07/03/21

Interagindo com as águas (2/2)

      “E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.Apocalipse 22.1

       Nossa interação com as águas sobe de nível quando usamos ferramentas que nos ajudam a ter mais autonomia e facilidade para nos mover nelas. Nesta segunda parte da reflexão que comparamos as águas com o mundo espiritual, as ferramentas são os dons do Espírito, que compararemos ao uso de planchas e barcos para nos movermos nas águas. Usando planchas podemos nos equilibrar sobre a superfície, sem afundar, gastando menos energia que nadando e com a ajuda do vento nos movimentarmos. Essa experiência pode parecer entregar uma interação menor com as águas, mas não é, ela nos permite não só sentir de forma passiva a água em nosso ser, como ocorre quando nadamos, mas nos movermos sobre a água de forma ativa. Entenda ativa com saber o que está fazendo, de onde veio, para onde quer ir, para, chegando num lugar, exercer um objetivo específico.
      Surfar necessita de uma ferramenta, uma plancha, que fica entre nós e a água, não são todos que têm essa ferramenta ou sabem manejá-la. São necessárias também habilidade e confiança para que acreditemos que podemos nos equilibrar e nos mover com uma plancha. O uso da plancha, contudo, tem um limite, funciona melhor quando vamos em direção à praia, assim surfar sempre nos leva para longe da água e em direção à terra. Se quisermos ter mais experiências com a água precisaremos ter a consciência de que quando chegarmos à praia teremos que voltar e recomeçar o processo. entretanto, apesar de limitado, o uso da plancha pode ser mais seguro para alguns com medo de águas mais fundas. 
      Usar uma plancha é como usar os dons do Espírito em momentos aleatórios, em cultos coletivos e especiais, quando toda a igreja está vivenciando um derramar da unção, essa experiência é poderosa, porém curta, e, digamos assim, primária. Existem ferramentas e formas mais maduras de usá-las, e continuando em nossa simbologia, como um barco a velas. Essa ferramenta usa o vento, mas não para voltar à terra, mas para seguir em direção às águas mais distantes e profundas, o que nos permite ter experiências mais exclusivas e pessoais com a água. Para isso, contudo, é necessário ainda mais habilidade com uma ferramenta mais sofisticada, saber direcionar as velas, conhecer os ventos, não ter medo do desconhecido. 
      Com um barco, mesmo o descanso, pode ser feito sobre as águas, e os que levarem consigo suprimentos adequados poderão passar muito tempo interagindo com as águas, sendo renovados por elas, sem deixá-las. Ter um barco, contudo, não é para qualquer um, um barco custa um preço, e quanto mais sofisticado, quanto mais qualidade de vida sobre as águas ele proporcionar, mais caro será. Muitos cristãos são sinceros e consagrados, mas ainda não aprenderam a usar ferramentas espirituais, contam só com as próprias forças, e o batismo no Espírito Santo, que alguns dão tanto valor, não é o fim, mas só uma iniciação para as ferramentas espirituais que Deus pode dar ao homem para que vivenciem a vida eterna. 
      Nosso barco espiritual tem um preço, ele é adquirido com tempo e esforço para nos aperfeiçoarmos espiritualmente, com oração e adoração, assim como intelectualmente, estudando sobre teologia e espiritualidade, e acredite, existe muita coisa interessante escrita que se muitos lessem seriam libertados de tantos preconceitos e sensos comuns. Mas não basta falar diretamente com Deus e conhecer as experiências de outros seres humanos, é preciso praticar, só a prática conduz à evolução, nos leva a sair de um nível e desejar o próximo, caso contrário ficaremos estacionados. Quem tem um barco e cuida dele desejará sempre novas águas, viagens mais longas e por regiões cada vez mais desconhecidas e instigantes. 
      As experiências dessa analogia não são mutuamente exclusivas, e uma não é melhor que a outra, o cristão maduro aprenderá a vivenciar todas, cada uma no momento adequado, de maneira que não se prenda por tempo demasiado à terra seca, por mais tentadora que seja a realidade material do mundo, ou por mais que a “terra” pareça ser a verdade e as águas espirituais só fantasia ou mesmo loucura. A verdadeira espiritualidade é gradativa e o próprio Espírito Santo sempre nos atrai para mais e mais para dentro de suas águas. Estacionar pode ser risco de vida. Qual o seu nível de interação com as águas do Espírito de Deus? Só molha os pés e já saí correndo? Você tem medo do mundo espiritual ou você é atraído por ele? Muitas vezes somos atraídos ainda que tenhamos medo, e isso é bom, só nos mostra que temos que seguir mas com cuidado, temendo a Deus. 
      Tem muitos que se contentam em se sentarem na praia e ficarem admirando o mar, o acham lindo, sentem-se revigorados só em ficarem horas olhando para ele, porém não passam disso, nunca interagem de fato com o mar. Sabe o que acontece com quem fica muito tempo debaixo do Sol longe da água? É queimado. As águas do Espírito não são salgados nem sujas, são doces, puras e frescas, são o único alimento que pode nos dar vida eterna e nos proteger de perigos fumegantes, assim, interaja com elas. Não precisamos comprar um barco caro logo de cara, mas é preciso dar o primeiro passo, nos submergimos nas águas espirituais e sentirmos a renovação e o refrigério que só Espírito Santo pode dar, depois é só obedecer ao chamado pessoal de Deus.

