12/03/21

Lucidez para achar coerência

      “Para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de DeusColossenses 1.10

      Andar com o Deus verdadeiro é andar na luz e andar na luz é andar com lucidez, procurando e achando coerência entre crença e prática, se isso não ocorrer cairemos no vício de sermos meros religiosos. Há quanto tempo você é cristão? Há quanto tempo frequenta uma igreja evangélica? Você tem experimentado mudanças em tua vida? Tem se transformado num ser humano melhor, como cidadão, como profissional, como esposo, como pai, como filho, como irmão, como homem ou como mulher? Ou até mudou no início, se adaptou à doutrina básica cristã, mas ainda guarda no coração questões não solucionadas, e estão assim, não por não terem solução, mas porque você simplesmente tem tentado não pensar muito nelas? 
      O tema desta reflexão foi bastante pensado na série “Reavaliemos nossas crenças”, mas vai aqui outro apelo, de alguém que caminha com Deus desde que adquiriu consciência das relevâncias espiritualidade e pecado, isso já tem uns cinquenta anos. Meu caminho não foi fácil, vencer vícios, fraquezas e feridas afetivas demorou e custou um preço caro, mas por algum motivo Deus viu boa sinceridade no meu coração, juntou isso a uma misericórdia sua sem limites, e me fez chegar a um momento atual de vitória e felicidade em todas as áreas de minha vida. Nesse caminho muitos até hoje não me perdoaram e ainda me veem como fui, não como sou, mas o que importa é que achei paz em Deus, cura verdadeira e profunda.
      Mas preciso ser honesto, meu processo de transformação ocorreu porque provei o evangelho genuíno de Jesus, foi uma experiência direta e pessoal com o Senhor, nas mudanças mais importantes igrejas e cristãos pouco se envolveram. Fui bênção nas igrejas pelas quais passei, mas quando estava bem, quando não estava foi só o Senhor que me entendeu e meu ajudou. Não digo isso com mágoa no coração, acreditem, hoje sei que a maioria das pessoas que fazia e faz parte das igrejas em que participei também precisava de ajuda, e algumas mais do que eu. A diferença entre muitas delas e eu é que se acomodaram, aceitaram suas condições de não resolvidas e se transformaram só em religiosos, até bons religiosos, mas apenas isso.
      É preciso lucidez para procurarmos coerência entre o que cremos e o que praticamos, e se não acharmos entendermos que algo está errado, em nós ou naquilo que aprendemos nas igrejas. Deus nunca está errado, o que pode estar errado é o que achamos ser Deus e não é, não podemos desistir, Deus não desiste de nós, o que começou em nossas vidas terminará, desde que permitamos que ele trabalhe. Permitimos obedecendo sua voz, que muitas vezes não está naquilo que homens em igrejas nos dizem, mas repito, não fique magoado com homens em igrejas, cada um dará satisfação pelo que recebeu de Deus e pelo que fez com isso para abençoar a si e aos outros, importa entendermos que Deus usa igrejas, mas igrejas não são Deus. 

11/03/21

Paciência no evangelismo

      “Ora o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus, e na paciência de Cristo.” II Tessalonicenses 3.5

