28/12/20

Com o tempo aprendemos

      “Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.Provérbios 3.7

      Duas coisas podemos aprender com o tempo, a primeira é, o único responsável por nós somos nós mesmos, e a segunda é, obedecer a Deus é sempre a melhor escolha. Alguns só aprendem a primeira coisa e outros só se atentam à segunda, assim olham só um dos lados da moeda, contudo, só vivendo as duas coisas com equilíbrio podemos amadurecer. Talvez você ache que só a primeira coisa seja necessária para que encararemos a realidade dura do mundo e possamos conquistar nosso lugar ao Sol, contudo, você pode achar que só a segunda coisa baste, afinal isso é confiar no Deus que pode nos dar o lugar melhor na eternidade espiritual. Entretanto, ambas as coisas se completam e uma acha razão de ser na outra à medida que contemplam a totalidade do ser humano, corpo, alma e espírito.
      Crescer é adquirir independência, afetiva e material, assim nos desligamos de pai e mãe, construímos uma profissão e uma nova família, onde de filhos passamos a ser pais. Entender essa independência é nos entender como ser humano, e ainda que tenhamos ajuda de pais por muito tempo ou auxílio de amigos sempre, não devemos depender deles, nem tentar substituí-los por outras pessoas, como professores, chefes ou pastores. O ser humano é intrinsecamente solitário, essa é a mais difícil verdade, ainda que bem casado ou cercado de amigos fiéis, há dores, e não poucas e passageiras, que nunca passam e que ninguém pode resolver. Precisamos nos olhar bem, nos aceitar, nos respeitar, nos pormos de pé e enfrentarmos um novo dia, que sempre vem, com trabalho insistente e esperança renovada. 
      Escolher Deus para conhecer e confiar é assumir a integralidade de nossos seres, e a parte principal, a que vive eternamente. Não deveria ser algo opcional, ainda que Deus em sua graça dê ao homem livre arbítrio para que esse creia ou não nele e creia da maneira que achar melhor, direito que como criaturas temos a obrigação de dar a todos. Talvez a única obrigação que de fato temos é a de não obrigar ninguém a nada. As sociedades têm leis cívicas que protocolizam as relações, viabilizam paz e justiça para todos, mas ninguém deve ser obrigado a crer em Deus. Mas eu eu disse que isso não deveria ser opcional, porque ninguém perde nada crendo e confiando em Deus, ao contrário, só ganha, porque isso é alimentar não só o corpo, mas também o espírito que todos nós temos. 
      Não, a vida não se resume a seguir orientações científicas, é preciso buscar o divino e estar em paz com ele, meus caros amigos ateus e materialistas. Contudo, a vida não é só crer cegamente em orientações religiosas desprezando a ciência, é preciso ouvir o que a medicina, a física, a biologia, a matemática etc, têm a dizer, meus queridos amigos crentes mais extremistas. A moeda tem dois lados, quando tomamos uma, nos apossamos dos dois lados, ainda que tentemos deixá-la virada para não vermos o lado que por algum motivo nos incomoda. Muitos se incomodam com religião porque creram em falsas religiões ou creram erradamente em Deus, outros se incomodam com a ciência porque foram enganados por falsos cientistas ou porque não seguiram corretamente a verdadeira ciência. 
      Mas com o tempo, se tivermos bom senso e humildade, podemos prender que o único responsável por nós somos nós mesmos, e obedecer a Deus é sempre a melhor escolha. Sábio os que ouvem os sábios, e muitas vezes sábios que divergem bastante em certos assuntos da maneira como entendemos a vida. Sábio o que ouve a todos, mesmo os que aparentemente parecem menores, corpos cansados e sem condições de terem as melhores roupas podem conter espíritos sábios. Sábios os que aprendem mesmo com os arrogantes, que se tornam orgulhosos de si mesmos por saberem mais sobre isso ou aquilo, mas que ainda assim sabem mais sobre algo e podem nos ensinar. Sábio o que não despreza o cristianismo pelo passado católico ou pelo presente protestante, mas que procura Jesus e acha, puro, eterno é maravilhoso. 
      Eu disse no início que as duas coisas estão ligadas, sim, porque Deus oferece perdão por Jesus mas só se apossam disso com efetividade os que se assumem como pecadores. Esses não colocam a culpa de seus erros na sociedade, na família ou mesmo em Deus, mas em si mesmos. Diante de Deus, cada um de nós é o único responsável por si, ainda que possamos sofrer violência de alguma espécie de fora de nós. Por outro lado, existe muita coisa que a ciência não provou se existe ou se não existe, assim a possibilidade “Deus” é científica. Quem crê em Deus, do jeito certo, com equilíbrio e sabedoria, não vai contra a ciência, mas permanece aberto para um poder que se manifesta de maneiras que ciência ainda não pode provar, mas que interferem, sim, no plano físico, quem viveu um pouco sabe disso. 