Reflexão dividida em duas partes,
leia na postagem de ontem a 1ª parte.
José Osório de Souza, 24/11/2020

06/03/21

Interagindo com as águas (1/2)

      “E saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; e mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos. E mediu mais mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; e outra vez mediu mil, e me fez passar pelas águas que me davam pelos lombos. E mediu mais mil, e era um rio, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar.Ezequiel 47.3-5

      Submergir, nadar, surfar ou navegar? Como interagir com as águas do mundo espiritual? Que níveis de interação você experimenta, só boia, já aprendeu a nadar, surfa ou já sabe navegar? Numa reflexão dividida em duas partes, pensemos numa analogia, que compara nossa relação com as águas de um rio ou do amar, com experiências que podemos ter no Espírito Santo e com o mundo espiritual. Deus não quer que você só contemple as águas espirituais, mesmo que as admire, mas que entre nelas, as conheça e nelas encontre vida eterna. O oxigênio para a vida física está no mundo, enquanto no corpo físico não podemos abrir mão disso, isso é algo natural para nós, mas alimento para o nosso homem interior só as águas do Espírito podem dar, isso provamos por escolha e com trabalho. 
      Numa primeira experiência com as águas de um rio ou do mar podemos prender a respiração e simplesmente nos afundarmos, depois podemos até boiar na superfície, comparando com a interação com o Esprito Santo isso significa sentirmos a presença de Deus, por exemplo quando louvamos na igreja, de forma mais passiva, sem muita consciência de como interagir com o mundo espiritual pelos dons do Espírito. Isso é maravilhoso, sentimos o poder do Espírito Santo nos envolvendo, nem sabemos muito como ou porquê, mas sentimos uma grande liberdade para adorar e a presença muito próxima do Senhor. Essa experiência é deliciosa, mas a carne nos limita para que a vivenciemos por muito tempo, o cansaço, as necessidades físicas e mesmo as tentações pedem que subamos à tona ou que paremos de boiar e retornemos à terra firme para respirar. 
      Isso não é ruim, é bom, nos mostra que devemos viver no plano físico com equilíbrio, a espiritualidade no mundo se experimenta com a humildade de aceitarmos e administrarmos os limites, isso nos lembra que somos homens, não deuses. Podemos ter momentos incríveis em vigílias, jejuns e consagrações, mas nunca nos esqueçamos que temos que conviver com a realidade material, temos que trabalhar, nos alimentar, dormir, nos relacionarmos com as pessoas, vivenciarmos família e casamento, por isso não podemos prender a respiração para sempre para submergirmos ou boiarmos. Só na eternidade poderemos ficar na água para sempre, e mais, deixarmos que elas nos penetrem sem que ponham em risco nossos corpos, que não serão mais materiais, mas transformados. 
      Seguindo na analogia, podemos ter uma interação mais inteligente com as águas quando nadamos, nessa experiência não somos passivos mas ativos, com esforço podemos nos mover nas águas para a direção que desejarmos. Espiritualmente podemos interagir com o mundo espiritual de forma mais ativa, isso ocorre quando nos enchemos com a unção não só para sentir um prazer espiritual, mas para agirmos, para pregarmos, para ministrarmos, para entendermos a Bíblia, para exercemos amor com as pessoas. Nadando pomos a cabeça para fora da água, vemos a realidade, e usamos espiritualidade racionalmente para influenciar positivamente o mundo, conseguimos fazer as duas coisas, nos relacionarmos com os dois planos ao mesmo tempo. 