      Quem que acertar, sempre acha o Deus verdadeiro, ainda que comece em religiões com outros fins, ou que entenda errado o que é o evangelho, no tempo certo encontrará e entenderá o caminho que conduz diretamente ao altíssimo. Precisamos entender que apesar da maioria das religiões entregarem óticas de espiritualidade e de ensinarem o bem de alguma maneira, nem todas visam o Deus altíssimo de forma objetiva, e isso é a verdade que o cristianismo genuíno e original ensina e que muitas pessoas, de outras religiões, não aceitam. Muita gente não conhece de fato suas crenças, e se conhecem não assumem. 
      Algumas religiões ensinam contato com o mundo espiritual através de entidades, de anjos, de poderes da natureza, outras através de espíritos de homens desencarnados, a religião cristã mais poderosa do mundo ensina que seres humanos mortos, autenticados por ela como “santos”, podem desempenhar papéis de mediadores. De maneira alguma quero contestar a sinceridade das pessoas, não desejo isso e muito menos posso, Deus conhece a todos e ouve muitos, se há verdade na busca, quem quer a Deus sempre o achará, ainda que comece em caminhos indiretos, mais longos, e que no final não conduzam a Deus. 
      Espiritualidade verdadeira é gradativa e quem a trilha não conseguirá ficar numa única religião por toda a vida, desejará saber e praticar mais à medida que é confrontado pela luz. Sim, o mais importante é saber que o caminho reto, direto e suficiente para Deus é Jesus, quem entende isso não será enganado, nem perderá tempo. Contudo, mesmo os que não querem acertar, que não querem abrir mão de vaidades, de prazeres egoístas, de culpas, buscam religiões, inclusive o cristianismo, por quê? Porque todos precisam de Deus, têm esse desejo latente em suas almas, ainda que não queiram pagar o preço para conhecê-lo.
      O que busca religião, mas no fundo não quer mudar de vida, procurará nas religiões não por Deus, mas por desculpas para continuar como está. Esse não assumirá pecados, não se humilhará diante do Senhor, esse, ainda que nas religiões cristãs, se distanciará mais e mais do Altíssimo. Mas o pior é que esse é presa fácil para espíritos rebeldes, inimigos de Deus, esse piorará mesmo praticando com esforço boas religiões. Por quê? Porque não quer acertar sua vida e não quer fazer isso através do Deus verdadeiro. Ser religioso não significa ser espiritual, não a espiritualidade mais alta da luz, da verdade e do amor de Deus. 
      Cristãos, tenham paciência no evangelismo, não saiam por aí atacando religiões, destruindo o desejo sincero de alguém de conhecer a verdade, antes amemos as pessoas, respeitando-as. Se Deus usa toda uma vida para mudar as pessoas, para ensiná-las, quem somos nós para querer mudá-las num instante? Sim, alguns podem ser transformados num instante, mas funciona dessa maneira se a pessoa já estiver pronta por Deus para isso. É preciso discernimento espiritual para saber como abordar cada um, afinal não estamos fazendo um trabalho nosso, mas de Deus, se é queremos conduzir almas ao Senhor, não só à igreja.

10/03/21

O amor de Deus

      “Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.Judas 1.20-21

      Deus é amor e a maior prova disso é que todos os seres são atraídos para a posição espiritual mais alta, de luz, de paz, de bem, de santidade, por esse amor. Inferno é opor-se a essa atração, é negar esse amor, é preferir estar longe de Deus. Longe de Deus existem trevas, trevas é a posição espiritual onde não se está protegido pelo amor de Deus, mas entregue às vontades de seres espirituais rebeldes que querem ser deuses e não obedecem a Deus, ainda que nada façam sem sua autorização.
      Deus é sempre amor, assim aqueles que sofrem sozinhos sofrem porque se afastam de Deus, por escolha própria, não porque o amor de Deus  por eles tenha deixado de existir. Já os que sofrem em Deus sofrem para serem seres melhores, sofrem suportados por Deus, e sofrem com justiça. O amor de Deus é justo, assim se manifesta aos que amam a justiça e se distancia dos que vivem de maneira irresponsável, aqueles que amam a si mesmos e buscando só prazeres físicos e egoístas. 
      Jesus é a revelação do puro, pleno e poderoso amor de Deus, nada mais e nenhum outro ser, que viveu, vive ou viverá no plano físico, ou que se encontra nas regiões espirituais celestes, atinge a excelência e a posição de Cristo. Só temos acesso ao amor de Deus por Jesus pois só por Jesus recebemos o Espírito Santo que nos permite orar ao Altíssimo e receber dele toda espécie de bênção, seja material ou espiritual, neste mundo ou no outro. Jesus é Deus e Deus é todo amor. 
      Se somos um com o pai de amor somos amor, assim tudo o que fazemos, falamos, sentimos ou desejamos precisa ser pelo e no puro, pleno e poderoso amor de Deus, quem não ama não está em Deus. Pecar é se colocar fora do amor de Deus, quem ama não quebra alianças, sejam afetivas ou materiais. Quem ama não adultera, não rouba, não mata, não odeia, não mente, não inveja, não tem ciúmes, não busca seus interesses, mas os interesses do Deus que a todos ama sem acepção.
      Sempre que buscamos a Deus com humildade achamos o amor de Deus e sempre que achamos queremos compartilhá-lo, do mesmo modo que recebemos, gratuitamente. Amor verdadeiro não se vende ou troca, se oferece de graça. Quem diz que conhece a Deus e o segue, mas não consegue amar está longe de Deus, precisando se acertar com o Altíssimo, confessar e deixar pecados, experimentar de fato o amor do Senhor. Só se consegue amar os outros e a si mesmo quem ama a Deus.

