28/06/20

Chamada genuína dá frutos verdadeiros

      “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.” João 15.15-16

      Como saber se estamos de fato desempenhando uma chamada genuína de Deus para nossas vidas? Verificando os frutos, mas calma aí, é preciso que entendamos o que são esses frutos. Não esperemos que morangos nasçam em laranjeiras, nem que laranjas nasçam em limoeiros, e não adianta pintarmos laranjas de vermelho, nem limões de amarelo, a mentira engana por um tempo e só os que olham de longe, quem se aproxima e prova um fruto saberá que a laranja maquiada é um limão amargo disfarçado.
      Cada planta dá um fruto específico, com características próprias, aceitar isso é o primeiro passo para que entendamos nossas chamadas, assim se uma planta não está dando o fruto que queremos, ou cortamos a planta e plantamos outra, ou aceitamos os frutos que a planta está dando. Contudo, se a planta foi plantada sob autorização de Deus, não tem jeito, o único caminho é conhecer melhor a planta, nos livrarmos dos equívocos, e aceitarmos seus frutos, usando-os da melhor maneira possível. 
      Explicando a metáfora: uns adorariam ser pregadores famosos, que encantam centenas em templos lotados, mas isso é para os que têm chamada de Deus para isso. Mas isso significa que se alguém não tiver esse tipo de chamada divina não encantará centenas de pessoas e não encherá templos? Não, isso tudo poderá ocorrer, mas será pela força humana, pelo carisma de homens, não por Deus, não sendo de Deus não é chamada de Deus que não dará frutos legítimos de Deus.
       Nesse caso, um dia virá à tona a verdade, o “falso morango”, que deveria ter se mantido “rasteiro” e discreto, como convém aos frutos do morangueiro, será desmascarado como “falsa laranja”, que não convencerá, não a todos e nem em todo o tempo, como uma laranjeira alta e vistosa. Quem nasceu para ser “morangueiro” nunca será “laranjeira”, quem tem chamada para dar seu melhor fruto em uma vida mais comedida e anônima nunca conseguirá administrar em Deus uma vida mais pública e famosa.

27/06/20

“Ficai parados e vede a salvação do Senhor”

      “E disse: Dai ouvidos todo o Judá, e vós, moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Jeosafá; assim o Senhor vos diz: Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão; pois a peleja não é vossa, mas de Deus. Amanhã descereis contra eles; eis que sobem pela ladeira de Ziz, e os achareis no fim do vale, diante do deserto de Jeruel. Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco.II Crônicas 20.15-17

      Eis uma daquelas passagens que mais nos consolam na Bíblia, que mais definem a espera em Deus, a confiança de que quem ora e entrega algo nas mãos do Senhor pode ficar tranquilo que ele recebe o que lhe foi entregue e cuida, dando no momento certo a melhor resposta, construindo a solução sozinho, sem que precisemos fazer nada além de entregar, crer e esperar. Se possível leia todo o capítulo de II Crônicas 20, segue um pequeno estudo bíblico sobre ele. 

      “Agora, pois, eis que os filhos de Amom, e de Moabe e os das montanhas de Seir, pelos quais não permitiste passar a Israel, quando vinham da terra do Egito, mas deles se desviaram e não os destruíram, Eis que nos dão o pago, vindo para lançar-nos fora da tua herança, que nos fizeste herdar. Ah! nosso Deus, porventura não os julgarás? Porque em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos o que faremos; porém os nossos olhos estão postos em ti. E todo o Judá estava em pé perante o Senhor, como também as suas crianças, as suas mulheres, e os seus filhos. Então veio o Espírito do Senhor, no meio da congregação, sobre Jaaziel, filho de Zacarias, filho de Benaia, filho de Jeiel, filho de Matanias, levita, dos filhos de AsafeII Crônicas 20.12-14

