14/09/20

Deixai a mentira

      “E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade. Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros.Efésios 4.24-25

      Se santidade é a meta final do homem espiritual, efeito de quem obedece a Deus, já que é a obediência que nos dá forças para sermos santos, existe algo que é causa inicial, que prepara o nosso coração para a presença mais íntima de Deus. É ser um pessoa totalmente verdadeira, não falar mentira nem se apresentar como mentiroso, em nenhuma instância. Contudo, apesar de muitos de nós cristãos acharmos que não somos mentirosos, que trilhamos o caminho da verdade, se olharmos mais de perto veremos que a mentira está mais presente em nossas vidas do que queremos admitir. 
      Mentimos nos currículos profissionais, mentimos sobre nossa situação financeira, mentimos sobre o nosso passado, e também sobre o que queremos para o nosso futuro, e fazemos tudo isso muitas vezes de maneira sútil, cheios de paixão, de razão, de fé. Uma mentira que usamos bastante é aquela que tenta esconder a inveja que sentimos por certas pessoas, para não admitirmos para nós mesmos que invejamos, já que isso nos colocaria como inferiores em relação justamente a quem invejamos, mentimos sobre o invejado, diminuindo suas qualidades, e sobre nós, aumentando as nossas. 
      Todas as virtudes começam e terminam na verdade, é preciso verdade para se assumir pecador e tomar posse do perdão de Jesus, o caminho para a verdade mais alta de Deus começa numa verdade pessoal humana. A verdade não só perdoa e restaura, ela também confere humildade, para quem não se exibe como o que não é, e respeita a verdade alheia que tem tanto direito de ser legítima como a sua própria. Assim, a qualquer custo, sejamos verdadeiros, com nós mesmos, com nossos cônjuges, com nossos familiares, mesmo com nossos inimigos, Deus só trabalha num espírito verdadeiro.

13/09/20

A casa de Deus foi relegada a segundo plano

      “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos. Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me agradarei, e serei glorificado, diz o Senhor. Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu dissipei com um sopro. Por que causa? disse o Senhor dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, enquanto cada um de vós corre à sua própria casa. Por isso retém os céus sobre vós o orvalho, e a terra detém os seus frutos.” Ageu 1.7-10

