31/03/24

Só a luz resiste ao tempo

      “Levanta-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti; porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti.” “E todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado. O menor virá a ser mil, e o mínimo uma nação forte; eu, o Senhor, ao seu tempo o farei prontamente.Isaías  60.1-2, 21-22

      Levantamos muitas avaliações e críticas aqui, ainda que embasadas em fatos, muitos podem achar que é só fala revoltada contra igrejas cristãs, portanto, injustas e mentirosas. Não creio que uma pessoa possa convencer outra pessoa, uma pessoa só pode ser convencida por si mesma, contudo, podemos lançar informações. Se entendermos que isso faz parte de um processo a longo prazo, em que somos simples colaboradores do tempo e do Senhor, entenderemos que o mais sábio é jogarmos essas informações com amor, com calma, com paciência, nunca querendo colher algum fruto imediatamente. Com o passar do tempo, trevas se dissipam, só a luz permanece, porque ela vem de Deus e esse é sobre tudo e todos. 
      Prossigamos, pela fé, não pela vista, em paz e humildes, abrindo mão da vaidade de querer dar a última palavra e de ter o melhor argumento, afinal, a obra é nossa ou de Deus? Se Deus criou e atrai todos os seres humanos em amor para sua luz mais alta, usando toda a eternidade para aperfeiçoar cada ser, quem somos nós para nos acharmos donos de alguma coisa ou com direito à alguma glória? Sim, cada ser tem e terá sua glória, mas como espelho limpo e cristalino que reflete luz que não origina de si, mas do alto. Assim, ainda que as trevas estejam ao nosso redor, e que muitos a amem mais que a luz, autorizando que luzes estranhas brilhem sobre si, tentando construir um falso reino de Deus no mundo, só a luz do Altíssimo é eterna. 

30/03/24

Ser em trevas é diabo (10/10)

      “Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?Malaquias 3.6-7

      Se Deus é luz, o diabo é trevas. O que há na luz? Tudo, nela vemos onde estamos, de onde viemos, para onde podemos ir, sem batermos em paredes, cairmos em buracos, esbarrarmos em outros seres, ou invadirmos lugar que não é nosso. Nas trevas também há tudo, só que quem está nelas não enxerga, assim a escuridão não está no universo físico ou no espiritual, mas dentro dos seres. O que adianta estarmos em lugar iluminado se estamos cegos? Há luz em tudo porque nada escapa da luz de Deus, ele está em todos os lugares. Não há um lugar de trevas, trevas e inferno estão dentro dos seres que não querem estar perto de Deus. A essa escolha Deus respeita, o único espaço que a luz de Deus não entra é o coração que não quer Deus.
      Todo ser que carrega trevas dentro de si é um “diabo”, é assim neste mundo e será no outro, agora se essa situação é infinita é uma questão que fica para cada um responder, a teologia tradicional protestante diz que sim. Mas novamente repito aqui, cânone bíblico e doutrina cristã são construções de homens, Deus não desceu e os registrou em pedras, pergaminhos ou papel, Jesus nunca escreveu uma linha, não que chegasse até nós. Construções religiosas são convenientes a homens em seus tempos e espaços, só o Espírito Santo é vivo e representante oficial de Jesus no mundo. Quer saber a verdade sobre o diabo? Pergunte ao Espírito Santo, mas faça isso com perseverança e consagração, sem medo de saber a verdade. 

“Questões sobre o diabo”,
reflexão em dez partes
José Osório de Souza, 19/06/2022

29/03/24

Antítese de Deus (9/10)

      “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.” “Não conhecem o caminho da paz, nem há justiça nos seus passos; fizeram para si veredas tortuosas; todo aquele que anda por elas não tem conhecimento da paz. Por isso o juízo está longe de nós, e a justiça não nos alcança; esperamos pela luz, e eis que só há trevas; pelo resplendor, mas andamos em escuridão.Isaías 59.1-2, 8-9

