28/11/18

Fé genuína não se perde

      “Mas o justo viverá da fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma.Hebreus 10.38-39

      “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” Hebreus 11.6

      “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.Efésios 2.8


      Como não perder a fé? Como não desistir de viver por ela? A primeira coisa a entender é um tema recorrente aqui no blog, diferenciar a fé verdadeira de convicção de pensamentos e de emoções. Convicção é humana e pode ser colocada em qualquer lugar, Deus, deuses, homens, anjos, animais, objetos etc, assim como pode ser para o bem como para o mal, pode ser positiva e negativa. A fé verdadeira é usada pelo ser humano, mas é originalmente dom de Deus, só a tem aquele que a recebe do Senhor. A fé verdadeira influencia a convicção humana, e isso é espiritualmente bom quando as prioridades estão de acordo com a vontade de Deus, senão, mesmo que seja num ambiente cristão, usando valores cristãoss, será só força humana que até pode conseguir coisas, mas não são concedidas por Deus.

      Como não perder a fé? Se é fé genuína e que conduz à salvação, então ela é dom de Deus, ela só pode ser exercida através do Espírito Santo, assim, essa fé não pode ser perdida, é Jesus que a guarda dentro de nós pelo seu Espírito. Se nós a usarmos da forma correta, a teremos sempre disponível e viva. Agora, a tal da convicção humana, essa podemos perder, e várias vezes durante nossa caminhada neste mundo. Sempre que desanimamos, que nos decepcionamos, que perdemos a esperança, a fé humana se vai, mas ela se vai porque estávamos colocando nossa convicção no lugar errado. Só se desilude quem se ilude, e Deus não é ilusão, é real, mas se tirarmos os olhos dele não alcançaremos aquilo que ele tem pra nós. Assim, iremos para a direção errada e com as pessoas erradas, o que fatalmente nos deixará sem forças.

      Eu estou me sentindo sem fé? Então é porque eu deixei de crer pelo Espírito e estava simplesmente acreditando na carne, fé através do Espírito Santo fortalece, renova, vivifica, alegra, de uma maneira mansa, suave, tranquila. Deus nos conhece e nos respeita, sabe até onde e como podemos ir sem perdermos as forças, sem perdermos a fé. Quem perde a fé a perde porque estava fazendo o que não devia, no lugar e com gente que não devia estar. Nesse caso é preciso parar tudo e recomeçar, descobrir em oração em que ponto nos desviamos e com humildade voltarmos para o caminho certo. Calma, talvez o que você esteja precisando é só de descanso, de um tempo, não exija tanto de você, Deus não exige. Descansa no Senhor, verbalize tua fé numa oração, acalme a mente, e fique em paz, tua fé pode até se enfraquecer, mas não se enfraquece o Deus em que você crê. Ele é sempre fiel, forte e acredita em você.

27/11/18

O que significa “misericórdia quero e não sacrifício”?

