A compaixão de Jesus

      "E mandou degolar João no cárcere. E a sua cabeça foi trazida num prato, e dada à jovem, e ela a levou a sua mãe. E chegaram os seus discípulos, e levaram o corpo, e o sepultaram; e foram anunciá-lo a Jesus. 

      E Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, apartado; e, sabendo-o o povo, seguiu-o a pé desde as cidades. 

      E, Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos." 

Mateus 14.10-14

      Jesus, sabendo do terrível fim de João Batista, desejou estar só. Jesus teve medo? Com certeza. Por muito menos, nós ficaríamos aterrorizados, contudo, Jesus ainda assim teve compaixão. Será que ele teve tempo pra se recompor? O texto não é claro, mas eu penso que não, não o suficiente.
      Penso que abriu mão, muitas vezes, de momentos necessários sozinho, pra pensar, pra orar, pra se fortalecer em Deus, em prol de uma multidão carente de milagres físicos, a mesma multidão que o deixaria só, no seu final, quando ele, sim, precisou de compaixão.
      Que exemplo de pastor, que exemplo, sempre tinha tempo, mesmo pra ovelhas inconstantes, imaturas, mas ainda assim com dores legítimas, as dores de todos nós humanos, ingratos e injustos.

Faça enquanto espera

      Faça, enquanto espera pra saber o que deve fazer, faça com diligência, mas sem desespero, faça em paz, com qualidade. Talvez você descubra depois, no final da espera, que aquilo que você tinha que fazer aprendeu a fazer enquanto esperava. Nenhum tempo da vida é inútil, é sem sentido, quando se espera, se faz e se vive em Deus.

Apaixone-se e faça acontecer!

      Se nossa paixão legítima por algo que realmente somos e podemos fazer de melhor, não for maior que o orgulho, que o medo de errar, que os limites inerentes à humanidade de todos nós, que a vaidade de achar que temos que dar a última palavra sobre algo, se um amor verdadeiro não for maior que tudo isso, qualquer projeto nosso estará sujeito ao fracasso. Sempre deixaremos para fazer algo amanhã, enquanto hoje, vigiamos os outros, destilando secretamente em nossos corações, inveja e mágoa. Faça a escolha certa de amor e realize isso o mais rápido possível.

Perdidos no espaço

      Os cristãos usam muito o termo, se referindo aos do mundo, "perdidos". Esses realmente estão perdidos, sem Deus vagam em trevas e mesmo que achem possuir controle sobre suas vidas, não sabem para onde estão indo. Contudo, como existem cristãos perdidos, mesmo que pela graça de Deus tenham proteção e provisão, batem as cabeças em suas vidas afetivas e profissionais. 

      Não conseguem construir nada forte o suficiente para resistir ao tempo, estão sempre começando algo novo, mas sempre deixando pra trás outro projeto inacabado. Essa disposição de não saber o que fazer ocorre porque no fundo não se conhecem, assim como não sabem a real vontade de Deus pras suas vidas.

      Se superavaliam, achando-se mais do que realmente são, com corações orgulhosos disfarçados de corações injustiçados, que os colocam sempre como vítimas da vida. Ou então se subavaliam, amarrados por temores, nunca têm coragem de desempenhar suas chamadas. O consolo de Deus é para todos, mas que quarenta dias não se transformem em quarenta anos, quando mesmo o maná milagroso se torna enjoativo, levando a vida a um tédio sem sentido. 

     É preciso humildade para aceitar limites, coragem para quebrar barreiras, mas de um jeito ou de outro, é preciso seguir em frente, sermos proativos e produtivos, e não ficarmos perdidos no espaço.

O amor é elegante

      O ódio pela exceção não tira da regra a legitimidade do amor, o ódio sempre evidencia a vaidade do que odeia e quer aparecer, não o objeto de seu ódio. O amor se evidencia não por palavras, mas por ações silenciosas e desprovidas de vaidade. O ódio é extravagante, o amor é discreto, porque sempre procura deixar o outro numa disposição confortável.
      Onde estão os verdadeiros cristãos? Não estão nas mídias, nem nos palcos sob holofotes, estão vivendo no mundo real vidas simples, coerentes e construtivas. Esses não merecem o ódio que alguns sentem pelo cristianismo, esses amam em silêncio, esses fazem na sociedade a diferença que impede que o ódio prevaleça, graças a Deus por eles.

Heresia: o que é? (vídeo)

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Técnica, herege ou romântica

      Identifico três igrejas cristãs atualmente:

- em primeiro lugar a técnica: uma resistência dentro das chamadas igrejas tradicionais, conhecedoras de Bíblia, mas com um apelo que não vai de encontro à maioria (da sociedade brasileira atual que até quer informação, mas não conhecimento); esta secção, apesar de arrogar a biblicidade para suas bandeiras, não a põe em prática em suas vidas, já que despreza o Espirito Santo, o único que pode de fato viver o evangelho; liderada por intelectuais, estudantes sérios de teologia, exímios conhecedores das escrituras sagradas, querem fugir da heresia, mas acabam caindo nela, numa busca utópica de legitimar toda a Bíblia;

- em segundo lugar a herege: que domina uma quantia significativa de igrejas (pra não dizer maioria?), principalmente entre as pentecostais; lideradas por pastores empresários que administram templos como casas de show tendo como produtos de venda, artistas gospel (músicos e pregadores itinerantes), essas, ou se cansaram do evangelho simples e original, ou deixaram o centro da Bíblia, achando relevância na periferia dos princípios bíblicos, não no novo testamento e em Jesus;

- em terceiro lugar a romântica: um grupo sincero, que oscila entre a técnica e a herege, que tenta achar um equilíbrio, mas que tem receio de se levantar contra o sistema protestante-evangélico e contra as denominações institucionalizadas; é uma secção nostálgica, liderada principalmente por ministérios musicais (não artistas gospel), essa talvez seja a mais próxima da igreja cristã conforme o coração de Deus.