      O estudo do diabo pode revelar muito sobre o ser humano em seu atual estágio de evolução moral, e levando em conta principalmente as mentiras sobre o diabo. Que diabo realmente existe? A ideia mais tradicional do diabo não crê num ser que contém maldades, mas na maldade contendo um ser, assim o diabo não é maligno, ele é o mal, com identidade, inteligência, sentidos e membros, ainda que não físicos. Sendo assim, a coisa mais importante que temos que fazer para saber o que de fato é o diabo é desconectar o mal do ser, ver o mal como escolha, não como quem escolhe. Ver o mal como um ser é confortável para seres humanos que não querem assumir seu mal, mas jogar o mal no outro, em alguém fora dele. 
      Mas o que de fato é o diabo? Antítese de Deus, mas só entendemos o que é o diabo de verdade se entendemos quem é o Deus verdadeiro. Se nos equivocarmos com relação a Deus, nos equivocaremos na mesma proporção em relação ao diabo. Um Deus infinitamente punidor pede um diabo que merece ser punido infinitamente, assim à medida que se constrói um Deus limitado para amar, se constrói um diabo limitado para receber amor. Se o diabo está condenado irremediavelmente, Deus não pode amá-lo, como amaria alguém que está condenando a um inferno sem fim? Se amasse o salvaria, lhe daria chance para se arrepender, ainda que demorasse milhões de anos. Mil anos para Deus não são como um dia? (II Pedro 3.8

“Questões sobre o diabo”,
reflexão em dez partes
José Osório de Souza, 19/06/2022

28/03/24

Se cremos, existe? (8/10)

      “Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?João 11.40

      Se analisarmos a história da humanidade veremos que a trajetória da concepção que o ser humano faz do diabo moveu-se do distante e genérico para o próximo e específico. Um mal que causava catástrofes sobre a Terra, tornou-se o deus estranho de uma nação inimiga, depois o diabo que trazia pestes e fomes para a sociedade, e finalmente um demônio pessoal que atua sobre o indivíduo. Seja como for, algo há para que o mal seja aliado a um ser espiritual, fé, essa está intrinsecamente ligada a duas coisas, imaginação e evocação. São conceitos espirituais que cristãos usam, ainda que não saibam, mas que ocultistas e esótericos manipulam mais objetivamente, ainda que de forma perigosa e nem sempre bem intencionada. 
      O que tem o diabo com isso? Não usamos fé só para nos ligarmos a Deus e pedir-lhe coisas, e quando fazemos isso imaginamos o que queremos receber, e que ainda não existe, e evocamos a existência disso com palavras pela oração. Mas mesmo inconscientemente geramos um mal e um diabo dentro de nós, que pode mais prejudicar que beneficiar. Também fazemos isso deixando a imaginação correr solta e verbalizando essa fantasia, assim o formato do diabo é ensinado e passado de geração para geração. Nada mais confortável que um mal legitimado por instituição religiosa para receber todo o medo e toda a responsabilidade pelo mal que há em nós. O diabo que há é o diabo que cremos. Em que diabo você crê? 

“Questões sobre o diabo”,
reflexão em dez partes
José Osório de Souza, 19/06/2022

27/03/24

Qual o tamanho do diabo? (7/10)

      “Ora, pois, fala agora aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Eis que estou forjando mal contra vós; e projeto um plano contra vós; convertei-vos, pois, agora cada um do seu mau caminho, e melhorai os vossos caminhos e as vossas ações. Mas eles dizem: Não há esperança, porque andaremos segundo as nossas imaginações; e cada um fará segundo o propósito do seu mau coração.Jeremias 18.11-12 

Desculpe-me os versículos um tanto negativos,
a ênfase da reflexão é o termo “imaginações”,
todos somos enganados por nossas imaginações
de vez em quando, nelas pode não haver esperança,
em Deus sempre há, se há conversão em nós.