      “E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.Mateus 9.10-13

      O texto relata mais uma crítica dos invejosos e hipócritas fariseus ao comportamento de Jesus, o recriminavam por andar com pecadores, mais que isso, por ser amigo deles. Jesus citou então as escrituras, Oseias 6.6, “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos”. Foi duro para aqueles que se consideravam doutores da lei serem repreentidos por ela, talvez porque não entendessem de fato a palavra de Deus, como nós hoje, sejam nós evangélicos pentecostais ou protestantes tradicionais, aliás, nunca se viveu um tempo com tanto conhecimento acessível e variado sobre a Bíblia, e ao mesmo tempo, com um povo dito cristão tão distante de Cristo. 
      Quando ouvimos misericórdia quero e não sacrifício podemos ter a impressão que o Senhor, compreendendo a nossa fraqueza, nos diz para não nos sacrificarmos com religiosidades, mas antes, agirmos com misericórdia para com as pessoas. Mas nos texto Jesus disse isso a homens que se consideravam espirituais e totalmente fiéis aos mandamentos de Deus, que não se achavam de nenhuma forma devedores, mas cumpridores obedientes de todos os ritos de sua religião. Jesus disse aos fortes, ou pelo menos aos que assim se achavam, não para que se consolassem com seus limites, mas revelando a inutilidade de seus excessos. 
      A segunda parte do versículo do profeta Oseias, que não consta no texto de Mateus, todavia, me toca bastante, “o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos”. Quem se ocupa demais com sacrifícios, acaba se afastando daquele para quem os sacrifícios são feitos e adorando, não a Deus, mas a si mesmos por fazerem os sacrifícios. Com conhecimento o Espírito Santo não quer dizer informação intelectual sobre a Bíblia, mas intimidade com o Senhor, que se obtém sendo amigo próximo de Jesus. Era isso que Cristo estava dando aos pecadores com os quais andava, intimidade, amizade, reconhecendo que eles talvez fossem impotentes para fazerem sacrifícios religiosos, pelo menos naquele momento, mas de fato ensinando que isso nem era necessário, não na nova aliança do evangelho. 
      É triste, mas muitos ainda vivem, dizendo-se evangélicos, porém obedecendo à velha aliança, fiados em sacrifícios, e o principal deles é o dízimo que muitos pensam serem obrigados a dar para receberem de Deus bênçãos. Todavia, enquanto pentecostais se perdem no sacrifício herege do dízimo, protestantes chamados tradicionais se acham melhores por terem conhecimento intelectual da Bíblia, ambos honram a si mesmos por darem dízimos ou estudarem as escrituras e se afastam da misericórdia que se entende, que se conhece, que se vive, somente andando perto de Cristo. Só quem recebe misericórdia consegue dar misericórdia.
      O que significa pra mim, neste momento, a orientação de Jesus? Significa seja mais espiritual, valorize mais o caráter que a intelectualidade, preocupe-se mais com praticar as virtudes principalmente nas relações sociais, o amor, o perdão, a paciência, a generosidade, que aparentar religiosidade. Com relação ao resto, assiduidade em cultos, atividades profissionais para ganhar mais dinheiro, faça o suficiente e confie em Deus. O excesso de sacrifícios físicos podem nos cansar tanto, estressar de uma maneira, mesmo em “ministérios” dentro de igrejas, que simplesmente ficamos inviáveis para conviver com as pessoas de uma maneira realmente cristã. Muitos querendo servir ao cristianismo acabam se afastando de Cristo, não conhecem de fato o que significa misericórdia.

26/11/18

Amor ao dinheiro

      “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.” I Timóteo 6.10-11


      Em primeiro lugar entendamos que a exortação de Paulo não é sobre o dinheiro, mas sobre o amor ao dinheiro. Precisamos de dinheiro para viver e nisso não tem nada de errado, todavia, amar o dinheiro, adora-lo, colocá-lo acima de algumas coisas, isso é algo que devemos evitar. Mas quando se diz amor ao dinheiro, não queremos dizer gostar das cédulas ou moedas, do valor dos estratos bancários, do crédito que temos no banco. Amar o dinheiro é amar as coisas que ele pode comprar, principalmente as coisas que nos dão prazer. Então, a pergunta é: onde está o nosso prazer, no que gostamos de gastar o nosso dinheiro?

      A tal da “black friday”, ocorrida na última sexta-feira, deixou bem claro como as pessoas gostam de gastar dinheiro, sim, muitos de forma legítima, procurando uma promoção para comprar bens necessários para uma vida material digna por preços menores. Contudo, muitos só procuraram saciar vícios, adquirindo coisas que na veradade não precisavam, apenas para exibirem poder aquisitivo ou mesmo só para comprar algo mais novo. Amar o dinheiro é amar o prazer que ele pode comprar, contudo, o prazer é relativo, muda de pessoa pra pessoa, assim como muda o tipo de medo que cada um tem caso lhe falte dinheiro.

      Medo de ficar sem grana pra comer, que seja um simples prato básico de comida? Para muitos amar o dinheiro é ter receio disso, parece pouco pra mim e pra você? Mas não é para muitos. Medo de não ter um carro na garagem, um celular, roupas novas? A grande maioria tem esse receio. Medo de não poder dar um bom estudo aos filhos, de fazer uma viagem anual de férias com a família? Muitos têm medo de não poderem pagar essas coisas. Medo de não ter o carro mais moderno, de não vestir as roupas mais caras e exclusivas, de não poder consumir os vinhos mais sofisticados ou de não poder fazer viagens regulares ao exterior? Alguns amam o dinheiro porque ele lhes dá isso, um diferencial, uma posição social na classe alta dos mais privilegiados.