09/03/21

Levai as cargas uns dos outros

      “Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo. Porque, se alguém cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo. Mas prove cada um a sua própria obra, e terá glória só em si mesmo, e não noutro. Porque cada qual levará a sua própria carga.Gálatas 6.1-5

      Os versículos dois e o cinco referem-se a cargas, mas dizendo coisas que numa leitura rápida parecem contraditórias, um orienta-nos a levar as cargas dos outros, o outro diz que cada um levará só sua própria carga. Na verdade as cargas citadas são diferentes nos dois versículos, por isso devem ser vistas de maneiras distintas, no versículo dois as cargas se referem à vergonha pelos pecados e no cinco à glória pelas boas obras. O certo é que a vida neste mundo é construída, para o bem ou para o mal, com trabalho, todo trabalho tem seu peso, que requer de nós esforço para ser conduzido, quem nada faz, nada colhe, nada conquista, nada cresce, e cresce-se também com erros cometidos e assumidos. 
      Levar as cargas dos outros é não realçar os erros dos outros, o que podemos fazer para crescer não fazendo o bem, mas promovendo o mal alheio, e como temos a tendência de nos alegrar com o pecado dos outros, como gostamos de falar sobre isso. Mas o pecado de um é vergonha para todos, algumas religiões espiritualistas dizem isso, pelo fato de todos nós termos espíritos que vieram do mesmo pai dos espíritos, Deus, assim se na carne irmãos têm os mesmos laços de sangue que nós, um número pequeno de pessoas, no espírito todos os seres humanos têm conosco laços espirituais originais. Contudo, o humilde e que foi perdoado, protege o que peca da mesma maneira que deseja ser protegido. 
      O que leva a carga do outro sem condená-lo se faz homem, não juiz, esse entendeu o principal motivo de viver encarnado neste mundo, que é morrer para si, perder para ganhar, exaltar ao Senhor, não a si mesmo, mesmo diante da fraqueza alheia. Ninguém é melhor que ninguém, vaidade é o pecado mais diabólico que existe, e crescer com a queda do outro é algo cruel, infantil, baixo. Isso quer dizer que não temos o direito de nos sentirmos bem com nossos acertos, que não podemos nos gloriar por sermos bons? Não, mas nossa glória deve ser em nós mesmos, e não sobre o outro, isso significa sermos discretos, guardarmos a satisfação pela boa obra no coração, sem usá-la para diminuir ninguém. 

