06/04/20

Loucura (parte 4) Deuses e monstros

4. Deuses e monstros

      Nesta 3ª parte do estudo sobre loucura refletiremos mais sobre os textos citados na 2ª parte com os entendimentos de antigos gregos e outros estudiosos sobre o assunto, as passagens bíblicas a seguir serão citadas nesta reflexão, direta ou indiretamente.

      “Porque a ira destrói o louco; e o zelo mata o tolo.” 
Jó 5.2
      “Lembra-te disto: que o inimigo afrontou ao Senhor e que um povo louco blasfemou o teu nome.” 
Salmos 74.18
      “Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.” 
I Coríntios 3.18

      Como em outras áreas, em eventos climáticos, por exemplo, os povos mais antigos aliavam aos deuses a loucura, esses possuindo a consciência dos seres humanos, não só nas experiências religiosas (nos oráculos, os médiuns espíritas atuais ou os profetas cristãos), mas mesmo na arte, nos artistas criando sob influências de musas. Os gregos viam deuses em tudo, mas será que isso é diferente em muitos evangélicos pentecostais atuais que veem demônios em tudo? Seguindo na evolução do pensar humano sobre loucura, aliou-se loucura à maldade, se alguém fazia atrocidades era controlado pela loucura, e esse devia pagar por isso, muitos ainda pensam assim. Na Bíblia a palavra louco é usada com intenções distintas, às vezes indicando um homem violento, às vezes um incrédulo, e às vezes até ensina que ser “louco de Deus” é algo bom, veja textos acima.
      A humanidade evoluiu mais no entendimento da loucura quando separou-a da moral e da criminalidade, assim, por ser louco, alguém não deveria ser condenado pelo mal que fizesse, já que não poderia responder pelos seus atos, o louco não era malvado, mas alienado. Durante um período, contudo, os considerados loucos eram isolados, muitas vezes em ambientes nada melhores que as prisões para criminosos. Com o desenvolvimento da farmacêutica e de outras ciências isso mudou, loucos passaram a ser doentes que podem ser tratados com remédios, terapia e outros métodos não desumanos, não precisam ser necessariamente isolados da sociedade. É importante que saibamos que num momento histórico homossexualidade era considerada doença mental, esse não é hoje o entendimento oficial da psiquiatria, por isso “cura gay” não é aceita pelos profissionais da área médica.
      Todavia, uma mudança maior veio no entendimento de Hegel e Freud, que pensaram loucura como algo comum a todos os seres humanos, de acordo com eles doentes são só os que não conseguem viver na realidade com essa loucura latente. Os cristãos carismáticos e espíritas precisam saber que para muitos psiquiatras suas experiências com dons espirituais e com mediunidade são consideradas sintomas de loucura, visto que a consciência individual é tomada por uma entidade externa ou uma identidade diferente da considerada normal. É claro que se isso não impedir a pessoa de conviver com sua realidade, na sociedade, tendo uma vida produtiva e organizada, é uma loucura controlada (ou nem é).
      Essas considerações e definições são variáveis, existem níveis diferentes de doenças mentais ou psicopatologias, que ainda que prejudiquem menos o humor ou o senso de realidade da pessoa, podem ser diagnosticadas e devem ser tratadas. Com certeza todos nós, de alguma maneira, seremos considerados, por alguém em alguma instância, loucos. Hoje em dia esse termo nem é mais ofensivo, depois da revolução cultural dos anos 1960, louco virou sinônimo de gente independente que não se deixa levar pelas tradições sociais humanas, ser louco passou a ser chique. Mas é na área espiritual ou religiosa, por ser um campo onde as coisas são mais subjetivas, relativas às percepções de cada pessoa, de acordo com a fé de cada um, onde mais se taxa as pessoas de malucas, e é, conforme alguns estudos sérios, onde de fato existe muita gente com transtornos mentais, é muito importante que os crentes evangélicos tenham ciência disso. 