      O grande problema é que dinheiro nunca é suficiente, quem está preso simplesmente ao prazer que ele compra, à vaidade que ele sacia, depois que puder comprar comida, roupas e uma moradia, quererá mais e mais. Prazer físico vicia e nunca basta, sempre se deseja mais. Se no início dizíamos que bastaria uma vida simples, desde que tivéssemos o principal na companhia de quem amamos, com o tempo podemos até dispensar o afeto para termos uma aparência mais poderosa para mostrar pros outros. Mas a vida é feita de escolhas, claras e definitivas. Todo homem tem seu preço? Bem, o diabo é mercador de almas, sempre oferecendo algo para que troquemos pelos valores de Deus, algo que tem um preço, algo que custe dinheiro e tempo para ganhá-lo.

      Os maiores escravos do dinheiro não são os criminosos e viciados, os ladrões e dependentes químicos, não, não são esses. Os maiores adoradores do dinheiro são pessoas honestas, que não roubam dinheiro e bens materiais de ninguém. Eles trabalham e muito para terem conforto, boa alimentação, carros, viagens, lazer, cultura e formação acadêmica. Contudo, para satisfazerem essa obsessão eles roubam afeto de filhos e cônjuges, trocam o tempo que poderiam passar ensinando e formando seres humanos por trabalho, delegam para escolas caras a criação dos filhos e para as lojas de shopping centers, academias, restaurantes, cirurgiões plásticos e salões de beleza as esposas. No final terão que gastar muito mais com psicoterapeutas e advogados.

      Muitos cristãos que começaram bem, dando prioridade para as virtudes do evangelho, em algum momento amaram mais o dinheiro que a Deus, e preferiram as aparências e prazeres que o dinheiro pode dar que seguir a Jesus. Assim se encherem de trabalho, de estudos, repito, coisas que em si mesmas nada têm de errado, não se exercidas com sabedoria. Eles ganharam status? Sim. Cultura, conhecimento? Sim. Mas foram além daquilo que Deus tinha pra eles sem que se perdessem e se venderam. O que era pra ser bênção se tornou maldição, e se tornaram úteis para o sistema, para o mundo, para os homens, não para Deus e para a Igreja espiritual, e não me refiro aqui aos “ministérios humanos” atuais, tão gananciosos quanto muitas empresas seculares.

      Não amar o dinheiro, não adorar a Mamon, é fazer a nossa parte com e em Deus, mas não permitirmos que a preocupação da falta dele nos roube a paz e subverta as prioridades do evangelho. Para o que anda com Jesus nada falta e o que Deus dá basta, ainda que tenha o desejo equilibrado de melhorar de vida e se esforce e muito trabalhando e estudando. O cristão, o justo, o filho de Deus não é vagabundo, contudo, ganha seu dinheiro em paz, sincronizado com o Espírito Santo. Se precisar decidir entre confiar no que o dinheiro pode dar e na fé de que Deus faz o impossível pelos que confiam nele, não hesitará, descansará no Senhor, dono de toda a riqueza do universo.

25/11/18

Vingança ou misericórdia?

      “Ó Senhor, Deus vingador; Deus vingador! Intervém! Levanta-te, Juiz da terra; retribui aos orgulhosos o que merecem. 
      Até quando os ímpios, Senhor, até quando os ímpios exultarão? 
Eles despejam palavras arrogantes, todos esses malfeitores enchem-se de vanglória. Massacram o teu povo, Senhor, e oprimem a tua herança; 
matam as viúvas e os estrangeiros, assassinam os órfãos, e ainda dizem: "O Senhor não nos vê; o Deus de Jacó nada percebe".
      Insensatos, procurem entender! E vocês, tolos, quando se tornarão sábios? Será que quem fez o ouvido não ouve? Será que quem formou o olho não vê? Aquele que disciplina as nações os deixará sem castigo? Não tem sabedoria aquele que dá ao homem o conhecimento? O Senhor conhece os pensamentos do homem, e sabe como são fúteis.
      Como é feliz o homem a quem disciplinas, Senhor, aquele a quem ensinas a tua lei; tranquilo, enfrentará os dias maus, enquanto que, para os ímpios, uma cova se abrirá. O Senhor não desamparará o seu povo; jamais abandonará a sua herança. Voltará a haver justiça nos julgamentos, e todos os retos de coração a seguirão.

