10/08/11

Remindo o tempo

Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, Remindo o tempo; porquanto os dias são maus”, Efésios 5:15-16. Outra versão bíblica desses versículos diz: “Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como sábios, aproveitando ao máximo cada oportunidade, porque os dias são maus”.

      Na segunda versão acima, o verbo remir é traduzido com a expressão “aproveitando ao máximo cada oportunidade”. O dicionário explica remir como: redimir, resgatar, readquirir, libertar do cativeiro, do poder do inimigo, salvar, livrar das penas do inferno, expiar, libertar uma propriedade de um ônus pelo pagamento deste, etc.
      A lição é que o tempo não é justo, o tempo nesta vida, neste mundo. O tempo não é bom, não é grato, não é paciente. Ele é rápido, cobra o que não deu, e dá coisas ruins. O tempo é assim porque ele é um conceito totalmente ligado ao pecado. Envelhecemos porque pecamos, é o pecado, o mal, a carne que nos faz sentir a passagem do tempo.
      Deus não fica velho, e também sabe o que vai acontecer antes que aconteça. Na verdade o tempo de Deus é sempre agora, sempre presente. Isso é impossível se quer para o homem entender, quando mais experimentar. Quando formos transformados, e tivermos o mesmo corpo de Cristo, através do arrebatamento ou da morte do corpo, então experimentaremos esse conceito.
      Mas enquanto neste mundo, há necessidade de ser sábio, viver com prudência, a virtude que faz prever e procura evitar as inconveniências e os perigos, andando com cautela e precaução. O tempo precisa ser remido, não pode simplesmente deixar que ele passe e escape. Aproveitando cada oportunidade, diz a outra versão bíblica, e aproveitando para se fazer o bem, para se conquistar aquilo que Deus nos prometeu, nossa parte de vitória neste mundo.
      “Então temeram os marinheiros, e clamavam cada um ao seu deus, e lançaram ao mar as cargas, que estavam no navio, para o aliviarem do seu peso; Jonas, porém, desceu ao porão do navio, e, tendo-se deitado, dormia um profundo sono. E o mestre do navio chegou-se a ele, e disse-lhe: Que tens, dorminhoco? Levanta-te, clama ao teu Deus; talvez assim ele se lembre de nós para que não pereçamos”. Jonas 1:5-6.
      Não durmamos como Jonas, mas nos coloquemos de pé, acordados, e aprendamos a viver, a remir o tempo, a ser sábio, aproveitando cada oportunidade para conquistar a terra prometida que Deus dá a cada um de nós.

09/08/11

Ordena justiça, Senhor!

Quem gera a maldade,
concebe sofrimento e dá à luz a desilusão.
Quem cava um buraco e o aprofunda 
cairá nessa armadilha que fez.
Sua maldade se voltará contra ele, 
sua violência cairá sobre a sua própria cabeça.

Salmos 7:14-16

Cantar ou voar? (conto)

Em uma floresta havia um pássaro. Ele voava como nenhum outro pássaro. Voava alto e não se cansava. Conseguia ir para muito longe e sempre podia voltar à sua origem, quando desejava. Por ter essa facilidade, ele pouco parava para conviver com os outros pássaros. Os outros ficavam por muito tempo nas árvores, cantando, alegrando os animais da floresta. Ele não tinha tempo para isso, queria voar, queria ser livre. Bem, era isso o que os animais achavam sobre ele, “ele ama a liberdade, não tem tempo para ficar aqui com a gente e cantar, orgulhoso, deve se achar melhor que nós”. Mas a verdade era outra, o pássaro simplesmente não conseguia cantar, por isso ele estava sempre em movimento. Ele não admitia isso, dizia que ficar lá parado, com os pássaros, só cantando, era muito chato, mas o que ele tinha era vergonha de que os pássaros soubessem que ele não podia cantar, por isso estava sempre voando para longe.
Uma noite, o eterno criador da natureza, da floresta, dos pássaros e de todos os animais, apareceu para ele em sonho e lhe perguntou: “Pede-me o que quiser e eu te darei, mas aviso, pensa bem no que vai me pedir, porque só terá direito a um pedido, e eu o realizarei exatamente do jeito que você me pedir”. Em sonho, o pássaro respondeu ao criador: “Eu quero cantar, quero muito, bem melhor que os outros pássaros, quero isso mais que tudo na vida”. O criador então lhe respondeu: “Continue dormindo em paz, pela manhã, quando acordar, terá o teu pedido respondido”.

