10/03/23

O cristianismo que me representa! (2/2)

      “E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus.João 1.36

      “E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais” (João 8.10-11). O cristianismo que me representa é o de Jesus não humilhando a mulher adúltera diante de tantos, mas perdoando-a e dando-lhe uma segunda chance. Quanta calma para reagir diante da fraqueza do outro, o oposto da nossa reação, que muitas vezes quer esconder nossos erros atrás dos erros alheios. Só com muita paz de espírito para portar-se assim, que inveja “boa” eu tenho desse Cristo, que nada tem a ver com o cristianismo de muitos que se chamam de cristãos.
      “Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos.” (Mateus 11.18-19). O cristianismo que me representa é o de Jesus ensinando pecadores de forma muito próxima, não se colocando como melhor que eles, mas como irmão deles. Que segurança para ser visto com gente menos apegada a valores morais, sem ter a vaidade de temer ser confundido com um deles, principalmente sabendo que líderes religiosos judeus estavam de olho nele, sempre procurando uma razão para matá-lo, esses sim, para aplacar inveja e vaidade enrustidas.  
      “E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta. Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.” “Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos). Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.” (João 4.6-7, 9-10). O cristianismo que me representa é o de Jesus, que ainda cansado tinha afeto para dar, muitas vezes vencendo preconceitos que até poderiam justificar ele não ter que ajudar alguém.
      “E foram ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele, por causa da multidão. E foi-lhe dito: Estão lá fora tua mãe e teus irmãos, que querem ver-te. Mas, respondendo ele, disse-lhes: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a executam.” (Lucas 8.19-21). O cristianismo que me representa é o de Jesus, que teve a coragem de dar as costas até para familiares próximos, abriu mão de ser entendido e aprovado por esses, porque escolheu saber e fazer a vontade de seu pai espiritual. Quantos acham que ser espiritual é seguir cegamente a religião da família, que sabem que não funciona, mas que não têm coragem de deixá-la, pois querem honra da sociedade, não de Deus.
      “E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.” (João 2.23-25). O cristianismo que me representa é o de Jesus que fazia milagres físicos por amor, ainda que soubesse que isso não mudaria o coração de homens imaturos. Esses só o buscavam por motivos materiais, não para serem seres humanos moralmente melhores, muitos dos quais depois engrossariam o coro dos que escolheram Barrabás para ser poupado, não ele, que não estariam com ele no final, quando ele mais precisasse. 
      “E, levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe: Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti? Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.” (Mateus 26.62-63). O cristianismo que me representa é o de Jesus calando-se diante dos ataques injustos e violentos dos homens, que se postavam como líderes religiosos exemplares, mas que não conheciam o amor de Deus. Por isso não temo me posicionar contra papa, padres, pastores, pregadores, religiões e cristianismos deste mundo, que ainda que numa condição de excessão Deus use para iluminar o ser humano, estão longe de serem o cristianismo do Cristo genuíno. 
      Conivente com o pecado, glutão, bêbado, herege, mau filho, passivo diante da injustiça, podemos acrescentar endemoniado, louco, além de insurgente político, não, o Cristo real não era bem visto, hoje seria “cancelado” nas redes sociais, poderia não ser crucificado, mas seria processado por líderes religiosos. Sim, a Bíblia precisa ser entendida com mais cuidado, com mais oração, com mais Espírito Santo, e algumas coisas poderiam ser até desconsideradas, mas Jesus, seus exemplos práticos de vida na sociedade, esses precisam ser praticados sempre. Eu amo Jesus, ele me representa, se ele não não fosse quem é, religiões não estariam de pé até hoje, por usarem, ainda que imperfeitamente, seu maravilhoso nome. 