08/03/21

Caminhe com humildade

      “Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.Salmos 126.5-6

      Quando a vida nos leva para um caminho de quebrantamento, que pode nos colocar em solidão e mesmo em vergonha, ainda que seja injusta, devemos ser gratos a Deus. Em situações assim o Senhor está nos tratando como pai de amor que tem um grande carinho por seus filhos e os está corrigindo para que sejam melhores. Infelizmente já ouvi de alguém que estava passando uma grande tribulação, com relação a outros que o tratavam de maneira dura, o seguinte, “aproveitem enquanto estou por baixo, quando eu me levantar darei o troco”, quem pensa assim não entendeu nada da vida, de si mesmo, de Deus. A humilhação existe para que nos levantemos humildes, se quisermos nos levantar altivos e orgulhosos nossa humilhação não terá fim e nossa vida piorará mais e mais, isso pode conduzir-nos a fins trágicos...
      Caminhemos em humildade, ouvindo mais que falando, deixando que o tolo diga a última palavra, relevando o fato do arrogante se sentir acima de nós, e ajamos assim sem qualquer pretenção de vingança, entendendo que se estamos passando por um momento de quebrantamento é porque temos que mudar de maneira extrema nossas referências de vida. Aquele que de fato se deixa ser quebrado por Deus nunca mais se erguerá do mesmo jeito, aliás, nunca mais se erguerá, mas permitirá que Deus o levante, quando, se e como Deus quiser. Chorar é melhor que rir, quando choramos em Deus e pelo Espírito Santo, calar é melhor que dizer, quando deixamos que Deus nos defenda e mostre na realidade de nossas vidas que ele de fato cuida de nós, esperar é melhor que fazer, quando isso deixa que Deus faça e do seu jeito, para glorificar a ele, não a nós, o que permanece humilde nunca será novamente humilhado. 

07/03/21

Interagindo com as águas (2/2)

      “E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.Apocalipse 22.1

       Nossa interação com as águas sobe de nível quando usamos ferramentas que nos ajudam a ter mais autonomia e facilidade para nos mover nelas. Nesta segunda parte da reflexão que comparamos as águas com o mundo espiritual, as ferramentas são os dons do Espírito, que compararemos ao uso de planchas e barcos para nos movermos nas águas. Usando planchas podemos nos equilibrar sobre a superfície, sem afundar, gastando menos energia que nadando e com a ajuda do vento nos movimentarmos. Essa experiência pode parecer entregar uma interação menor com as águas, mas não é, ela nos permite não só sentir de forma passiva a água em nosso ser, como ocorre quando nadamos, mas nos movermos sobre a água de forma ativa. Entenda ativa com saber o que está fazendo, de onde veio, para onde quer ir, para, chegando num lugar, exercer um objetivo específico.
      Surfar necessita de uma ferramenta, uma plancha, que fica entre nós e a água, não são todos que têm essa ferramenta ou sabem manejá-la. São necessárias também habilidade e confiança para que acreditemos que podemos nos equilibrar e nos mover com uma plancha. O uso da plancha, contudo, tem um limite, funciona melhor quando vamos em direção à praia, assim surfar sempre nos leva para longe da água e em direção à terra. Se quisermos ter mais experiências com a água precisaremos ter a consciência de que quando chegarmos à praia teremos que voltar e recomeçar o processo. entretanto, apesar de limitado, o uso da plancha pode ser mais seguro para alguns com medo de águas mais fundas. 
