21/06/20

Anjo da guarda, idolatria e livramento de doenças

      “Eis que eu envio um anjo diante de ti, para que te guarde pelo caminho, e te leve ao lugar que te tenho preparado. Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz, e não o provoques à ira; porque não perdoará a vossa rebeldia; porque o meu nome está nele. Mas se diligentemente ouvires a sua voz, e fizeres tudo o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários. Porque o meu anjo irá adiante de ti, e te levará aos amorreus, e aos heteus, e aos perizeus, e aos cananeus, heveus e jebuseus; e eu os destruirei. Não te inclinarás diante dos seus deuses, nem os servirás, nem farás conforme às suas obras; antes os destruirás totalmente, e quebrarás de todo as suas estátuas. E servireis ao Senhor vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e eu tirarei do meio de vós as enfermidades.Êxodo 23.20-25

      Alguns teólogos usam o texto acima como base para a teologia do anjo da guarda, que diz que todo ser humano tem dois anjos que o seguem por toda a vida. Um do bem, que além de guardar a pessoa quando em vida, apresentará um relatório sobre a vida dela a Deus, depois que ela falecer, e um do mal, que dentre outras coisas permanece no mundo, após a morte da pessoa, e a simula em sessões espíritas. Não sei se concordo com essa teologia que não tem uma base clara na Bíblia e que é um princípio ocultista, mas creio que em situações especiais Deus pode enviar um ser espiritual diferenciado para nos guardar e conduzir, como fez com a nação de Israel, ainda que nós não devamos nos comunicar com esse ser.
      Esse é um ensino difícil de ensinar em igrejas atuais, tão próximas a heresias e de usar meios que facilitem suas vidas para não aceitarem a realidade simples do evangelho. Essa realidade é ensinada de forma clara em “tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve“ (Mateus 11.29-30), esse, um dos textos mais eficientes para conduzir-nos no estreito caminho de Deus. Mas penso que os dois ensinos se relacionam, proteção de Deus e andar em humildade, eis o segredo da vitória, sobre muitas coisas, no interior do homem e no mundo exterior que o cerca, seja físico ou espiritual.
      Mas esse texto, no contexto de Israel caminhando para conquistar sua terra prometida, terra que não era dele inicialmente, e que Deus deu a ele depois que as nações que habitavam essa terra alcançaram o limite de pecados contra Deus, dá um pré-requisito que Israel deveria obedecer para ter Deus ao seu lado, “não te inclinarás diante dos seus deuses, nem os servirás, nem farás conforme às suas obras; antes os destruirás totalmente, e quebrarás de todo as suas estátuas“. Muitos cristãos protestantes e evangélicos quando ouvem sobre ídolos já pensam nos santos católicos, assim se acham isentos desse pecado por não adorarem os tais. Mas até que ponto somos idólatras e não sabemos ou não admitimos que somos? 
      Uma boa definição de idolatria é: idolatria é toda adoração ou comunhão com representação material de coisas espirituais, isso vai muito além de imagens em papel (santinhos) ou estátuas em gesso de santos católicos. A antropomorfização que fazemos em nossas mentes de Deus como um velho de barba e vestido de branco já é uma idolatria. Ídolo é criação humana construída para facilitar nossa fé, mas como construção de homem é limitadora, uma cópia, mesmo que muito boa, simplesmente porque Deus não pode ser copiado, como cópia é um ídolo. Deus é espírito e espírito não pode ser encaixado na matéria, seja em qual for, por isso só podemos fazer contato com o Deus verdadeiro através do nosso espírito pelo Santo Espírito.
      Contudo, Deus faz uma promessa no texto de Êxodo, “tirarei do meio de vós as enfermidades“, bem relevante para o momento atual de pandemia vivida no mundo. Entendemos, todavia, errado a maneira como se processa esse livramento, achamos que estamos sujeitos a muitos males, indefesos, mas que Deus usará algum meio excepcional para nos livrar se estivermos andando em seu caminho. Tudo bem, para os povos antigos, sem conhecimento científico, parecia que era assim, e de fato quando andavam certo tinham livramento de muitos males. Mas hoje em dia podemos entender melhor como se processa esse livramento, que não passa de uma cascata de bons efeitos causados por vivermos de forma correta. 
      O pecado deixa o homem egoísta, isso o faz desejar riquezas e prazeres que não são seus, ainda que tenha que explorar outros seres humanos e a natureza. Quando tudo isso é explorado de maneira obsessiva tudo deteriora, o que devia ser usado para dar boa qualidade de vida é roubado, assim infraestruturas básicas como saneamento são relegadas, o que aumenta a sujeira e empobrece o povo, que busca qualquer coisa para saciar sua fome. A natureza também é destruída e suja, rios, a terra, o ar, com construções erradas numa sociedade em caos. Enfim, por causa de maus governantes, que exploram só para benefício próprio, a sociedade e a natureza sofrem, ficam fracas e expostas a coisas ruins, incluindo doenças. 
      Epidemia pode ser o evento final de uma cascata de erros cometidos pelo homem, todavia, se começando pelos governantes, a sociedade for justa, tiver princípios morais e espirituais que a leve a respeitar a natureza e a todos os seres humanos, tudo entrará em ordem, numa existência sadia, limpa, onde dificilmente grandes enfermidades serão criadas para matar de forma avassaladora. Bem, as leis que Deus deu a Israel por Moisés tinham esse objeto, não eram só espirituais, mas políticas, sociais, mesmo sanitárias e medicinais, para construir uma sociedade justa, limpa, que convivesse bem com todos os seres humanos e com a natureza. Uma sociedade assim seria livrada de muitos males como pandemias. 
      