04/04/20

Loucura (parte 3) Os gregos e os psiquiatras

3. Os gregos e os psiquiatras

      O louco sabe tudo menos que é louco. Se você achar que está passando do limite daquilo que pode ser e ter, procure ajuda de outra pessoa, não confie só em sua própria noção de consciência. O outro extremo, contudo, achar que não pode nada, também pode ser sintoma de alguma doença mental, mas seja megalomaníaco ou persecutório, um adicionando e o outro subtraindo, ambos os delírios podem indicar algum nível de insanidade. Existem várias espécies de loucura no ser humano, afetando áreas diferentes de sua vida, mas ainda que se iniciem em uma área, a loucura sempre acaba afetando todo o nosso ser, em todas as áreas, física, mental e espiritual. Nessa segunda parte do estudo sobre loucura, conheceremos um pouco sobre o que pensavam os antigos gregos e estudiosos como os do século XIX sobre o assunto. 

      “A loucura ou insanidade é segundo a psicologia uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados anormais pela sociedade. É resultado de doença mental, quando não é classificada como a própria doença. A verdadeira constatação da insanidade mental de um indivíduo só pode ser feita por especialistas em psicopatologia. Algumas visões sobre loucura defendem que o sujeito não está doente da mente, mas pode simplesmente ser uma maneira diferente de ser julgado pela sociedade. 
      Na visão da lei civil, a insanidade revoga obrigações legais e até atos cometidos contra a sociedade civil com diagnóstico prévio de psicólogos, julgados então como insanidade mental. Na profissão médica, o termo (loucura) é agora evitado em favor de diagnósticos específicos de perturbações mentais, a presença de delírios ou alucinações é amplamente referida como a psicose. Quando se discute a doença mental, em termos gerais, psicopatologia é considerada uma designação preferida.
      As significações da loucura mudaram ao longo da história. Na visão de Homero, os homens não passariam de bonecos à mercê dos deuses e teriam, por isso, seu destino conduzido pelas "moiras", o que criava uma aparência de estarem possuídos, ao qual os gregos chamaram "mania". Para Sócrates, este fato geraria quatro tipos de loucuras: a profética, em que os deuses se comunicariam com os homens possuindo o corpo de um deles, o oráculo. O ritual, em que o louco se via conduzido ao êxtase através de danças e rituais, ao fim dos quais seria possuído por uma força exterior. A loucura amorosa, produzida por Afrodite, e a loucura poética, produzida pelas musas.
      Philippe Pinel alterou significativamente a noção de loucura ao anexá-la à razão. Ao separar o louco do criminoso, afastou o aspecto de julgamento moral que constituía até então o principal parâmetro da definição da loucura. Hegel afirmou que a loucura não seria a perda abstrata da razão: "A loucura é um simples desarranjo, uma simples contradição no interior da razão, que continua presente". A loucura deixou de ser o oposto à razão ou sua ausência, tornando possível pensá-la como "dentro do sujeito", a loucura de cada um, possuidora de uma lógica própria. Hegel tornou possível pensar a loucura como pertinente e necessária à dimensão humana, e afirmou que só seria humano quem tivesse a virtualidade da loucura, pois a razão humana só se realizaria através dela.” Fonte Wikipedia
      A loucura está inconsciente e existe em todos nós, loucos seriam os que sucumbiram à luta constante na sua relação com esse inconsciente, isso é o que diz Freud, pai da psicanálise, em outras palavras, de perto todo mundo é louco.