      Usar uma plancha é como usar os dons do Espírito em momentos aleatórios, em cultos coletivos e especiais, quando toda a igreja está vivenciando um derramar da unção, essa experiência é poderosa, porém curta, e, digamos assim, primária. Existem ferramentas e formas mais maduras de usá-las, e continuando em nossa simbologia, como um barco a velas. Essa ferramenta usa o vento, mas não para voltar à terra, mas para seguir em direção às águas mais distantes e profundas, o que nos permite ter experiências mais exclusivas e pessoais com a água. Para isso, contudo, é necessário ainda mais habilidade com uma ferramenta mais sofisticada, saber direcionar as velas, conhecer os ventos, não ter medo do desconhecido. 
      Com um barco, mesmo o descanso, pode ser feito sobre as águas, e os que levarem consigo suprimentos adequados poderão passar muito tempo interagindo com as águas, sendo renovados por elas, sem deixá-las. Ter um barco, contudo, não é para qualquer um, um barco custa um preço, e quanto mais sofisticado, quanto mais qualidade de vida sobre as águas ele proporcionar, mais caro será. Muitos cristãos são sinceros e consagrados, mas ainda não aprenderam a usar ferramentas espirituais, contam só com as próprias forças, e o batismo no Espírito Santo, que alguns dão tanto valor, não é o fim, mas só uma iniciação para as ferramentas espirituais que Deus pode dar ao homem para que vivenciem a vida eterna. 
      Nosso barco espiritual tem um preço, ele é adquirido com tempo e esforço para nos aperfeiçoarmos espiritualmente, com oração e adoração, assim como intelectualmente, estudando sobre teologia e espiritualidade, e acredite, existe muita coisa interessante escrita que se muitos lessem seriam libertados de tantos preconceitos e sensos comuns. Mas não basta falar diretamente com Deus e conhecer as experiências de outros seres humanos, é preciso praticar, só a prática conduz à evolução, nos leva a sair de um nível e desejar o próximo, caso contrário ficaremos estacionados. Quem tem um barco e cuida dele desejará sempre novas águas, viagens mais longas e por regiões cada vez mais desconhecidas e instigantes. 
      As experiências dessa analogia não são mutuamente exclusivas, e uma não é melhor que a outra, o cristão maduro aprenderá a vivenciar todas, cada uma no momento adequado, de maneira que não se prenda por tempo demasiado à terra seca, por mais tentadora que seja a realidade material do mundo, ou por mais que a “terra” pareça ser a verdade e as águas espirituais só fantasia ou mesmo loucura. A verdadeira espiritualidade é gradativa e o próprio Espírito Santo sempre nos atrai para mais e mais para dentro de suas águas. Estacionar pode ser risco de vida. Qual o seu nível de interação com as águas do Espírito de Deus? Só molha os pés e já saí correndo? Você tem medo do mundo espiritual ou você é atraído por ele? Muitas vezes somos atraídos ainda que tenhamos medo, e isso é bom, só nos mostra que temos que seguir mas com cuidado, temendo a Deus. 
      Tem muitos que se contentam em se sentarem na praia e ficarem admirando o mar, o acham lindo, sentem-se revigorados só em ficarem horas olhando para ele, porém não passam disso, nunca interagem de fato com o mar. Sabe o que acontece com quem fica muito tempo debaixo do Sol longe da água? É queimado. As águas do Espírito não são salgados nem sujas, são doces, puras e frescas, são o único alimento que pode nos dar vida eterna e nos proteger de perigos fumegantes, assim, interaja com elas. Não precisamos comprar um barco caro logo de cara, mas é preciso dar o primeiro passo, nos submergimos nas águas espirituais e sentirmos a renovação e o refrigério que só Espírito Santo pode dar, depois é só obedecer ao chamado pessoal de Deus.