Quando o pássaro acordou, ele caminhou até a ponta do galho em que dormia, onde outros pássaros costumavam ficar para cantar. Quando os pássaros o viram, eles disseram: “Olha quem está aqui, entre nós, o senhor liberdade, aquele que vive voando, se exibindo, que nunca fica em nosso meio, cantando com a gente”. O pássaro estava com muito medo, pensava no sonho que tinha tido. Os pássaros ficaram todos em silêncio, como que aguardando a sua resposta. Com a voz ainda trêmula ele começou a cantar, incrédulo, achou que não sairia nada, somente o barulho desafinado de sempre. Mas qual foi a sua surpresa quando ele percebeu que conseguia cantar, mais ainda, cantava muito bem. O criador de tudo tinha lhe concedido o desejo, agora ele podia cantar, e melhor do que todos. Os pássaros ficaram maravilhados com o canto dele, ficaram ouvindo-o com muita atenção. Não só eles, mas todos os animais da floresta vieram até a árvore onde ele estava e ficaram quietos, ouvindo seu recital.

        Algum tempo depois, os pássaros tiveram sede e fome, um a um foram levantando voo, buscando água e comida. Até que o pássaro ficou sozinho, ainda assim continuou cantando. Todavia, num determinado momento, ele também ficou com fome e sede. Quase que mecanicamente, sem pensar, ele se lançou do galho e abriu as asas. Contudo, para sua surpresa, ele não conseguia movimentar as asas para que elas pudessem fazê-lo voar. Ele ainda conseguiu, desajeitadamente, planar até o chão, por pouco não se machucou. Lá embaixo, sozinho, já que todos os animais tinham saído para fazer suas refeições, ele ainda tentou novamente voar. Tentou e tentou, mas nada, não conseguia voar. Andando então, ele pode, com muito esforço, obter comida, e chegar a um lago, para saciar sua sede.

O tempo passou e o pássaro percebeu que simplesmente não conseguia mais voar. Para facilitar sua vida, ele começou a dormir perto do lago. Comia o que achava por lá e o que os outros pássaros deixavam, como sobra de suas refeições. Mas mesmo assim, debilitado, naquele local impróprio, já que longe do alto das árvores os pássaros ficavam mais expostos aos animais que os caçavam, ele continuava a cantar, e como era belo seu canto. Os outros animais perceberam que ele estava preso naquele lugar, perto do lago, perceberam também que ele não voava mais. Tinham dó dele e o ajudavam, trazendo-lhe alimento. Assim foi a vida daquele pássaro por algum tempo.
Em uma noite, durante o sono, o criador de todas as coisas, veio falar com o pássaro, disse ele: “Por que está abatido pássaro?”, respondeu o pássaro: “Do que me adianta cantar tão bem, se eu não posso mais voar? Posso cantar, mais do que os outros pássaros, mas não consigo me alimentar, dependo do favor dos outros”. Então respondeu o criador: “Não se pode ter tudo o que se quer na vida, principalmente algo importante. Você voava mais que os outros pássaros, então pediu para cantar mais que os outros. O melhor é ter equilíbrio, não usar a liberdade para se afastar dos amigos, dos parentes, mas parar e cantar um pouco com eles, não o melhor canto do mundo, mas o suficiente para alegrar os animais. Liberdade demais rouba a alegria, alegria demais nos prende, e tira a liberdade”. O pássaro então perguntou: “E o que eu faço agora?”. Respondeu o criador: “Pare de cantar um pouco e aprenda a voar. Você não voará como voava antes, mas se for esforçado, com o tempo voará o suficiente para poder se alimentar, saciar tua sede, e ter a tua independência”.

O pássaro entendeu que não podia ter as duas coisas. Entendeu também que isso nem era necessário, o melhor era ter a dose certa de liberdade e de alegria, de solidão e de companhia, de sossego e de trabalho. Mas o mais importante que o pássaro aprendeu, foi que o que fazia com que ele quisesse voar melhor e cantar melhor, era somente vaidade. Essa vaidade não estava dando nada de bom para ele, só o deixava sozinho. Ela só o afastava dos outros pássaros, tornava-o arrogante. Com humildade e coragem, ele conseguiu achar o equilíbrio na vida.

"Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio." II Timóteo  1:7  

Que valor temos para ti assim?

É maravilhoso como as passagens bíblicas podem descrever com tanta clareza o estado emocional e espiritual que a gente se encontra. O salmo 39 falou muito comigo neste dia, quero compartilhá-lo com você.
       
         “Eu disse: Vigiarei a minha conduta e não pecarei em palavras; porei mordaça em minha boca enquanto os ímpios estiverem na minha presença. Enquanto me calei resignado, e me contive inutilmente, minha angústia aumentou. Meu coração ardia-me no peito e, enquanto eu meditava, o fogo aumentava; então comecei a dizer:

      Quantas vezes nos sentimos assim como o salmista. Emudecemos, perdemos a vontade de tomar qualquer iniciativa na vida. Perdemos a alegria, o desejo de se sociabilizar. Nos tornamos reclusos, sem vontade de viver, sem nenhum controle sobre os nossos pés, mãos e boca.

      “Mostra-me, Senhor, o fim da minha vida e o número dos meus dias, para que eu saiba quão frágil sou. Deste aos meus dias o comprimento de um palmo; a duração da minha vida é nada diante de ti. De fato, o homem não passa de um sopro. Sim, cada um vai e volta como a sombra. Em vão se agita, amontoando riqueza sem saber quem ficará com ela.”

      Do que adianta essa morte em vida? A vida é tão curta, faz-nos entender a nossa fragilidade e as vaidades do mundo.

      “Mas agora, Senhor, que hei de esperar? Minha esperança está em ti. Livra-me de todas as minhas transgressões; não faças de mim um motivo de zombaria dos tolos. Estou calado! Não posso abrir a boca, pois tu mesmo fizeste isso. Afasta de mim o teu açoite; fui vencido pelo golpe da tua mão. Tu repreendes e disciplinas o homem por causa do seu pecado; como traça destróis o que ele mais valoriza; de fato, o homem não passa de um sopro.”

      Quem é que nos cala senão o Senhor mesmo? Quando estamos fortes, achamos até que não precisamos de Deus, os dias começam a se passar e nós nem oramos mais, perdemos o temor. Achamos que a nossa força será para sempre e que nada e nem ninguém irá nos amordaçar. Falamos muito e com todo mundo, agitamos, saímos, rimos. Mas basta Deus levantar um dedo e a nossa força se vai. Aquilo que mais gostamos se torna tédio e fadiga. Por que Deus faz isso? Por causa do nosso pecado, e o pecado maior é se esquecer de Deus. Não, Deus não é uma autoridade obsessiva e controladora, que pune o homem para que esse continue sempre dependente dele. É a nossa índole que é fraca. As flores, árvores e pássaros, dependem de Deus para continuar vivos em todas as suas plenitudes. Contudo, nós nos esquecemos que precisamos muito de Deus e de toda a sua criação, das estações, da natureza, dos astros. Se tudo isso não funcionasse devidamente, a vida humana seria destruída, como uma formiga debaixo do pé de um homenzarrão. Deus apenas nos lembra isso, quando nos disciplina, traz à nossa lembrança a nossa fraqueza, a nossa finitude.

      “Ouve a minha oração, Senhor; escuta o meu grito de socorro; não sejas indiferente ao meu lamento. Pois sou para ti um estrangeiro, como foram todos os meus antepassados. Desvia de mim os teus olhos, para que eu volte a ter alegria, antes que eu me vá e deixe de existir.”

      Que valor temos para Deus se morrermos? O salmista recorre ao coração amoroso de Deus, lembra-lhe que desfalecido sua vida não terá sentido. Qual é o maior valor do homem se não adorar a Deus e compartilhar com os outros homens tudo o que Deus é e faz? Portanto, não pese mais sua mão sobre nós, Senhor, não porque não precisamos de correção, nós conhecemos a nossa natureza e sabemos que ela é teimosa e rebelde. Mas que valor teríamos mortos? Cesse tua disciplina e nos levante para te adorar.