      Essas visões sobre loucura são mutuamente exclusivas? Penso que não, não pense que no século XXI a significação que usamos é a última, a mais recente, não, ainda podemos ler as loucuras mesmo conforme conceitos antigos. Penso que loucura é tudo isso que é citado nesse texto inicial e mais alguma coisa, assim vou usar as citações neste estudo (na 3ª parte), que não são de qualquer pessoas, são filósofos, estudiosos eruditos, cientistas da medicina e da psiquiatria, são conceitos que devemos considerar. “Se clamares por conhecimento e por inteligência alçares a tua voz, se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares, então, entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus, porque o Senhor dá a sabedoria, da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento.” (Provérbios 2.3-6).
      Muitos clamam por sabedoria, oram, jejuam, mas não se dão ao trabalho de estudar, de fazer uma faculdade, de ler bons livros. A boca de Deus não fala só pela Bíblia ou pela voz direta do Espírito Santo, seja em nossos corações ou pelas vidas de outras pessoas cristãs, Deus usa muitos homens sábios neste mundo para nos ensinar sua sabedoria. Principalmente na ciência, podemos aprender mesmo com homens que nem tenham entendimento ou que não assumam que a sabedoria que possuem é verdade de Deus, no caso deles não do mundo espiritual, mas do mundo material. Assim estejamos abertos, com temor e devidos filtros, para aprendermos com médicos, psiquiatras, assim como com químicos, físicos, matemáticos e tantos outros estudiosos sábios de suas áreas.

03/04/20

Loucura (parte 2) Nem tudo que parece é

2. Nem tudo que parece é

       “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” 
Jeremias 17.9-10

      Iniciando o estudo sobre loucura, uma reflexão sobre dois fenômenos psicológicos, entendimento interessante para quem quer conhecer mais a mente humana, uma parte do nosso ser que vai além de nosso cérebro físico, interface que liga nosso espírito ao nosso corpo. Seguem duas definições sobres esses fenômenos.

      “pareidolia é um fenômeno psicológico que envolve um estímulo vago e aleatório, geralmente uma imagem ou som, sendo percebido como algo distinto e com significado. É comum ver imagens que parecem ter significado em nuvens, montanhas, solos rochosos, florestas, líquidos, janelas embaçadas e outros tantos objetos e lugares. Ela também acontece com sons, sendo comum em músicas tocadas ao contrário, como se dissessem algo. A palavra pareidolia vem do grego para, que é junto de ou ao lado de, e eidolon, imagem, figura ou forma. Pareidolia é um tipo de apofenia.” Fonte Wikipedia 

      “Apofenia é um termo proposto em 1959 por Klaus Conrad para o fenômeno cognitivo de percepção de padrões ou conexões em dados aleatórios. É um importante fator na criação de crenças supersticiosas, da crença no paranormal e em ilusão de ótica. Inicialmente descrita como sintoma de psicose, a apofenia ocorre no entanto em indivíduos perfeitamente saudáveis mentalmente. Do ponto de vista da estatística é um Erro do tipo I, ou seja, tirar conclusões de dados inconclusivos. Em um exame pode levar a um resultado falso positivo. Psicologicamente é um exemplo de viés cognitivo. Ocorrências de apofenia frequentemente são investidas de significado religioso e/ou paranormal ocasionalmente ganhando atenção da mídia como a impressão de ver Jesus em uma torrada.“ Fonte Wikipedia 