20/06/20

“Não oferecerei ao Senhor sacrifícios que não me custem nada”

      “E disse Araúna: Por que vem o rei meu Senhor ao seu servo? E disse Davi: Para comprar de ti esta eira, a fim de edificar nela um altar ao Senhor, para que este castigo cesse de sobre o povo. Então disse Araúna a Davi: Tome, e ofereça o rei meu senhor o que bem parecer aos seus olhos; eis aí bois para o holocausto, e os trilhos, e o aparelho dos bois para a lenha. Tudo isto deu Araúna ao rei; disse mais Araúna ao rei: O Senhor teu Deus tome prazer em ti. Porém o rei disse a Araúna: Não, mas por preço justo to comprarei, porque não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que não me custem nada. Assim Davi comprou a eira e os bois por cinqüenta siclos de prata.II Samuel 24.1, 21-24

      “E disse Davi a Ornã: Dá-me este lugar da eira, para edificar nele um altar ao Senhor; dá-mo pelo seu valor, para que cesse este castigo sobre o povo. Então disse Ornã a Davi: Toma-o para ti, e faça o rei meu senhor dele o que parecer bem aos seus olhos; eis que dou os bois para holocaustos, e os trilhos para lenha, e o trigo para oferta de alimentos; tudo dou. E disse o rei Davi a Ornã: Não, antes, pelo seu valor, a quero comprar; porque não tomarei o que é teu, para o Senhor, para que não ofereça holocausto sem custo. E Davi deu a Ornã, por aquele lugar, o peso de seiscentos siclos de ouro.I Crônicas 21.22-25