08/08/11

"Não acho que as coisas sejam assim"

Se você, quando lê textos como estes postados aqui, diz “não acho que as coisas sejam assim”, tenho algumas palavras pra você. Se você for o tipo de pessoa que não acredita na lisura dos chamados crentes, que pensa que as igrejas evangélicas existem somente para tirar dinheiro dos membros, que todas as religiões, se forem praticadas com sinceridade, levam a Deus, que ninguém é dono da verdade, ou mesmo que acha que este deus cristão não existe, é apenas criação da psique humana, e das psiques mais fracas, eu peço uma gentileza a você, leia esta postagem até o fim.

    Primeiro eu gostaria de dizer que acredito em você, acredito na integridade da tua ótica da vida, mas melhor que isso, penso que Deus acredita em você. “Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência”, Atos 9:7-8 (desculpe-me, mas citarei passagens bíblicas no decorrer desta postagem, eu acredito que a Bíblia está registrada atualmente como está, porque Deus tem um propósito para isso, acredito que Deus fala através da Bíblia). O versículo citado, diz quem são considerados filhos de Deus. Os judeus acreditavam que eles tinham esse direito, ou pelo menos aqueles que eram circuncidados e obedeciam à Lei. Contudo a promessa que Deus fez foi a Abraão, antes de existir a nação de Israel e a Lei de Moisés. Paulo chega ao cerne da salvação de Deus através desse texto. Salvos são os que são como Abraão, e como era Abraão?

    “Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”, Romanos 4:1-5. Abraão teve fé, fé para acreditar que mesmo com idades avançadas, ele e a esposa Sara, poderiam ter um filho, que foi Isaque, e que a descendência desse seria multiplicada como as estrelas do céu. “Que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos; E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz”, Gênesis 22:17-18.

    São salvos os que creem, portanto você não precisa ser igual à maioria dos cristãos para ter uma experiência com Deus, não precisa fazer o que eles fazem, estar no lugar onde eles estão ou mesmo andar com eles para ser um filho de Abraão. Basta querer, buscar, esteja onde estiver, se for de coração, Deus te ouvirá e se revelará a você. Mas aí está a primeira ênfase, se for de coração, de todo coração. Quem busca Deus assim, sempre o encontra, mesmo que esteja no lugar mais improvável do mundo para que isso aconteça. A consequência dessa busca genuína é que se acha, e começa a não se contentar mais com qualquer coisa, com mentiras, com hipocrisias, com manipulações humanas, com segundas intenções. Essa é a segunda ênfase, quem acha quer mais e melhor.

    Não é impossível, mas existe certa dificuldade de se aceitar pessoas que dizem ter encontrado a Deus, mas que continuam, por anos, dentro de grupos religiosos com doutrinas que vão contra o coração do evangelho. "Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus", João 3:18. No coração do evangelho estão três princípios: primeiro, o homem precisa de salvação, logo, existe céu e inferno após a morte do corpo; segundo, a salvação é somente através de Jesus, logo a evolução das pessoas em uma vida ou em muitas vidas naturais, é impossível; terceiro, a salvação é o começo da vida eterna, após a conversão, Deus direciona e age na vida dos salvos, assim e somente assim existe evolução espiritual.

    Uma experiência verdadeira com Deus começa com a aceitação de que se precisa de salvação. Mas e se você disser, “salvação de que? Eu não preciso de nenhuma salvação”. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”, Romanos 3:23-24. É só olhar para o mundo atual e para a história desse mundo, para entender que as coisas não caminham assim para um happy end. A injustiça sempre existiu e parece que nunca vai terminar. Mesmo que você, como um cidadão consciente, se preocupe com ecologia, com implantação de políticas sustentáveis, na produção dos elementos prioritários para a existência humana, para que o planeta seja conservado, e se preocupe também com um equilíbrio entre pobres e ricos, você precisa admitir que somente a boa vontade dos homens não conseguirá melhorar efetivamente o mundo. Há de se ter humildade para se contar com a ajuda de Deus. Deus por sua vez só age quando sua ajuda é solicitada. Isso não é irresponsabilidade cósmica, é modéstia real. Aquele que é todo poderoso dá ao homem, ser finito, o privilégio do livre arbítrio, o direito de deixar Deus atuar, de autorizar a manifestação do sobrenatural.