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a 1ª parte desta reflexão

09/03/23

O cristianismo que não me representa (1/2)

      “Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós.I Tessalonicenses 1.5

      Muito do que se autodenomina cristianismo evangélico, que se diz baseado na tradição protestante e na Bíblia, não me representa, assim não tenho receio de dizer que não concordo com muitas coisas que cristãos e pastores dizem sobre o cristianismo. Por assumir isso muitos podem me ver como um desviado, mesmo como um herege, e isso não é verdade, desviados e hereges sob o ponto de vista de desviados e hereges não são desviados e hereges. Quem, então, é desviado e herege, eu ou os que se opõem aos meus pontos de vista? Os frutos bons que permanecem no tempo até o juízo na eternidade responderão a isso. 
      Longe de mim, mas muito longe mesmo, me comparar a um por cento do que foi o apóstolo Paulo, assim usar o texto bíblico inicial para me justificar nesta reflexão é totalmente inapropriado. Contudo, posso dizer que mesmo numa proporção muitíssimo menor, tenho provado uma experiência com Deus não só de palavras, mas de prática. Nem o escritor mais prolixo e talentoso, ou o maluco mais fora da casinha, teria tantas palavras para inventar como as que são postadas nesta página, e creiam, no momento de vida que estou, nem tenho mais energia artística para isso, só tenho a amizade de Deus para me alimentar. 
      Diz-se que anonimato dá coragem a medíocres, assim pode-se dizer qualquer coisa na internet, não discordo disso, e como isso tem sido usado principalmente para disseminar atualmente fake news e teorias conspiratórias. Mas creiam, não é o meu caso, púlpito virtual é ferramenta que veio para ficar, que pode ser usado com inteligência por muitos, mas que pode ser ainda mais útil para outros, com algumas limitações. Para mim é bênção de Deus que se adequa aos meus limites como escritor de sua palavra, mas também é bênção para o leitor que está longe e só tem acesso à palavra que está preparado para ouvir pela internet. 
      Oro muito pelo que escrevo aqui, e recebo aprovação de Deus pelo que posto com paz, vitória sobre o pecado e uma vida prática, minha e de minha família, de vitórias na realidade do mundo. Dito isso posso afirmar que o cristianismo de muitos não me representa, porque Deus tem dito a mim coisas diferentes que muitos dizem acreditar que Deus lhes diz. Nesse ponto algo importante e que muitos não entendem precisa ser dito: Deus não me ama mais que àqueles que pensam diferentemente de mim, esses recebem respostas de Deus tanto quanto eu, mas Deus pode dizer coisas diferentes a pessoas diferentes, eis um mistério. 
      Muitos podem falar: “você diz que Deus te falou uma coisa, mas eu busquei a Deus e ele me falou outra coisa, o que ele me disse bate com a Bíblia, o que você diz não bate”. Essa situação pode ocorrer por dois motivos: ou alguém está mentindo, dizendo que ouviu Deus falar quando não ouviu, ou alguém está num nível de escolaridade espiritual diferente. Deus fala com todos, mas não diz coisas profundas a quem não está preparado para entender, dizer seria mais prejudicar que beneficiar. Quando um diálogo chega nesse ponto, que revela um entendimento até lúcido, a conversa deve encerrar-se pelo que tem mais escolaridade.
      Ser espiritual é saber silenciar-se, Jesus homem fez isso muitas vezes. O Espírito Santo também faz isso hoje, com muitos que o buscam e que ainda que queiram saber certas coisas, não estão preparados para saber. Dessa forma quando alguém diz algo, que sabemos que é só a ponta do iceberg, mas que vemos que é sincero, não devemos humilhar ou escandalizar tal pessoa, só nos calar e respeitar, com temor a Deus e humildade. Como sabemos se muitos não são elegantes assim conosco, enquanto ingenuamente achamos que somos mais espirituais que eles, só dissemos a última palavra porque eles humildemente se calaram? 
      O cristianismo de muitos não me representa, e não estou dizendo com isso que as crenças desses não sejam sinceras, nem que Deus não cuide deles, só digo que fui além da superfície. Se você que me lê discorda de mim, não leia mais este espaço, siga na tua fé sincera, mas aconselho a manter a mente aberta e sempre orar a Deus para que te abra os olhos espirituais, caso eles não estejam abertos. Contudo, se o que você lê aqui te fala de alguma forma, e você nem precisa concordar com tudo, mas se te toca de algum jeito, busque mais a Deus, sem medo, peça que ele te mostre a verdade, ainda que contrarie algo que você crê hoje.