      Davi, a quem é atribuído grande parte dos Salmos, era um homem que conhecia o Senhor com intimidade, um dos poucos personagens bíblicos que experimentava a presença do Espírito Santo de uma forma frequente, num momento, o da velha aliança, que Jesus ainda não tinha vindo como salvador e deixado o Espírito Santo como presença permanente nas vidas dos salvos. Uma das experiências marcantes de Davi foi sua relação com Saul, depois que esse soube que o reinado sobre Israel tinha sido retirado dele por Deus, por causa de seu pecado, e dado a Davi. 
      Não foi empossado oficialmente diante do povo rei assim, fácil, de um dia para o outro, Davi teve que enfrentar a perseguição de Saul que o levou a viver como marginal entre marginais. Ele, mais que ninguém, sentiu na pele um desejo de vingança e de vingança ilegítima. Mas o mais importante é que Davi teve a vida de Saul em suas mãos, para matá-lo, o que era legítimo para ele, e ainda assim não o fez. Na ocasião da morte de Saul, Davi teve a elegância e o temor a Deus de não se alegrar com o ocorrido, e disciplinou mesmo o que lhe trouxe a notícia como uma boa nova e que se identificou como o assassino de Saul. 
      Muitas coisas levam o homem a desejar vingança, mas quando o homem vê uma injustiça muito grande, um forte oprimindo um fraco, alguém tomando algo que não é seu à força, isso torna o desejo mais legítimo. Mesmo que ímpios que sofrem traições de outros ímpios também queiram vingança, a vingança mais legítima vem do coração do certo que sofre um dano do errado, e justamente por isso, por haver legitimidade, os justos podem ser muito mais tentados a serem escravos de um desejo de vingança que os ímpios. Os ímpios não desejam vingança, eles se vingam e pronto.
      Resistir a essa tentação, contudo, é o que pode levar o justo a um nível mais alto de real espiritualidade, mas é preciso entender bem o que é “a vingança a Deus pertence” (outra tradução do primeiro versículo do Salmo 94) e não usar isso como desculpa para manter o desejo de vingança no coração. Deixar de fato a vingança nas mãos de Deus é entregar totalmente o desejo nas mãos do Senhor e não mais senti-lo, mas é preciso entender que nosso coração não pode ficar vazio. Tirar mal e não colocar nada no lugar é deixar espaço para que outro mal seja acolhido, e o mal mais próximo é sempre o mais fácil de voltar.
      Entreguemos a Deus a vingança, de maneira clara e assumida, sem meias palavras ou hipocrisia, mas depois coloquemos no lugar, em nossos corações, misericórdia. Misericórdia é o contrário de vingança, se vingança busca que o mau receba o mesmo mal que ele injustamente deu ao bom, misericórdia deseja que o homem mau receba o contrário do que deu. Assim o misericordioso quererá para o que lhe prejudicou o bem. Essa administração da vingança em duas partes, confia que Deus fará do seu jeito para como o homem mau, mas deixa livre o coração do homem bom, com misericórdia, que cura e liberta. 
      Quando a vingança permanece, o homem mau tem vitória dupla, com o mal direto que ele fez ao outro mais a obsessão por vingança que deixou no coração do outro, e isso no caso do cristão verdadeiro é uma grande tentação, já que ele sabe que como tal não pode se vingar, mas se não agir da forma correta seguirá com o desejo no coração. Desejo de vingança não realizado causa doenças, amarga a vida e honra o diabo, mas substituí-lo por misericórdia glorifica a Deus e dá a ele legalidade para agir em prol do homem de bem. 
      O segredo é não reagir até que Deus mande, mesmo porque reagir, em muitos casos, de nada adianta. A vingança não é só desnecessária, é ineficiente, mesmo que sejam só palavras explicando para o injusto que ele está roubando um direito. Como o estúpido não há diálogo, assim nem tentemos, e se alguém não quer entender, não percamos nosso tempo, que ele diga a última palavra, abaixemos a cabeça e saiamos de cena, calados e pensando em Deus, vislumbrando a grandeza do Senhor, infinitamente maior que um homem mau.
      Além do mais, querer exigir algo do homem mau é concordar que ele tem poder sobre o que estamos exigindo, é concordar que ele é dono do que nos sonegou, e não é. Deus é dono de tudo, Senhor de tudo, falemos diretamente com ele é entreguemos nossa causa em suas mãos. A experiência de sentir desejo de vingança é crescimento e bênção para o homem de bem, para o justo, para o cristão genuíno, e oportunidade de libertação e cura, é momento de entronizar o Senhor no coração e descansar nele. 
      “Feliz o homem a quem disciplinas, Senhor”, melhor ser disciplinado pelo Senhor que sofrer a vingança de Deus, assim, para que aprenda a dar o bem pelo mal, o justo é disciplinado, e só se aprende isso sofrendo a injustiça, mas depois da disciplina o justo “tranquilo enfrentará os dias maus”. Contudo, “para os ímpios uma cova se abrirá”, uma armadilha e o poder que eles tanto achavam que tinham, oprimindo os justos, se mostrará inútil nesse dia. Não confiaram em Deus, mas em si mesmos, nos poderes do mundo, nos valores dos homens sem Deus, assim a própria vida se encarregará de ser a vingança da justiça sobre eles, no lugar e no tempo certo.