Reflexão dividida em duas partes,
leia na postagem de ontem a 1ª parte.
José Osório de Souza, 24/11/2020

06/03/21

Interagindo com as águas (1/2)

      “E saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; e mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos. E mediu mais mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; e outra vez mediu mil, e me fez passar pelas águas que me davam pelos lombos. E mediu mais mil, e era um rio, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar.Ezequiel 47.3-5

      Submergir, nadar, surfar ou navegar? Como interagir com as águas do mundo espiritual? Que níveis de interação você experimenta, só boia, já aprendeu a nadar, surfa ou já sabe navegar? Numa reflexão dividida em duas partes, pensemos numa analogia, que compara nossa relação com as águas de um rio ou do amar, com experiências que podemos ter no Espírito Santo e com o mundo espiritual. Deus não quer que você só contemple as águas espirituais, mesmo que as admire, mas que entre nelas, as conheça e nelas encontre vida eterna. O oxigênio para a vida física está no mundo, enquanto no corpo físico não podemos abrir mão disso, isso é algo natural para nós, mas alimento para o nosso homem interior só as águas do Espírito podem dar, isso provamos por escolha e com trabalho. 
      Numa primeira experiência com as águas de um rio ou do mar podemos prender a respiração e simplesmente nos afundarmos, depois podemos até boiar na superfície, comparando com a interação com o Esprito Santo isso significa sentirmos a presença de Deus, por exemplo quando louvamos na igreja, de forma mais passiva, sem muita consciência de como interagir com o mundo espiritual pelos dons do Espírito. Isso é maravilhoso, sentimos o poder do Espírito Santo nos envolvendo, nem sabemos muito como ou porquê, mas sentimos uma grande liberdade para adorar e a presença muito próxima do Senhor. Essa experiência é deliciosa, mas a carne nos limita para que a vivenciemos por muito tempo, o cansaço, as necessidades físicas e mesmo as tentações pedem que subamos à tona ou que paremos de boiar e retornemos à terra firme para respirar. 
      Isso não é ruim, é bom, nos mostra que devemos viver no plano físico com equilíbrio, a espiritualidade no mundo se experimenta com a humildade de aceitarmos e administrarmos os limites, isso nos lembra que somos homens, não deuses. Podemos ter momentos incríveis em vigílias, jejuns e consagrações, mas nunca nos esqueçamos que temos que conviver com a realidade material, temos que trabalhar, nos alimentar, dormir, nos relacionarmos com as pessoas, vivenciarmos família e casamento, por isso não podemos prender a respiração para sempre para submergirmos ou boiarmos. Só na eternidade poderemos ficar na água para sempre, e mais, deixarmos que elas nos penetrem sem que ponham em risco nossos corpos, que não serão mais materiais, mas transformados. 
      Seguindo na analogia, podemos ter uma interação mais inteligente com as águas quando nadamos, nessa experiência não somos passivos mas ativos, com esforço podemos nos mover nas águas para a direção que desejarmos. Espiritualmente podemos interagir com o mundo espiritual de forma mais ativa, isso ocorre quando nos enchemos com a unção não só para sentir um prazer espiritual, mas para agirmos, para pregarmos, para ministrarmos, para entendermos a Bíblia, para exercemos amor com as pessoas. Nadando pomos a cabeça para fora da água, vemos a realidade, e usamos espiritualidade racionalmente para influenciar positivamente o mundo, conseguimos fazer as duas coisas, nos relacionarmos com os dois planos ao mesmo tempo. 
      Essa talvez seja a interação mais equilibrada e mais possível à maioria dos cristãos, ainda que não entregue a experiência espiritual mais profunda, mas é mais duradoura que a primeira, e se soubermos nadar corretamente poderemos ter uma experiência espiritual mais prática e com finalidade de ajudar o próximo, não só para nosso regozijo individual. Contudo, mesmo nessa experiência em um momento nos cansaremos e precisaremos parar de nadar e voltar à terra para descansar, ela exige de nós esforço, mas é importante entender que parar de interagir com o mundo espiritual não é nos entregarmos à carme e ao pecado, é descansarmos. Quem descansa no momento e do jeito certo, depois de nadar tudo o que podia, estará satisfeito em Deus, não terá forças, vontade ou tempo para o pecado, apenas uma oportunidade para recobrar as forças físicas para depois continuar nadando. 
      Nosso espírito não se cansa, muito menos o Espírito de Deus finda, as águas sempre estarão lá e nós, se amarmos a Deus e entendermos que o mundo espiritual deve ter prioridade em nossas vidas, ainda que estejamos no plano físico, sempre desejaremos mais de Deus, sempre voltaremos a nadar e interagir com as águas. Na verdade, se vencermos a carne, e isso fazemos exercendo o livre arbítrio, entenderemos que nosso ser mais interior anela pelo espiritual, deseja-o mais que tudo, já que saímos de Deus, o pai dos espíritos, e para ele desejamos ardentemente retornar. Estar em Deus é a vocação maior de todo ser, assim, ainda que estejamos temporariamente no plano físico e precisemos de ar e terra firme, somos seres originalmente “aquáticos”, espirituais, nas águas do Espírito é onde de fato nos sentimos livres e satisfeitos.

Reflexão dividida em duas partes,
leia na postagem de amanhã a 2ª parte.
José Osório de Souza, 24/11/2020