      Essa talvez seja a interação mais equilibrada e mais possível à maioria dos cristãos, ainda que não entregue a experiência espiritual mais profunda, mas é mais duradoura que a primeira, e se soubermos nadar corretamente poderemos ter uma experiência espiritual mais prática e com finalidade de ajudar o próximo, não só para nosso regozijo individual. Contudo, mesmo nessa experiência em um momento nos cansaremos e precisaremos parar de nadar e voltar à terra para descansar, ela exige de nós esforço, mas é importante entender que parar de interagir com o mundo espiritual não é nos entregarmos à carme e ao pecado, é descansarmos. Quem descansa no momento e do jeito certo, depois de nadar tudo o que podia, estará satisfeito em Deus, não terá forças, vontade ou tempo para o pecado, apenas uma oportunidade para recobrar as forças físicas para depois continuar nadando. 
      Nosso espírito não se cansa, muito menos o Espírito de Deus finda, as águas sempre estarão lá e nós, se amarmos a Deus e entendermos que o mundo espiritual deve ter prioridade em nossas vidas, ainda que estejamos no plano físico, sempre desejaremos mais de Deus, sempre voltaremos a nadar e interagir com as águas. Na verdade, se vencermos a carne, e isso fazemos exercendo o livre arbítrio, entenderemos que nosso ser mais interior anela pelo espiritual, deseja-o mais que tudo, já que saímos de Deus, o pai dos espíritos, e para ele desejamos ardentemente retornar. Estar em Deus é a vocação maior de todo ser, assim, ainda que estejamos temporariamente no plano físico e precisemos de ar e terra firme, somos seres originalmente “aquáticos”, espirituais, nas águas do Espírito é onde de fato nos sentimos livres e satisfeitos.

Reflexão dividida em duas partes,
leia na postagem de amanhã a 2ª parte.
José Osório de Souza, 24/11/2020

05/03/21

Não deixe espaço vazio!

      “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.II Timóteo 4.7

      Todos nós somos chamados por Deus com uma vocação maior, que vai além de nossa profissão secular, e mesmo além de cargos em igrejas, na verdade essas coisas são só ferramentas para desempenharmos nossa vocação, não a vocação em si. Cuidado, muitos, confundindo as coisas, podem se achar perdidos quando veem que algo não dá certo, como perda de emprego ou frustração com ministérios e líderes de igrejas, não enxergando que suas vocações espirituais vão muito além disso. Em nossa existência neste mundo construímos uma carreira, o apóstolo-teólogo Paulo tinha a dele, e no texto inicial está o registro do momento em que ele entendeu que essa carreira tinha chegado ao fim.
      Que momento feliz é esse na vida de um cristão, que infelizmente muitos não provam, pois veem os anos passarem sem que tenham feito tudo o que Deus tinha para eles. Não basta acabar a carreira, tem que ter sido após ter lutado na guerra certa, não por si mesmo ou pelos homens, mas por Deus e em Deus, mas tem mais, em tudo isso não podemos perder a fê, aqueles princípios fundamentais, que nos encantaram e motivaram no início de nossas carreiras. Quem assim procede não deixará espaço para o pecado, contudo, se você percebe que está sendo reincidente no pecado, pode ser por estar querendo descansar antes do tempo, por estar lutando em guerra errada, ou por ter se desviado da fé. 