      Experimentar os fenômenos acima não é sinal de psicose, ou necessariamente de algum transtorno psiquiátrico, é na verdade algo comum e útil. Revela a capacidade que o cérebro humano tem de “arredondar”, digamos assim, a interpretação de certas informações para chegar a conclusões de percepção mais rapidamente economizando tempo e energia. Mas essa capacidade precisa de cuidado, há de se ter discernimento para saber quando estamos vendo, ouvindo ou sentindo, coisas que na verdade não existem ou que não condizem com a realidade. Conclusões precipitadas podem levar a grandes enganos, e crer nesses enganos pode levar, sim, à instalação de doenças mentais, algumas de difícil reversão.
      Por que levantei esse tema aqui no blog? Porque em assuntos religiosos e na vida espiritual, que viajam em planos ainda não comprovados cientificamente e que são deveras subjetivos, variam de interpretação de pessoa para pessoa, é onde mais podemos provar pareidolias e apofenias (acho que muitos nunca tinham ouvido falar desses termos antes de ler aqui no “Como o ar...”, ainda que provem esses eventos o tempo todo). Sempre acredito num homem em harmonia com todos as suas áreas, física, emocional e racional, e espiritual, enfim, ter corpo, alma e espírito equilibrados, um ajudando o outro a entender e praticar o que é real de acordo com cada plano, creio que essa é a plena vontade de Deus para nós.
      As coisas na vida não são tão claras, como quer nos fazer crer a ciência, e nem tão relativas e infinitas, como quer nos fazer aceitar sem discussão as metafísicas (ainda que sejam, sim, relativas e infinitas). Na harmonia entre corpo, alma e espírito, achamos o equilíbrio, escapando da insanidade, evitando as diabrices, e nos libertando dos vícios, ou qualquer extremos que nos conduzam a alucinações. Se admitirmos que nós somos mais que matéria e mente, acharemos essa harmonia e seremos equilibrados, como sempre o critério de avaliação para isso é checar os frutos, plante certo e colherá bem. Chegaremos a nada delirando, assim conhecer a Deus, a nós mesmos e ao resto, é caminho que nos livra da ignorância e da loucura.

01/04/20

Loucura (parte 1) Introdução

      A partir de hoje e indo até o final deste mês, às segundas, quartas, sextas-feiras e aos sábados, o “Como o ar que respiro” estará compartilhando uma série de dezesseis reflexões sobre o tema “Loucura”. Segue hoje uma introdução, se puder, acompanhe este estudo, considero o texto mais profundo e verdadeiro (como testemunho pessoal) que já compartilhei aqui no blog, além de ser um assunto para lá de relevante a todos. 

1. Introdução

      Este é um estudo especial comemorando a entrada do blog “Como o ar que respiro” em seu 10º ano de existência, pela graça do Deus altíssimo. É uma série de dezesseis reflexões sobre o tema “Loucura”, ou Transtornos Mentais, o termo mais técnico, várias discussões serão feitas, abrangendo vários aspectos da insanidade, em várias áreas. Não é para esgotar o assunto, mas para nos ajudar a pensar mais nele. Se você acha loucura falar nesse assunto, saiba que ele está mais próximo de todos nós que achamos ou que queremos assumir que está, e se não de nós, de pessoas próximas a nós, que podem estar sofrendo numa enorme e injusta solidão.

1. Introdução 
2. Nem tudo que parece é
3. Os gregos e os psiquiatras
4. Deuses e monstros 
5. Ciência e religião 
6. Podemos saber? 
7. Morte e espíritos 
8. Loucura de Deus
9. Espírito Santo, o diabo e a mente
10. Origem da loucura
11. Processo da loucura
12. Podemos escolher?  
13. Sobre medo
14. O mal não entrará em ti
15. Informações de profissionais 
16. Conclusão 