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08/03/23

A vida imita a arte (2/2)

      “Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte, e aos teus tabernáculos.” Salmos 43.3

      Os termos “bonito” e “feio” precisam ser usados entre parênteses, no pós-modernismo, esses conceitos como estética, se tornaram relativos, ainda que haja referências morais absolutas de certo e errado. Limites, sempre é preciso limites para se achar o equilíbrio e se conhecer, no minimamente possível, a verdade. Ainda que muitos cristãos não entendam isso, que usem textos bíblicos que dizem que o Cristo é a verdade de forma equivocada, Deus não usou outro meio no planeta Terra para revelar sua verdade mais alta senão o Cristo. Se eu quiser pintar um quadro sobre minha existência, compor uma canção, escrever um livro, se fizer isso à luz de Jesus estarei mais próximo da verdade sobre mim. 
      Ainda que pelos mitos do Éden, de Adão e de Eva, possamos entender que originalmente pretendeu Deus construir uma humanidade perfeita na Terra, mesmo que só por sombras materiais temporárias das realidades espirituais eternas, fica claro na Bíblia, na história de Israel e mesmo na passagem do Cristo homem, que os finais foram tristes. Israel se dissolveu no cativeiro, Jesus foi crucificado, se o próprio Deus escreveu com final infeliz e teve a coragem de mostrar isso ao ser humano de todos os tempos no cânone bíblico. Por que, então, nós queremos ter a arrogância e a covardia de ver os outros lendo em nossas vidas romances com finais felizes? Nos achamos melhores que Deus? 
      Ao lermos algo sobre história da pintura podereremos achar que houve evolução e depois involução, mas não foi isso, o que houve foi uma construção, agregando pontos de vista, e depois uma desconstrução, descartando informações desnecessárias para entender, não a superfície, mas a essência. O trajeto partiu da matéria, a viu florescer, a presenciou morrer e depois se pôs a olhar além. Nisso evolucionismo de Darwin, psiquiatria de Freud, filosofia de Nietzsch, espiritualismo de Kardec, física quântica de Eistein, dentre outros, libertaram o ser humano do conservadorismo, entregaram o humanismo. O homem começou a olhar para dentro de si pelos seus próprios olhos, não pelos olhos dos outros. 
      Difícil definir modernismo artístico em poucas palavras, existem mais de um e alguns se opõem, mas sob um ponto de vista ele pretende subjetividade, que não verifica matéria fixa, mas a luz refletida nela. Assim uma mesma coisa pode ser vista de maneiras diferentes por pessoas diferentes em posições diferentes. Mas ainda há mais, agora não usando só instrumentos físicos, olhos e luz, mas a percepção emocional, mesmo na mesma posição um se alegrará com algo e outro ficará triste. Qual é a verdade? A verdade é aquela que cada um verifica, não a que o papa, o imperador ou qualquer instituição ou religião diz que é. Se verdade é relativa, beleza também é, depende dos olhos de quem vê. 
      A arte imita a vida ou a vida imita a arte? Arte humana busca beleza na matéria, é o homem imitando Deus quando esse atrai o espírito humano à evolução. Se a vida encarnada é arte divina, o homem cria arte terrena tentando imitar a arte divina, por isso muitos artistas chamam suas criações de filhos. A luz material permite interpretações diferentes da vida, o que confere riqueza e beleza à existência, isso é consolo de Deus para que enfrentemos cada dia com esperança nova, cada amanhecer parece raiar um novo Sol, ainda que saibamos que no final enfrentaremos a noite da morte. Mas só a luz mais alta de Deus pode mostrar-nos a verdade, essa não precisa mudar para ser nova sempre, ela é vida espiritual eterna.
      Que partes você tem cortado para que o filme de tua vida fique mais bonito? De ilusão também se vive, mas um dia todos teremos que enfrentar a visão multi-dimensional de Deus, com imagens de todos os pontos de vista e áudio completo e de qualidade, sem censuras. Na eternidade e sob a luz de Deus o filme será executado na íntegra, na versão do diretor de todos os destinos, com notas explicativas e tomadas adicionais que foram suprimidas pelos protagonistas, por essa versão é que seremos avaliados. Entretanto, tente ver teu filme na íntegra ainda neste mundo, mesmo as partes mais doloridas e vergonhosas, sei que não é fácil, mas ache perdão e paz e depois siga, produzindo melhores cenas. 