      Se isso estiver ocorrendo, busque a Deus e peça para que ele revele onde está errando e o que deve fazer para ter vitória, você pode orar assim: 
- “Pai, se está sobrando espaço para o pecado em meu coração e em minha mente, porque não estou ocupando meu espírito com tua vontade, mostre-me o que preciso fazer para ocupar os espaços que me competem”;
- “Pai, se está sobrando tempo em minha vida porque não estou fazendo o que preciso fazer para ser alguém melhor, para mim, para meus semelhantes e para ti, ensina-me como usar mais e melhor meu tempo”;
- “Pai, se está sobrando dor que precise do prazer ilusório dos vícios da carne para ser esquecida, porque não estou me apropriando da paz que vem de ti e que cura toda a dor, ajuda-me a entender porque não estou em paz”; 
- “Pai, se está sobrando vontade para pecar, fortalece-me para fazer mais a tua vontade, seguindo a vocação que recebi de ti, para que eu me sinta satisfeito e se tiver que descansar que seja só depois de ter feito tudo certo”. 

      Nada pode sobrar de nosso ser para fora da luz de Deus, se isso ocorrer ele estará em trevas e nesse lugar o pecado tem liberdade para agir. É preciso que estejamos completos por Deus e completamente colocados nele, por dentro e por fora, cheios do Espírito Santo e fazendo a sua vontade. Quando assim procedemos nosso homem interior, nosso tempo, nossa vontade e nosso prazer, agradarão ao Senhor, e assim, se precisarmos parar de trabalhar, já que nosso espírito não se cansa mas o nosso corpo físico, que é templo dele, precisa de descanso, não haverá em nós qualquer brecha para que o pecado seja mais relevante que a espiritualidade. Na batalha espiritual não pode haver espaço desocupado! 
      Se a luz não ocupar um local, as trevas ocupam, e as trevas ocupam não por vencerem a luz, as trevas nunca vencem a luz, mas elas ocupam espaço que o ser humano não vigiou e deixou sem luz. Nessa batalha, nós, seres humanos encarnados, podemos descansar, mas só quando estivermos totalmente felizes e em paz com Deus, e ainda assim deve ser o tempo de descanso que Deus orientar, nem menos, nem mais. Se for menos, voltaremos à luta ainda cansados, correndo o risco de perdermos uma batalha. Se for mais, permitiremos, pela ociosidade, que um espaço vazio e perigoso exista, que as trevas podem ocupar criando em nós uma relevância para os vícios da carne que nos levam a pecar. 
      Não se desespere, enquanto estivermos neste mundo, ainda que tenhamos feito tudo certo, estamos sujeitos ao pecado, dessa forma sejamos humildes, confiando antes no amor de Deus que em nossos méritos, Deus sempre perdoa e dá paz para os que se aproximam dele em verdade. “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (I João 3.18), o que adianta enchermos templos de igrejas com palavras se na prática não nos esforçamos para sermos santos? É preciso vontade para obedecer a Deus até o fim, principalmente depois que trabalhamos bastante nele, já que mesmo isso não nos dá o direito de abrir mão de vigilância, é preciso ocupar todos os espaços, sempre! 

04/03/21

Trabalhar para ser virtuoso

     “O galardão da humildade e o temor do Senhor são riquezas, honra e vida.Provérbios 22.4