      Interessante que o problema que atingia Judá, pelo qual o rei Jeosafá orou a Deus, era o ataque iminente de povos pelos quais Israel tinha tido misericórdia, Deus não autorizou Israel a conquistar as terras dos povos de Amom, Moabe e das montanhas de Seir quando Israel vinha do Egito para Canaã, assim esses puderam continuar em suas terras, que não foram tiradas deles por Deus para dar a Israel. Mas novamente Deus pede de Israel, agora numa atitude defensiva e não ofensiva, visto que quando vinham do Egito poderiam ter tomado a iniciativa de lutar contra os povos, e agora tinha que estar pronto para se defender de uma iniciativa dos povos, Deus pede que Israela nada faça. 
      Deus não queria que Israel se envolvesse com aqueles três povos, um motivo poderia ser o fato desses povos serem também descendentes de Abrão, assim o Senhor não queria “briga” entre irmãos de sangue. Amonitas e Moabitas eram descendentes das relações incestuosas entre Ló, sobrinho de Abraão, e suas filhas, já os das montanhas de Seir eram descendentes de Esaú, irmão de Jacó (Israel), assim em alguma instância esses três povos poderiam ainda ter direito à promessa feita por Deus a Abraão. Um outro motivo, ou afirmando o primeiro, é que eram povos poderosos, que Israel temia, seja como for família, irmãos, cunhados, sempre nos parecem inimigos grandes demais.
      Se tivesse que haver uma guerra, que fosse como defesa e ainda assim Israel deveria se envolver o menos possível, isso nos ensina que certas guerras não devemos fazer, porque Deus tem pelos nossos inimigos o mesmo respeito e a mesma misericórdia que tem por nós. Se alguém que se posta contra nós tiver que perder, que seja porque se postou antes contra Deus, e se postou-se contra Deus a “briga” é com Deus, não conosco. A palavra de livramento, na passagem inicial desta reflexão, veio pela boca de um profeta, levita e responsável pela música, da família de Asafe, após um grande problema e um grande clamor, vem uma resposta poderosa do Senhor, que nos consola e nos resolve. 

      “E, quando começaram a cantar e a dar louvores, o Senhor pós emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os das montanhas de Seir, que vieram contra Judá, e foram desbaratados. Porque os filhos de Amom e de Moabe se levantaram contra os moradores das montanhas de Seir, para os destruir e exterminar; e, acabando eles com os moradores de Seir, ajudaram uns aos outros a destruir-se. Nisso chegou Judá à atalaia do deserto; e olharam para a multidão, e eis que eram corpos mortos, que jaziam em terra, e nenhum escapou.” “E vieram Jeosafá e o seu povo para saquear os seus despojos, e acharam entre eles riquezas e cadáveres em abundância, assim como objetos preciosos; e tomaram para si tanto, que não podiam levar; e três dias saquearam o despojo, porque era muito.” “E veio o temor de Deus sobre todos os reinos daquelas terras, ouvindo eles que o Senhor havia pelejado contra os inimigos de Israel. E o reino de Jeosafá ficou quieto; e o seu Deus lhe deu repouso ao redor.” II Crônicas 20.22-25, 29-30

      Agora o mais incrível foi como se operou a salvação de Deus, diga-se de passagem uma salvação difícil da gente provar, não é fácil não fazer nada e esperar parado, mas Israel que obedeceu, que começou a adorar ao Senhor pelo livramento, pela fé, sem ver e sem saber, provou. Por algum motivo amonitas e moabitas brigaram contra os das montanhas de Seir e depois que os de Seir foram destruídos brigaram amonitas contra moabitas até se destruírem mutuamente, assim quando Judá chegou todos os seus inimigos tinham sido destruídos sem que ele precisassem lutar. Fantástico esse texto, claro e com tantas lições, aplicações, são passagens assim que confere à Bíblia qualidades únicas entre livros sagrados religiosos.
      Contudo, a história não termina aí, ainda teve bônus para aqueles que esperaram quietos e confiantes em Deus. Israel enriqueceu-se com os despojos dos inimigos mortos e teve das nações vizinhas respeito, isso lhes deu repouso por um período (que teria sido maior se Jeosafá tivesse permanecido fiel a Deus, mas isso já é uma outra história...). O que dizer sobre essa experiência metafórica da nação de Israel para as vidas de todos nós, hoje e sempre, a não ser que Deus é maravilhoso, perfeito, poderoso? Glória ao Senhor que sempre, sempre é fiel com aqueles que o buscam e o obedecem, não existe situação sem solução, o que existe é oração não realizada ou não obedecida, da forma correta. 
      Mas será que foi um milagre, como muitos aparentemente podem achar que foi, uma ação extraordinária de Deus? Deus só começa a trabalhar na resposta depois que nós fazemos a pergunta? Não, não foi um milagre na maneira como tantos pensam, foi só o cumprimento da vontade de Deus no tempo certo, com Israel, por estar conectado a Deus em oração, temor e obediência, podendo provar o que mais precisava no momento exato que precisava da única maneira que podia provar. Deus “trabalha” o tempo todo, algo que precisaremos daqui a um ano, Deus pode estar começando a construir hoje, se um ano for necessário para isso, algo que nós talvez não tenhamos nem ideia que precisaremos.
      Deus poderia estar trabalhando nos inimigos de Israel há algum tempo, permitindo coisas que levariam os três povos a se desentenderem no exato momento que Jeosafá fizesse a oração. Há coisas que Deus precisa de alguns anos para construir, mas há coisas que ele precisa só de um instante como há outras coisas que ele constrói em milhões de anos, ao homem basta estar em comunhão com Deus, assim saberá quando e sobre o que orar, a tempo de provar a eterna obra do Senhor no universo. Deus é muito mais poderoso que imaginamos, não age extraordinariamente só quando oramos, ele tudo sabe e pode o tempo todo, felizes os que sincronizados com o Altíssimo provam naturalmente de ações que muitos até chamam de milagres.