      Quando o homem busca extremos ele busca o homem, não a Deus, o homem está nos extremos, Deus está no equilíbrio. Quem busca o homem busca seus próprios interesses, constrói sua casa, não a de Deus. Qual é a casa de Deus? Hoje em dia não são os templos religiosos, como era em Israel do antigo testamento, hoje isso também é casa de homem, hoje a casa de Deus, segundo a nova aliança em Cristo, é o coração do homem, é a vida interior do espírito humano onde o Espírito Santo habita e cultiva virtudes. 
      Muitos cristãos pararam de cuidar do templo de Deus e tentam construir um templo material, é isso que fazem quando acham que ter um presidente que os apoie fortalecerá o cristianismo no mundo, com isso se preocupam com suas casas, não com a de Deus. Mas isso não é novo, é só o final infeliz de uma história, já estavam fazendo isso há algum tempo em tantas cidades deste país quando apoiavam ministérios luxuosos, onde a “dizimolatria” era pregada para manter o desvio. 
      No momento atual, que se iniciou no Brasil com a eleição para presidente em 2018 onde a ideologia de direita ressurgiu, só acharam um jeito de expandir o desvio até Brasília. Quem pensa diferentemente deles são seus inimigos, que acham que não são só inimigos seus, mas também de Deus, assim querem usar a religião cristã para estabelecer um reino nesse mundo, em nosso país. Contudo, porque não deram ouvidos ao Espírito Santo, mas aos homens, caíram na armadilha de um extremo político estúpido. 
      Sem Deus é impossível ao homem ser equilibrado, pois o homem se baseará em si mesmo, não no Espírito Santo, assim, muitos cristãos acham que estão sendo zelosos e batalhadores, mas só agem como agiam os fariseus no primeiro século, baseiam-se numa tradição religiosa humana para construir algo que agrade seus egos, não a Deus. Se o reino de Deus nesse mundo só pode existir no coração de indivíduos é essa obra que os cristãos deveriam estar construindo, não com religião, não com política, não com riquezas.
      Como se constrói a casa de Deus hoje? Buscando uma amizade íntima com Deus, não para impor aos outros, mas preocupando-se consigo mesmo e não com os outros. Mas pode-se argumentar, “mas assim não testemunharíamos do evangelho no mundo”. Sim, testemunharíamos, mas do jeito certo, como efeito, não como causa, como testemunhas, não como advogados, assim deixaríamos a mais alta luz brilhar no mundo de dentro de nós para fora, de maneira realmente espiritual e divina. 
      “Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos“ (Zacarias 4.6b), parece que muitos se esqueceram desse texto, totalmente, a verdadeira obra de Deus nunca foi por força física, por imposição, pelo menos não na nova aliança do evangelho de Cristo. Desviados estão os cristãos que vão às ruas defender ideologias políticas, deveriam viver o evangelho dando testemunho de amor e de misericórdia, não defenderem extremos ideológicos humanos.
      Muitos cristãos perderam a noção do que é de fato o evangelho, pararam de olhar para o Cristo homem encarnado que mostrou a única maneira de viver neste mundo, uma maneira simples e humilde, que não se impunha, que não tinha apoio de autoridades, que não se envolvia com política, mas que se ocupava em fazer e verdadeira vontade de Deus, não da religião ou da tradição. Pois isso tantos estão sendo presas do extremo, por isso quiseram Saul e não Davi, por isso são enganados e levados em cativeiro. 
      A libertação está em aceitar que isso que muitos chamam de igreja cristã conduziu o cristianismo ao extremo, a saída está em voltar ao evangelho primitivo e original de Jesus. Infelizmente isso de fato só vai acontecer com uma perseguição, que ocorrerá após essa ilusão atual que tantos cristãos vivem achando que o cristianismo pode ser proeminente no mundo. O engano só levará muitos cristãos a enxergarem a realidade, ainda que da pior maneira, mas que seja suficiente para prepará-los para o final iminente. 