      Histórias (ou estórias) de fantasmas, de monstros, em livros e filmes de terror, sobre o sobrenatural, sobre pactos com o diabo e sobre conjurações demoníacas, quantas coisas medonhas lemos, vemos e ouvimos nisso tudo. Se estudarmos a história da humanidade veremos que a ideia que o ser humano faz do diabo muda, a imagem mais popular que temos hoje de satanás (recomendo leitura do texto desse link, bem esclarecedor) foi construída pelo catolicismo da idade média. Mas essa ideia mudou conforme o medo do ser humano de um tempo, nos tempos mais antigos o medo era dos fenômenos da natureza, do raio, das tempestades, do vento, de desastres naturais e mesmo dos oceanos não mapeados e de meteoros e astros.
      Na antiguidade o medo era de exércitos inimigos de nações distantes, na idade média o medo da peste negra assolou a Europa, mas aproximando-se o século XX o medo tornou-se mais subjetivo, moral, psicológico, espiritual. A ciência colaborou curando muitas coisas e explicando outras, assim como descobrindo mecanismos, que ainda que invisíveis a olhos nus, existem dentro do ser humano e o influenciam, como vírus, elementos atômicos, e mesmo conceitos psicológicos como subconsciente e traumas. Ainda assim muitos insistem numa ideia antiga do diabo como sendo a verdadeira, não aceitam que o diabo tem o formato do mal que fantasiam dentro de suas mentes. Qual o tamanho do teu diabo? 

“Questões sobre o diabo”,
reflexão em dez partes
José Osório de Souza, 19/06/2022

26/03/24

“Sinto algo estranho” (6/10)

      “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” Jeremias 17.9-10 

      Você já deve ter dito, ou ouvido alguém dizer, “sinto algo estranho, não me passa boas impressões”, aliando algo, alguém ou alguma coisa, palavra ou atitude, a algo mau, diabólico. Até que ponto podemos confiar em nossos sentimentos e percepções? Na verdade podemos confiar, se uma percepção existe é porque fomos impressionados de alguma forma por algo diferente, o que não podemos é confiar em qualquer interpretação desse sentimento. Muitos fazem com que nos sintamos mal, não por serem maus para Deus, mas por nos deixarem desconfortáveis, e ficamos assim porque nos baseamos em nós, não em Deus. Quando baseados em Deus, percepção ruim pode de fato ser efeito de ação real de mal verdadeiro.
      Mas quem está pronto para esse discernimento? Mesmo quem busca esse discernimento em verdade e com esforço prova-o de forma gradativa, Deus sempre responde, mas de formas adequadas às limitações do que pergunta. Uns perguntam onde está o mal e Deus diz que está num país, outros fazem a mesma pergunta e Deus responde que está numa região do país, a outros responde que está numa cidade, finalmente a outros Deus diz que está num ser específico. Verdades genéricas também são verdades, mas protegem despreparados para verdades específicas. Para que verdades estamos prontos, já amadurecemos o suficiente para minúcias, ou Deus tem que nos tratar como crianças dando-nos só informações genéricas?

“Questões sobre o diabo”,
reflexão em dez partes
José Osório de Souza, 19/06/2022

25/03/24

Com o diabo na cabeça (5/10)

      “E vos renoveis no espírito da vossa mente; e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.Efésios 4.23-24

      Há um medo intrínseco dentro de todo ser humano, isso desde que o primeiro homo sapiens recebeu um espírito, pôde ter comunhão com o mundo espiritual e interagir com o mundo físico diferentemente de como animais irracionais interagem. De que é esse medo? A mente pode ligar os pontos e aliar medo a coisas diferentes, a homens, à natureza, a espíritos, coisas visíveis e invisíveis, que existiram, existem ou existirão. Que nomes e formas são dados aos medos na mente dos seres humanos? Depende, da formação emocional, intelectual e religiosa da pessoa, da sociedade e da cultura onde vive, do momento histórico em que vive, do grau de desenvolvimento científico de seu meio e do acesso que tem a esse desenvolvimento. 
      Isso nos faz pensar até que ponto o que muitos dizem, pensam e escrevem, incluindo em textos religiosos, sobre o diabo, é sobre um ser real, ou é só criação de mentes humanas, isso ainda que de fato existam seres espirituais malignos e que escolhem ficar assim por muito tempo. Conexão espiritual se faz pela mente, seres espirituais malignos reais se aproveitam de mentes doentes, assim confirmam mentiras que essas criam sobre eles, se falassem a verdade não seriam maus, mentira vangloria o mentiroso. O diabo não pode ser um só para todos, examinemos mitologias de tempos e sociedades diferentes e constataremos isso. O mal é um, o diabo tem muitas caras, será então que podemos limitar o diabo ao conceito cristão? 


“Questões sobre o diabo”,
reflexão em dez partes
José Osório de Souza, 19/06/2022