    E se você disser, “Deus não existe, pelo menos da maneira pessoal como dizem os cristãos, ele é somente uma energia positiva que atua invisível em todo o universo”, então eu te digo, peça provas a ele, se o fizer com sinceridade pode acreditar que ele mostrará a você que existe. Contudo, para isso, também é necessária humildade para usar a fé, a virtude que nos permite conhecer a Deus. Acha difícil ter essa fé? Mas nós usamos fé para tantas coisas na vida, na verdade sem fé ninguém conseguiria levantar da cama, pela manhã, e conviver com a realidade da vida. Não, você tem fé sim, Deus dá uma porção dela a todos os homens, suficiente para que se consiga bater na porta dos céus e poder se relacionar com Deus.

    Eu sei que um motivo bem forte que faz as pessoas desacreditarem no cristianismo é o estado atual das instituições cristãs. Se você tiver a oportunidade de estudar história, verá que as instituições sempre foram decadentes, sempre foram manobradas pela liderança vigente naquele momento para manter o seu poder. Aquilo que é chamado de instituição religiosa legal, sempre se entregou, se vendeu às forças políticas e econômicas de seus tempos. Cristãos sinceros? Sempre existiram, mas na marginalidade, muitas vezes sob perseguição da instituição legal. Portanto, nos dias atuais não é exceção, se você for usar esse motivo para não se aproximar do cristianismo, então nunca conhecerá a Deus. Contudo, mesmo com toda a promiscuidade das instituições cristãs, Deus as usou, muita gente sincera fez e faz parte delas. Quer saber da verdade? Isso nem importa tanto assim, quem quer a Deus, quer apesar do que os outros dizem, quem crê em Deus, crê apesar da falsidade das lideranças, quem prova Deus, prova mesmo no meio de gente mentirosa e vaidosa.

    Se você ler as postagens desse blog, não achará qualquer apologia às instituições, não verá qualquer defesa deste ou daquele grupo religioso, não é citado se quer nomes dessa ou daquela igreja, de forma específica, aqui se fala de Deus e de seu filho Jesus. Eu compartilho a minha experiência de vida com Deus, e acredite, minha vida foi bem tumultuada. Briguei muitas vezes com Deus e o desobedeci, em algumas fases essa minha rebeldia durou anos. “Porque não desprezou nem abominou a aflição do aflito, nem escondeu dele o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu”, Salmos 22:24. Como eu já disse em outras postagens, a experiência que desejo compartilhar é aquela que se pode ter no escuro e solitário quarto de dormir, ou andando pela casa, quando a família saiu por algum motivo, conversando, chorando e rindo com Deus, sem formalidades, sem cerimônias, mas com fé. Tenho achado Deus sempre que o busco, mesmo quando as palavras faltam, as forças chegam ao fim, a esperança parece que vai desaparecer no horizonte. Tenho provado que quando eu dou um passo na direção de Deus, muitas vezes um passo sofrido de se dar, onde eu usei o último bocado de fé que tinha, Deus se apresenta, fala, muda minha emoção e meu pensamento, e depois faz algo que eu achava impossível ser feito.

    “Busquem o Senhor enquanto se pode achá-lo; clamem por ele enquanto está perto”, Isaías 55:6. Talvez você não ache que as coisas sejam assim, mas aceite um conselho, de quem tem achado graça diante do altíssimo: ainda é tempo, Deus se deixa ser achado, por causa do grande amor que ele tem por você. “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”, João 14:16.

07/08/11

Superego ou Deus?