26/06/20

Só abre mão de algo quem algo tem

      “Pois eu vos digo que a qualquer que tiver ser-lhe-á dado, mas ao que não tiver, até o que tem lhe será tirado.Lucas 19.26

      O que é mais importante, ter algo ou abrir mão disso? Muitos passam a vida lutando para ter algo, não para desfruto próprio, mas para exibir isso para os outros, para a sociedade, para a família, para a igreja. Muitos insistem em dizer que têm algo, quando na verdade não têm, desejam uma ilusão, vivem uma mentira, perdem o curto espaço de tempo material que seja chama vida. Se a vida passa depressa, passa muito mais rapidamente para quem vive correndo atrás do vento, tentando aprisiona-lo. Que vento é esse? O vento da vaidade, que engana os arrogantes, que no final leva à solidão e à amargura. Mas o que é mais importante, ter algo ou abrir mão disso? 
      Quem tem algo o recebeu do céu, do alto, do pai das luzes, diretamente das mãos de Deus. Esse terá uma vida de trabalho e de esforço? Sim, manter o que se ganha de Deus com honestidade e fazer disso bênção para si mesmo e para os homens é o trabalho mais honrado que o homem tem neste mundo. Contudo, a esse, que possui algo legitimo, um desafio é feito, responder de maneira correta a esse desafio conduzirá o homem a um crescimento espiritual verdadeiro que ele poderá levar para a eternidade e que definirá sua posição diante de Deus. Que desafio é esse? É abrir mão de algo, não de fazer algo, não a princípio, mas de receber dos homens, neste mundo, reconhecimento por algo que legitimamente se recebeu de Deus e se lutou tanto para aumentar e dar doces frutos para os homens. 
      Com esse desafio, num determinado momento de suas vidas, alguns serão confrontados, é nesse momento que se conhecerá onde está o coração do homem, se naquele que deu a ele o talento, se no talento que ele recebeu, ou se nos homens, que o assistem enquanto exerce o talento. Mas só abre mão de algo quem algo tem, assim ao que de fato tem um talento será difícil abrir mão dele, se não for difícil é porque o talento nunca foi verdadeiro. Conduto, o que abre mão, não antes do tempo, não na juventude, quando ainda se tem muito pra fazer, e disso depende independência material neste mundo, o que abre mão no momento correto estará pronto para a eternidade, para a morte do corpo.
      O versículo inicial, conclusão da parábola do talento dita por Jesus, diz que ao que tem lhe será dado. Por que isso? Porque esse teve mas não colocou seu coração no que teve, foi fiel, se esforçou, não buscou as vaidades do mundo e acumulou bens espirituais para a eternidade. Já o que não tem na verdade também tinha, mas amou tanto isso neste mundo, qua não fez nada pelo seu espírito, e só faz pelo próprio espírito o que faz pelos espíritos dos outros. Ele guardou o que consquistou só para si mesmo, egoisticamente, esse, ainda que rico e obstinado neste mundo, entrará na eternidade com saldo negativo. Em dívida com Deus? Não, em dívida consigo mesmo e com os outros, esse levará seu inferno consigo. 

