quarta-feira, junho 24, 2020

Virtude e vicio

      “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração. Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração. O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria.Eclesiastes 7.2-4

      Qual a diferença entre virtude e vício? O senso comum diz que virtude é algo bom e que vício é algo ruim, que virtude é do bem e vício é do mal, sim, em última instância até poderá ser isso, mas a princípio a coisa não é tão simples, e pode levar muitos ao engano. Vicio não é algo em uma primeira instância ruim, do mal, vicio é simplesmente o exagero. Do que? De qualquer coisa, mesmo de algo a princípio benigno. Vício é algo que se faz sem controle, é quando algo controla o homem, não o homem controla algo, e isso pode ser mesmo religiosidade, caridade, espiritualidade. Viciados em bebidas alcoólicas e em entorpecentes precisam de libertação e cura? Sim, mas muitos religiosos, muitos econômicos financeiramente, muitos preocupados com boa saúde e condicionamento físico, todos esses podem ser viciados necessitando urgentemente de cura e libertação, tanto quanto os “nóias” e maconheiros.
      “Mas cocaína faz mal à saúde, religião, não”, muitos podem dizer, mas será que religião como vicio não faz mal à saúde? Pode até ajudar outras pessoas, aquele que quer estar todos os dias da semana na igreja, que deseja sempre estar desempenhando algum ministério, mesmo que diga que nem quer reconhecimento, só quer servir a Deus, outros com certeza podem ser beneficiados por seus serviços, mas tem algumas pessoas que não serão. Quem? O próprio viciado e seus familiares mais próximos, cônjuge e filhos. O que exerce religião como vício, um dia terá sua vida estourada, sua saúde mental, física, e com certeza sua relação familiar. Como vicio é ídolo, se faz porque se gosta de fazer, não para agradar a alguém, se faz porque se precisa fazer, para se sentir útil, porque se é inseguro e carente, religião exercida como vício não adora a Deus, não estabelece comunhão com ele, e sem Deus, o religioso está só, tentando viver uma religião sem Deus, isso conduz à morte.
      Muitos evangélicos precisam de libertação, não dos vícios da carne, mas dos vícios da mente e do espírito, mas não só evangélicos, religiosos de maneira geral, principalmente muitos daqueles que socialmente são vistos como bons religiosos. Infelizmente muitas religiões, principalmente cristãs, são dirigidas por viciados, por isso de vez em quando escândalos, homens que pareciam “ungidos”, santos, pegos em adultério ou em “vícios” sexuais “exóticos”. O vazio do viciado um dia se revela, e o ídolo, um falso deus, não pode ajudar aqueles dos quais exigiu anos e anos de veneração. Todo exagero é prejudicial, e não usemos Deus como desculpa para isso, dizendo que um Deus absoluto e grandioso exige dos homens enormes sacrifícios, na verdade Deus pede renúncias, mas a principal não é a de fazer, mas a de não fazer, e permitir que Deus faça. Nisso aprendemos o principal efeito da causa Deus altíssimo em nós através de Cristo, o equilíbrio, nele não há exagero, não há ídolos, não há vícios, só virtudes.
      Por que o texto de Eclesiastes no início? Primeiro porque eu amo esse livro, é um balde de água fria na cara de muitos que interpretam a Bíblia sob um ponto de vista equivocado, prosperidade material como sintoma de vida abençoada por Deus. Salomão, sob o mesmo arquétipo de muitos personagens importantes de outras religiões, como Krishna e Buda, tendo vivido uma vida luxuosa e repleta de prazeres e fama, escreve um texto onde diz que tudo é vaidade, que é melhor morrer que viver, isso, ao meu ver tem tudo a ver com ter religião como vicio. Viciados em religião não passam de vaidosos, tanto quanto são muitos ricos e poderosos neste mundo, vaidade sempre é engano, mas religioso vaidoso tem o pior tipo de vaidade, quer mais que dinheiro e prazer, quer adoração, o lugar de Deus, Lúcifer caiu nesse vício. Achamos libertação do vicio da religião tendo prazer maior naquilo que Deus pensa de nós, fechando a boca, mas abrindo o espírito para o altíssimo, sendo mais reclusos que famosos, mais cristãos e menos “evangélicos”. 

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