24/11/18

Como morrem os justos?

      Como morrem os justos? Não morrem, só passam, da existência física para a espiritual perto de Deus. Partem justificados, pelo sangue de Cristo, partem limpos, não por serem perfeitos, mas por confiarem naquele que é perfeito, não por serem melhores, mas por terem admitido que não eram, não por serem fortes, mas por terem deixado o todo poderoso viver neles. Os justos morrem em paz, não são surpreendidos pelo mal, mas passam com tranquilidade pelo final de um caminho que já conheciam, pelo qual sempre andaram, o caminho estreito do evangelho, da cruz, do quebrantamento muitas vezes, mas que nos final se mostra cheio da luz maravilhosa do Senhor. 
      Os justos não morrem sozinhos, em suas caminhadas fizeram amigos fiéis que estarão com eles no último momento, dos quais os melhores são esposa e filhos, que sabem que naqueles que partem estão seres humanos, mas que fizeram tudo o que podiam para acertar. Mas mesmo que lhes falte companhia de homens, terão a companhia dos anjos do Senhor e de uma alegria sem tamanho, da qual provaram um pouco quando oraram a Deus e receberam dele esperança para continuar até o fim. Os justos não morrem, são transformados para a vida eterna, acordam de vez para Deus, conhecem de fato aquele que sempre os conheceu e por eles lutou, Jesus, Deus que se fez homem e que honra aqueles que chama e que ouvem a sua voz. 
      Justos não morrem velhos, mesmo que com os corpos físicos cansados, eles morrem como crianças, pois souberam aprender o que é vida com Deus. No final trocaram vaidades por paz, aprovação humana por obediência a Deus, enfado de querer ser maior e rico por um coração de adorador, vícios e obsessões pelo prazer inefável que existe só na presença do Senhor. Os justos nunca perderam a sinceridade do bem, a verdade da alma, as virtudes do espírito, olharam firmes para seu objetivo e seguiram, que horizonte é mais aprazível que os braços abertos do pai nos esperando sempre? Os justos morrem íntegros pois nunca se venderam, pra ninguém.
      Os justo morrem com dignidade, com honra e no tempo certo, nem antes, nem depois, pois aprenderam a viver sincronizados com Deus, com sua sabedoria, assim plantaram quando podiam e colheram o melhor, quando não havia mais nada a se fazer. Os justos entenderam todos os tempos, deixaram o passado ficar leve e dele só reterem boas lembranças, não foram escravos do futuro e confiaram realmente em Deus, usufruíram do presente, o tempo mais divino de todos, o único em que se pode ser feliz de fato. Os justos morrem felizes, com todas as contas pagas, com a fé aprumada, com perdão dado aos homens e recebido, de si mesmos e de Deus. 

      “Ouve-me quando eu clamo, ó Deus da minha justiça, na angústia me deste largueza; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração. Filhos dos homens, até quando convertereis a minha glória em infâmia? Até quando amareis a vaidade e buscareis a mentira? Sabei, pois, que o Senhor separou para si aquele que é piedoso; o Senhor ouvirá quando eu clamar a ele. Perturbai-vos e não pequeis; falai com o vosso coração sobre a vossa cama, e calai-vos. Oferecei sacrifícios de justiça, e confiai no Senhor. Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? Senhor, exalta sobre nós a luz do teu rosto. Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho. Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança.

Salmos 4

23/11/18

Como nascem os monstros (parte 2)

      “E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento.Marcos 2.17

      Os monstros nascem do egoísmo, de adultos físicos, mas não emocionais, que se ocupam com seu assuntos, com seus prazeres, e não se importam com os seres humanos que colocam no mundo. Os monstros nascem da indiferença de crianças fazendo crianças porque também não tiverem pais que as criassem de forma correta, e que depois acabaram tendo que criar netos. Os monstros nascem da estupidez, de quem até quer ter uma família, que trabalha e muito para mantê-la materialmente, mas que acha que comida na mesa basta, desprezando o afeto. Monstros nascem de “pais” perturbados, obsessivos, que querem controlar espaço e tempo e acham que crianças e adolescentes só atrapalham, assim os punem de maneira desproporcional por bobagens, tirando dos pequenos o direito de serem pequenos, de brincarem e serem felizes. 
      Monstros nascem na privacidade de lares, cercados pelas paredes da lei, escondidos nos quartos e consumindo ilusões, querendo achar atenção e intimidade, aliás, os monstros nascem de quem não sabe administrar intimidade, que expõe demais as suas e invadem demais as dos outros. Monstros nascem na ausência de boa cumplicidade, aquela que sabe rir de si mesmo, que deixa a vida leve, que entrega referências para os que estão crescendo, para que saibam que sempre terão um lugar para onde voltar, um lugar de amor, não necessariamente material, mas dentro das boas lembranças da alma. Monstros nascem da falta de pai e mãe, que não são necessariamente os biológicos, nem de sexos opostos, mas seres humanos, que sabem deixar pra lá a si mesmos e se sacrificam por quem veio ao mundo sem pedir.
      O que temos que entender de uma vez por todas, é que podemos, sendo filhos de monstros ou mesmo monstros em potencial, dar um fim ao processo, contudo, a grande dificuldade é que monstros, muitas vezes e até um momento de suas vidas, não sabem que são monstros, não têm consciência disso. Alguns carregam transtornos tão íntimos, principalmente os na área da sexualidade, têm tanto medo ou tanta vergonha de verbaliza-los, que desenvolvem duas personalidades, uma que convive com a sociedade para sobreviver, para ser profissionalmente produtivo, uma do dia, e outra da noite, quando buscam prazer. Se alguém não ajudá-los a tempo, poderão se tornar de casos psiquiátricos, casos policiais, cometendo atos criminosos e machucando muita gente. 
      Monstros são como roedores, insetos e demônios, fogem com a luz, mas mais que isso, com a luz do evangelho, monstros podem ser destruídos, dando lugar a seres humanos renascidos em amor e lucidez. Conheço pessoas que eram monstros, mas que se sujeitando ao Espírito Santo, deixando-se tratar por Jesus, o médico dos médicos, foram curadas, receberam perdão, se perdoaram e perdoaram, eu conheço gente assim, e muito bem. Contudo, para aqueles que se consideram normais, se é que o são, uma orientação do Senhor, tenhamos misericórdia dos monstros, são homens e mulheres, que foram muito maltratados, nos aproximemos deles e os ajudemos. Jesus morreu e ressuscitou por eles também, se são enfermos, foi pra eles que Jesus veio.
      Depois de curados, que possamos dar a eles uma nova chance, um voto de confiança, não os julguemos como monstros eternos, nem Deus os julga assim, não se houve consciência e vontade de mudar. Nesse caso há vitória a ser festejada, mesmo que às vezes com consequências ruins que eles terão que conviver pelos restos de suas vidas aqui. Mas quem de nós não tem que conviver com consequências ruins de escolhas erradas? E muitos só não convivem porque escondem, guardam segredos a oito chaves mesmo de pessoas próximas. Assim tenhamos com os outros a mesma misericórdia que queremos receber, lembrando sempre que “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” (Romanos 8.1).