      Riquezas, que de fato nos abençoam e permanecem, não são adquiridas gratuitamente, é preciso muito trabalho para poder ter direito a elas, virtudes são riquezas, morais e espirituais, que por fim beneficiam nossas vidas materiais. Quando Deus nos salva por Cristo e nos sela com o Espírito Santo, ele nos perdoa e nos dá direito a um lugar melhor com ele na eternidade, assim não só achamos prazer no bem e na paz como ganhamos capacidade para sermos bons e pacíficos, obedecendo e louvando a Deus e seguindo em santidade. 
      Contudo, apesar de obtermos esse discernimento na luz, não retemos rapidamente as virtudes de maneira mais plena, é preciso tempo para que nossa alma, pensamentos e sentimentos, acostumados aos hábitos e vícios do velho homem, pratiquem aquilo que nosso novo homem interior entendeu em nosso espírito. Só seguramos as virtude com trabalho, e esse trabalho pode demorar muito tempo para muitos de nós, até que um dia de fato possamos gozar as riquezas, a honra e a vida que advêm da humildade e do temor do Senhor. 
      A grande virada em nossas vidas começa na humildade, que assume erros com responsabilidade individual, não pondo a culpa deles nos outros ou tentando se convencer que eles não existem. É preciso que sejamos honestos com nós mesmos, nos aceitando por completos, sem concessões, crendo que em Deus possamos ser melhores, ainda que muitas vezes tendo errado muito e por muito tempo. Deus, contudo, não nos mede pelo passado, mas por uma escolha certa que fazemos naquilo que representa o agora em nossas vidas. 
      Que importa que outros levaram menos tempo para acertar, e mesmo isso pode ser uma ilusão, já que alguns são especialistas em tentar enganar o universo, quem conhece cada um e seu tempo é o Senhor. Sabe por que não importa? “Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil” (Salmos 84.10a), e os átrios do Senhor na nova aliança não são a construção do templo físico de uma igreja cristã, mas uma vida em comunhão com o Senhor. Pode demorar décadas para entendermos, mas quando aprendemos a felicidade faz valer a pena.
      Não se canse e nem desista, aprender a ser humilde e andar com temor a Deus dá trabalho, cada um de nós deve administrar a personalidade, o caráter, a estrutura emocional, mesmo as enfermidades e limites físicos, erguendo a cabeça e olhando para Deus. “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me” (Mateus 16.24b), sim, existe uma cruz que os homens devem carregar, não é a que salva, mas a que conduz pela vida eterna, é bem menor que a de Cristo, mas devemos levá-la, com humildade. 

03/03/21

Só resista

      “E eu te porei contra este povo como forte muro de bronze; e pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te guardar, para te livrar deles, diz o Senhor.Jeremias 15.20

      Às vezes para fazermos a vontade do Senhor e sermos vitoriosos numa questão, não é preciso atacar e muito menos retroceder, mas simplesmente resistir, parados e firmes, como um “forte muro de bronze”. Pode parecer fácil não fazer nada, ficar calado, apenas nos mantermos na posição em que Deus nos colocou, mas não é, temos à tendência sempre de reagir a um ataque, ou fugindo para nos proteger ou agredindo para anular o ataque. Permanecer íntegro e em paz, só resistindo pelo Espírito de Deus, pode exigir de nós mais espiritualidade que achamos que pode, Jesus é quem dá o melhor exemplo disso, na maioria das vezes resistia calado aos ataques dos líderes religiosos judeus invejosos e maliciosos. 
      Mas é importante que entendamos que devemos agir assim quando Deus manda, muitas vezes Deus manda que ainda que sem reagir, tomemos outra direção, nos desviemos do agressor, e outras vezes o Senhor pode nos levar a reagir com uma resposta espiritual, com a espada do Espírito Santo, que ainda que seja usada em amor e justiça anulará a agressão. Se Deus, contudo, mandar que permaneçamos onde estamos, que mantenhamos nossa posição, nossa convicção, nossa palavra, nossa interpretação dos fatos, é porque teremos vitória na questão assim, ainda que nosso agressor grite e esperneie, repetindo e insistindo em seus argumentos, em sua violência, em seu ataque às vezes desproporcional e descontrolado. 
      Por que às vezes essa é a melhor reação? Porque o silêncio muitas vezes pode falar mais alto e melhor que as palavras, o silêncio pode dar oportunidade ao agressor de refletir sobre sua agressão, sobre sua atitude, sobre suas palavras, já que se nos calamos o que vai ficar em sua cabeça são suas palavras, não as nossas. Isso também é um gesto de confiança na inteligência alheia, mesmo que alguém perca o controle e esteja errado, todos têm dentro de si o mínimo de discernimento para saber se estão certos ou não. Os orgulhosos, contudo, dificilmente ouvirão os outros, mas só a si mesmos, assim no nosso silêncio eles têm a chance de se ouvirem, e quiçá, mudarem de atitude, a melhor arma contra nós somos nós mesmos. 