      Os dois textos acima se referem ao mesmo episódio, resumindo: Davi desobedece a Deus decretando um recenseamento (contagem da população), Deus diz que punirá a Davi, mas dá a ele a opção de escolha do castigo, Davi escolhe a peste, o anjo começa a executar a punição, mas Davi pede que ela seja  interrompida, para que isso aconteça o profeta orienta Davi a fazer um sacrifício a Deus, é aí que entram as passagens iniciais, Davi faz o sacrifício e a punição é encerrada. Os textos têm várias aparentes discrepâncias, desde o questionamento se Davi foi tentado pela ira do Senhor ou por Satanás (mas não são a mesma coisa?), até o número certo obtido no recenseamento, apesar de referirem-se ao mesmo episódio. A proposta desta postagem, contudo, não é um estudo completo neles, apenas uma reflexão sobre o tema “sacrifício com um preço”, se quiser pode ler um estudo bem abrangente sobre os textos no link do site Raciocínio Cristão.
      No nome de Jesus temos direito às bênçãos de Deus de forma gratuita, como diz Romanos 3.23-24, “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”, e como diz Salmos 51.17, “os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado, a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus“, assim Deus não pede de ninguém sacrifício em troca de algo que ele dá além de um coração humilde. Contudo, ainda que o “caixa do banco” de Deus esteja sempre disponível para “saques de cheques” que ele mesmo assina e dá gratuitamente a seus filhos, existe um preço que se paga, não pelo “cheque”, mas para se chegar ao “banco”. Usando a metáfora, é preciso sair de casa, pegar uma condução, ir até o centro, entrar no banco, enfrentar a fila e então descontar o cheque. No “banco” de Deus não existe transações facilitadas em aplicativos de celulares, que podem ser feitas no conforto de nossos lares. 
      Davi sabia bem disso quanto não aceitou de graça um lugar onde iria edificar um altar para oferecer um sacrifício a Deus, ainda que isso fosse não só vantajoso para ele como um direito que ele como rei tinha, Davi quis pagar e pagou um preço pelo lugar. Que diferença de muitos hoje em dia, que sempre querem levar vantagens, mesmo em suas vidas religiosas. Muitas vezes dar uma oferta em dinheiro é muito mais fácil que viver uma vida que agrada ao Senhor, hoje em dia dar uma grana na igreja pode nos fazer achar que estamos isentos de ser santos. O sacrifício que agrada a Deus e que Deus pede é algo muito pessoal, diferente para cada um de nós, para muitos dar dinheiro na igreja não constitui sacrifício, mas para outros constitui, assim, cada um de nós deve buscar o Senhor para saber o que ele pede. Contudo, o mistério está no fato que a busca a Deus, quando sincera, profunda, espiritual, já é o sacrifício maior, e muito melhor que dar um dízimo em igrejas.
      Deus não faz as coisas funcionarem assim para dificultar sua bênção, pagar o preço na verdade é outra bênção que Deus dá ao homem. Quando buscamos a Deus para clamar por algo, recebemos do Senhor duas bençãos, a que pedimos e outra, que recebemos enquanto estamos pedindo. O pedido, por si só já é uma benção. Por quê? Porque gastamos uma “energia” humana para um bom fim, “energia” que se mantivesse acumulada em nós e nós estivéssemos numa situação de conforto sem necessidades para clamar a Deus, seria usada para fins errados. Entendeu? Se pedir algo a Deus não nos custasse nada, seríamos filhos mimados e ociosos, com tempo e forças sobrando para pecarmos, e o ser humano é, sim, sempre disponível para o mal, se não estiver ocupado com o bem, isso é fato. Digo mais, talvez a bênção que recebemos enquanto pedimos seja até melhor que aquela que pedimos, pois podemos estar pedindo algo que satisfaça só a uma necessidade física, enquanto que a que recebemos enquanto pedimos transforma nosso caráter, é amadurecimento espiritual.
      Seja sincero, quando em sua vida com Deus foi fácil orar, mais ainda jejuar ou fazer uma consagração maior? Nunca foi e nunca é, para ninguém, não se for de fato uma busca espiritual e profunda, não só um ritual religioso. “Rezas” custam muito pouco, repetir palavras decoradas, mas intimidade com Deus custa muito, é algo difícil, trabalhoso, envolve todo o nosso ser. O que se põe a caminho de um encontro poderoso com Deus se vê a princípio escalando um monte, dói tudo, faltam forças, contudo, à medida que sobe tudo vai mudando de maneira fantástica, a luz de Deus vai alcançando-o, a unção do Espírito Santo vai enchendo-o, e se acha uma força renovadora. É nesse momento que nossa boca se enche de línguas espirituais estranhas, e que todo o nosso ser se alimenta com as águas vivas do santíssimo e altíssimo Deus. Mas só experimenta isso quem persiste na busca, com fé que aquele que chama também recompensa, com uma revelação exclusiva da vontade de Deus, daquelas que fazem valer a pena o preço que se pagou. 
      Outra coisa que precisamos entender é que à medida que amadurecemos, essa busca fica ainda mais difícil, o monte fica mais alto, o que bastou na última vez para alcançarmos o pico, agora na basta mais. Por quê? Porque o conhecimento de Deus é gradativo, o que alcançou o nível primário não alcançará o nível superior numa próxima busca, é preciso passar antes pelo nível secundário. Mas depois tem as pós-graduações, e essas não têm fim, quem graduou-se e acha que sabe tudo engana-se, a graduação superior inicial só nos deixa cientes de quem não sabemos nada e que teremos que aprender sempre e sempre. Isso é ruim? Não, isso é maravilhoso, uma aventura eterna em conhecer e ser conhecido por Deus, vencendo as comodidades da carne, as vaidades do intelecto e os mistérios do espírito. Pague o preço, o preço de querer com todo o coração e de abrir mão de tudo para saber, para depois então viver, por em prática as virtudes da luz de Deus. 