12/09/20

O homem, esse desconhecido

      Quem de fato pode conhecer alguém, quem sabe de fato quem é o ser humano, o que realmente é um homem, uma mulher, o que de fato quer e por que age de um modo ou daquele outro modo? Só Deus sabe. Contudo, só entendemos isso quando vemos a nós mesmos através de Deus, vemos os outros com justiça quando nos vemos em verdade. Enquanto isso não ocorre seguiremos enganados pelo que muitas pessoas mostram e não pelo que são, assim como julgando, e na maior parte das vezes mal, sem de fato conhecer as pessoas. 
      O imenso mistério individual nos é percebido quando percebemos o nosso mistério pessoal, mas só Deus para nós fazer aceitar esses mistérios, o Deus único e verdadeiro, Senhor de todos os mistérios, e creia, cada ser traz em si um mistério imenso e especial. Desculpe-me, você que segue o blog, mas eu tenho que repetir Provérbios 20.5, um dos meus versículos bíblicos favoritos, “como águas profundas são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência sabe descobri-los”, ele é bem adequado nesta reflexão.
      A realidade no plano físico, no corpo, que sobrevive e se relaciona com sociedade material no mundo, é uma ilusão, e pra ser mais exato, é uma mentira, ninguém de fato mostra o que é, vive o que é, realiza o que mais quer. O que se tem são arredondamentos, médias, viáveis para se conseguir existir, pelo menos num meio civilizado. Mas calma, isso não é só para o lado ruim, não, e em se tratando de filhos de Deus, de pessoas realmente convertidas em Cristo, seladas com o Espírito Santo, é para o lado bom, ou para o lado que queremos que seja bom.
      Só Deus sabe o quanto queremos viver para ele, agradá-lo, adora-lo sem outra intenção que não seja dar a ele o que só ele merece, para estão estar sincronizado com ele, sintonizado nele, vibrando em sua mais alta frequência, para poder conhecer sua vontade e obedecê-la. Só Deus sabe o quanto nossas ações, em grande parte das vezes, não refletem nossas intenções, o quanto nosso corpo e mesmo nossa alma, não realizam o desejo mais íntimo de nosso espírito, batizado no Santo Espírito, intenções e desejo que quer acertar, não errar. Só Deus sabe o quanto nossos erros doem em nós.
      “De boas intenções o inferno está cheio”, como diz o ditado? Mas o céu também está repleto delas, isso se elas forem em Cristo, não no egoísmo humano ou nos seres espirituais malignos. O Deus que conhece todos os mistérios também discerne as intenções, pode confiar nisso. Quanto a nós, não julguemos, muitos que parecem algo podem de fato ser o oposto, o tempo dirá, seja para o bem, seja para mal, ou seja para um meio termo, quem tiver paciência verá e não será presa do julgamento injusto. Muitos já entenderam os mistérios, mas os calam, por conhecerem o coração dos homens.
      Encarnado, o ser sempre sucumbe ao tempo, o tempo é implacável com a matéria, aliás, o que mais define o plano físico e a matéria é o tempo. No plano espiritual não existe tempo, Deus não tem tempo, ele é, por isso sabe de tudo sempre e julga pelo final no plano físico, que é o que passará para o plano espiritual. Deus não julga por passado, presente ou futuro do corpo neste mundo, mas pelo final. Ah, se víssemos os seres humanos como Deus vê, não podemos ver de maneira natural, ainda que nasça puro o homem adquire filtros ao andar por este mundo.
      Contudo, com humildade, com simplicidade, com fé, e somente em Jesus, podemos ver a verdade, a nossa e a dos outros, é só com essa iluminação que podemos entender a vida, não baseados em coisas passageiras e finitas, mas nas referências eternas de virtudes. Nessa iluminação achamos paz, encontramos satisfação, a mais profunda, que resolve as ansiedades e paixões e nos faz espirituais, ainda encarnados. Busquemos em Deus essa iluminação, não sejamos duros demais com as pessoas e com nós mesmos, vejamos além do que veem os dois olhos físicos.

11/09/20

O que há em nossas cabeças?

      “Teve José um sonho, que contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais.
 Gênesis 37.5
      “Mas por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu lhe contei o sonho...
 Daniel 4.8
      “E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo“ 
Mateus 1.20
      “E, estando ele assentado no tribunal, sua mulher mandou-lhe dizer: Não entres na questão desse justo, porque num sonho muito sofri por causa dele.” 
Mateus 27.19