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07/03/23

A arte imita a vida? (1/2)

      “Para o sábio, o caminho da vida leva para cima, para desviar do inferno, embaixo.” Provérbios 15.24

      Um filme que assistimos na TV ou no cinema é registrado por uma câmera, esse aparelho capta imagem e som, mas de maneira direcionada. Ainda que filmando um documentário histórico, não uma obra de ficção, enquadra uma área específica de imagem e colhe uma faixa restrita de áudio. Um filme não é a realidade, mas um corte dela pelo que filma, de acordo com intenções e preferências estéticas desse. Há truques clássicos, carros que aos nossos olhos se movem no filme pronto por um bom tempo numa longa rodovia, movimentam-se muitas vezes de um lado para o outro em uma estrada pequena, que na edição das filmagens parciais e curtas formam um único e longo trajeto. 
      Algo semelhante ocorre com filmagens em florestas, uma pequena área é filmada várias vezes, em ângulos e com os personagens se movendo em direções distintas, assim tomadas menores se transformam numa longa tomada numa floresta enorme e desconhecida. Muitas vezes o local nem é uma floresta real, mas só um cenário interno num estúdio, com plantas falsas ou plantadas em vasos, que a localização adequada do foco da câmera não revela, dando a impressão de serem árvores e outras folhagens verdadeiras em ambiente externo. Esse preâmbulo teve o intuito de mostrar uma metáfora, que pode ser usada para a maneira como entendemos e exibimos nossas vidas aos outros. 
      Ninguém escapa de interpretar a existência como um filme, um romance, um quadro ou uma canção, faz parte da alma humana expressar-se artisticamente, não só produzindo arte, mas se vendo como uma. Isso confere alguma integridade e alguma beleza à vida, dá relevância mesmo às existências mais medíocres. Mas talvez a matéria, todo o universo físico, seja isso, uma obra de arte de um Deus puramente espiritual, não é a realidade, só uma ilusão, e que maravilhosa ilusão é. O mistério está em entender por que Deus tem o propósito de aperfeiçoar criaturas espirituais eternas em limitadas passagens por um plano físico, que existe para virar pó, que tem na morte a única certeza.
      Acompanhar a evolução das artes plásticas, principalmente da pintura, é entender não só a evolução da arte, mas da própria psique humana. De esboços rupestres em cavernas, já uma tentativa de harmonizar esteticamente uma moradia, passando por pinturas unidimensionais sem fundo definido, onde só divindades e nobreza eram registradas e de forma esplendorosa, depois o realismo onde perspectiva é entendida e simples plebeus, muitas vezes em momentos pouco glamorosos, são registrados, até os modernismos, onde só percepções de sensações são assinaladas, aproximando-se mais da ótica real que o ser humano tem, é o homem evoluindo à medida que se olha e se conhece por dentro. 
      Isso também acontece na música, na dramaturgia, na literatura, das quais o cinema é evolução, mas a chamada arte moderna talvez seja a expressão artística mais humanamente honesta, apesar de ser esteticamente desconfortável e muitas vezes impossível de ser entendida, já que o objetivo dela pode ser esse mesmo. O que é mais “bonito”, um Rembrandt ou um Picasso? À primeira vista muitos dirão que é um Rembrandt, mas será que no século XXI podemos nos dar ao luxo da ingenuidade do homem do passado? Picasso é “feio”, mas será que o ser humano pode se ver interiormente mais ”bonito”, que a desconstrução que Van Gogh e Mondrian expressaram em quadros a óleo? 
      Para se construir uma história que evoluirá para o bem e se conseguir reter esse bem por um tempo significativo neste mundo, deve-se buscar o melhor ponto de vista, essa posição é por Jesus e de Deus. Se vivermos só sob o ponto de vista da matéria, depois avaliando o que vivemos só sob esse ponto de vista, a verdade é que construiremos historias infernais, espiritualmente disformes, sem estética moral, para o qual só restará a ilusão da arte humana para dar algum sentido. Olhemos para cima, achemos para Deus e deixemos que a luz mais alta venha e reflita em nossas vidas, espírito se verifica com o Espírito e só o Espírito de Deus para construir em nosso espírito a eterna e linda arte de Deus. 