      Não quero de maneira alguma tratar este tema de forma leviana, contudo, ele também não precisa nos assustar, ninguém necessariamente precisa, nos dias de hoje, ser internado e estigmatizado, por ter algum transtorno mental, com descanso, medicação e aconselhamento de profissionais sérios, todos podemos conviver com nossas características não normais. Alguns de nós passam a vida flertando com a insanidade, admirando-a, falando com ela, e às vezes até permitindo que ela domine, ainda que seja só nós pensamentos, mas todos nós temos algum nível de anormalidade. Isso na verdade talvez seja o que mais nos faz normais, ou mais semelhantes a todos os demais seres humanos. 
    O termo loucura, que usarei neste estudo, não é tecnicamente o mais correto, mas é um jeito de chamar a atenção da maioria para o tema. O que precisamos aceitar é que nossa existência é muito mais mental que física, nossa vida real se passa muito em nossas cabeças, às vezes mais até que no mundo físico. Já se deu conta em tudo o que você pensa e sente, mas não realiza? Isso também é sua vida, e uma parte muito importante dela, consome tempo e energia, assim como cria registros de sua existência. Saúde mental pode ser mais importante que física, já que ela pode influenciar todo o nosso corpo, assim como distorcer as informações que recebemos em nossa comunhão espiritual com Deus. 
      Sempre que compartilho reflexões sobre este assunto, por responsabilidade, gosto de deixar bem claro que eu não sou profissional da área médica de doenças mentais, ou de qualquer outra especialidade, assim, se está precisando de ajuda nesse assunto, para você ou para alguém que conhece, procure um médico, neurologista, psiquiatra ou psicólogo competente, não use qualquer opinião ou declaração feitas aqui no blog como orientação de diagnóstico ou de tratamento. Mais uma coisa, não confie mesmo em religioso, seja pastor, pregador, missionário, profeta, ou qualquer outro título que se dê nas igrejas evangélicas atuais, não em qualquer um, no que se refere a problemas mentais deixe a ciência cuidar daquilo que é dela. 
       Repetindo, alguns termos usados neste estudo não tiveram o compromisso de estarem tecnicamente 100% adequados à psiquiatria, à psicologia ou à neurologia, o estudo não é feito por um profissional da medicina, assim termos mais simples e de uso mais popular foram preteridos, ainda que se tenha pretendido ser claro e correto. Dediquei, contudo, a reflexão “Informações de profissionais”, para compartilhar textos com informações profissionais sobre o tema, que nos dizem, por exemplo, que médicos não chamam pessoas com transtornos mentais de doentes, mas de portadores de certas características mentais consideradas não normais. Seja como for minha intenção é ajudar, sem mistificações mas com seriedade. 

José Osório de Souza, 08/03/20

30/03/20

Solidariedade

      “Solidariedade: caráter, condição ou estado de solidário; compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas às outras e cada uma delas a todas.”, “solidário: em que há responsabilidade recíproca ou interesse comum; que depende um do outro; interdependente, recíproco.” 
Fonte Dicionário Google

      “O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor; alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração; comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade“ 
Romanos 12.9-13

      “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
  Filipenses 2.4-8

      Solidariedade, talvez seja o que o ser humano, enfim, aprenda a ter, numa situação de pandemia como esta, quando ninguém é intocável ou invencível, quando a Covid19 pode atingir a qualquer um. Mas isso pode ser a única salvação para a maioria, não só as orientações dos profissionais da medicina, não só as medidas econômicas dos governos, principalmente para os menos favorecidos financeiramente, mas a ajuda que cada um possa dar a seu próximo. Esse próximo não precisa ser conhecido, ligado à você de alguma maneira, seja como família, amigo ou irmão em Cristo, mas é simplesmente aquele que podemos ajudar agora. Você conhece seu vizinho de rua, de condomínio ou de andar de prédio? Sabe se ele está bem? Se não está precisando de nada? Se está tendo o mínimo para sobreviver? Se não sabe, informe-se e faça algo, o momento é aqui e agora! 
      “Não sejais vagarosos no cuidado”, seja rápido no amor, e no amor prático. Precisamos orar pelo mundo? Sempre, mas pare de orar e faça, doe alimento, ajude com algum dinheiro, faça compras de mercado e de farmácia para idosos e pessoas de grupos de risco, enfim, mostre que é cristão, não seja tímido nem lento para isso. Atentemos para o que é dos outros, pensemos nos outros, começando com isolamento social que não permite que a doença chegue aos outros. Sejamos solidários e entendamos, isso é bem mais que obrigação religiosa, é entendimento do funcionamento do universo. Como o universo funciona? Com tudo e todos numa interação de troca, assim o mal de um, é o mal de outro, o bem de um, é o bem de outro, somos todos interdependentes, ligados, física e espiritualmente. Por quê? Porque estamos todos em Deus e Deus está em todos, sempre.