      O ser humano pode sonhar, e acordado, assim imagina possibilidades de vida que lhe dão alegria, prazer, respeito, mas também pode reter dores, lembranças de violências, de frustrações, de desafetos. A cabeça do homem é criativa, converte em palavras, em textos, assim como em música e em imagens, as emoções, os amores e os ódios, a arte é a realização do imaginário, não é o real, mas o que se deseja que seja. Mas a mente do homem também acredita, e não existe nada mais pessoal que fé, acredita nas pessoas, em si mesma, a acima de tudo, num Deus, maior, bondoso, poderoso, misericordioso, que a aceite, a salve, a proteja, a perdoe, mesmo quando nada na realidade pode fazê-lo.  
      Os materialistas, céticos, ateus, dizem que Deus é uma invenção da cabeça humana, a psicologia pode alegar isso, eu disse pode, já que muitos cientistas e psicoterapeutas têm a humildade de ainda que Deus não possa ser provado de existência, não deve ser duvidado de não existir, e que fé nele pode, sim, ajudar as pessoas de maneiras incríveis. Seja como for, o cérebro humano é o órgão mais misterioso do corpo físico do homem, ainda não se entende seu pleno funcionamento e muito menos a relação e interação dele com toda a subjetividade do ser humano, com os pensamentos, os sentimentos, as memórias, e mesmo com os conceitos “alma”, “espírito” e “deus”.
      Quem pode entender a origem e a razão dos sonhos durante o sono, quando nosso físico e nosso consciente relaxam e nos permitem visualizar, ouvir, sentir, e às vezes até experimentar outras sensações? São apenas nosso subconsciente trazendo à tona experiências que guardamos da nossa realidade, mas que de alguma maneira não digerimos direito de forma consciente? É o nosso ser tentando resolver assuntos que nos dizem respeito, mas que de alguma forma não quisemos resolver? É só isso, como afirmam psiquiatrias e psicologias, ou é algo mais? Podemos ter, de alguma maneira, experiências espirituais durante o sono, nos relacionarmos com entidades fora de nós, com Deus, termos revelações do futuro?
      A ótica cristã menciona comunicação espiritual por sonhos, personagens bíblicos tiveram essa experiência assim como podemos tê-la hoje, como um dom do Espírito Santo. Mas quando acaba uma experiência meramente psicológica e começa uma espiritual? E ainda que não seja com o Espírito Santo, com influência de maus espíritos, sim, porque demônios e diabos também podem nos atormentar durante o sono. Os textos iniciais relatam dois homens de Deus especiais em ter e interpretar sonhos, José e Daniel, depois cita José, esposo de Maria, mãe de Jesus, que em sonho recebeu a visita de um anjo de Deus, por fim narra a experiência da esposa de Pilatos, que diz que em sonho sofreu por Jesus.
      Em cada sonho dos textos iniciais uma experiência diferente é registrada, a José eram revelados mistérios de sua vida e de sua família, a Daniel mistérios de Babilônia e do mundo, a José um segredo que naquele momento talvez só Maria soubesse, finalmente à esposa de Pilatos, que não é citada como uma mulher com alguma intimidade com Deus, tem o sonho que mais me chama a atenção. Ela simplesmente sofreu por Jesus, deve ter tido um daqueles pesadelos que nos deixam desconfortáveis e que não sabemos o porquê. A esposa de Pilatos, excluindo o fato de ser mulher de um líder romano na Palestina, nos parece ser uma pessoa comum, mas que teve naquele momento um conhecimento diferenciado através de sonho.
      Eu creio em Deus, sou salvo por Cristo, o Espírito Santo me habita e tenho procurado dar liberdade a ele, por outro lado penso que somos muitos mais que matéria física, e que nossas almas e nossos espíritos têm conhecimentos e comunicações que vão além de nossos relacionamentos sociais com outras pessoas em estado consciente. Contudo, tenho cuidado, provo os sonhos, quando acho que tive um sonho um pouco, digamos assim, diferente, peço orientação a Deus, oro, por mais forte que seja o sentimento logo quando acordo de um sonho assim. Sentimento de sonho “diferente” pode ficar conosco por um tempo, mas se for sonho espiritual permanece por muito tempo e de fato terá ligação com a realidade.
      A mente do homem, contudo, é complexa e complicada, desconhecida mesmo para nós que a levamos, só Deus para nos ajudar, assim não dê atenção exagerada a qualquer sonho, e mesmo que for um sonho “diferente”, prove-o de forma consciente e racional diante de Deus. Sonhos estranhos podem também ser consequências de vidas “estranhas”, de uso de álcool, drogas, mesmo de remédios, e nesses casos mais cuidado ainda temos que ter, mas por outro lado, não desprezemos sonhos. Se estivermos em comunhão com Deus e em sanidade emocional, Deus pode, sim, falar conosco através deles, assim como podemos ter através deles experiências espirituais bem reveladoras, mas sempre com muito cuidado.