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06/03/23

Democracia é possível?

      “E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundoMateus 25.31-34

      “Democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do sufrágio universal. Ela abrange as condições sociais, econômicas e culturais que permitem o exercício livre e igual da autodeterminação política.Fonte

      Exalta-se a democracia, como um sistema justo para dar oportunidade de estabelecimento de liderança da sociedade, todos podem escolher e serem escolhidos, assim como aprovar ou não depois o que é decidido pelos escolhidos. Mas será que o mundo está preparado para a democracia? A democracia pode de fato fazer um mundo melhor? As respostas são não e não. Não está preparado pois Deus dá livre arbítrio moral a todos os seres humanos, assim cada um pode fazer uma escolha certa ou uma escolha errada. Se a maioria fizer a escolha errada, por um político corrupto e mal intencionado, a democracia terá que respeitar isso e receber os frutos amargos dessa escolha na maneira como esse político administrará a sociedade.
      Conclusão: não pode haver justiça e paz no mundo, não em sua totalidade e em todo o tempo. Quem mais deveria entender isso são cristãos, que usam ensinos bíblicos como normas para suas existências, aqui e na eternidade, por isso não deveriam se envolver como cristãos em política, mas só como cidadãos. Apoiar candidato porque se diz cristão, até pode, mas desejar que esse imponha princípios cristãos na sociedade é se opor aos não cristãos, é fazer a mesma coisa que fazem muitos não cristãos quando eleitos. Apesar da democracia dar liberdade à maioria de fazer escolhas políticas, eleitos não trabalham pela maioria, mas por todos, mesmo por quem não votou nele, eis outra faceta da democracia que muitos não aceitam. 
      Se não fosse assim democracia não seria democracia, mas autoritarismo de maioria contra minorias. Existe uma solução, respeito dos que ganham com os que perdem, e humildade dos que perdem com os que ganham, se há isso o homem entende a razão principal dele existir num mundo tão desigual. Quando todos são iguais, pensam do mesmo jeito, preconceitos e opressões ficam escondidos, entre amigos ninguém precisa ser melhor, todos são semelhantes, é quando temos que conviver com gente que pensa diferentemente da gente que temos que ser respeitosos e humildes. O propósito maior de Deus é aperfeiçoar o melhor em nós à medida que convivemos com diferenças, não há outro jeito de crescermos. 
      Cristãos que querem construir o céu na Terra, que desejam estabelecer o reino de Deus no mundo, colocando cristãos em posições políticas, não entendem o objetivo principal que Deus tem fazendo com que eles passem pelo plano físico. A vitória é ser luz nas trevas, não impor a luz sobre as trevas, a luz só será totalmente vencedora no plano espiritual e isso no “final dos tempos”, entendam como entenderem muitos o que seja “final dos tempos”. Aqui cabe-nos, repito, com respeito ao livre arbítrio e humildade com as diferenças, sendo maioria ou sendo minoria, darmos um testemunho pessoal de Deus, somos fortes como indivíduos que agradam a Deus, não necessariamente como instituição com posicionamento político. 
      “A democracia é o pior dos regimes políticos, mas não há nenhum sistema melhor que ela”, outros traduzem, “a democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as demais”, frase atribuída ao estadista britânico Winston Churchill. De fato democracia é o melhor jeito de se estabelecer justiça num mundo injusto. Entende isso quem tem humildade espiritual para ver a vida na Terra como ela realmente é, sem utopias ou ceticismos. Mas a verdade mais profunda é que o sistema perfeito para administrar os seres humanos, seja no mundo fisico, seja na eternidade, foi ensinado pelo evangelho de Jesus, chama-se amor. “O amor não faz mal ao próximo” (Romanos 13.10a), se pensarmos assim democracia talvez seja viável. 
      O texto bíblico inicial fala de uma divisão que haverá no juízo no plano espiritual, escolhas diferentes aqui conduzirão a finais diferentes lá. Tentar impor o cristianismo no mundo por ferramentas políticas é ir contra essa verdade, e pior, achar que o cristianismo é melhor e por isso deve prevalecer para dirigir a sociedade, na moral, na família, na educação, na saúde, na economia, é violentar a escolha diferente de tantos que não querem seguir o cristianismo das igrejas evangélicas, protestantes e católica, é tentar fazer um julgamento antes do tempo no lugar de Deus. Não tenho dúvida que Jesus é o melhor caminho para Deus, mas o cristianismo do mundo já demonstrou que não é, discordar disso é ser autoritário, não democrata.

