sexta-feira, novembro 23, 2018

Como nascem os monstros (parte 2)

      “E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento.Marcos 2.17

      Os monstros nascem do egoísmo, de adultos físicos, mas não emocionais, que se ocupam com seu assuntos, com seus prazeres, e não se importam com os seres humanos que colocam no mundo. Os monstros nascem da indiferença de crianças fazendo crianças porque também não tiverem pais que as criassem de forma correta, e que depois acabaram tendo que criar netos. Os monstros nascem da estupidez, de quem até quer ter uma família, que trabalha e muito para mantê-la materialmente, mas que acha que comida na mesa basta, desprezando o afeto. Monstros nascem de “pais” perturbados, obsessivos, que querem controlar espaço e tempo e acham que crianças e adolescentes só atrapalham, assim os punem de maneira desproporcional por bobagens, tirando dos pequenos o direito de serem pequenos, de brincarem e serem felizes. 
      Monstros nascem na privacidade de lares, cercados pelas paredes da lei, escondidos nos quartos e consumindo ilusões, querendo achar atenção e intimidade, aliás, os monstros nascem de quem não sabe administrar intimidade, que expõe demais as suas e invadem demais as dos outros. Monstros nascem na ausência de boa cumplicidade, aquela que sabe rir de si mesmo, que deixa a vida leve, que entrega referências para os que estão crescendo, para que saibam que sempre terão um lugar para onde voltar, um lugar de amor, não necessariamente material, mas dentro das boas lembranças da alma. Monstros nascem da falta de pai e mãe, que não são necessariamente os biológicos, nem de sexos opostos, mas seres humanos, que sabem deixar pra lá a si mesmos e se sacrificam por quem veio ao mundo sem pedir.
      O que temos que entender de uma vez por todas, é que podemos, sendo filhos de monstros ou mesmo monstros em potencial, dar um fim ao processo, contudo, a grande dificuldade é que monstros, muitas vezes e até um momento de suas vidas, não sabem que são monstros, não têm consciência disso. Alguns carregam transtornos tão íntimos, principalmente os na área da sexualidade, têm tanto medo ou tanta vergonha de verbaliza-los, que desenvolvem duas personalidades, uma que convive com a sociedade para sobreviver, para ser profissionalmente produtivo, uma do dia, e outra da noite, quando buscam prazer. Se alguém não ajudá-los a tempo, poderão se tornar de casos psiquiátricos, casos policiais, cometendo atos criminosos e machucando muita gente. 
      Monstros são como roedores, insetos e demônios, fogem com a luz, mas mais que isso, com a luz do evangelho, monstros podem ser destruídos, dando lugar a seres humanos renascidos em amor e lucidez. Conheço pessoas que eram monstros, mas que se sujeitando ao Espírito Santo, deixando-se tratar por Jesus, o médico dos médicos, foram curadas, receberam perdão, se perdoaram e perdoaram, eu conheço gente assim, e muito bem. Contudo, para aqueles que se consideram normais, se é que o são, uma orientação do Senhor, tenhamos misericórdia dos monstros, são homens e mulheres, que foram muito maltratados, nos aproximemos deles e os ajudemos. Jesus morreu e ressuscitou por eles também, se são enfermos, foi pra eles que Jesus veio.
      Depois de curados, que possamos dar a eles uma nova chance, um voto de confiança, não os julguemos como monstros eternos, nem Deus os julga assim, não se houve consciência e vontade de mudar. Nesse caso há vitória a ser festejada, mesmo que às vezes com consequências ruins que eles terão que conviver pelos restos de suas vidas aqui. Mas quem de nós não tem que conviver com consequências ruins de escolhas erradas? E muitos só não convivem porque escondem, guardam segredos a oito chaves mesmo de pessoas próximas. Assim tenhamos com os outros a mesma misericórdia que queremos receber, lembrando sempre que “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” (Romanos 8.1).

Leia a primeira parte desta reflexão no LINK.

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