27/12/20

Calma, ainda não acabou

      “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus CristoFilipenses 1.6

      Penso que ocorre com todos, mas às vezes passamos um tempo numa busca intensa pelo Senhor, levados por alguma decisão difícil que temos que fazer ou simplesmente por uma libertação que nos fará mais santos. Algo que diferencia um verdadeiro filho de Deus, convertido e nascido de novo, é o desejo de ter uma vida moral de qualidade, assim como a consciência de que é preciso saber a vontade de Deus para suas vidas para poderem ser felizes e vitoriosos. Mas depois de momentos assim, propiciados e incentivados por razões pessoais ou pela visão das igrejas locais que frequentamos, podemos nos sentir cansados, até vazios, parece que escalamos uma montanha, alcançamos seu pico e depois voltamos ao chão.
      Calma, sentir-se assim, não é pecado, é apenas o nosso corpo mostrando seus limites, assim “vigiai e orai, para que não entreis em tentação, na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca“ (Mateus 26.41), ninguém, neste mundo, consegue estar no pico espiritual o tempo todo, mas todos podemos vigiar, quando estamos no chão, no nível mais normal, para não pecarmos e não descermos abaixo dele, se tivermos lucidez e humildade conseguiremos fazer isso. Nosso espírito no Espírito Santo está sempre pronto, Deus sempre tem as portas espirituais abertas para nos, mas neste plano vivemos encarnados, assim respeitemos isso aliás respeitar isso também é uma prova para sermos melhores e mais espirituais.
      Tenha certeza de uma coisa, se tua busca foi de fato para conhecer o Deus verdadeiro e sua real vontade para sua vida, algo foi iniciado em você, algo que será completado, nesta tua existência neste mundo, isso é promessa do Deus altíssimo! Não se desespere, nem se frustre, se em algum momento se sentir sem objetivo, sem forças, parecendo que está retrocedendo naquilo que já conquistou em sua vida, “disse-lhe o seu senhor: bem está, bom e fiel servo, sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei, entra no gozo do teu senhor” (Mateus 25.23), seja fiel na unção menor, apesar de parecer pequena, não é menos importante que a maior. Tempo de chão é tempo de descanso para o corpo, o sábio entenderá isso, só Deus é tudo e sempre.
      Respire fundo, descanse um pouco, ainda que continue desempenhando suas atividades de sobrevivência no mundo, trabalho, estudos e outras responsabilidades, tenha cuidado, não é bom estar em jejuns e buscas espirituais o tempo todo, não é bom para o corpo nem para a alma. O Santo Espírito do Deus verdadeiro sempre nos conduz a um equilíbrio entre corpo, alma e espírito, Deus nos trata como um todo, isso nem é um delimitador, mas tem um motivo mais alto. Esse motivo explica porque temos que ter um tempo curto de existência no plano físico, encarnados, porque estamos aqui, ainda que desejando o plano espiritual, buscando seus valores, nos preparando para a melhor eternidade de Deus em Cristo Jesus.
      Digo mais a você, meu querido e minha querida, o que vem é ainda mais alto que o que você já experimentou, se no mundo o corpo envelhece e a alma se entedia, nosso espírito no Espírito Santo sempre se renova, a aventura com Deus sempre fica melhor. O que entender isso achará nos limites do plano físico não impedimentos, mas desafios, únicos, decisivos assim como pessoais, exclusivos para cada um de nós, compreendermos isso se nos mantivermos focados no que Deus Altíssimo ainda tem para nos mostrar, e em mais nenhum outro lugar ou tempo. Olhe para Deus e para frente, busque a vida, Deus não tem para nós a morte, mas só uma passagem de plano, Deus é vida e vida eterna que existe em conhecê-lo. 