28/03/20

O justo sempre se levanta

      “Não armes ciladas contra a habitação do justo, ó ímpio, nem assoles o seu lugar de repouso, Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os ímpios tropeçarão no mal. Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem se regozije o teu coração quando ele tropeçar; Para que, vendo-o o Senhor, seja isso mau aos seus olhos, e desvie dele a sua ira.Provérbios 24.15-18

      Esse trecho maravilhoso da Bíblia fala sobre quedas, não necessariamente físicas, mas morais e espirituais. Em quatro versos Salomão nos dá várias lições sobre vários aspectos de quedas que os homens podem ter na vida. O primeiro ensino é que tentar provocar a queda de alguém é trabalho inútil, o ímpio anda em trevas, não sabe para onde vai, assim, mesmo sem querer, tropeça no mal, esse não precisa que homem lhe faça armadilha ou que o empurre, seu estado normal já é tragicamente caído. Já o justo sempre se levanta, e se alguém intenta derruba-lo terá que dar contas a Jesus, o cordeiro de Deus que justifica aqueles que confiam em Deus e fazem dele seu prazer, assim não ouse atentar contra ele.
      A queda do justo é por escolha, até isso é um privilégio que só o justificado em Cristo tem, sua queda não é acidental, quem anda na luz sabe para onde vai, se cai é por rebeldia ou displicência sua, não porque sucumbiu a mal de homem ou do diabo. A diferença é que o estado natural do justo é de pé, é nisso que ele se sente bem, ele não tem prazer em ficar caído, assim será levantado, pelo Espírito Santo de Deus que o habita e o sustenta. Salomão dá ênfase a isso, ainda que caia por sete vezes, um número que na Bíblia significa uma quantidade indefinida ou infinita, o justo sempre, sempre se levanta, a tempo de estar de pé para se encontrar com seu Senhor na eternidade. 
      Mas me chama a atenção o início da passagem, que cita habitação e lugar de repouso do justo, interessante que não diz ciladas contra a vida do justo, contra sua pessoa física, mas contra sua residência. Isso mostra a importância e a necessidade de orarmos de forma especial por nossas casas. Muitas vezes oramos na igreja, pelos ministérios, pelas pessoas, mas não damos a ênfase necessária para que haja cobertura espiritual sobre nossos lares. Se nosso lugar de descanso maior, de harmonia, de proteção, nosso “castelo”, onde habita as pessoas mais importantes de nossas vidas, nossas famílias, não está devidamente protegido, nossa paz maior está desguarnecida, seremos enfraquecidos em nossa base para enfrentar a vida.
      Orar pela casa é mais que orar pelas vidas de cônjuges, filhos e outros que moram conosco, o que é a primeira intercessão a fazer. Mas depois temos que orar pelo espaço físico de nossas residências, sala, cozinha, quartos, banheiros, área de serviço, garagem, quintal e outros lugares e cômodos. Não, isso não é exagero, mas é tomada de posse espiritual de toda a extensão geográfica de nossas casas. Depois de expulsar o mal desses locais, peça proteção para que o mal não volte e não entre, seja pelas portas, janelas e qualquer outros espaços, seja por cima, por baixo, pelos lados etc. Visualize os lugares da casa em sua mente, enquanto intercede com fé e convicção emocional, sempre pelo poder do nome de Jesus.
       A passagem nos dá também um último ensino, não nos alegremos com a queda de alguém que se posta como nosso inimigo, eu digo alguém que se posta, assim a inimizade ainda que venha da outra parte não deve ser recebida pelo justo, o justo, nele mesmo, não tem inimigos. A orientação de Salomão revela um segredo, "para que, vendo-o o Senhor, seja isso mau aos seus olhos, e desvie dele a sua ira", quando se zomba do que cai, se a queda for por disciplina de Deus, a disciplina sai do que caiu e passa para quem zombou, sim, é isso que diz o texto. A queda de alguém, mesmo de quem nos quer mal, não nos dá direito de satisfação, ou de qualquer espécie de sentimento de vingança. Andemos em temor a Deus sempre!