10/09/20

Tudo tem um fim

      “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viveráJoão 11.25

      Tudo tem um fim, mas não precisa ser com morte, seja morte do que for, onde for ou quando for. O ser pode morrer várias vezes, mas o salvo por Jesus, iluminado pelo Espírito Santo e em comunhão com o Deus altíssimo, não morre nunca, mas vive e revive, numa renovação eterna e sempre para o alto da luz maior e melhor. Quem é vivo experimenta passagens de momentos, não mortes, pois Deus o protege de dores mortais, sejam no corpo, na alma ou no espírito. Morre-se na cabeça, na alma que não venceu a dor, a solidão, a culpa, o rancor, que não conseguiu mais criar boas expectativas, esperanças, por mais distantes e ilusórias que fossem. O morto emocionalmente não sonha, não sonhar é morrer. 
      Morre-se no corpo, quando se leva junto a morte do espírito que morreu na alma antes de mudar de plano, o que morre em Cristo terá de Deus uma passagem em paz, não violenta, o que morre em Cristo nem o findar do funcionamento de seu corpo será morte. O corpo só morre sem Cristo, com Cristo apenas liberta o espírito para a eternidade melhor. A morte espiritual, impossível de ser desfeita no plano espiritual, aquela que leva ao inferno, é decretada no juízo final por Deus, quando, então, não haverá mais nenhuma chance de se viver, assim o único caminho para o ser é morrer. Morte sempre é sofrimento, sofrimento é morte, eterno enquanto dura, trevas profundas, ausência de vida ou de esperança de vida.
      O céu, o paraíso, o melhor de Deus na eternidade, é a antítese da maior e derradeira morte, que ocorre na última instância do ser no universo. Contudo, não cair nos laços da morte no plano físico, implica em reconhecer e conhecer os momentos, deixá-los terminar e buscar em Deus e com esperança que novos momentos comecem. Quem entende momentos como degraus, como passagens, não prova a morte, mas esse entendimento deve ser mais que intelectual e emocional, deve ser espiritual. É preciso aproveitar bem os momentos, vasculha-los e possuí-los até o último instante, ao mesmo tempo que não se deve prender-se a eles, nos prendemos quando apequenamos o olhar, quando nos tornamos egoístas e incrédulos.
      Na verdade, quando entendemos um momento, nós o vemos e quando vemos não existe mais desafio de fé, assim é preciso deixar esse momento e partir para outro, pela fé. Esse é o processo de evolução espiritual, de crescimento como ser, de maturidade em Deus. Por que é assim? Porque esse é o caminho do espírito humano no Espírito de Deus, não o andar do corpo, da alma, que são passageiros, mas do sopro eterno de Deus em suas criaturas mais formidáveis, os seres humanos. Só não haverá mais fim quando estivermos no “ceio de Abraão”, no mais alto e iluminado dos céus, aquele lugar, momento e estado de espírito, que só Jesus pode nos colocar. Tudo tem um fim? Jesus, não, assim, estejamos nele.