26/12/20

Cumpra tua missão com alegria

      “Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte, e aos teus tabernáculos. Então irei ao altar de Deus, a Deus, que é a minha grande alegria, e com harpa te louvarei, ó Deus, Deus meu.Salmos 43.3-4

      Você sabe que entendeu sua missão nesta vida quando a cumpre, sem ficar inventando desculpas para não cumpri-la, e você faz isso até com facilidade, sim, porque se Deus comissiona ele capacita. Somos capacitados por uma vida inteira, nosso nascimento, nossa criação familiar, nossas habilidades intelectuais e físicas, nossos estudos e experiências profissionais, tudo o que vivemos antes de nossas conversões oficiais ao cristianismo é depois, nas áreas seculares e depois disso pela nossa conversão, pelos dons espirituais, pela nossa experiência ministerial em igrejas. Mas a capacitação de Deus não é apenas espiritual, engana-se quem pensa assim, ela é a determinante, mas expressa-se mediante tudo o que somos, e somos mais que espíritos selados com o Espírito Santo, pelo menos neste mundo. 
      Contudo, não basta fazer, mesmo fazer bem feito, sabemos que entendemos nossa missão maior quando descobrimos a alegria, a satisfação que temos em exercê-la, e isso independentemente de qualquer coisa, de frutos visíveis em curto prazo, de retorno financeiro e mesmo, como tanto já tenho dito aqui, de aprovação das pessoas. Sim, confesso tenho falado muito sobre esse último aspecto nas reflexões recentes, porque é uma experiência que tenho vivido com muita clareza nos dias atuais, fazer o que tem que ser feito com alegria e não esperando que ninguém reconheça isso. Não é masoquismo, baixa autoestima, ou qualquer espécie de ferida emocional, é maturidade e acima de tudo uma confiança muito grande de que ser aprovado por Deus basta, é suficiente, e Deus, creiam, é o melhor dos senhores.
      Mas é importante que entendamos que só achamos essa alegria quando entendemos o quanto Deus nos basta, e muitos, mesmo religiosos, mesmo cristãos, mesmo pregadores, pastores e ministros, trabalham muito no que eles chamam de “obra de Deus”, mas ainda fazem o que fazem esperando reconhecimento, em alguma instância, de homens, não puramente de Deus. Isso um dia dá errado, e quando dá, ainda que seja no final da vida, temos duas opções, ou nos voltamos de fato para Deus e para entendermos a missão que ele tem para nós, ou nos rebelamos, ainda que sem assumir isso diante dos homens. Muitos se rebelam e sem a humildade devida colocam a culpa, repito, ainda que não assumam isso, em Deus, tomam Deus como um senhor injusto que não recompensou o esforço que eles fizeram por toda uma vida.
      Rebeldes não aceitam que se frustraram porque serviram senhores errados, não a Deus, mas entender isso pode ser difícil, pode ser ter que reconhecer toda uma existência focada no engano, aceitar que se construiu uma morada sobre a areia, não sobre a rocha. Confesso que sempre quis servir a Deus, mesmo não estando preparado afetivamente, mas por muito tempo esperei que os homens reconhecem, não a qualidade de meu trabalho, mas a legitimidade dele, não importa, era engano do mesmo jeito. Só recentemente minha ficha caiu, e quando eu achava que não viveria mais novidades, tive um novo despertar e para a mais alta iluminação espiritual, entendi finalmente minha missão. O principal desse entendimento é a consciência tranquila de que preciso só de Deus, e de mais ninguém, para fazer o que devo com alegria.

25/12/20

Alegrai-vos no Senhor!

      “Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano.
      Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. 
      Por isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão. Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento. 
      Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti. O ímpio tem muitas dores, mas àquele que confia no Senhor a misericórdia o cercará.
      Alegrai-vos no Senhor, e regozijai-vos, vós os justos; e cantai alegremente, todos vós que sois retos de coração.” 
Salmos 32

      As pessoas podem procurar motivos para se alegrarem que justifiquem festas e comemorações, e nada de errado há nisso, contudo, o melhor motivo de todos, pelo qual deveríamos estar muito felizes sempre, que pode justificar qualquer celebração é um só: sermos perdoados por Deus, disso advém todas as outras bençãos. Entretanto, podemos nos acostumar de tal maneira com pedir e receber perdão que não percebemos mais a importância disso, o quanto custou a Deus e o quanto nos oferece como direitos. Não, meus queridos, culpa não é coisa de gente fraca, mas de gente viva, que ainda tem sensibilidade para se sentir mal quando erra e tem humildade para ir até Deus para receber perdão. Comemore, um novo ano se inicia, mas lembre-se sempre, sentirmos a necessidade de pedir e termos o privilégio de receber perdão, são coisas que só o Espírito Santo pode produzir em nós, feliz o homem que nunca deixa de experimentar essas coisas, ele vence a morte em Cristo e está pronto para a melhor eternidade com Deus. Bom 2021 a todos!

