todos passarão por ela também todos enfrentarão o além, seja o que entendem que será esse além ou não, mas o certo é que levaremos o que somos, não o que temos. Na “mala” que o espírito carrega para a eternidade só cabem valores morais, não materiais, sejam vícios ou virtudes, maldades ou bondades, já aprovação e glória humanas ficam aqui. Mesmo assim muitos vivem como se não fossem morrer, negam a morte em suas paixões e escolhas. 
      A segunda lição é a ensinada pelo evangelho. Se vivos nós morrermos, estando mortos escapamos da morte, não da morte do corpo, mas da morte do espírito. O evangelho propõe espiritualidade diferente das propostas por muitas religiosidades, a troca de morte por vida. O exemplo maior é dado por Cristo, que não teve existência de vitória e honra no mundo, mas de morte, do início ao fim, durante sua vida como homem na matéria. Suas ideias morreram porque não foram aceitas e compreendidas, seus laços afetivos morreram porque o deixaram só no final, seu corpo morreu com requintes de crueldade, mas seu espírito vive para sempre numa posição espiritual elevada e exclusiva. Quer viver para sempre? Deixe teu ego morrer.

20/08/24

Divina simplicidade

      “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.II Coríntios 11.3

      No mundo atual, principalmente no Brasil, onde há uma parcela muito grande de identificados como evangélicos, muitos “usam” o nome do Senhor com facilidade, talvez com facilidade até demais. Outros, contudo, têm dificuldade para dizer o nome de Deus, ainda que o respeitem, seja por não se sentirem dignos dele ou simplesmente por serem céticos. Deus ama a todos, e atenta-se de forma especial àqueles que o buscam, que o autorizam a envolver-se com mais proximidade em suas vidas, dessa forma citar Deus com respeito nunca é algo ruim, nunca é demais. Mas muitos, ainda que se identifiquem como cristãos, parecem ter receio de se aproximarem mais de Deus, talvez porque tenham se decepcionado de alguma forma. 
      A verdade é que muitos complicam Deus, ele é simples, as religiões é que são, cada uma a sua maneira, complicadas, são elas que decepcionam, não Deus. Não há necessidade de ritos, sacramentos, “iniciações” ou qualquer espécie de regra para conversar com Deus. Se para muitos Deus parece complicado é porque o Senhor, em seu amor, se comunica com as pessoas conforme elas podem e querem, se usam religiosidades, ele respeita isso e se manifesta conforme esses protocolos. Quem cria e usa véus são os homens, não Deus, ele é espírito e conecta-se diretamente às mentes humanas, desde que ache nas almas fé, humildade e temor. Quem tem essa experiência aprende a amar e deseja ser santo, assim funciona a simplicidade divina. 

19/08/24

Deus, maior que tudo

      “Por isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão. Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento.Salmos 32.6-7

      Aceite a disciplina de Deus, passe por ela com humildade, digira certo os tempos de falta e limitação, mas Deus é maior que a dor e a prova. Sonhe em Deus, depois seja feliz com o sonho realizado, mas Deus é maior que o sonho. Se esforce neste mundo, estude e trabalhe muito, compre, pague e usufrua, bens materiais e reconhecimento humano, mas Deus é maior que o mundo e os homens, que a prosperidade e os prazeres. Envelheça e aceite as inferências desse momento, busque qualidade de vida, mas não negue o novo tempo que também traz novas experiências, novos desafios e novos crescimentos, contudo, Deus é maior que as restrições da velhice e a iminência da morte. Deus é maior que a vida, que a morte, que tudo entre isso.
      A vida é sequência de momentos distintos, nos quais nosso emocional é balançado para todos os lados e somos jogados em situações extremas, desse modo dor e prazer se revezam até o enfado se impor. Assim é a existência encarnada, fortes emoções e finalmente o vazio, não faria sentido, não valeria a pena se nós, seres humanos fôssemos só corpos físicos administrados por cérebros, há mais que isso. Há o espírito, eterno, em grande parte desconhecido, esse é que clama dentro de nós pelas necessidades mais importantes, e elas são morais e espirituais, não materiais. Quem mais precisa de esconderijo é nosso espírito, e não é só contra a dor, mas também contra o prazer, que engana mais que a dor. Que nada seja maior que Deus.