09/09/20

Servos, soldados ou advogados? Amigos e testemunhas

      Podemos achar na Bíblia argumentos para diferentes posicionamentos que os filhos de Deus tomaram e tomam em relação a como fazem a vontade do Senhor. Em algumas situações bíblicas o povo de Deus é chamado de exército do Senhor, soldados do altíssimo, isso vemos bastante no antigo testamento, em outras situações o povo de Deus é denominado servos do Senhor, vemos isso muito no novo testamento. Atualmente, na prática, num momento quando há mais liberdade religiosa, quando cristãos de nome representam grande parte da sociedade, quando evangélicos detêm cargos importantes na política e até são celebridades na mídia, dentro do entendimento equivocado de que um nação física deste mundo pode ser integralmente de Cristo, muitos se colocam enfaticamente como advogados de Deus. Muitos agem como se tivessem carta de procuração do Senhor para falarem e fazerem coisas em nome dele. Como dito no início, todos esses termos e funções têm seus lugares legítimos no tempo e no espaço, mas qual é o mais adequado à doutrina central da Bíblia, ao nível mais alto da vontade de Deus para os homens no mundo?
      Amigos e testemunhas, eis os posicionamentos que Deus espera de seus filhos maduros, isso conforme a visão do evangelho de Jesus. “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.” (João 15.15). “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (Atos 1.8). Qual a diferença entre ser amigo e testemunha de ser servo, soldado ou advogado? A diferença é a essência do evangelho, que apresenta um Deus tomando a iniciativa, descendo, vivendo, morrendo, ressuscitando e salvando o homem em Jesus, para então viver no homem pelo Espírito Santo. No antigo testamento esse princípio já havia sido ensinado, em textos como, “nesta batalha não tereis que pelejar, postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém, não temais, nem vos assusteis, amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco.” (II Crônicas 20.17).
      Infelizmente, a coisa ruim por trás de gente que quer valer seu ponto de vista no papel de servo, soldado e advogado, é o uso de um certa violência para impor o evangelho, sendo assim mais maquiavélicos que cristãos, à medida que acham que o fim justifica os meios. Muitos pensam assim, “se defendo o evangelho, a única maneira de salvar o homem do inferno, o caminho, a verdade e a vida, tenho o direito de usar os meios que posso, pelo menos no mesmo nível dos meios que os que se opõem ao evangelho usam para fazerem valer seus pontos de vista”. Isso é uma interpretação superficial das verdades divinas, pô-las só como o oposto das mentiras das trevas, bem, a vontade de Deus não é oposto das escolhas oferecidas pelo diabo, da mesma maneira como Deus não é o oposto do diabo. Deus é muito mais que um antagonista do mal, Deus é tudo, e o diabo apenas um escolha, que ganha legitimidade se o homem opta por ela. Assim, se enganam os que acham que podem usar para compartilhar o evangelho as mesmas armas que os que não conhecem a Deus pelo evangelho usam para compartilhar o que acreditam. Aos espirituais cabem armas espirituais, não carnais, por mais civilizadas que essas sejam, por mais “democráticas” que se apresentem.
      Não somos soldados numa batalha de igual para igual contra o mal, na verdade não há batalha, Jesus já a venceu, há apenas um deixar que Deus mostre a vitória, enquanto nós que nos dizemos cristãos, testemunhamos tudo para relatar depois aos homens, não como advogados, mas como testemunhas. Sim, temos um trabalho neste mundo, o de crer e viver como justificado, numa existência honesta como cidadãos exemplares, mas é Deus quem luta as guerras espirituais. Esse entendimento, todavia, têm os amigos, não os servos, os servos, ainda que com um senhor mais excelente, apenas obedecem, cegamente, já os amigos têm intimidade com alguém, e esse alguém, ainda que um Senhor divino e superior, revelas as verdades a seus amigos. Atualmente no Brasil, esses que se colocam como soldados querendo impor o cristianismo, ainda que debaixo do comando de um presidente que se diz “cristão”, cometem um enorme equívoco, lutam uma batalha tão tola quanto inútil, no mínimo agem como crianças imaturas, servos de homens e não de Deus, mas numa instância maior, fazem o jogo das trevas e colaboram para desacreditar o cristianismo. 
      Essa é a grande estratégia do inimigo por trás do que muitos cristãos estão sendo levados à fazer atualmente no Brasil, desacreditar o cristianismo, que hoje é defendido por extremistas morais, construindo o cenário que entregará no futuro o país nas mãos dos maiores inimigos do cristianismo, mas que serão a única opção aparentemente equilibrada. Infelizmente muitos protestantes e evangélicos brasileiros não estão percebendo isso, e se tentamos alerta-los a respeito eles nos acusam de termos sido convencidos pelo outro lado, ou de sermos “isentões”. Eles não entendem que a melhor maneira de destruir alguém não é impedi-lo de fazer algo, mas levá-lo a fazer algo de forma exagerada, extremista, assim ninguém o destruirá, nem seus antagonistas, mas ele mesmo. Infelizmente os cristãos pararam de lutar contra as trevas, lutam contra eles mesmos, contra suas heresias, seus radicalismos, suas mentiras, ainda que digam, “e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (é triste ver João 8.32 ser usado de maneira tão inadequada). Não concorda com isso? O tempo dirá. 