19/06/20

Um momento único no tempo

      A postagem de hoje é a primeira parte de uma reflexão que será encerrada amanhã, se possível leia a postagem de amanhã para melhor entendimento, obrigado.

     “Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terraEfésios 1.9-10

      Penso que todos nós, obviamente de acordo com nossas especificidades, temos uma oportunidade única na vida para brilhar de forma diferenciada, num momento que poderá disparar um período significativo de trabalho aproveitado por um número maior de pessoas, quando o nosso melhor poderá despertar o melhor de muitos. Mas esse momento tem que ser devidamente aproveitado, senão passa e nunca mais tornará a acontecer, não com o mesmo grau de oportunidade. A pergunta é: quem de nós sabe quando esse momento está acontecendo, ou, estamos preparados para aproveitar essa oportunidade?
      Muitos de nós não sabem e muito menos estão preparados, assim, anos depois, quando conseguimos avaliar-nos no tempo, entendemos que um dia tivemos uma chance única de brilharmos muito e não sabíamos, não tínhamos noção do que ocorria. Mas faço outra pergunta, por que Deus não nos diz quando esse momento está acontecendo, ou por que não nos prepara para ele? A resposta para isso está em desconstruir o que pensamos sobre como Deus age ou sobre como deveria agir, e entender a maneira como de fato o universo funciona e como o altíssimo Deus trabalha.
      Penso que só Jesus viveu uma existência absolutamente sincronizada com Deus, que o permitiu viver tudo no seu tempo adequado e brilhar sobremaneira no exato momento de sua vida e do tempo da humanidade para que cumprisse uma missão única. Nós tentamos, queremos, muitos até conseguem, e muitos sem saber, mas outros não conseguem, visto estarem presos a tantas outras variáveis que os inabilitam para serem seus melhores no melhor tempo para o maior número de pessoas. Que variáveis são essas? Elas são bem conhecidas e respeitadas por Deus.
      Deus nos conhece por inteiros, nos respeita por inteiros, por isso certas coisas não acontecem quando achamos que é o melhor momento, ele sabe que se acontecerem será muito ruim para nos, nos colocará em posições para as quais não estamos preparados e que se tivermos acesso a elas naquele momento, único e que nunca mais se repetirá, nos levarão a vergonhas terríveis, a sermos escândalo que acabará fazendo de nossas vidas o exato oposto que poderia ser, machucará muita gente e envergonhará o evangelho. Deus zela por nós, pelos outros, mas muito por ele mesmo.
      O topo neste mundo, principalmente nas áreas profissionais e ministeriais, que têm a ver com nossos sucessos individuais, não como família, só se pisa uma vez. Quem não está preparado, mas teme a Deus, consegue retornar a tempo e depressa, frustrado mas seguro. Quem está preparado e teme a Deus, permanece lá e cumpre uma missão ímpar, por um bom tempo. Quem está preparado e não teme a Deus também permanece lá, cumpre uma missão singular, veja todos os artistas e políticos no mundo que não temem a Deus, quanta fama e quantos bens conquistam. 
      Contudo, quem não está preparado e conhece a Deus como salvador, mas teima em ficar no topo, perde a noção do perigo, experimenta trevas terríveis sob a montanha, vê de perto coisas tão espetaculares quanto desconhecidas, mas finalmente, ainda que usufrua por um tempo o sucesso, despenca de lá, precipício abaixo, como despencou o príncipe dos seres espirituais corrompidos. Esse é disciplinado por Deus de maneira dura, muitos desses nunca se recuperam, têm que aceitar uma posição de humilhados para sempre, tendo como objetivo segurar nas mãos sua salvação, perdem tudo, menos a salvação em Cristo.
      Um momento único no tempo, todos nós, que já vivemos um pouco, o temos nas memórias. Deus sempre sabe tudo e sempre nos avisa, Deus não se cala para lançar luz no caminho dos homens, nós, porém, não enxergamos isso, e só discerniremos as coisas com o passar do tempo. Não é Deus que trabalha devagar, somos nós que permitimos que ele trabalhe em nós aos poucos, em Cristo temos tudo de uma vez, mas tomarmos posse disso demora. Por isso o tempo é ferramenta tão importante nas mãos de Deus, em vidas como as nossas, escravizadas ao tempo enquanto na carne, neste plano físico do universo.