05/03/23

Possessões demoníacas (2/2)

      “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.I João 4.1

      Quem tiver algum discernimento perceberá quando uma pessoa está possessa olhando seus olhos, ainda que não esteja esbravejando ou se comportando de forma violenta. Os olhos ficam vidrados, como se outro ser estivesse dentro da pessoa olhando por eles. É semelhante aos olhos dos bêbados e drogados, que também experimentam um tipo de possessão, álcool e outros elementos químicos escravizam e controlam. Prostitutas  e criminosos de maneira geral também têm olhos assim, a verdade é que possessão atualmente é algo mais sutil e mais comum que muitos acham ser.  
      Sensualidade exagerada é um tipo de possessão muito comum nos dias de hoje, nela se usa sedução sexual para controlar os outros, mas só quer controlar quem é controlado, a escravidão (assim como a tristeza) ama companhia. Ódio, contudo, é a vibração de possessão mais terrível, quando vemos pessoas perderem o controle de forma mais violenta, podem estar conectadas a espíritos rebeldes que vibram nessa frequência, assim há uma consonância que agrada o espírito do ser humano e um esprito externo, identidades diferentes se associam por um objetivo em comum.  
      Mas outros males também estabelecem sintonia com espíritos que vibram na mesma “onda” possuindo pessoas de formas diferentes, nem sempre com reações físicas externas mais visíveis. Aquela crença que diz “demônio do ciúme”, “demônio de prostituição”, “demônio da cachaça”, não está errada, mas a palavra inicial e final é sempre do homem, não do demônio. Demônios são reunidos em legiões que religiões espiritualistas, como o afroespiritismo, dão nomes específicos. Apesar de uma identificação individual, referem-se a famílias de espíritos, reunidos por afinidades. 
      Sempre que falo aqui sobre doenças psiquiátricas, deixo bem claro que não sou profissional da área médica, e que se alguém tem um problema assim ou conhece alguém que tenha deve procurar um psiquiatra, e se possível também um pastor sério, que creia no nome de Jesus, mas que respeite a ciência. Digo dessa maneira porque problemas de possessão demoníaca e psiquiátricos podem se confundir, assim como podem estar diretamente relacionados a disposições morais. Por exemplo, quem se deixa controlar pelo ódio pode ser possuído assim como construir transtornos mentais. 
      Uma depressão muito profunda pode ser só problema mental e afetivo, mas se não houver equilíbrio moral e força espiritual, pode sintonizar a pessoa com seres espirituais que vibram nesse malefício. É muito complicado definir regras e estabelecer limites, por isso é preciso muita cautela, o mais sábio é buscar seres humanos sérios em todas as áreas, científica e espiritual. Muitas vezes o lado físico cuidado por um profissional da área médica pode ter que agir antes que o pastor, se o corpo e o cérebro estiverem muito debilitados o espírito da pessoa não terá uma “casa” em ordem para reagir. 
      Nossas mentes são nossos templos espirituais (Mateus 12.43-45 e  I Coríntios 3.16), cuidar deles requer dois trabalhos. O primeiro é limpa-los, seja moralmente, com bons pensamentos e sentimentos, com perdão, paz, amor e humildade, seja fisicamente, com medicação psiquiátrica se for necessária. Mas não basta reconstruí-los e limpa-los, devemos ocupa-los com o Espírito Santo, fazemos isso orando e adorando a Deus, eis o segundo trabalho. Respeitando o Espírito ele mesmo nos ajudará a manter nossos templos limpos, sadios e úteis, impossibilitando qualquer nível de possessão. 
      Nos exemplos das passagens bíblicas abaixo vemos situações diferentes nos corpos e nas mentes de seres humanos interagindo com diferentes seres espirituais malignos. Em Mateus 9 o possesso estava mudo, dando a impressão de estar num estado cataléptico, talvez por depressão profunda, por isso a situação pôde ser revertida. Em Mateus 17 o endemoniado é denominado lunático, outra versão bíblica diz “ele tem convulsões e sofre muito”, parece um quadro que se assemelha à epilepsia. Nesse caso algo diferenciado é identificado por Jesus, uma casta de demônios que não sai com facilidade. 
      Em Lucas 4 uma outra identidade parece se expressar no possesso, parecendo um esquizofrênico, já Lucas 8 uma esquizofrenia mais séria poderia ser evidenciada, não com uma personalidade a mais, mas diversas, ou uma legião. É difícil saber o que é espiritual e o que é mental, é difícil saber como de fato Jesus curou ou libertou todas essas pessoas, se foi uma palavra de autoridade expulsando um entidade espiritual exterior sintonizada com a mente humana ou se a mesma palavra só “dispertou” a pessoa de uma disposição mental doentia, não havendo aí de fato possessão demoníaca. 
      Para os seres humanos mediamente sadios, mental e espiritualmente, um simples devaneio pode ser uma tentativa de possessão, podemos notar isso quando flertamos com fantasia sexual, com vingança ou com inveja. Parece que nossas mentes são puxadas para o mal, e se não dissermos não a tempo, pensamentos se transformarão em emoções e essas em ações. Por isso a importância de darmos lugar ao Espírito Santo, focando pensamentos e sentimentos nas coisas do alto, nas virtudes de Deus, nessa conexão somos livres e protegidos contra qualquer nível de possessão. 