E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne”, Ezequiel 36:26

      A maioria de nós é educada com princípios morais. O certo e o errado são sempre gritados em alto e bom som. O não é mais usado que o sim. Isso nos torna adultos cheios de culpas, inseguros. Temos medo de enfrentar a vida, achamos que estamos fazendo sempre algo de errado. Pensamos que alguém, em algum lugar, está nos vigiando, nos julgando, e que no tempo certo vai apontar o dedo para nós e nos humilhar. Grande parte dos seres humanos tem essa experiência, em menor ou maior grau. A figura de um pai austero fica gravada em nossa cabeça para sempre.
      O criador da psicanálise, Sigmund Freud, quando mapeou a consciência do homem, chamou esse juiz implacável de superego. O superego “serve como um censor das funções do ego (contendo os ideais do indivíduo derivados dos valores familiares e sociais), sendo a fonte dos sentimentos de culpa e medo de punição” (do site Página de Freud). Muita coisa já se disse, depois da teoria psicanalítica, muito se acrescentou e muitos até tornaram os estudos de Freud um pouco ultrapassados. Mas como toda sacada genial, aquilo que ele enunciou muda de nome, evolui, mas os princípios básicos ficarão por muito tempo. Bem, eu pessoalmente gosto da teoria estrutural da mente de Freud, a constatação de que existem três diferentes níveis de consciência, o id, o ego e o superego. Falamos do superego, só para encerrar com essas definições, vamos ao id e ao ego:
      “O id é o reservatório inconsciente das pulsões, as quais estão sempre ativas. Regido pelo princípio do prazer, o id exige satisfação imediata desses impulsos, sem levar em conta a possibilidade de consequências indesejáveis.” “Regido pelo princípio da realidade, o ego cuida dos impulsos do id, tão logo encontre a circunstância adequada. Desejos inadequados não são satisfeitos, mas reprimidos.” (também do site Página de Freud).
      Então nós nos “convertemos” ao cristianismo, coloquei esse verbo entre aspas porque teríamos que fazer um estudo só para entender o que é se converter. A gente aprende no início de nossa evangelização que conversão é mudar a direção, nos direcionar então para Cristo. Mas o problema é exatamente esse, nem sempre a direção que tomamos é para Deus. Consciente ou inconscientemente, a maioria de nós tenta mudar para outras direções antes de entender qual é a direção onde Deus está. A direção onde Deus se encontra só pode ser mostrada por ele, para entendermos isso temos que andar com ele.
      Bem, na verdade a gente entra para a tribo dos crentes, adquire toda a cultura evangélica, aprende as músicas, compra produtos dos ídolos evangélicos, livros, discos, nos vestimos como eles, nos tornamos cidadãos de uma nova nação. Nos desvencilhamos de costumes que não condizem com a conversão, contudo, muitos de nós ainda continuamos com alguns velhos costumes. Quais são eles? Aqueles que achamos certos, aqueles princípios morais. Poxa, é mais fácil fazer isso, afinal de contas, pensamos, são coisas certas mesmo, foram nossos pais que nos ensinaram, nós já as conhecemos. Caminhar com Deus pela fé, aprender a ouvir a voz do Espírito Santo, isso tudo é tão subjetivo, difícil, achamos. Muitos líderes incentivam essa conduta, usando leis, como os dez mandamentos. Fica mais fácil liderar e manter a homogeneidade de uma comunidade através de regras já conhecidas. Veja bem, não estou dizendo aqui que tudo o que nossos pais nos ensinaram de bom é errado e que deve ser esquecido.
      Após a conversão, o superego continua presente, é impossível se livrar dele. Todavia, o problema é que, conscientemente ou não, podemos fazer a confusão de achar que esse superego é deus, pior ainda, achamos que esse deus é Deus, como eu já disse, fazemos isso porque parece mais fácil (a língua portuguesa nos limita quando queremos identificar deuses de maneira geral e o único Deus verdadeiro, pai de Jesus; temos apenas o recurso de começar a palavra com letra maiúscula ou não).
      O que tem de errado então de se ouvir a voz do tal superego e não a de Deus? Os princípios de Deus são bem extremados, não se engane ninguém que ache que eles são fáceis e voláteis. “Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos”, Isaías 55:9. “Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o senhor vosso Deus”, Levítico 20:7. Contudo os mandamentos do Senhor não são impraticáveis. “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados”, I João 5:3.
