terça-feira, junho 23, 2020

Ouvir a voz de Deus

      “Orai sem cessar”, I Tessalonicenses 5.17, um dos menores versículos da Bíblia, alguns chegam num momento de suas vidas, depois de anos de religiosidade cristã, que dizem, “eu nem preciso orar, eu ando em oração, falo com Deus o tempo todo”, de fato alguns acreditam nisso. Mas uma pergunta se faz a esses, vocês falam com Deus, mas vocês o ouvem, de verdade? Muita gente fala com Deus, gente de religiões variadas, não só cristãs, na verdade isso pode significar muita coisa, mas também pode não significar nada. Falar em espírito para o infinito, para o universo, ainda que seja com sinceridade e fé, pode não ser exatamente falar com Deus. 
      Muitos perdem a esperança, se desviam da fé, ainda que continuem se dizendo cristãos, ainda que continuem indo a cultos e mesmo a ler a Bíblia, mas quantos de fato ouvem a verdadeira voz de Deus e a obedecem? Alguns começam a ouvir outras vozes dentro de seus corações, se acostumam com elas, se iludem com elas, tentando se convencer que ouvem a voz do altíssimo Deus, mas não ouvem, não mais, e há muito tempo, ainda que não admitam pra ninguém. O primeiro desvio de Deus que um homem comete, o primeiro passo para dar as costas a Deus, acontece no coração, de um jeito não assumido, onde a pessoa tenta se convencer que ainda quer ouvir e obedecer a voz de Deus, mas não quer, não mais.
      Por que o desvio? Porque um dia Deus deu uma orientação e a pessoa não aceitou, não quis obedecer, contudo, como negar a Deus de forma direta é algo que exige tanta fé e determinação, quanto se render a ele, as pessoas simplesmente se enganam, inventam um falso cristianismo e seguem, e isso dentro delas, em segredo. Lembro-me da parábola do semeador, de uma semente em especial, aquela que caiu entre espinhos, “e outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na... e o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera” (Mateus 13.7,22).
      Essa semente foi a que teve mais tempo para crescer, mas um dia, morreu, sufocada pelos espinhos. Algumas pessoas são assim, recebem a semente em boa terra, sem pedras, mas não se livram dos espinheiros, os guardam secretamente em seus corações, são os desejos do que realmente querem ser, ter, exibir para o mundo. Assim, até caminham com Deus, chegam a conhecer bastante a doutrina, mesmo desempenharem funções relevantes em ministérios, mas num determinado momento, quando é tempo de crescer e Deus lhes pede algo, algo que arrancará os espinheiros com as raizes, elas dizem não. É nesse momento que o espinheiro se torna um deus, mais importante para as pessoas que o genuíno Deus. 
      Não só falar com um Deus distante, mas ouvir sua voz, bem de perto, eis a grande benção que a salvação de Jesus nos dá, e que privilégio é isso. Não nos enganemos, não basta frequentar assiduamente a cultos, falar como evangélico, se portar como evangélico, só ter amigos mais próximos evangélicos da igreja, nem pensar em Deus, é preciso falar com ele, ouvir o que ele tem a dizer e finalmente obedecer sua voz. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.” (João 10.27-28). Há vida eterna em ouvir a voz de Deus, que nunca saiamos de sua presença, de verdade, sem mentiras. 
    

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