24/12/20

Um natal diferente em 2020?

      “Quanto a mim, tu me sustentas na minha sinceridade, e me puseste diante da tua face para sempre. Bendito seja o Senhor Deus de Israel de século em século. Amém e Amém.Salmos 41.12-13

      Nos acostumamos com nos acostumar, é do ser humano encontrar uma rotina e achar nela uma zona de conforto. Sim, dia vinte e cinco de dezembro é só um costume católico advindo de uma festa pagã, não é dia real do aniversário de Cristo homem, e não vou refletir novamente sobre isso aqui. Mas seja como for é o dia festivo coletivo, diferente de nosso aniversário pessoal, mais esperado, celebrado do ano, principalmente no mundo ocidental, empatando com o réveillon. 
      É só as lojas começarem a fazer anúncios na TV no mês de novembro, é só vermos o primeiro homem fantasiado de papai Noel, que nossos corações se enchem de um sentimento diferente e delicioso e já pensamos em armar a árvore e os outros enfeites coloridos e iluminados. Também começamos a comprar os presentes e nos prepararmos para as festas de amigo secreto, contudo, é na ceia, à meia noite do dia vinte e quatro, onde concentramos nossos maiores esforços, preparativos e gastos. 
      Comida, bebida e família, coisas que a maioria só usufrui nessa data, até nos esquecemos de diferenças sociais, achamos sorrisos que não tivemos por todo o ano, ficamos mais complacentes, mesmo, espirituais. No almoço do dia vinte e cinco ainda haverá em nós afeto na alma e espaço no estômago para o resto de peru e espumante, ainda que tenhamos dormido pouco na passagem, assistindo na TV filmes norte-americanos que nos fazem desejar uma realidade que não é a nossa.
      Mas será como sempre foi o natal de 2020, um ano que não existiu? O certo é que os sensatos vão se adaptar ao “novo normal” e os tolos vão se arriscar fazendo de conta que tudo está como sempre foi. O que vai acontecer depois de uma semana da festa natalina pode ser mais que o réveillon, pode ser a tristeza de ver que alguns adoeceram por conta da insensatez. Mas quem sabe? Ninguém imaginava que teríamos um ano como esse, e a doença ainda tem surpreendido mesmo aos profissionais.
      O certo é que o Cristo Deus ainda salva, ainda perdoa, ainda consola, ainda está no céu e nos corações dos novos nascidos, não no presépio, não no crucifixo, não nas imagens de esculturas ou figuras, não no dia vinte e cinco de dezembro, só porque as pessoas festejam. O certo é que mesmo que não saibamos como será o futuro do mundo, podemos ter certeza de estar na melhor eternidade espiritual de Deus se nos convertermos a ele, com humildade e fé, permitindo que o aniversariante nasça em nós. 

23/12/20

Amor: nunca falha!