08/09/20

Vida sem editorial

      Editorial é aquela seção de um jornal ou revista onde não existe o relato de um fato objetivo, mas a opinião sobre um fato dada pela empresa, seja jornal ou revista, no papel de seu editor, editorial não é a verdade mas um ponto de vista dela, é subjetivo, relativo à posição e gosto de alguém que viu o fato. É ético uma empresa deixar claro quando não está relatando um fato, mas emitindo um editorial, é honesto, principalmente com os mais limitados em termos de informação e formação, que sem saber podem interpretar um editorial como fato. Algumas empresas da mídia, publicadoras e redes de televisão, em seus jornais e revistas, contudo, não têm tido essa transparência atualmente no Brasil, assim fazem de seus produtos completos editoriais, manipulando os fatos, enganando as pessoas, criando o pior tipo de “fake news”, as verdades em parte, que tem na outra parte, mentiras.
      Cuidado, o pior tipo de “fake news” não são os boatos ou mentiras disseminados anonimamente pelas redes sociais, que duram só algum tempo, ainda que mesmo assim possam fazer um mal tremendo. O pior tipo é aquele que dá ênfase a um ponto do fato, que é real, mas que não é o ponto principal, que distorce a verdade principal e convence as pessoas por não se mostrar como parte, mas como todo. Quer um exemplo? Tomemos a história bíblica de José fugindo da mulher que queria adulterar com ele (Gênesis 39), ele teve que deixar as próprias roupas para não cair no pecado. Mas enfatizar na história o fato de José ter fugido sem roupa, dizer que com isso ele faltou com o pudor, que poderia ter sido visto por crianças e violentar de alguma maneira, mesmo que só no olhar, esses inocentes, não informando que ele fez isso como defesa de um pecado maior, bem, isso é um tipo de “fake news”.
      Isso é o que importantes e grandes empresas da mídia têm feito atualmente no Brasil e no mundo, mostrado até parte da verdade, que é fato, mas que não é a verdade principal, é no máximo um ponto de vista limitado e manipulador que tem como objetivo desmerecer, no exemplo, José, e proteger a mulher adúltera. O cristão, todavia, desde há muito tempo, acostumou-se a entender o evangelho, a vida cristã, através de editoriais, seja de papas, padres, pastores, teólogos, e não pelo fato. Qual é o fato indiscutível do cristianismo? É Cristo e esse só pode ser ensinado hoje através do Espírito Santo, contudo, como os evangélicos preferem as Bíblias comentadas, que têm se multiplicado nos dias atuais, existem toda a espécie de Bíblias, com títulos diferentes, para homens, mulheres, jovens, crianças, para missionários, empresários, enfim.
      Ninguém precisa ser um teólogo consagrado pela maioria, basta fazer algum sucesso na “mídia evangélica” que já tem direito à opinião, a inventar uma nova moda. Muito editorial, pouco fato, muito homem, pouco Espírito Santo, quando delegamos aos outros o direito de pensarem por nós, desses nos tornamos servos, assim os cristãos se tornam escravos de homens e não amigos de Deus. É tempo de encarar os fatos da existência, todas as realidades, de nossas vidas, de nossas famílias, de nossas igrejas, de nosso país, de nosso planeta, sem editoriais, sem atravessadores intelectuais, sem medo, sem ilusão, voltarmos a Deus e aprendermos diretamente do Espírito, em nome somente de Jesus Cristo. Repetindo o texto tão (mal) usado atualmente em nosso país, e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8.32), a verdade só pode vir do Deus altíssimo, de mais ninguém.