18/06/20

Sejamos fiéis!

      “Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá. O que usa de engano não ficará dentro da minha casa; o que fala mentiras não estará firme perante os meus olhos.Salmos 101.6-7
 
      A vida não é fácil, pra ninguém, nos decepcionamos com as pessoas, decepcionamos as pessoas. Decepcionamos a Deus? Na verdade não, Deus conhece todos e sempre, assim não se ilude, quem não se ilude não se decepciona. Mas existe um mistério na chamada que Deus faz aos homens, que eu não chamarei de predestinação porque muitos não entendem isso, e podem até chamar Deus de injusto no entendimento errado, achando que Deus chama uns e não chama outros. Deixo o esclarecimento desse mistério para a eternidade, lá conheceremos como somos conhecidos. 
      Contudo, aqueles que caminham neste mundo como verdadeiros chamados de Deus de um jeito ou de outro, levando o tempo que for necessário, sempre cumprirão suas chamadas, serão fiéis a Deus. Se Deus chama porque sabe antes que alguém vai segui-lo até o fim e não chama porque sabe que alguns se deixarão levar pela mentira e pela vaidade, pelo orgulho e pelo egoísmo, não posso dizer aqui, e nem preciso. Mas o fato é, não desista de seguir com Deus, insista, levante-se, persista, ainda que perca muitas coisas, não negue aquela palavra inicial, simples e poderosa, que existe na salvação em Cristo. 
      Muitos vezes não teremos nem forças pra sentir, mas creremos, racionalmente, outras vezes não acharemos razão para crer, mas sentiremos, algo único e forte que nos manterá seguindo em frente, fiéis a Deus e à chamada que ele nos fez lá no início de nosso caminho. Não neguemos aquele que tem cuidado de nós, por tanto tempo, que tem nos protegido, mesmo quando não tínhamos nem noção que precisávamos de proteção, aquele que nos trouxe até aqui íntegros e que nos dá uma paz que não se abala, junto da família e de fiéis amigos, que não nos deixam sozinhos. 
      Sejamos fiéis, até o fim, vale a pena. O pior já passou? Sim, mas os dias atuais são estranhos, o fim se desenha no horizonte, o mundo se torna unido, repleto de gente, mas mais frágil ao mal, e o mal virá no final, diferente de como muitos cristãos acham que virá, por isso surpreenderá a muitos, mesmo escolhidos. O que nos salvará será nossa fidelidade a um Deus fiel, que sabe os que realmente são seus, os que trilham o caminho reto, e esses serão resgatados de maneira milagrosa, espantosa, formidável. Glórias a Deus, que nos atrai a ele, que nos dá um espírito fiel, que nos faz mais fortes que o mal.