25/06/20

A meditação do meu coração

      “Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!Salmos 19.14

      A vida atual tem muita informação, nunca vivemos uma época da humanidade quando todos sabem de tudo sobre todos ao mesmo tempo, é no celular, no computador, na TV, mídia e internet são os novos deuses, adorados por todos, e que de algum jeito, controlam a todos. O controle é antes de tudo mental, palavras, músicas, imagens e vídeos ocupam nossas mentes e nossos corações, atormentam nossas almas e amarram nossos espíritos, isso aumenta a ansiedade que não satisfeita desemboca em depressão. É preciso saber parar, desligar aparelhos, acalmar a mente, focar em Deus e saber o que ele quer de Deus. Eu não tenho dúvida que o principal campo de batalha do inimigo nesses tempos, que se não forem os últimos estão perto de serem, são as mentes humanas. 
      O que tem passado pela tua mente? Que devaneios têm levado teu coração? Fugas da carne, escapismos de prazeres passageiros? Esteja em Deus, pense em Deus, fale com Deus, mas ouça a Deus, mais que tudo, que teu coração seja um vaso limpo para receber e reter a palavra de Deus. “Filho meu, ouvi-me e vivei”, não há nada mais prazeroso que ouvir a voz de Deus, e como o Espírito Santo nos quer falar, ensinar, nessa palavra há vida, há libertação, há paz. Feliz o homem que chega a esse entendimento, que com facilidade diz não à carne, ao adultério, à irá, à inveja, à mágoa, e diz sim ao chamado de Deus para ouvi-lo. Esse terá também palavras agradáveis para dizer ao homem, palavras de vida, não de morte, ainda que essas palavras sejam poucas e provadas. 
      Mas tenha cuidado com o que Deus te fala, ele pode nos revelar grandes mistérios, nos dar palavras espantosas, mas não para que as revelemos aos outros, são somente para nos consolar, nos fortalecer, nos fazer saber que Deus é real, nos ama e nos guarda, de um jeito especial. Se você tiver essa experiência, acalme-se, alegre-se, e guarde em teu coração as palavras que o Senhor te dá, seja sobre você, sobre as pessoas com as quais você convive, e mesmo sobre o mundo. Deus pode levantar um profeta, não para salvar nações, mas para salvar só ao próprio profeta, e isso basta, um só homem já é muito importante para o Altíssimo Deus. Aceitemos nossas chamadas com humildade e temor, mais vale obedecer a Deus que sermos honrados pelos homens.

24/06/20

Virtude e vicio

      “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração. Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração. O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria.Eclesiastes 7.2-4

      Qual a diferença entre virtude e vício? O senso comum diz que virtude é algo bom e que vício é algo ruim, que virtude é do bem e vício é do mal, sim, em última instância até poderá ser isso, mas a princípio a coisa não é tão simples, e pode levar muitos ao engano. Vicio não é algo em uma primeira instância ruim, do mal, vicio é simplesmente o exagero. Do que? De qualquer coisa, mesmo de algo a princípio benigno. Vício é algo que se faz sem controle, é quando algo controla o homem, não o homem controla algo, e isso pode ser mesmo religiosidade, caridade, espiritualidade. Viciados em bebidas alcoólicas e em entorpecentes precisam de libertação e cura? Sim, mas muitos religiosos, muitos econômicos financeiramente, muitos preocupados com boa saúde e condicionamento físico, todos esses podem ser viciados necessitando urgentemente de cura e libertação, tanto quanto os “nóias” e maconheiros.
      “Mas cocaína faz mal à saúde, religião, não”, muitos podem dizer, mas será que religião como vicio não faz mal à saúde? Pode até ajudar outras pessoas, aquele que quer estar todos os dias da semana na igreja, que deseja sempre estar desempenhando algum ministério, mesmo que diga que nem quer reconhecimento, só quer servir a Deus, outros com certeza podem ser beneficiados por seus serviços, mas tem algumas pessoas que não serão. Quem? O próprio viciado e seus familiares mais próximos, cônjuge e filhos. O que exerce religião como vício, um dia terá sua vida estourada, sua saúde mental, física, e com certeza sua relação familiar. Como vicio é ídolo, se faz porque se gosta de fazer, não para agradar a alguém, se faz porque se precisa fazer, para se sentir útil, porque se é inseguro e carente, religião exercida como vício não adora a Deus, não estabelece comunhão com ele, e sem Deus, o religioso está só, tentando viver uma religião sem Deus, isso conduz à morte.
      Muitos evangélicos precisam de libertação, não dos vícios da carne, mas dos vícios da mente e do espírito, mas não só evangélicos, religiosos de maneira geral, principalmente muitos daqueles que socialmente são vistos como bons religiosos. Infelizmente muitas religiões, principalmente cristãs, são dirigidas por viciados, por isso de vez em quando escândalos, homens que pareciam “ungidos”, santos, pegos em adultério ou em “vícios” sexuais “exóticos”. O vazio do viciado um dia se revela, e o ídolo, um falso deus, não pode ajudar aqueles dos quais exigiu anos e anos de veneração. Todo exagero é prejudicial, e não usemos Deus como desculpa para isso, dizendo que um Deus absoluto e grandioso exige dos homens enormes sacrifícios, na verdade Deus pede renúncias, mas a principal não é a de fazer, mas a de não fazer, e permitir que Deus faça. Nisso aprendemos o principal efeito da causa Deus altíssimo em nós através de Cristo, o equilíbrio, nele não há exagero, não há ídolos, não há vícios, só virtudes.
      Por que o texto de Eclesiastes no início? Primeiro porque eu amo esse livro, é um balde de água fria na cara de muitos que interpretam a Bíblia sob um ponto de vista equivocado, prosperidade material como sintoma de vida abençoada por Deus. Salomão, sob o mesmo arquétipo de muitos personagens importantes de outras religiões, como Krishna e Buda, tendo vivido uma vida luxuosa e repleta de prazeres e fama, escreve um texto onde diz que tudo é vaidade, que é melhor morrer que viver, isso, ao meu ver tem tudo a ver com ter religião como vicio. Viciados em religião não passam de vaidosos, tanto quanto são muitos ricos e poderosos neste mundo, vaidade sempre é engano, mas religioso vaidoso tem o pior tipo de vaidade, quer mais que dinheiro e prazer, quer adoração, o lugar de Deus, Lúcifer caiu nesse vício. Achamos libertação do vicio da religião tendo prazer maior naquilo que Deus pensa de nós, fechando a boca, mas abrindo o espírito para o altíssimo, sendo mais reclusos que famosos, mais cristãos e menos “evangélicos”. 