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      “E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado. E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.” Mateus 9.32-33

      “Senhor, tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água; e trouxe-o aos teus discípulos; e não puderam curá-lo.” “E, repreendeu Jesus o demônio, que saiu dele, e desde aquela hora o menino sarou. Então os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, disseram: Por que não pudemos nós expulsá-lo?” “…esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum.” Mateus 17.15-16, 18-19, 21

      “E estava na sinagoga um homem que tinha o espírito de um demônio imundo, e exclamou em alta voz, dizendo: Ah! que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste a destruir-nos? Bem sei quem és: O Santo de Deus. E Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. E o demônio, lançando-o por terra no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal.” Lucas 4.33-35

      “E, quando desceu para terra, saiu-lhe ao encontro, vindo da cidade, um homem que desde muito tempo estava possesso de demônios, e não andava vestido, nem habitava em qualquer casa, mas nos sepulcros. E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando, e dizendo com grande voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes.” “E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-lhe que os não mandasse para o abismo. E andava ali pastando no monte uma vara de muitos porcos; e rogaram-lhe que lhes concedesse entrar neles; e concedeu-lho. E, tendo saído os demônios do homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-se de um despenhadeiro no lago, e afogou-se.” Lucas 8.27-28, 30-33

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04/03/23

O que é possessão? (1/2)