02/03/21

Luz (2/2)

      “Busquei ao Senhor, e ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores. Olharam para ele, e foram iluminados; e os seus rostos não ficaram confundidos. Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o salvou de todas as suas angústias.” Salmos 34.4-6

      O conhecimento mais alto de Deus ilumina, só na luz pode-se crescer, o cristão, que tem o privilégio de crer no único caminho que leva diretamente ao pai das luzes, ao Deus Altíssimo onde está a luz mais forte, pode ter uma mente, um coração e um espírito iluminados, mais do que ninguém. Entretanto, quantas trevas pode haver na mente de muitos frequentadores de templos evangélicos, e bastante na alma de católicos em catedrais. A verdade maior é viva e como tal não é limitada, quanto mais dela sabemos, mais queremos saber e mais podemos saber, contudo, quando se dogmatiza algo, se mata uma verdade, ela é aprisionada e fechada, líderes fazem isso por puro medo, medo de perderem o controle sobre outros homens. 
     Na luz espiritual temos visão infinita, podemos compará-la a um microscópio, onde, usando lentes cada vez mais potentes, podemos ver cada vez mais profundamente. No início podemos ver só a pele, mas depois vemos dentro do corpo, depois discernimos carne, músculos, ossos, veias, depois separamos o sangue em leucócitos, hemácias e plaquetas, depois vemos as células, e seguimos olhando dentro das células. A luz espiritual é tão infinita quanto Deus, não é uma claridade como a física que cansa os olhos e pode até cegar. Contudo, o que não está preparado para essa luz mais alta, por não ter olhos espirituais, olhará e nada verá, assim, talvez a grande pergunta a ser feita seja: para que realmente estamos olhando? 
      Essa pergunta o “Como o ar que respiro” tem feito de várias maneiras nos últimos tempos, com reflexões como as de “reavaliações de nossa crenças”, de questões como “Deus ou religião?”, assim como no livro compartilhado aqui sobre “Espiritualidade Cristã”, mas vou perguntar de novo: estamos olhando para Deus, diretamente para ele, através de Jesus e por meio do Espírito Santo, ou para o que os homens dizem ser Deus? O texto inicial diz, “olharam para ele e foram iluminados e os seus rostos não ficaram confundidos”, a iluminação está toda em Deus. Para ver Deus precisamos dos olhos que ele dá, ele é meio, o propósito original e o fim, a nós, homens, cabe somente nos colocarmos em plena comunhão com ele.   
      Vencer os preconceitos não é fácil, eles são construções das tradições e essas nos protegem pois entregam conceitos provados pelo tempo e aprovados pelos homens, que abraçarão quem neles se refugiar. Iluminação espiritual é jornada, que pelo menos no início, é solitária, pelo menos, porque o mais certo é que ela siga assim até o fim. Quem é iluminado entra num caminho sem volta, quem é libertado pelo conhecimento não se colocará cativo novamente. Finalmente, faço uma pergunta, quais são os teus temores, resumem-se a não ter grana para pagar o boleto que vence dia dez, ou já chegou no nível de querer saber mais sobre espiritualidade na luz do Deus Altíssimo? Deus responde, mas cabe a você perguntar, ou não. 
      Uma última palavra, agora aos não cristãos, aos “adeptos” e “iniciados” que se esforçam na “grande obra” de iluminação, através das “entidades” espirituais, de rituais e protocolos mágicos. Saibam vocês que ainda que a maioria dos cristãos se aprofunde pouco em alguns assuntos, e vocês muito mais que eles, os cristãos podem ter o que mais importa, que dá acesso, não às potestades rebeldes, mas a Deus, acima de toda potestade, por isso, o Altíssimo. Essa é a maior iluminação que um ser pode ter e que definirá sua eternidade, iluminação de verdade só existe através do Espírito Santo que têm os que creem em Cristo como único e suficiente salvador. Os cristãos podem lhes parecer rasos, mas eles são focados, no principal. 