      “O amor nunca falhaI Coríntios 13.8a

      Muitas vezes nós dizemos, “eu até queria amar aquela pessoa, mas ela é tão difícil”, assim acabamos arrumando um álibi para não amar, e um bem convincente, visto que joga a dificuldade no outro, não em nós. Mas o texto inicial, o final da reflexão icônica sobre amor, diz simplesmente, o amor nunca falha, assim, temos que fazer uma pergunta ao apóstolo-teólogo Paulo: como pode ser assim? O amor não falha quando procura algo para ser amado, quando busca em alguém algo de bom, quando insiste em enxergar o lado positivo de alguém, bem, pelo menos isso temos que amar nas pessoas. 
      As pessoas sempre têm um lado bom? Sim, pelo menos a grande maioria que Deus nos orienta amar, parentes, irmãos de igreja, colegas de serviço e da escola, com certeza tem, a questão é nos darmos ao trabalho de procurar, aliás, o mesmo trabalho que desejamos tanto que os outros tenham conosco para nos amar. Quantas vezes dizemos, “poxa, essa pessoa não me conhece e me julga, não sabe quem sou eu de verdade e me condena por um deslize, que definitivamente não me representa, que injustiça”, pois é, os outros também têm as mesmas necessidades, os mesmo direitos, ou não têm? 
      Procurar algo de bom não é ser fantasioso, não é ignorar a realidade, não é passar a mão na cabeça de alguém errado, mas é ter um espírito benigno que abençoa as pessoas, que quer o bem de alguém, que vê esperança e vitória de alguém à medida que esse alguém usa suas qualidades de maneira construtiva. Isso que foi descrito é amor, é livrar, não prender, é acreditar, não condenar, é defender, não acusar, é buscar uma maneira de não permitir que o amor falhe, por quê? Porque o amor maior vem do Espírito Santo de Deus, deixá-lo agir é glorificar ao Senhor, é obedecer ao pai celestial.
      Achar qualidades é jogar luz na vida de alguém, e só pode usar a luz que tem a luz, já achar defeitos é manter em trevas, que está em trevas quer que as trevas sejam mantidas, em sua vida e nas vidas dos outros, porque assim a verdade não é mostrada. Verdade escondida beneficia o que quer continuar errado porque esconde seu erro e mantém o erro do outro, “a tristeza adora companhia”, quem está mal gosta de ver os outros também em situação ruim. Seja luz, ame a luz, ilumine os outros, ame os outros, assim o Deus de toda a luz iluminará tua vida e te guardará em seu amor para sempre. 

22/12/20

Amor: às vezes dói...

      “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.I Coríntios 13.7

      Quem não sabe receber uma palavra não tão delicada sem dar resposta à altura e à queima roupa, nunca aprenderá o caminho do amor. Dar amor de verdade pode doer, principalmente quando é dado a pessoas que temos que conviver mais proximamente e tratar bem, como parentes próximos. Não me refiro aqui a aceitar relacionamento abusivo, não é isso, violência de fato deve ser identificada, corrigida e se não for possível ser retirada, deve ser mantida à maior distância possível. Me refiro, contudo, a relacionamentos comuns do dia a dia, onde ainda assim podemos não ser tratados do jeito que realmente gostaríamos, e que achamos que merecemos visto que tratamos com cuidado, ainda que nossa dificuldade seja mera carência.
      As pessoas da minha geração sabem que nossos pais nos tratavam diferentemente do jeito que filhos são tratados hoje, e me refiro novamente a famílias equilibradas, sem violências, o fato é que nós aceitávamos certas coisas como normais, construímos vidas e valores sobre um já antigo jeito de se criar filhos. Antigamente nós não tínhamos direitos que hoje parecem até bobagens, não levantávamos a voz para os mais velhos, sim, podíamos não concordar e não gostar, mas não reagíamos na cara de quem nos opunha. Eu tentei desde o nascimento de minhas filhas dar a elas o que sinto não ter recebido, assim hoje, com elas já jovens, vejo como me tratam diferentemente do jeito como eu tratava, principalmente, meu pai.
      O lado bom é que essas novas gerações são mais seguras para dizerem o que pensam, não se reprimem, isso é benéfico para elas em muitas áreas. Mas isso não impede minhas filhas, por exemplo, de cumprirem com qualidade suas obrigações como jovens, que na área profissional por enquanto se limitam aos estudos, elas não são mal educadas, respeitam professores e colegas, dão bom testemunho. Contudo, confesso que às vezes tenho que engolir uns sapos, ouvir opiniões e me calar, dando a elas mesmo o direito de errar, afinal não são mais crianças, mas entender que devo amar, abrindo mão de carência que eu mesmo ainda tenho como filho, e o que me fortalece como pai para com Deus construir a quatro mãos seres humanos. 
      Lucas registra que devemos amar ao próximo como a nós mesmos, ao que alguém pergunta a Jesus, mas quem é meu próximo? (Lucas 10.27-29). A palavra próximo nos remete ao pragmatismo tão presente na Bíblia, que nos leva a viver o evangelho na prática de forma objetiva, sem ficarmos viajando em filosofias ou nos orgulhando em caridades à distância. Talvez as pessoas mais difíceis de amarmos sejam justamente aquelas que mais somos chamados a amar, os nossos próximos, não existem pessoas mais próximas a nós que nossos parentes, principalmente cônjuges e filhos. Dessa forma não adianta ser um gentleman na rua, e mesmo na igreja, e ser um estúpido em casa, como dizem por aí, Deus está vendo.