23/06/20

Ouvir a voz de Deus

      “Orai sem cessar”, I Tessalonicenses 5.17, um dos menores versículos da Bíblia, alguns chegam num momento de suas vidas, depois de anos de religiosidade cristã, que dizem, “eu nem preciso orar, eu ando em oração, falo com Deus o tempo todo”, de fato alguns acreditam nisso. Mas uma pergunta se faz a esses, vocês falam com Deus, mas vocês o ouvem, de verdade? Muita gente fala com Deus, gente de religiões variadas, não só cristãs, na verdade isso pode significar muita coisa, mas também pode não significar nada. Falar em espírito para o infinito, para o universo, ainda que seja com sinceridade e fé, pode não ser exatamente falar com Deus. 
      Muitos perdem a esperança, se desviam da fé, ainda que continuem se dizendo cristãos, ainda que continuem indo a cultos e mesmo a ler a Bíblia, mas quantos de fato ouvem a verdadeira voz de Deus e a obedecem? Alguns começam a ouvir outras vozes dentro de seus corações, se acostumam com elas, se iludem com elas, tentando se convencer que ouvem a voz do altíssimo Deus, mas não ouvem, não mais, e há muito tempo, ainda que não admitam pra ninguém. O primeiro desvio de Deus que um homem comete, o primeiro passo para dar as costas a Deus, acontece no coração, de um jeito não assumido, onde a pessoa tenta se convencer que ainda quer ouvir e obedecer a voz de Deus, mas não quer, não mais.
      Por que o desvio? Porque um dia Deus deu uma orientação e a pessoa não aceitou, não quis obedecer, contudo, como negar a Deus de forma direta é algo que exige tanta fé e determinação, quanto se render a ele, as pessoas simplesmente se enganam, inventam um falso cristianismo e seguem, e isso dentro delas, em segredo. Lembro-me da parábola do semeador, de uma semente em especial, aquela que caiu entre espinhos, “e outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na... e o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera” (Mateus 13.7,22).
      Essa semente foi a que teve mais tempo para crescer, mas um dia, morreu, sufocada pelos espinhos. Algumas pessoas são assim, recebem a semente em boa terra, sem pedras, mas não se livram dos espinheiros, os guardam secretamente em seus corações, são os desejos do que realmente querem ser, ter, exibir para o mundo. Assim, até caminham com Deus, chegam a conhecer bastante a doutrina, mesmo desempenharem funções relevantes em ministérios, mas num determinado momento, quando é tempo de crescer e Deus lhes pede algo, algo que arrancará os espinheiros com as raizes, elas dizem não. É nesse momento que o espinheiro se torna um deus, mais importante para as pessoas que o genuíno Deus. 
      Não só falar com um Deus distante, mas ouvir sua voz, bem de perto, eis a grande benção que a salvação de Jesus nos dá, e que privilégio é isso. Não nos enganemos, não basta frequentar assiduamente a cultos, falar como evangélico, se portar como evangélico, só ter amigos mais próximos evangélicos da igreja, nem pensar em Deus, é preciso falar com ele, ouvir o que ele tem a dizer e finalmente obedecer sua voz. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.” (João 10.27-28). Há vida eterna em ouvir a voz de Deus, que nunca saiamos de sua presença, de verdade, sem mentiras. 
    

