domingo, junho 21, 2020

Anjo da guarda, idolatria e livramento de doenças

      “Eis que eu envio um anjo diante de ti, para que te guarde pelo caminho, e te leve ao lugar que te tenho preparado. Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz, e não o provoques à ira; porque não perdoará a vossa rebeldia; porque o meu nome está nele. Mas se diligentemente ouvires a sua voz, e fizeres tudo o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários. Porque o meu anjo irá adiante de ti, e te levará aos amorreus, e aos heteus, e aos perizeus, e aos cananeus, heveus e jebuseus; e eu os destruirei. Não te inclinarás diante dos seus deuses, nem os servirás, nem farás conforme às suas obras; antes os destruirás totalmente, e quebrarás de todo as suas estátuas. E servireis ao Senhor vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e eu tirarei do meio de vós as enfermidades.Êxodo 23.20-25

      Alguns teólogos usam o texto acima como base para a teologia do anjo da guarda, que diz que todo ser humano tem dois anjos que o seguem por toda a vida. Um do bem, que além de guardar a pessoa quando em vida, apresentará um relatório sobre a vida dela a Deus, depois que ela falecer, e um do mal, que dentre outras coisas permanece no mundo, após a morte da pessoa, e a simula em sessões espíritas. Não sei se concordo com essa teologia que não tem uma base clara na Bíblia e que é um princípio ocultista, mas creio que em situações especiais Deus pode enviar um ser espiritual diferenciado para nos guardar e conduzir, como fez com a nação de Israel, ainda que nós não devamos nos comunicar com esse ser.
      Esse é um ensino difícil de ensinar em igrejas atuais, tão próximas a heresias e de usar meios que facilitem suas vidas para não aceitarem a realidade simples do evangelho. Essa realidade é ensinada de forma clara em “tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve“ (Mateus 11.29-30), esse, um dos textos mais eficientes para conduzir-nos no estreito caminho de Deus. Mas penso que os dois ensinos se relacionam, proteção de Deus e andar em humildade, eis o segredo da vitória, sobre muitas coisas, no interior do homem e no mundo exterior que o cerca, seja físico ou espiritual.
      Mas esse texto, no contexto de Israel caminhando para conquistar sua terra prometida, terra que não era dele inicialmente, e que Deus deu a ele depois que as nações que habitavam essa terra alcançaram o limite de pecados contra Deus, dá um pré-requisito que Israel deveria obedecer para ter Deus ao seu lado, “não te inclinarás diante dos seus deuses, nem os servirás, nem farás conforme às suas obras; antes os destruirás totalmente, e quebrarás de todo as suas estátuas“. Muitos cristãos protestantes e evangélicos quando ouvem sobre ídolos já pensam nos santos católicos, assim se acham isentos desse pecado por não adorarem os tais. Mas até que ponto somos idólatras e não sabemos ou não admitimos que somos? 
      Uma boa definição de idolatria é: idolatria é toda adoração ou comunhão com representação material de coisas espirituais, isso vai muito além de imagens em papel (santinhos) ou estátuas em gesso de santos católicos. A antropomorfização que fazemos em nossas mentes de Deus como um velho de barba e vestido de branco já é uma idolatria. Ídolo é criação humana construída para facilitar nossa fé, mas como construção de homem é limitadora, uma cópia, mesmo que muito boa, simplesmente porque Deus não pode ser copiado, como cópia é um ídolo. Deus é espírito e espírito não pode ser encaixado na matéria, seja em qual for, por isso só podemos fazer contato com o Deus verdadeiro através do nosso espírito pelo Santo Espírito.
      Contudo, Deus faz uma promessa no texto de Êxodo, “tirarei do meio de vós as enfermidades“, bem relevante para o momento atual de pandemia vivida no mundo. Entendemos, todavia, errado a maneira como se processa esse livramento, achamos que estamos sujeitos a muitos males, indefesos, mas que Deus usará algum meio excepcional para nos livrar se estivermos andando em seu caminho. Tudo bem, para os povos antigos, sem conhecimento científico, parecia que era assim, e de fato quando andavam certo tinham livramento de muitos males. Mas hoje em dia podemos entender melhor como se processa esse livramento, que não passa de uma cascata de bons efeitos causados por vivermos de forma correta. 
      O pecado deixa o homem egoísta, isso o faz desejar riquezas e prazeres que não são seus, ainda que tenha que explorar outros seres humanos e a natureza. Quando tudo isso é explorado de maneira obsessiva tudo deteriora, o que devia ser usado para dar boa qualidade de vida é roubado, assim infraestruturas básicas como saneamento são relegadas, o que aumenta a sujeira e empobrece o povo, que busca qualquer coisa para saciar sua fome. A natureza também é destruída e suja, rios, a terra, o ar, com construções erradas numa sociedade em caos. Enfim, por causa de maus governantes, que exploram só para benefício próprio, a sociedade e a natureza sofrem, ficam fracas e expostas a coisas ruins, incluindo doenças. 
      Epidemia pode ser o evento final de uma cascata de erros cometidos pelo homem, todavia, se começando pelos governantes, a sociedade for justa, tiver princípios morais e espirituais que a leve a respeitar a natureza e a todos os seres humanos, tudo entrará em ordem, numa existência sadia, limpa, onde dificilmente grandes enfermidades serão criadas para matar de forma avassaladora. Bem, as leis que Deus deu a Israel por Moisés tinham esse objeto, não eram só espirituais, mas políticas, sociais, mesmo sanitárias e medicinais, para construir uma sociedade justa, limpa, que convivesse bem com todos os seres humanos e com a natureza. Uma sociedade assim seria livrada de muitos males como pandemias. 
      

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