17/06/20

Fidelidade no pouco

      “Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que um grande tesouro onde há inquietação.Provérbios 15.16

      “Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito.Lucas 16.10

      Alguns têm pouco e nunca terão muito porque querem ter muito do jeito errado e para os fins errados, querem mostrar que são melhores pelos bens exteriores, pela aparência material. Acabam nunca sendo felizes, não sendo fiéis com suas realidades, não aceitando suas realidades com humildade, acham que têm muito mas acabam perdendo até o pouco que têm. Sejamos felizes e satisfeitos com o pouco, não achando nisso motivo para nos acomodarmos, antes nos esforçando de maneira honesta e verdadeira para mantermos e se possível aumentarmos nosso pouco, contudo, não para nos exibirmos diante dos outros como melhores, mas para sermos fiéis a Deus que nos deu o talento para sermos úteis e produtivos.
      O ímpio se esforça do jeito errado, vive uma mentira e no final acaba sem nada, o humilde trabalha em Deus, assume sua verdade diante dos homens não querendo aparentar o que não é. Esse no final verá que nunca foi pobre, nunca foi menos, mas tinha o principal, a aprovação de Deus que dará a ele uma riqueza na eternidade maior do que jamais imaginou, pois estará pronto para ser rico, não em bens materiais, mas em riquezas espirituais. O segredo é não ter vergonha de ser simples materialmente neste mundo e diante dos homens, ainda que sendo diligente e esforçado para fazer render o talento que se recebe, mas saber que a maior honra aguarda-nos na eternidade, para aqueles que sempre olharam para Deus e não para o mundo. 

16/06/20

O amor irá além...

      “E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.Colossenses 3.14

      Muitos de nós desejam praticar várias virtudes, sabemos que isso é bom, que é cristão, contudo, fugimos de uma virtude, achamos para isso mil desculpas, em nossos passados, nas injustiças que recebemos neste mundo, essa virtude que muitos têm tanta dificuldade para dar e mesmo para receber é o amor. Quanto antes aprendermos a amar, antes nos prepararemos para a eternidade, lá, a única virtude que será necessária para se viver o melhor de Deus é o amor, já que não precisaremos lutar contra o mal, só viver em comunhão com o Senhor e com os irmãos em Cristo. 
      Quem morará no céu, quem terá direito ao “seio de Abraão”? Quem tiver no mais íntimo de seu ser o mais puro e incorruptível amor. Não, amor não é uma virtude secundária, não é um sentimento piegas e que de alguma maneira nos fragiliza, não o verdadeiro amor, esse nos fortalece à medida que fortalecemos os outros. O genuíno amor é a essência do genuíno filho de Deus, do verdadeiro cristão, é o fruto maior da espiritualidade legítima. Mas quem de fato entende neste mundo o que é o amor? Quem de fato o vivencia desinteressadamente? O amor não tem qualquer interesse senão amar.
      Na verdade o amor é efeito final, o vínculo da perfeição, quem busca e pratica várias virtudes finalmente consegue amar. Em primeiro lugar é preciso ser humilde, para servir e para perdoar, e o humilde perdoa porque sabe que não é melhor que ninguém e que não precisa ser servido, ele é equilibrado, se conhece, e serve com alegria. Nesta disposição buscamos paz sempre, ainda que saibamos que não a teremos com todos, mas o pacificador não tem inimigos, não retém em seu coração o mal alheio, não carrega mágoa e nunca busca vingança, seja ela como for. 
      Um coração leve assim, humilde, perdoador, servo e pacificador consegue amar, e o faz naturalmente, sem falsidade ou vaidade. O verdadeiro amor serve ao próximo e adora a Deus, e nunca age de maneira inconveniente, ainda que com dano próprio, o que ama sabe que Deus tudo vê e tudo retorna com justiça, o que ama teme a Deus. Quem buscar em Deus as virtudes, não para ter ou ser, mas só para agradar a Deus, esse amará o mais verdadeiro amor, aquele que levaremos para a eternidade conosco e nos dará a identidade de habitantes do céu.
      “Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.I Coríntios 13.9-13

15/06/20

Sinai ou Gólgota?

      A postagem de hoje é a segunda e última parte de uma reflexão que foi iniciada ontem, se possível leia a postagem de ontem para melhor entendimento, obrigado.