Reflexão dividida em duas partes,
leia na postagem de ontem a 1ª parte.
José Osório de Souza, 10/11/2020

01/03/21

Luz (1/2)

      “Busquei ao Senhor, e ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores. Olharam para ele, e foram iluminados; e os seus rostos não ficaram confundidos. Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o salvou de todas as suas angústias.Salmos 34.4-6

      O termo luz, relacionado à espiritualidade, é um termo mais usado em religiões espiritualistas e esotéricas, no cristianismo é menos usado, ainda que apareça na Bíblia. Como cristãos usamos as referências luz e trevas para separar anjos de demônios, seres espirituais do bem, dos seres espirituais do mal, assim como para separar justos de iníquos, distinguindo qualidade moral dos homens. Mas nesta reflexão pretendo chamar a atenção para o termo iluminação referindo-me a uma condição de maior intimidade com o Esprito do Deus Altíssimo, onde se tem um conhecimento espiritual mais profundo, conhecimento, que ainda que esteja na Bíblia, precisa de dedicação maior do cristão para ser esclarecido. 
      Muitos não sabem porque não perguntam, não perguntam porque sentem-se proibidos por preconceitos, preconceitos que dizem que não há mais nada para se saber, portanto nada a se questionar. O texto inicial diz que quando estamos com temores, buscamos a Deus e ele nos liberta deles, a interpretação mais comum e imediata de temores são os medos que temos no dia a dia de nossas vidas, e sejamos honestos, eles se referem muito mais a receios sobre nossa vida material, sobre nossos empregos, nossos ganhos, nossos gastos, ou então sobre nossas relações afetivas mais próximas, namoros, casamentos, enfim, sobre o plano físico. Mas será que são só desses temores que o Senhor nos livra, que nos ilumina? 
      Sei que a grande maioria das pessoas, principalmente num país como o Brasil, tão roubado por políticos, teme a falta de dinheiro pra comprar o básico para a sobrevivência, comida, roupa, moradia, não posso ser duro ou injusto com tantos que sofrem por não terem o mínimo para uma vida digna, e tantos dentro de igrejas cristãs. Pesquisas mostram que o brasileiro dos últimos anos está mais obeso justamente porque, felizmente, ao menos para se alimentar, uma grande parte da população, tem meios, mas basta um caos rápido, como o provocado pela pandemia do Corona vírus, para lançar o nosso país de novo na pobreza mais séria, com desemprego e falta de serviços básicos de saúde e educação.
      Seria bom podermos subir o nosso nível de necessidades, das físicas básicas para as culturais, e depois, enfim, para as espirituais, seria bom que grande parte da população ganhasse o suficiente para comer, se vestir e morar, para que então sobrasse para educação e cultura, e depois disso, sobrasse tempo e interesse para pensar mais na existência, tanto neste mundo como no outro. Eu aprendi algo com Deus, seu eu buscar, se eu bater, se eu pedir, Deus me responderá, mesmo a questões mais difíceis e misteriosas, como sobre o mundo espiritual, a vida pós-morte, e tantos questionamentos que outras religiões e metafísicas se importam em discutir e conhecer e que o cristianismo releva dizendo que já sabe o suficiente.
      “Parabéns” à Igreja Católica, da qual protestantes e evangélicos ainda fazem parte de alguma maneira, ela conseguiu dogmatizar a mente de grande parte da civilização ocidental. A maioria ainda acha que certos conhecimentos são coisas de ordens secretas, da maçonaria, da bruxaria, do diabo, e bons cristãos não devem buscá-los, isso nivela por baixo, prende os homens à infantilidade espiritual. Não, meus queridos, saber sobre o mundo espiritual não é só satisfazer uma curiosidade, que mais desvia que encaminha, o verdadeiro conhecimento espiritual de Deus não é mera informação, mas é vida, saber o que Deus quer que saibamos nos alimenta e nos dá forças para termos vitória, sobre nós, sobre o mundo, sobre os demônios. 

Reflexão dividida em duas partes,
leia na postagem de amanhã a 2ª parte.
José Osório de Souza, 10/11/2020