      “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.” Romanos 8.14-15

      Muitos cristãos evangélicos têm uma noção limitada sobre possessão demoníaca, vamos refletir um pouco sobre isso. Existem várias passagens bíblicas sobre experiências com chamados endemoniados, e diferente de como às vezes achamos, nem são tantas assim. A primeira coisa que precisamos entender é que o novo testamento registra interpretações do homem do primeiro século sobre possessão. Havia algum critério científico, médico, psiquiátrico? Não necessariamente, ainda que Lucas, por exemplo, tenho sido homem de ciência era limitado ao conhecimento de seu tempo. 
      Jesus homem tinha um discernimento espiritual avançado e uma inteligência intelectual diferenciada, eu creio nisso, mas ele não podia falar a um homem de seu tempo sobre coisas que esse não poderia entender. O que importa, e ainda importa, é que uma palavra de autoridade dita por alguém com vida consagrada a Deus, pode expulsar o espírito maligno, agora, se os casos relatados na Bíblia são de transtorno psiquiátrico, mais leve ou mais grave, de possessão maligna, ou de ambos, isso é uma outra questão, que nós hoje podemos entender melhor que os homens antigos. 
      Todo contato com o plano espiritual feito por seres humanos encarnados é feito através da mente, seja com espíritos malignos, outros seres espirituais, Deus, Jesus, o Espírito Santo. Nossas mentes são como receptores de ondas de rádio espirituais, captam à medida que vibram na mesma frequência. Depois que a mente entende pode influenciar todo o corpo, primeiro pensamentos e sentimentos e depois os membros físicos. Sei que cristãos evangélicos não costumam entender as coisas assim, mas é dessa forma que funciona, e isso não vai de forma alguma contra a Bíblia. 
      Quando concentramos em nossas almas grande quantidade de ódio, violência e vingança, carregamos nossas “baterias” espirituais, que podem se conectar com forças espirituais consonantes, “demônios” cujo trabalho está nessas frequências. Ninguém fica possesso sem querer, sem se deixar ficar, e para isso, apesar de ser efeito de fraqueza moral, é necessária muita força mental produzindo energia espiritual. “Demônios” não possuem a consciência do ser humano com facilidade, senão bastaria que qualquer um de nós desejasse qualquer pecado para sermos tomados pelo mal. 
      Moral e espiritual são áreas intimamente ligadas, isso é o que diferencia a visão cristã de espiritualidade de outras, como esotéricas e mágicas, nessas visões até se sabe que determinado nível moral atrai nível espiritual relativo, mas conexão com baixo nível espiritual é feita e não evitada. Falando de um jeito que o cristão entende, não se pode ter comunhão com Deus sem santidade, assim como Deus atrai-nos a ser mais santos e com virtudes morais mais altas. Dentre essas virtudes está o domínio próprio e a serenidade, enquanto que comunhão com espíritos malignos leva ao oposto disso. 
      Enquanto comunhão com Deus leva a valores morais do bem e da luz, o que popularmente é chamado de espiritualidade, comunhão com espíritos malignos conduz aos prazeres, vícios, egoísmos e maldades, do corpo material. Espírito maligno também é espírito e portanto também permite experiência espiritual, mas essa experiência abaixa o ser humano moralmente, o leva a perder o controle sobre si e a exaltar a ira, o ódio, a inveja, o ciúmes, o apetite desenfreado pelos prazeres do corpo, o sensualismo e tantos outros males. Deus torna o homem livre, o diabo torna-o escravo. 
      Muitos confundem o conceito de liberdade, ser livre não é poder fazer tudo o que se deseja, isso incluiria coisas prejudiciais, liberdade é poder não ter que fazer tudo, só as coisas benéficas. Livres podemos escolher “subir” para a luz mais alta, conectados e felizes, escravos caímos no caos das trevas, soltos, mas em sofrimento. Toda interação espiritual com as trevas pode ser chamada de possessão (ou obsessão) pois controla o homem impedindo-o de fazer a melhor escolha, já com a luz sempre torna o homem mais forte para que tenha controle sobre si e escolha seguir para Deus. 
      Existem vários níveis de possessão, e não somente aquele nível que a grande maioria de evangélicos conhece e chama de possessão. Assim, muitos podem frequentar igrejas, conhecerem as doutrinas bíblicas, cantarem louvores, se vestirem e falarem como cristãos, mas ainda assim terem algum nível de possessão. Por lado há líderes de religiões espíritas e de práticas mágicas e esotéricas que “trabalham” com outros espíritos, mas não ficam possuídos, se você orar em nome de Jesus e colocar a mão sobre suas cabeças eles não mudarão o tom da voz nem se jogarão ao chão descontrolados. 
      Isso não significa que esses não tenham conexões íntimas com espíritos das trevas, mas de alguma maneira eles conseguem manter-se sob controle. O Espírito Santo gera o bem, “sintonizados” nele somos ungidos com o seu fruto, já os espíritos rebeldes o são porque não querem subir para Deus, conectarem-se com o Espírito Santo, assim vibram em coisas ruins, obras da carne. Quem faz o mal pode sintonizar-se também com espíritos maus, e se o ser humano que faz o mal permitir, a conexão pode ir além de sofrer influências mentais, mas ter consciência e corpo subjugados.  

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão