05/12/18

5. Território espiritual (Parte 5 de 17)


5. Território espiritual

      “E, quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o. E, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes. (Porque lhe dizia: Sai deste homem, espírito imundo.) E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos. E rogava-lhe muito que os não enviasse para fora daquela província. E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. E Jesus logo lho permitiu. E, saindo aqueles espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil), e afogaram-se no mar.” 

Marcos 5.6-13


      Os relatos de Lucas 8 e Marcos 5 sobre um mesmo acontecimento são importantes para entendermos muitos conceitos do mundo espiritual, um já citamos na parte 5 deste estudo, o outro é a territorialização dos demônios. Por que os demônios pediram a Jesus para entrarem nos porcos? Porque eles não queriam deixar aquela região geográfica, ou porque queriam continuar possuindo corpos físicos, mesmo que fossem de animais, de porcos? O texto de Marcos diz que os demônios pediram que Jesus não os enviasse para fora daquela província, o de Lucas diz que eles não queriam ser lançados no “abismo” (o que seria abismo, seria um lugar físico ou espiritual?) Seja como for, fica claro o desejo dos espíritos malignos de continuarem naquele território, presos aos porcos da região, lugar que conheciam e estavam adaptados e não no “abismo”.
      Quando dizemos território não queremos dizer a terra em si, mas o grupo social, a cultura, a sociedade humana do lugar. Os demônios habitam em todo o planeta Terra, mas eles se adaptam às culturas locais, assim, na África eles têm nomes e formas para os habitantes africanos, na Grã Bretanha terão outros nomes e formas, nos países nórdicos outros nomes e formas, na Índia, outros, no Japão, outros etc. Os seres espirituais do mal tiveram a mesma origem em todos os lugares, mas adaptados às culturas locais, têm nomes e formas distintos, assim, um demônio africano, via de regra, pode não querer ir para a Inglaterra, a não ser que africanos forem para lá. Isso explica a força do afro-espiritismo no Brasil e Américas, os demônios dessas religiões vieram pra cá junto da grande quantidade de africanos que pra foi trazida como escrava, por isso mantiveram nomes e formas da cultura africana, mesmo convivendo com a cultura portuguesa, italiana ou mesmo indígena que já existia nas Américas. 
      Demônios também se especializam em fraquezas e pecados locais, em uma região inclinam os homens para adultério e prostituição, em outras para suicídio e depressão, em outra para ganância e materialismo. É claro que de maneira geral, fazem todo o tipo de mal em todo o lugar, mas se prestarmos atenção notaremos males mais acentuados em determinadas regiões. No Japão o ritual “haraquiri” de suicídio deu origem aos “kamikazes” na segunda guerra mundial, e até hoje existe no país um alto grau de suicídio, isso está ligado a uma atuação demoníaca específica. Na Índia existe uma adoração muito grande de animais, de todo o tipo, isso é um tipo de atuação do mal, aliás a Índia, que ocidentais equivocados amam celebrar sua “espiritualidade”, sofre uma influência de demônios muito grande, dos mais diversos e sujos tipos. 
      Mas os demônios não são donos legítimos dos espaços, eles são ladrões que se aproveitam da fraqueza e rebeldia do homem. O planeta Terra foi dado originalmente ao homem, depois Canaã foi dada à nação de Israel, com a nova aliança em Cristo os convertidos têm responsabilidade pessoal sobre suas posses e suas famílias. Os demônios não são onipresentes nem oniscientes, apesar de espirituais eles são limitados, mas são comissionados, enviados para cumprir missões em lugares específicos e sobre pessoas específicas, assim, estabeleceu-se uma batalha espiritual por espaços físicos entre os cristãos selados com o Espírito Santo e os espíritos malignos. A arma do justo sempre foi a oração, vejamos a experiência de Daniel no capítulo 10 de seu livro, mas na nova aliança tem a autoridade no nome de Jesus. 
      Quando andamos pelo mundo, nas ruas, no trabalho, numa escola, no comércio, num restaurante, enfim, longe de casa e da igreja local que frequentamos, devemos orar pedindo proteção pessoal e individual. Nesses casos podemos, sem saber, estar cruzando regiões repletas de demônios que receberam legalidade para estarem lá por outras pessoas, mas esses lugares não são responsabilidades nossas. Mesmo assim, estejamos tranquilos, em trânsito, se estivermos em obediência a Deus e com oração e confissão de pecados em ordem, a mão do Senhor está sobre nós e nenhum mal nos toca (e mesmo enfieis Deus permanece fiel). 
      Se todos no planeta fossem convertidos e fizessem suas batalhas espirituais pessoais sobre sua posses e responsabilidades, demônios e diabos ficariam sem lugar para atuar, mesmo que presentes estariam amarrados. Mas a realidade é outra, enquanto vivemos o momento de livre arbítrio, onde a humanidade pode escolher se quer ou não ser salva, o planeta Terra está retalhado, por isso devemos lutar por aquilo que é nosso, e andar nos outros espaços com sabedoria e cuidado. Nossas prioridades são nossa família e nosso lar, conforme veremos logo mais.

Esta é a 5a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

04/12/18

4. Hierarquias, castas e legiões (Parte 4 de 17)


4. Hierarquias, castas e legiões

      “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” 
Efésios 6.11-12

     Principados, potestades, príncipes e hostes nos lugares celestiais, seres espirituais em lugares espirituais, no caso do seres do mal, em outra dimensão do céu físico ao redor do planeta e no planeta. Os seres espirituais, do mal e do bem, têm posições hierárquicas diferentes, os com posição superior têm mais poder que os de posição inferior, assim como superiores do bem lutam com superiores da mesma altura. Quando fazemos batalha espiritual lutamos contra esses seres, nessas referências espirituais, mas repito, ninguém precisa ter esse conhecimento para exercer a autoridade do nome de Jesus sobre o mal, fé em santidade no nome de Cristo bastam. Todavia, é bom entender (e crer) que muitas vezes, quando um homem ou uma mulher se levanta contra nós, eles podem estar direcionando ou /e sendo direcionados por seres espirituais do mal. Assim achar que armas humanas vão resolver essa questão, é um erro, guerra espiritual se vence com armas espirituais contra inimigos espirituais. 
      Quando demônios estão envolvidos em ataque direto, conversar com a pessoa que os mandou pode não adiantar, não só isso, tente chegar a um entendimento com o homem, mas repreenda os espíritos malignos também. Por favor, sejamos elegantes e sábios, não precisamos expulsar o demônios na presença da pessoa, na cara dela, principalmente se ela não for endemoniada. E mesmo que seja, penso que devemos ter cuidado para expulsar o ou os demônios, em primeiro lugar só fazendo tendo experiência com o assunto ou junto de alguém que tenha, e em segundo lugar com a permissão da pessoa. Se alguém não quiser ser limpo, é perda de tempo tentar exorcismo, assim, ainda com sabedoria, fale sobre o evangelho antes, ainda que muitas vezes só por isso o demônio já possa se manifestar.
      Mesmo que em oração possamos vencer os demônios que nos foram lançados por uma pessoa, mesmo que possamos anular a obra maligna, destrui-la, mesmo que possamos expulsar os demônios que estão no ar, não podemos fazer isso com as pessoas. Elas continuam com o livre arbítrio para seguirem desejando o mal ou o bem, contudo, quando anulamos suas ferramentas espirituais elas ficam amarradas, sem ação, pelo menos por um tempo. Numa situação assim convém estar em vigilância cercando as nossas vidas e de nossos próximos com o poder que há no nome de Jesus, pois como nos ensina Paulo “não temos que lutar contra carne e sangue”, não nesse caso. Todavia, as pessoas com mais relação com o mal e com seres espirituais malignos muitas vezes não ficam possessas, muitos bruxos e feiticeiros de alto nível não são possuídos espiritualmente, mesmo que tenham uma relação extremamente íntima com as trevas. 

      “E um da multidão, respondendo, disse: Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo; E este, onde quer que o apanha, despedaça-o, e ele espuma, e range os dentes, e vai definhando; e eu disse aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.” “E Jesus, vendo que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e não entres mais nele. E ele, clamando, e agitando-o com violência, saiu; e ficou o menino como morto, de tal maneira que muitos diziam que estava morto. Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou. E, quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que o não pudemos nós expulsar? E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum.” 
Marcos 9.17-18, 25-29

       A passagem de Daniel capítulo 10 pode nos ajudar a entender a orientação final de Jesus no texto acima de Marcos, o motivo daquele tipo específico de espírito maligno, daquela casta, só sair com oração e jejum. Talvez porque fosse um ser espiritual de escalão mais alto, será que os mais altos têm mais poder por serem superiores de alguma maneira ou porque além disso são líderes que têm muitos demônios sob suas ordens? Assim, será que são mais fortes porque quando agem não agem sozinhos, mas com aqueles que estão debaixo de sua autoridade, numa legião? Por outro lado, será que é preciso tempo em consagração orando pela expulsão porque nesse período, assim como aconteceu com Daniel, é o tempo necessário para que um ser espiritual do bem, um arcanjo, só ou com um exército, lute contra o ou os demônios e os vença em batalha? A Bíblia não deixa isso claro, mas a orientação de Jesus foi clara, para batalhas espirituais esteja preparado, orando e jejuando. Cristo, estava, visto que expulsou o mal sem dificuldades, Jesus sempre estava preparado. Já os discípulos só estariam totalmente prontos depois da partida de Cristo e descida do Espírito Santo sobre eles.

      “E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-lhe que os não mandasse para o abismo.”

Lucas 8.30-31

      “Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?”

Mateus 26.53


      Os relatos de Lucas 8 e Marcos 5 sobre um mesmo acontecimento são importantes para entendermos alguns conceitos do mundo espiritual, um deles é “legião”. “A palavra legião é a designação da maior divisão do exército romano, com aproximadamente 6.000 soldados de infantaria e 120 soldados de cavalaria e ainda de tropas auxiliares para serviços especiais. Ou seja, um grande número de soldados que mostrava o poderio militar de Roma” (Fonte). Mas o termo também é usado na Bíblia para informar sobre um grande ajuntamento de anjos. Quando se refere a seres espirituais não podemos interpretar isso como uma quantização científica, mas com certeza o termo foi usado para significar um número bem grande, seja de demônios ou de anjos. Por que Jesus perguntou o nome do espírito maligno? Isso não é relatado em outros eventos de expulsão de demônios, bem, Cristo tinha discernimento espiritual, essa informação é importante para entendermos a gravidade da possessão, mesmo que para Jesus encarnado isso não fizesse muito diferença, ele estava sempre preparado em oração e jejum para tudo. Mas para nós hoje esse conhecimento importa, nos ensina que o assunto não é brincadeira, nem deve ser tratado de forma leviana.

Esta é a 4a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

03/12/18

3. A experiência de Daniel (Parte 3 de 17)


3. A experiência de Daniel

      “Naqueles dias eu, Daniel, estive triste por três semanas. Alimento desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com unguento, até que se cumpriram as três semanas. E no dia vinte e quatro do primeiro mês eu estava à borda do grande rio Hidequel; E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz; E o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão. E só eu, Daniel, tive aquela visão. Os homens que estavam comigo não a viram; contudo caiu sobre eles um grande temor, e fugiram, escondendo-se.” 
      “E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a ti sou enviado. E, falando ele comigo esta palavra, levantei-me tremendo. Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia. Agora vim, para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias; porque a visão é ainda para muitos dias.”
Daniel 10.2-7, 11-14

      Esta passagem de Daniel é um texto fundamental para entendermos mundo espiritual, ela nos dá argumentos a entender porque batalha espiritual é um tipo de oração diferente, que envolve movimentação de batalhões de seres espirituais. Ela começa com Daniel relatando um jejum de três semanas que fez, o interessante é que não foi um jejum forçado, mesmo que com boa intenção. A tristeza de Daniel, sua preocupação com o destino de seu povo o levou a se abster de comida, de bebida e de alegria, talvez o melhor exemplo do jejum correto relatado na Bíblia. Quantas vezes fazemos um jejum porque sabemos que precisamos, porque sabemos que é certo, porque sabemos que é por uma boa causa, mas fazemos porque sabemos, na cabeça, e não no coração. A primeira lição que o texto nos ensina é que o jejum correto é o Espírito Santo que nos conduz a ele e nele, nasce do coração de Deus e toca o nosso coração profunda. Assim nada justifica usar jejum como moeda numa barganha com Deus, fazê-lo para acumular créditos e poder comprar algo do Senhor.
      Seguindo com a passagem, então, após três semanas de jejum, de ser convencido que algo importante lhe seria revelado sobre uma situação importante, sim, porque jejum convence o homem, não Deus, Deus não precisa ser convencido, jejum prepara o homem, não Deus, Deus não precisa ser preparado, assim, após esse período de consagração, Deus fala com Daniel. Daniel tem a visão de um ser espiritual, as palavras iniciais do ser são maravilhosas, “Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras”, que alegria, que benção ouvir isso do Senhor. Desde o primeiro dia, sim, como foi dito, Deus não precisou das três semanas, no primeiro momento de oração de Daniel o Senhor já tinha visto a sinceridade e a necessidade de Daniel.
      O ser espiritual faz então uma revelação especial, que não vemos constantemente na Bíblia: “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia”. Note que o período de tempo que o ser espiritual disse que tinha durado a resistência do “príncipe do reino da Pérsia” é o mesmo tempo que Daniel passou em oração. Assim, podemos entender que a persistência de Daniel orando teve um motivo, aguardar que o mundo espiritual cumprisse seus objetivos. Mas podemos perguntar, até que ponto não foi a insistência do homem, a fé do homem, que de alguma forma fortaleceu os seres espirituais do bem para vencerem a batalha contra os seres espirituais do mal? Sim, porque o texto se refere a anjos e arcanjos, não a príncipes e soldados humanos. “Príncipe do reino da Pérsia” não é um líder humano, mas um ser espiritual do mal de alto escalão, por isso Miguel, “um dos primeiros príncipes”, um arcanjo do bem, foi ajudar o ser espiritual que trazia para Daniel a resposta de oração de Deus. Esse ser pode ser um anjo que foi ajudado por um arcanjo para vencer uma batalha espiritual contra demônios e diabos.
      Contudo, a resposta trazida a Daniel tinha muito mais que informações sobre o problema que seu povo enfrentava naquele momento, sobre os setenta anos de cativeiro de Israel, tinha a ver com um futuro distante e final de toda a humanidade. Ele recebeu uma coleção de profecias conhecidas como “as setenta semanas de Daniel”. Não somos nós que escolhemos ser profetas, ou receber profecias, é Deus quem chama e escolhe o profeta, e quem pensa que isso é legal, que é fácil, que é só a alegria de saber de coisas que ninguém mais sabe, engana-se. Os profetas que receberam as profecias mais significativas da Bíblia pagaram com a solidão, com o cativeiro, com a desaprovação mesmo de seu povo, o privilégio de serem bocas dos mistérios do Senhor. Deus é terrivelmente esplendoroso!

Esta é a 3a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

02/12/18

2. Oração: constância (Parte 2 de 17)


2. Oração: constância

      “Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará. Irmãos, orai por nós.

I Tessalonicenses 5.17-25


      Orai sem cessar, diz a orientação do apóstolo Paulo, isso porque por alguns motivos nossas orações parecem ter efeito temporário. A oração aceitando a salvação estabelece uma aliança eterna entre o homem e Deus, contudo, a manutenção da nossa vida e das nossas posses neste mundo, sejam materiais ou espirituais, carece de incessante intercessão. Um motivo da oração ter efeito temporário encontra-se num limite nosso, não de Deus, em nossa infidelidade, não do Senhor. Nós, cristãos convertidos e novos nascidos em Jesus, temos dentro de nós uma luta entre o nosso espírito ungido com o Espírito Santo e a nossa natureza carnal, que também é espiritual, e que só será tirada de nós totalmente quando morrermos em Cristo ou formos arrebatados. Essa natureza torna-nos volúveis, inconstantes, só Deus pai, em seu amor e paciência, para nos “suportar” e estar sempre pronto a nós receber. A nosso diferença, em relação aos não convertidos, é o Espírito Santo, esss está sempre inclinando-nos, chamando-nos para Deus, permitindo que o Senhor seja achado, mesmo em meio às maiores lutas e às dores mais difíceis. 
      Outro motivo da temporariedade da oração, é que o mundo espiritual do mal está sempre em movimento, ele não tira férias, o diabo está criando artimanhas em todo o tempo para nos oprimir, sempre nos tentando a desistir e fugir. Assim, mesmo que nos mantenhamos constantemente na presença de Deus, numa defesa passiva, uma atitude ativa de ataque ao mal é necessária para mantermos em paz e liberdade aquilo Deus coloca sob nossa responsabilidade. O lado bom disso é que aprendemos a vigiar todos os dias, isso faz com que nós não nos acomodemos, assim devemos orar sempre autorizando o Senhor a nos proteger. Todo o nosso crescimento como seres humanos e cristãos acontece nesse ambiente de lutas constantes, assim, acredite, isso é permitido por Deus, não é de nenhuma maneira alguma vitória do diabo. 
      Deus e o diabo não são duas forças iguais, em lados opostos, cujo embate dá equilíbrio ao universo. Essa crença, de muitas religiões, não é a da tradição judaica-cristã, não é Bíblica ou evangélica, não é verdadeira. Só existe uma força no universo, a boa, justa, iluminada e amorosa de Deus. Os diabos e os demônios têm um poder temporário e limitado, permitido pelo Senhor. Contudo, na alma humana, na cabeça e no coração do homem, enquanto neste mundo, existem duas influências iguais porque o homem tem livre arbítrio para escolher entre uma e outra, e isso ocorre em todo o tempo, por isso o cristão deve viver em oração. 
      Que temos que orar sempre, a maioria de nós já sabe, a questão é o que orar, com relação a essa guerra espiritual que os demônios fazem constantemente contra os homens? Como fazer essa cobertura espiritual sobre nós e nossas famílias? Para entendermos isso é preciso entender melhor o mundo espiritual. As próximas partes deste estudo explicam alguns conceitos importantes sobre batalha espiritual, anjos e demônios. O mais importante, contudo, é entendermos que só convertidos, orando em nome de Jesus, perdoadas e limpos, com um coração grato e liberto de mágoas ou vinganças, é que temos proteção espiritual de Deus para entrarmos no mundo espiritual e darmos cobertura para nossas famílias e lares. Uma quebra de qualquer um desses pré-requisitos criará uma brecha espiritual em nossas vidas que poderá nos colocar numa situação de fraqueza diante dos inimigos espirituais. 

Esta é a 2a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

01/12/18

1. Oração: perdão e louvor no nome de Jesus (Parte 1 de 17)


Introdução

      “Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.”

Mateus 22.29


      Nesta primeira reflexão do último mês de 2018, o Senhor, pela sua misericórdia e graça, me leva a refletir sobre o mundo espiritual, mas mais que uma contemplação sobre uma dimensão cheia de mistérios, o que com certeza já é muito intrigante, vou compartilhar uma prática cristã de suma importância para a vitória dos cristãos, a oração. Focaremos, contudo, um tipo especial de oração, em dois enfoques, cobertura espiritual e batalha espiritual. Para interagir com o mundo espiritual é preciso conhecê-lo de fato, a verdade sobre ele, não as mentiras que os seres espirituais do mal inventam para agradar os ouvidos dos arrogantes e inimigos do evangelho. Mentiras como a versão do espiritismo kardecista que descreve o mundo espiritual como um hospital ou uma grande casa de recuperação espiritual que prepara os espíritos para novas encarnações, pra citar uma, não condiz com as revelações do cânone bíblico.
      Cobertura e batalha espiritual não são termos novos, são assuntos presentes na Bíblia, mas que só receberam relevância das igrejas há um tempo relativamente curto, algumas décadas, pelo menos por uma parte maior delas. Alguns consideram esses conceitos até heresias, outros os praticam sem cuidado, bem, segue a interpretação dos assuntos por um cristão, para o qual os temas não são teorias, mas prática de vida. Você não precisa concordar com tudo, leia, ore, busque outras fontes, mas não deixe de considerar um assunto tão relevante. Conheça as escrituras, mas também prove o poder do Senhor, uma coisa não anula a outra, a experiência com Deus é completa e envolve todas as áreas humanas em plenitude. A reflexão é dividida em 17 partes, as compartilharei entre os dias 1 de dezembro e 17 de dezembro, convém ler todo o estudo que também publicarei na íntegra no dia 18/12/18.

1. Oração: perdão e louvor no nome de Jesus
2. Oração: constância
3. A experiência de Daniel
4. Hierarquias, castas e legiões
5. Território espiritual
6. Conquistando e mantendo espaço
7. Mundo espiritual: tenhamos consciência dele
8. Cobertura espiritual: prioridade para a família
9. Batalha espiritual: cuidados que devemos ter
10. Anjos, arcanjos, serafins, querubins e seres viventes
11. DiaboS
12. Provando espíritos: anjos ou demônios?
13. A experiência de Jó
14. Tudo está sob a autorização de Deus
15. Quem faz cobertura espiritual: liderança espiritual na família
16. Pentecostal, tradicional e o mundo espiritual
17. Para quem quer conhecer mistérios

1. Oração: perdão e louvor no nome de Jesus

      “E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.” 

Marcos 16.17-18


     Nossa arma mais poderosa e objetiva, contra males visíveis e invisíveis, é a oração, nela temos acesso direto a Deus, criador, sustentador, Senhor dos universos. Mas faço a você uma pergunta: você conhece todos os direitos que tem na oração, e se os conhece, os tem usado? A primeira coisa a se fazer, quando entramos na presença do Senhor em oração, é orar em nome de Jesus, e por mais nenhum outro intercessor. O nome de Jesus Cristo deve ser exaltado com convicção e clareza, essa é a vontade de Deus para seus filhos e o único meio legítimo de termos acesso à comunhão plena com Deus. Sim, em sua misericórdia, o Senhor ouve a todos, mesmo os idólatras e demonistas, que usam outras coisas e outros seres para terem comunhão com o mundo espiritual. Isso, todavia, é um estado de exceção que tem todos os limites inerentes àquilo que o homem faz em rebeldia, maldade ou simples ignorância. Contudo, mesmo aquele que se aproxima de Deus do jeito errado, se houver nele sinceridade, o Senhor em seu amor se revelará, abrindo-lhe os olhos espirituais e mostrando-lhe o poder exclusivo que há na intercessão de Jesus Cristo.
      Em segundo lugar, para continuar na presença de Deus e ter acesso às suas bênçãos, ore perdoado, assim, antes de adorar e de fazer pedidos, peça perdão, confesse-se, assuma seus erros, dê nome a eles de forma clara, da mesma maneira, perdoe, a si mesmo e aos outros. Se tiver um assunto mal resolvido com alguém entregue o assunto nas mãos de Deus, disponha-se a acertar o assunto e espere no Senhor uma oportunidade para falar pessoalmente com a pessoa, se isso for possível. Se não for, fique em paz. Agora, em nome de Cristo e limpo do pecado, vamos para aquilo que deve ser o centro das orações, e em numa quantidade maior de vezes, o motivo que basta para orarmos. Adore a Deus, por tudo, faça isso em uma adoração emocional e espiritual, permita que os dons espirituais se manifestem, é no meio dos louvores que a intimidade do Senhor é provada e muitos mistérios são desvendados. Só depois de tudo isso você estará pronto para pedir algo ao Senhor. Existem, todavia, solicitações que devemos fazer a Deus que vão além de pedidos sobre nossas necessidades de sobrevivência neste mundo, sobre nossas preocupações com o futuro, é sobre isso que se trata este estudo.
      Além do mundo físico, de enfrentá-lo em paz e com dignidade, o cristão precisa lidar também com o mundo espiritual, para poder dar cobertura espiritual à sua família e ser vitorioso. Temos que aprender a usar a autoridade que Jesus nos deu para estabelecer cobertura, proteção, para nós e principalmente para nossos próximos, cônjuges e filhos, assim como outros parentes e amigos, se o Senhor assim nos direcionar. Deus nos protege, mora em nós, mas neste mundo, na Terra, no céu físico ao redor de nosso planeta, estão os demônios. Esses espíritos malignos têm autorização de Deus para ocupar esses locais, assim eles podem se comunicar com os seres humanos. Essa comunicação não é assim livre, e nem, muitas vezes, racionalmente clara. Deus protege mesmo os ímpios, senão todos e sem nenhum motivo ficariam endemoniados, mas aqueles que dão legalidade podem experimentar ataques realmente violentos do mal, serem oprimidos com muita intensidade e mesmo possuídos. Por alguns motivos, contudo, a oração que fazemos pedindo proteção contra o mundo espiritual do mal, nos protege por um tempo, mas não para sempre, veremos sobre isso na próxima parte.

Esta é a 1a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

30/11/18

Fora de Jesus não há libertação

      “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” 
      “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” 
João 8.32, 36

      Por mais igrejas que se conheça, cultos que se frequente, Bíblia que se leia e se estude com profundidade, se não houver autorização para que o Espírito Santo cure, andando-se dia a dia com Jesus, lutando emocional e espiritualmente em oração aos pés de Deus, as pessoas não serão curadas. Poderão até adquirir aparência de cristãos, linguajar, maneirismos, mesmo se livrarem de algns vícios, mas libertação só há em Cristo, pelo menos daquelas doenças de alma sérias e aprofundadas, que realmente definem a personalidade e limitam o caráter dos seres humanos. Sem cura amadureceremos erradamente, se é que amadurecemos, menos que aquilo que temos potencial para ser, e conquistando menos que aquilo que havia no plano de Deus para nossas vidas, seja na área afetiva, profissional ou ministerial. 
      Humildemente, na presença do Senhor, e Deus conhece meu coração, posso testemunhar que fui curado. Isso não significa que eu seja perfeito, nem que não cometa injustiças, sigo com dificuldades para me relacionar com as pessoas, amando menos que deveria, implicando mais que poderia, mas fui curado. Quem não conhece minha história pode me considerar menos atualmente, mas já fui muito pior, se não fosse a mão do Senhor talvez eu nem estivesse vivo, ou se estivesse, estaria só e marginalizado, mas pra me conhecer é só perguntar. Tive momentos bem claros e definidos de esclarecimento quando tomei posse da cura que Jesus tinha conquistado pra mim na cruz, isso me permitiu ser o que sou hoje e me apossar de coisas importantes, como meu casamento, minhas filhas e meu histórico profissional e ministerial.
       Abrindo parênteses, algumas das maiores libertações que recebemos do Senhor, sabiamente é melhor que fiquem em segredo, compartilhadas só com poucos e confiáveis amigos. Elas se referem ao nosso lado mais íntimo, que muitos não querem saber e outros dificilmente entenderiam. Assim tenha cuidado com quem se abre, mas vá atrás da cura, Deus é contigo. Outro aspecto de curas “íntimas” é saber identificar o que de fato é doença para ser curada e o que é característica a ser assumida. No segundo caso, precisaremos de coragem em Deus para nos libertarmos, não de um mal interior, mas do preconceito alheio, essa é uma libertação dolorida, difícil e que muitos experimentam sozinhos. Mas novamente, confie em Deus, não o deixe, mesmo que precise deixar grupos sociais e escolher melhor as igrejas, o Senhor nos conhece e sabe de nossa vontade de segui-lo. Deus quer que sejamos felizes nele, fechando parênteses.
      Eu não creio em milagres extraordinários, não para todos e sempre, creio num processo lento que manifesta a cura e mesmo os dons espirituais nos nossos sentimentos e pensamentos. Quando nos convertemos e o Espírito Santo nos sela, recebemos em Cristo todas as bênçãos, mas para que tenhamos consciência disso de modo que nossas vidas diárias mudem, numa transformação verdadeira e que permanece, pode demorar um tempo, tempo relativo para cada ser humano. Nosso espírito está sempre pronto, por isso quando morremos salvos ou se formos arrebatados, estaremos na eternidade em perfeição, nosso homem espiritual será libertado e não teremos na eternidade com Deus doenças, sejam físicas, emocionais ou espirituais, mágoas, dores, tristezas ou qualquer espécie de defeitos morais. Seremos integralmente virtuosos e santos.
      Cura requer fé e trabalho, fé autoriza Deus a agir, trabalho quebra nossos corações, nossas convicções erradas, faz-nos exercer e experimentar perdão. Esse é o jeito de Deus agir, é assim que as coisas funcionam com seres humanos adultos e que querem de fato amadurecer no Senhor. Contudo, muitos, em determinados momentos de suas vidas, quando confrontados com essa verdade, discordam, não aceitam e dizem não. Isso não significa que deixaram de ser crentes, de forma alguma, continuam nas igrejas, muitos liderando e pregando, eles não têm coragem de assumir suas rebeldias e têm medo de se afastarem do evangelho. Eles continuam salvos e morarão na eternidade com Deus, mas com certeza viverão  neste mundo uma vida muito aquém do plano que o Senhor tem para eles.
      Esses, contudo, que dizem não para a cura do Senhor, geralmente caem nas mãos da heresia, heresia oferece doutrinas que usam a Bíblia, o evangelho, elas falam de Cristo e defendem, na maioria dos vezes, uma vida dentro de igrejas e com muitos valores morais cristãos. Mas a heresia, de alguma maneira, impede o homem de ter comunhão direta com Deus, ela sempre acrescenta ou subtrai alguma coisa, pelo menos em relação ao centro da Bíblia, a salvação e libertação do homem só através de Jesus pelo Espírito Santo. A heresia não libertará o homem, antes o manterá escravo, em primeiro lugar de si mesmo, do seu lado pior e que não foi curado, mas depois de outros homens, do mundo, mas principalmente de igrejas. Os profetas hereges, falsos pastores que têm interesse em “meios cristãos”, crentes não curados, exploram e usam os que dizem não ao jeito de Deus fazer as coisas.
      Muitos crentes dizem hoje em dia, com frequência, Deus é meu libertador, mas muitos se referem a isso desejando um Deus que os liberte do mal exterior, dos inimigos, sejam homens ou demônios. Isso não está errado, graças a Deus que ele nos liberta dos opressores externos, do homem injusto e do diabo e suas astúcias. Contudo, nosso principal inimigo mora dentro de nós, é nossa natureza humana ruim, nosso caráter transtornado, nossos rancores, nosso passado oprimido, sim, por outros homens, mas um mal que deixamos ficar em nós e que nos influencia negativamente. A libertação maior que Deus nos dá é a de nós mesmos, esse homem espiritual ruim que existe em nosso interior Jesus levou na cruz. O que ressuscitou com Cristo foi um novo homem, curado e liberto.

      “O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu escudo, a força da minha salvação, e o meu alto refúgio.Salmos 18.2

29/11/18

Prazeres e aparência - Mentiras mortais

      “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Provérbios 14.12


      O assassinato do jogador de futebol do time São Bento de Sorocaba/SP, numa festa de aniversário numa cidade do Paraná, crime cometido por uma família, pai, mãe e filha, além de outros jovens, me faz pensar sobre algumas prioridades erradas do homem atual. As imagens da família dos assassinos, fartamente compartilhadas em redes sociais, como é o costume obsessivo da sociedade atual, e aí não se sabe se a felicidade cria eventos que são compartilhados no Instagram e Facebook ou se os eventos são criados para ostentar uma felicidade falsa ou exagerada em redes sociais. O jovem jogador, querendo só usufruir e que acabou provando uma morte antes do tempo, morte chorada amargamente pelos parentes que o criaram para valorizar aquilo que o levou a morrer. Um moço que estava na hora errada, no lugar errado, fazendo a coisa errada e com gente errada que o disciplinou de forma errada, violenta, cruel e que colocou fim nas vidas de muitos. Triste, muito triste.
      De forma emblemática, e muito significativa, mesmo que trágica, as imagens da família de assassinos que veiculam nas mídias, são as fotos deles na festa de aniversário de dezoito anos da filha, antes do crime. Três pessoas bem vestidas, cabelos bem cuidados, mulheres maquiadas, em meio à comida e bebida, enfim, num momento que para eles era o melhor que a vida pode oferecer, os outros envolvidos no caso, jovens, muito jovens, bonitos, bem criados (pelo menos fisicamente) e também bem trajados. Os pais desses jovens também devem estar em prantos. Mas quem os criou, quem colocou em suas almas as prioridades da vida, quem ensinou a eles princípios de moral? Infelizmente a prática do que lhes foi ensinado foi mostrada no ocorrido, onde foram, o que fizeram, o que aprovaram os outros fazerem, o que eles tentaram ocultar da justiça. Foi por medo? Mas se estivessem no lugar certo, fazendo a coisa certa e com as pessoas certas, não precisariam ter medo e com certeza não seriam coadjuvantes de um ato de tal barbaridade.
      Infelizmente, muitos de nós, mesmo que não sejamos ligados à criminalidade, como parece que o pai da família de assassinos é, mesmo não sendo irresponsáveis como o jogador, que se deitou na cama de uma mulher casada embriagada, num quarto do casal na casa do casal, com o marido e outros presentes na casa, e ainda tirou fotos e mandou pelo celular para um amigo, mesmo nós que não temos essa total falta de noção, de moral, obviamente inflamada pelo álcool, também podemos estar vivendo e criando nossos filhos num modo de vida frívolo que são prioriza o prazer físico imediato. Começa com caras e bicos que mulheres fazem nas fotos para o Instagram, no tipo de postagem que curtimos e compartilhamos no Face, e no caso de muitos evangélicos, numa atitude um tanto quanto esquizofrênica, quando antes ou logo depois postam um pensamento de auto-estima ou um versículo bíblico, geralmente pedindo vingança contra os inimigos. 

      “Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. E os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas estas coisas, e zombavam dele. E disse-lhes: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Lucas 16.13-15

      Não estou dizendo que devemos usar roupas que escondam totalmente nossos corpos ou que não podemos, sob nenhuma circunstância, beber bebidas alcoólicas, ou que não podemos nos divertirmos em lugares e eventos sociais fora de igrejas. Isso seria um erro semelhante, mesmo que no extremo oposto, e que na prática nenhuma serventia tem contra o pecado, o mundo, a carne e o diabo. Mas a pergunta é: de verdade, quais são nossas prioridades, o que gostamos de mostrar para os outros, seja no mundo real ou virtual, como gostamos de ser conhecidos? Não podemos enganar a verdade, somos o que mostramos, dizer que no coração sou isso, mesmo que na aparência eu exiba outra coisa, é no mínimo incoerência e no mais provável um auto-desconhecimento que não passa para os outros outra leitura que não seja a de falsidade. Ninguém pode agradar a dois senhores, mas quando se tenta, o senhor que sempre se agrada é o do mal, ou se agrada 100% a Deus ou se agrada ao diabo.
       Um conselho: tenhamos mais cuidado com essa cultura estabelecida pelas redes sociais, uma cultura vulgar e hedonista onde, mais do que nunca, aparentar é mais importante que ser de fato, e tenhamos cuidado principalmente com a influência dessa cultura sobre crianças a adolescentes. Na verdade, convém nos afastarmos, ao menos, um pouco de redes sociais, que em grande parte das vezes cria falsas identidades assim como falsas relações sociais, quando nos relacionamos com pessoas geograficamente distantes que em muitos casos nunca conheceremos fisicamente. Há exceções, eu sei de muitas, gente que conheci por conta de minha área profissional e que me acompanha virtualmente há muitos anos, amigos e irmãos queridos. Contudo, eu já colhi decepções, de pessoas que valorizam demais vida virtual e que mostram nas redes personagens, não o que são de fato, que em algum momento entenderão um texto ou uma imagem sua de forma equivocada e que de “amigos” se tornarão inimigos, num piscar de olho.
      Isso sem falar nas armadilhas que muitos caem, depois de conhecerem e confiarem em amizades virtuais, sofrendo violências pela internet e mesmo físicas, quando tentam conhecer o ator por trás do personagem descobrindo criminosos e psicopatas. Para todos os envolvidos no crime horroroso do jogador de futebol, com direito à tortura e mutilação da vítima, resta a cadeia, e por estarem ainda vivos pela graça de Deus a salvação em Cristo, se tiverem humildade para fazerem a decisão, mesmo que tenham que pagar pelo resto de suas existências aqui pelo que fizeram. Ao morto, não resta mais nada, e onde ele está, Deus sabe, mas a todos nós está a lição, terrível mas muito real. Este mundo e seus valores, uma vida de aparência, beleza física, juventude, comida, bebida, carros e motos caros, noites a fio em baladas, dançando, fazendo sexo e fugindo da realidade, tudo isso só conduz à morte, e uma morte muito ruim.