segunda-feira, junho 15, 2020

Sinai ou Gólgota?

      A postagem de hoje é a segunda e última parte de uma reflexão que foi iniciada ontem, se possível leia a postagem de ontem para melhor entendimento, obrigado.

      “E, descendo o Senhor sobre o monte Sinai, sobre o cume do monte, chamou o Senhor a Moisés ao cume do monte; e Moisés subiu. E disse o Senhor a Moisés: Desce, adverte ao povo que não traspasse o termo para ver o Senhor, para que muitos deles não pereçam.” Êxodo 19.20-21

      “E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, Onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.” João 19.17-18

      Isso que foi dito na primeira parte desta reflexão (na postagem de ontem), pode ser, contudo, uma visão superficial, humana, de como as coisas funcionam, de como Deus de fato trabalha. Em primeiro lugar, por que o melhor de alguém só pode ser provado quando esse toca o topo do mundo? E em segundo lugar, por que permanecer humilhado no anonimato não é o melhor para alguém? Como Deus trabalha o melhor em nós, é do mesmo jeito em todas as pessoas? É só na fama, é só no anonimato, é só no reconhecimento público ou é só na solidão, que há “a mão do oleiro moldando o vaso de barro”?
      Por outro lado, um momento único no tempo que nos coloca em sincronia com o melhor de Deus e de nós mesmos muitas vezes é provado num instante de oração, sozinhos em casa, quando como que uma luz pura, forte, ainda que através de um raio pequeno (e os que têm intimidade com o mundo espiritual entenderão que isso não é metafórico), toca nosso espírito e nos faz entender como a vida funciona, como Deus trabalha, como o universo é, experiência que depois nos deixa uma paz que nunca antes sentimos e que nos liberta para sempre de muitas coisas. 
      Não, meus queridos e minhas queridas, o topo do mundo pouco pode significar, eu, como músico, o que permite fama e admiração de muitos (assim como inveja e ódio de outros), e mais, como músico gospel, tive a oportunidade de por os pés no topo do meu monte, não era nenhum Everest, mas era suficientemente alto para as minhas referências. Foi único, hoje quando me lembro me sinto satisfeito, mas infelizmente também me sinto muito frustrado, porque não tive a noção da importância e da exclusividade daquele momento, eu não estava preparado para ele, de forma alguma, nem como músico, nem como ser humano.
      Eu tinha menos de 30 anos na época, mas hoje, com mais de 60, e depois de anos olhando para o passado, achando que ele tinha sido meu melhor momento e que nunca mais se repetiria, começo a ver um novo monte, e pasmem, ele é muito, mas muito mais alto que aquele. Todavia, seu topo não é um lugar que será visto por muitos, no qual ficarei para abençoar um grande número de pessoas de maneira mais óbvia e objetiva, não é isso. E quer saber? Hoje isso nem importa mais pra mim, o reconhecimento de grande público, eu não quero holofotes de baixo, dos homens, mas a luz que vem de cima, do altíssimo Deus.
      Hoje começo a entender que esse é o monte que Deus sempre quis que eu subisse, ele é real, o outro era ilusão, ele é espiritual, o outro era material, ainda que no outro eu desempenhasse também uma missão religiosa, mas nem tudo que é religioso é de fato espiritual. Sinai ou calvário? Em um a glória e a lei, no outro a dor e a morte, em um o início de Canaã física, no outro o início da Canaã celestial. No Sinai um velho de 80 anos recebe orientações espirituais para um ser humano ainda infantil, despreparado para o conhecimento mais alto, no Gólgota um homem de 33 anos entrega sua vida para salvar uma humanidade já madura, preparada para o conhecimento mais alto de Deus.
      O corpo envelhece, mas o espírito que anda com Deus se vê cada vez mais novo. Aos 30 anos eu era um velho num monte de ilusão, hoje aos 60 sou um jovem subindo um monte infinitamente alto, não chegarei ao seu topo neste mundo, mas o que importa é que descobri qual é o monte melhor para galgar. Infelizmente muitos passam a vida tentando permanecer no topo de montes de ilusões, não conseguem se libertar da carência de aprovação humana. Jesus subiu ao Gólgota para que nós não precisássemos subir, ainda assim o melhor monte tem seu preço, ache-o e comece a subi-lo, o quanto antes.
      Aos jovens: arregalem os olhos espirituais, atentem-se ao que são, ao que têm, ao que fazem, a quem amam, a quem não amam, ao que representam na sociedade, na igreja, na família, mas acima de tudo, ao que representam para si mesmos. Não aceitem hipocrisia nem vida com duas caras, fujam da falsa moralidade, não façam alianças que não possam cumprir, ainda que tenham que se afastar, que não usufruir de direitos e de aprovações. Busquem as suas verdades sob verdade maior de Deus, não se iludam com as verdades de homens, mesmo de cristãos, tenham coragem para viver o presente coerentemente.

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