      O superego não, ele é inexorável. Seu objetivo não é repreender para ensinar, ele quer somente culpar e punir. Esse nível de consciência é construído na “carne” do homem, nada tem a ver com o Espírito Santo, identifica a natureza decaída do ser humano. Quando iniciamos a nossa caminhada com Deus, a luta que começa a ser travada em nosso homem interior, e que existirá enquanto vivermos neste mundo, é justamente entre o Espírito Santo, procurando fazer uma obra de restauração em todo o nosso ser, e a velha natureza, a chamada “carne”. "Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis", Gálatas 5:17. O superego faz parte dessa velha natureza e não do novo homem que Deus está construindo em nós. "E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade", Efésios 4:24. Mas como eu já disse, para quem não busca a Deus com todo o coração, pode ser difícil reconhecer isso, já que o discurso do superego parece tão correto, tão moral, e como também disse atrás, é um discurso que nós já conhecemos. O novo nos aterroriza, o conhecido não, mesmo que ele seja ruim.
      Então, nós podemos puxar um breque de mão logo no início de nossa caminhada com Deus. Podemos passar anos amarrados, como verdadeiros anões espirituais, sem crescimento, sem conhecer a Deus. Isso porque já achamos que sabemos tudo, de uma maneira muitas vezes inconsciente. Achamos que sabemos tudo e não chegamos a lugar algum! Ao contrário, nos tornamos escravos de um ídolo. O pior dos ídolos é aquele que tem a forma de Deus, que diz as suas palavras, que se parece muito com Deus, mas não é Deus. É criado pela nossa mente, com pedaços de Deus, ícones do cristianismo, trechos bíblicos. Mas esse ídolo, não é Deus, repito! Ao invés de libertar, ele aprisiona, surra, suga do cristão todas as suas forças, levando-o a uma depressão mais que física e psicológica, mas espiritual. Muitos chegam às portas da loucura, tentando e não conseguindo obedecer um falso deus, que é engendrado  dentro do homem.
      É esse ídolo que vicia o homem em ativismo religioso, que prende-o a metas espirituais equivocadas como falsa humildade, abnegação desnecessária. Ordens religiosas seculares foram criadas para alimentar esse ídolo, fazendo as pessoas acreditarem que o castigo da carne, a abstinência e o isolamento social fossem sinônimos de santidade e intimidade com o criador. Também é importante dizer, que não estou me referindo aqui, a jejuns e sacrifícios executados de forma sincera, que podem, sim, alcançar o amoroso coração de Deus. Mas “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus”, Salmos 51:17.
      E não é somente dentro da Igreja e nos ministérios que esse ídolo é glorificado. Outras áreas também são lideradas por mãos de ferro por ele. Muitos cristãos simplesmente se esquecem de versículos como Isaías 64:4, “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera”, e Salmos 127:1, “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela”. Vivem para o trabalho e para o dinheiro. Confiam em seguros e em poupanças, não em Deus. Têm medo de morrer e de ficarem sozinhos. Reprimem suas sexualidades ou então desandam de vez, se sentindo ainda mais culpados. Sim, porque esse ídolo não tem vitória apenas quando as pessoas tentam obedecê-lo. Ganham também quando elas não conseguem e se desviam de vez.
      Então eu novamente me lembro de Jesus, de um texto que sempre cito: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”, Mateus 11:28-30.
      Para, povo de Deus, cale-se superego, aprendamos a ouvir a voz do Espírito Santo, é tempo de parar de tentar ser mais real que o rei, é tempo de começar a viver pela fé, não deixando de trabalhar ou de lutar, mas fazendo apenas aquilo que Deus quer que nós façamos. O que Deus deseja de nós é sempre o suficiente, equilibrado, possível de ser feito, e feito com alegria e competência. Mas esteja pronto, povo de Deus, isso pode coloca-lo numa posição de simplicidade, de marginalidade, longe de qualquer notoriedade.
      É tempo de buscar a Deus, com sinceridade, com fé, com todo o coração, é tempo de lançar por terra os ídolos emocionais e dar lugar ao Santo Espírito de Deus. "Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo", I Coríntios 2:16. “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”, João 14:26. O novo homem, que o Senhor gerou em nós, tem a mente de Cristo e o Espírito de Deus. Deus é eterno e santo, existia antes que tudo existisse e a tudo criou do nada. Ele não é criação do homem, parte de nossa consciência, o superego ou seja lá o que os sábios deste mundo podem dizer que é. É tempo de se ter coragem de invocar esse Deus, o todo poderoso, e de clamar a ele por um milagre, em nossas vidas, nas vidas de nossos queridos, na Igreja no Brasil e no mundo. 

A verdade liberta!

        "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" João 8:32

         Quem teve um encontro genuíno com Deus, através de seu filho Jesus, não consegue mais voltar atrás. Pode até tentar se enganar por algum tempo, mas nunca achará gosto em outras águas, alimento em outros pães e alegria em outros vinhos. Nenhuma filosofia ou religião responderá aqueles questionamentos básicos da existência humana, "quem eu sou", "de onde vim" e "pra onde vou". Quem conhece a verdade tem libertação da mentira e do mal e nunca mais desejará se colocar como escravo desses senhores.