domingo, março 07, 2021

Interagindo com as águas (2/2)

      “E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.Apocalipse 22.1

       Nossa interação com as águas sobe de nível quando usamos ferramentas que nos ajudam a ter mais autonomia e facilidade para nos mover nelas. Nesta segunda parte da reflexão que comparamos as águas com o mundo espiritual, as ferramentas são os dons do Espírito, que compararemos ao uso de planchas e barcos para nos movermos nas águas. Usando planchas podemos nos equilibrar sobre a superfície, sem afundar, gastando menos energia que nadando e com a ajuda do vento nos movimentarmos. Essa experiência pode parecer entregar uma interação menor com as águas, mas não é, ela nos permite não só sentir de forma passiva a água em nosso ser, como ocorre quando nadamos, mas nos movermos sobre a água de forma ativa. Entenda ativa com saber o que está fazendo, de onde veio, para onde quer ir, para, chegando num lugar, exercer um objetivo específico.
      Surfar necessita de uma ferramenta, uma plancha, que fica entre nós e a água, não são todos que têm essa ferramenta ou sabem manejá-la. São necessárias também habilidade e confiança para que acreditemos que podemos nos equilibrar e nos mover com uma plancha. O uso da plancha, contudo, tem um limite, funciona melhor quando vamos em direção à praia, assim surfar sempre nos leva para longe da água e em direção à terra. Se quisermos ter mais experiências com a água precisaremos ter a consciência de que quando chegarmos à praia teremos que voltar e recomeçar o processo. entretanto, apesar de limitado, o uso da plancha pode ser mais seguro para alguns com medo de águas mais fundas. 
      Usar uma plancha é como usar os dons do Espírito em momentos aleatórios, em cultos coletivos e especiais, quando toda a igreja está vivenciando um derramar da unção, essa experiência é poderosa, porém curta, e, digamos assim, primária. Existem ferramentas e formas mais maduras de usá-las, e continuando em nossa simbologia, como um barco a velas. Essa ferramenta usa o vento, mas não para voltar à terra, mas para seguir em direção às águas mais distantes e profundas, o que nos permite ter experiências mais exclusivas e pessoais com a água. Para isso, contudo, é necessário ainda mais habilidade com uma ferramenta mais sofisticada, saber direcionar as velas, conhecer os ventos, não ter medo do desconhecido. 
      Com um barco, mesmo o descanso, pode ser feito sobre as águas, e os que levarem consigo suprimentos adequados poderão passar muito tempo interagindo com as águas, sendo renovados por elas, sem deixá-las. Ter um barco, contudo, não é para qualquer um, um barco custa um preço, e quanto mais sofisticado, quanto mais qualidade de vida sobre as águas ele proporcionar, mais caro será. Muitos cristãos são sinceros e consagrados, mas ainda não aprenderam a usar ferramentas espirituais, contam só com as próprias forças, e o batismo no Espírito Santo, que alguns dão tanto valor, não é o fim, mas só uma iniciação para as ferramentas espirituais que Deus pode dar ao homem para que vivenciem a vida eterna. 
      Nosso barco espiritual tem um preço, ele é adquirido com tempo e esforço para nos aperfeiçoarmos espiritualmente, com oração e adoração, assim como intelectualmente, estudando sobre teologia e espiritualidade, e acredite, existe muita coisa interessante escrita que se muitos lessem seriam libertados de tantos preconceitos e sensos comuns. Mas não basta falar diretamente com Deus e conhecer as experiências de outros seres humanos, é preciso praticar, só a prática conduz à evolução, nos leva a sair de um nível e desejar o próximo, caso contrário ficaremos estacionados. Quem tem um barco e cuida dele desejará sempre novas águas, viagens mais longas e por regiões cada vez mais desconhecidas e instigantes. 
      As experiências dessa analogia não são mutuamente exclusivas, e uma não é melhor que a outra, o cristão maduro aprenderá a vivenciar todas, cada uma no momento adequado, de maneira que não se prenda por tempo demasiado à terra seca, por mais tentadora que seja a realidade material do mundo, ou por mais que a “terra” pareça ser a verdade e as águas espirituais só fantasia ou mesmo loucura. A verdadeira espiritualidade é gradativa e o próprio Espírito Santo sempre nos atrai para mais e mais para dentro de suas águas. Estacionar pode ser risco de vida. Qual o seu nível de interação com as águas do Espírito de Deus? Só molha os pés e já saí correndo? Você tem medo do mundo espiritual ou você é atraído por ele? Muitas vezes somos atraídos ainda que tenhamos medo, e isso é bom, só nos mostra que temos que seguir mas com cuidado, temendo a Deus. 
      Tem muitos que se contentam em se sentarem na praia e ficarem admirando o mar, o acham lindo, sentem-se revigorados só em ficarem horas olhando para ele, porém não passam disso, nunca interagem de fato com o mar. Sabe o que acontece com quem fica muito tempo debaixo do Sol longe da água? É queimado. As águas do Espírito não são salgados nem sujas, são doces, puras e frescas, são o único alimento que pode nos dar vida eterna e nos proteger de perigos fumegantes, assim, interaja com elas. Não precisamos comprar um barco caro logo de cara, mas é preciso dar o primeiro passo, nos submergimos nas águas espirituais e sentirmos a renovação e o refrigério que só Espírito Santo pode dar, depois é só obedecer ao chamado pessoal de Deus.

Reflexão dividida em duas partes,
leia na postagem de ontem a 1ª parte.
José Osório de Souza, 24/11/2020

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