27/03/20

CORONA VÍRUS e COVID 19 (3)

      “E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem. Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro; Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra. Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor.Mateus 24.37-42

      Algo que me chamou a atenção neste gravíssimo problema que o Brasil e o mundo está enfrentando, é a postura de incredulidade de alguns, e não me refiro a gente sem cultura e sem religião, mas pessoas de classe média, bem educadas e bons religiosos, mas que trataram, e alguns ainda tratam, o problema com desdém. Isso nos leva a concluir o que já tantas vezes já refletimos aqui, as pessoas têm muita dificuldade para sair de suas zonas de conforto, e a pior zona de confronto é aquela que cria na mente da pessoa um conforto, parece óbvio? Mas é isso, principalmente o conforto que diz que elas estão protegidas em seus lares, com suas rendas financeiras, em seus empregos e mesmo com suas religiões, pessoas acostumadas e cercadas por décadas de tradições e de facilidades econômicas inerentes a quem nasce em berços privilegiados. 
      Muitas pessoas, boas cidadãs, boas religiosas, boas cristãs, no fundo pensam, “estamos protegidas com o que temos, somos e cremos, nada pode nos atingir”, mas pensam mais, “essa coisa de crise mundial, de fim do mundo, de diabo, é bobagem, coisa de gente ignorante”, e por incrível que pareça ouvimos isso de religiosos cristãos, principalmente de católicos de classe média e sem dificuldades financeiras. Aqui não vai qualquer declaração preconceituosa contra alguém, mas é uma constatação no Brasil, onde uma grande maioria da classe média tem as características que citei, principalmente nas regiões sul e sudeste. Essas se dizem seguidoras do evangelho, mas são absolutamente incrédulas com relação ao mundo espiritual, ao diabo, ao juízo se Deus, ao apocalipse, tive experiência com esse tipo de gente bem proximamente a mim, infelizmente.
      Entenda certo, também não estou querendo defender o outro extremo, acreditando em teorias de conspiração, apenas estou dizendo que nós seres humanos somos frágeis criaturas neste mundo e estamos sujeitos, sim, a muitos e surpreendentes males, como o Corona vírus e a Covid 19. O texto inicial descreve bem essa zona de conforto, na qual as pessoas sempre buscam estar, foi assim no tempo de Noé e Jesus diz que será assim no final, antes da vinda de Cristo, que teologicamente podemos entender como sendo, a do texto acima, aquela que ocorrerá no arrebatamento, não sendo ainda a volta antes do milênio nem a do juízo final (já refletimos aqui sobre os eventos dos últimos tempos em postagens como “Você será arrebatado?”). Mas descanse, esta pandemia que estamos enfrentando ainda não representa diretamente nenhum evento escatológico, contudo, pode ser um “ensaio” interessante.
      Se não é um ensaio, é um tapa na cara de muitos que insistem em dormir em suas zonas de conforto, acordemos! Busquemos a Deus, busquemos a Deus, nas igrejas? Sim, os templos cristãos ainda são os locais físicos mais adequados para buscarmos a Deus, e estarmos com pares nos fortalece, nos conforta, nos alegra, assim, se você frequenta uma igreja, firme-se mais ainda nela e leve toda sua família. Mas como sempre digo aqui, os melhores encontros com Deus fazemos nas madrugadas, sozinhos em nossos lares, é quando conseguimos nos livrar de todo tipo de vaidade religiosa e levados pela intenção mais pura buscamos ao Senhor, colocamos nossas vidas em ordem com Deus, e entregamos família e próximos no altar do Senhor. É tempo de levarmos a vida com Deus com aquela qualidade que sempre soubemos que devia ter, mas que dizíamos a nós mesmos, “deixa pra depois”, bem, o depois chegou.

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