22/06/20

Nenhuma condenação há!

      “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.Romanos 8.1

      Ah se vivêssemos o poder que o ensino do capítulo 8 da carta de Paulo aos romanos, principalmente entre os versículos 1 e 17, nos passa, se entendêssemos o privilégio que temos em Cristo de podermos viver em paz e sem nenhuma acusação. Essa é a diferença da religião que crê em Cristo como único e suficiente salvador de todas as outras, isso é o que faz do cristianismo verdadeiro a única religião que de fato nos une ao Deus altíssimo. Estarmos livres de qualquer condenação não é assim tão relevante? Pois não é isso que a realidade das vidas das pessoas mostra.
      Todas as nossas ações e reações são motivadas, na grande maioria das vezes, pelo grau de acusação que sentimos em nossas almas, por termos tanta necessidade de autoafirmar nossas qualidades e de negar nossos defeitos. Por isso somos inseguros e vaidosos, por isso nos importamos tanto com aparência exterior e principalmente com aquilo que os outros pensam e dizem sobre nós. Por isso andamos sem paz e na busca de uma anestesia emocional, por isso nos viciamos em prazeres da carne, em sexo, em comida, em bebida, em drogas, mas também em outras obsessões.
      Muitos querem estudar mais, saber mais, não para serem seres humanos melhores, mas para saciarem suas inseguranças, para mostrar aos outros que são intelectuais. Muitos querem trabalhar mais e ganhar mais dinheiro, não porque querem ter vidas materiais dignas, mas porque querem mostrar para os outros que podem ter bens mais caros, padrões de vida mais altos. Muitos querem ir mais a cultos, desempenharem trabalhos nas igrejas, conhecer mais de Bíblia, não para servir a Deus e serem mais espirituais, mas para parecerem para os outros que servem a Deus e são espirituais.
      Por que tudo isso? Porque se sentem acusados, condenados de algum forma, e assim se tornam escravos de si mesmos, de exigências que se fazem para compensar, para pagar as dívidas que acham que têm, o tempo todo, com eles mesmos, com as pessoas, com as famílias, com as igrejas, com Deus. O condenado está sempre em dívida, senão não estaria condenado, e todos os seres humanos estão condenados. Por isso ainda que façam tudo, muito e sempre, em todos os lugares e para todo mundo, ainda sentem que não fizeram o suficiente, por isso se sentem acusados e sem paz. 
      Mas só Jesus nos livra da escravidão da carne e dá a libertação do Espírito, contudo, muitos, mesmo convertidos e selados com o Santo Espírito ainda seguem escravizados, isso porque não dão liberdade para o Espírito Santo que neles habitam, não o ouvem e não o obedecem. Assim, muitos convertidos são abençoados por Deus, mas muito aquém do que poderiam ser, pois têm dificuldades para se livrarem da religião e dos religiosos, que mesmo que falem de Deus e do Espírito Santo, podem fazer isso debaixo de grilhões humanos. É preciso coragem para de fato viver a liberdade do Espírito.
      Vá à igreja, aprenda com irmãos com mais experiência com Cristo, estude a Bíblia, mas acima de tudo, viva com Deus, fale com Deus, ouça Deus, tenha uma experiência pessoal e em primeira mão com Deus, essa comunhão com Deus nos é passada pelo seu Santo Espírito, que nos habita e conosco está em todo o tempo. O Espírito Santo é nosso maior professor, ensinador, consolador, curador, ele nos conduz a uma vida em paz sem condenação, ele nos permite experimentar de uma maneira plena o perdão de Jesus, que nos livra de toda acusação e nos dá paz sem fim e liberdade verdadeira.