Leia a primeira parte desta reflexão no LINK.

22/11/18

Como nascem os monstros (parte 1)

      “Até meados do século XIX, os cientistas acreditavam que os seres vivos eram gerados espontaneamente do corpo de cadáveres em decomposição; que rãs, cobras e crocodilos eram gerados a partir do lodo dos rios. Essa interpretação sobre a origem dos seres vivos ficou conhecida como hipótese da geração espontânea ou da abiogênese (a= prefixo de negação, bio = vida, genesis = origem; origem da vida a partir da matéria bruta). Pesquisadores passaram, então, a contestar a hipótese de geração espontânea, apresentando argumentos favoráveis à outra hipótese, a da biogênese, segundo a qual todos os seres vivos originam-se de outros seres vivos preexistentes.” 

      Monstros não nascem por “geração espontânea”, eles são criados, por alguém, geralmente outros monstros. Traduzindo: um filho mal criado teve uma criação ruim dos pais, ninguém use a desculpa que fez tudo certo mas o filho foi influenciado por má companhia. Aliás, a companhia que um jovem escolhe, se for ignorado pelos pais, é qualquer uma, aí está entregue à sorte da vida, mas se for criado com boa e próxima presença dos pais será igual aos pais. Buscamos aquilo que nos é bom, e bom é uma referência adquirida. 
      Chegando ao ponto da reflexão: num mundo moderno onde todos queres direitos mas não deveres, precisamos assumir responsabilidades, eu, você, eles, o mundo não está como está por culpa de ninguém, a culpa é nossa. Mas mais que o mundo, nossos jovens e crianças são nossos, filhos, sobrinhos, netos, alunos, ovelhas, se não forem devidamente ensinados, exortados, disciplinados, por nós, serão criados pelo mundo, pelo estado, pelas escolas, pela polícia, pelo doutrinadores políticos. Tenha certeza de uma coisa, o diabo tem muito interesse em nos distanciarmos de crianças e jovens, quando fazemos isso, ele os seus se aproximam e fazem a coisa do jeito deles. 
      Quando vejo alguma dessas notícias terríveis na TV, sobre algum crime horroroso, sobre violência contra vulnerável, contra mulheres, contra crianças, não recrimino em primeiro lugar o agressor, mas questiono, quem criou e como foi criado tal pessoa de maneira que se transformasse num monstro? Um monstro, um dia, foi criança, foi adolescente, foi vulnerável, mas sua boa criação, por alguém, foi negligenciada e ele se tornou um monstro. Sim, a responsabilidade, para um adulto e com a mínima sanidade, é antes de tudo pessoal, senão a culpa do mal de toda a humanidade seria somente da serpente, ou de uma “eva” ou de um “adão”. 
      Ocorre também que depois que um monstro foi criado, muitas vezes, pouca coisa se pode fazer. Alguns monstros precisariam permanecer para o resto da vida vigiados, de forma digna, mas nunca com direito à liberdade plena, guardados pelo estado e pela família, protegidos de si mesmos. Contudo, o que podemos fazer agora para que um monstro não seja criado? Ou então, o que podemos fazer agora para que um monstro não cometa uma monstruosidade? Precisamos nos importar mais com os outros e pararmos de usar o álibi “cada um que cuide de si, não tenho nada a ver com a vida dos outros”. Muitas vezes, enquanto dizemos isso confortavelmente, uma vizinha está apanhando do esposo, uma colega de trabalho está sendo abusada pelo chefe, uma criança está sendo violentada por um parente. 
      Precisamos assumir responsabilidades, com sabedoria, com cuidado, mas como adultos proativos e benignos. Mas nós cristãos temos uma responsabilidade maior ainda, porque temos o Espírito Santo de Deus dentro de nós, o Espírito de justiça e misericórdia, isso precisa ser convertido em atos de bem. Infelizmente, muitos de nós estão assinando como coautores de monstros, simplesmente por se fingirem de mortos enquanto outros estão sendo mortos, enquanto crianças, mulheres, negros e homoafetivos são maltratados, enquanto pastores hereges exploram pobres e ricos, enquanto maus políticos corrompem o país. 

Leia a segunda parte desta reflexão no LINK.