      “E, descendo o Senhor sobre o monte Sinai, sobre o cume do monte, chamou o Senhor a Moisés ao cume do monte; e Moisés subiu. E disse o Senhor a Moisés: Desce, adverte ao povo que não traspasse o termo para ver o Senhor, para que muitos deles não pereçam.” Êxodo 19.20-21

      “E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, Onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.” João 19.17-18

      Isso que foi dito na primeira parte desta reflexão (na postagem de ontem), pode ser, contudo, uma visão superficial, humana, de como as coisas funcionam, de como Deus de fato trabalha. Em primeiro lugar, por que o melhor de alguém só pode ser provado quando esse toca o topo do mundo? E em segundo lugar, por que permanecer humilhado no anonimato não é o melhor para alguém? Como Deus trabalha o melhor em nós, é do mesmo jeito em todas as pessoas? É só na fama, é só no anonimato, é só no reconhecimento público ou é só na solidão, que há “a mão do oleiro moldando o vaso de barro”?
      Por outro lado, um momento único no tempo que nos coloca em sincronia com o melhor de Deus e de nós mesmos muitas vezes é provado num instante de oração, sozinhos em casa, quando como que uma luz pura, forte, ainda que através de um raio pequeno (e os que têm intimidade com o mundo espiritual entenderão que isso não é metafórico), toca nosso espírito e nos faz entender como a vida funciona, como Deus trabalha, como o universo é, experiência que depois nos deixa uma paz que nunca antes sentimos e que nos liberta para sempre de muitas coisas. 
      Não, meus queridos e minhas queridas, o topo do mundo pouco pode significar, eu, como músico, o que permite fama e admiração de muitos (assim como inveja e ódio de outros), e mais, como músico gospel, tive a oportunidade de por os pés no topo do meu monte, não era nenhum Everest, mas era suficientemente alto para as minhas referências. Foi único, hoje quando me lembro me sinto satisfeito, mas infelizmente também me sinto muito frustrado, porque não tive a noção da importância e da exclusividade daquele momento, eu não estava preparado para ele, de forma alguma, nem como músico, nem como ser humano.
      Eu tinha menos de 30 anos na época, mas hoje, com mais de 60, e depois de anos olhando para o passado, achando que ele tinha sido meu melhor momento e que nunca mais se repetiria, começo a ver um novo monte, e pasmem, ele é muito, mas muito mais alto que aquele. Todavia, seu topo não é um lugar que será visto por muitos, no qual ficarei para abençoar um grande número de pessoas de maneira mais óbvia e objetiva, não é isso. E quer saber? Hoje isso nem importa mais pra mim, o reconhecimento de grande público, eu não quero holofotes de baixo, dos homens, mas a luz que vem de cima, do altíssimo Deus.
      Hoje começo a entender que esse é o monte que Deus sempre quis que eu subisse, ele é real, o outro era ilusão, ele é espiritual, o outro era material, ainda que no outro eu desempenhasse também uma missão religiosa, mas nem tudo que é religioso é de fato espiritual. Sinai ou calvário? Em um a glória e a lei, no outro a dor e a morte, em um o início de Canaã física, no outro o início da Canaã celestial. No Sinai um velho de 80 anos recebe orientações espirituais para um ser humano ainda infantil, despreparado para o conhecimento mais alto, no Gólgota um homem de 33 anos entrega sua vida para salvar uma humanidade já madura, preparada para o conhecimento mais alto de Deus.
      O corpo envelhece, mas o espírito que anda com Deus se vê cada vez mais novo. Aos 30 anos eu era um velho num monte de ilusão, hoje aos 60 sou um jovem subindo um monte infinitamente alto, não chegarei ao seu topo neste mundo, mas o que importa é que descobri qual é o monte melhor para galgar. Infelizmente muitos passam a vida tentando permanecer no topo de montes de ilusões, não conseguem se libertar da carência de aprovação humana. Jesus subiu ao Gólgota para que nós não precisássemos subir, ainda assim o melhor monte tem seu preço, ache-o e comece a subi-lo, o quanto antes.
      Aos jovens: arregalem os olhos espirituais, atentem-se ao que são, ao que têm, ao que fazem, a quem amam, a quem não amam, ao que representam na sociedade, na igreja, na família, mas acima de tudo, ao que representam para si mesmos. Não aceitem hipocrisia nem vida com duas caras, fujam da falsa moralidade, não façam alianças que não possam cumprir, ainda que tenham que se afastar, que não usufruir de direitos e de aprovações. Busquem as suas verdades sob verdade maior de Deus, não se iludam com as verdades de homens, mesmo de cristãos, tenham coragem para viver o presente coerentemente.