28/08/21

Até onde vai nossa fé?

      “Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto; e folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis; mas vamos ter com ele. Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele.” João 11.14-16
      “Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho. Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” João 14.4-6

      Até que ponto você foi com Cristo? Crê porque os pastores ensinam? Porque sua religião tem dois mil anos e é poderosa no mundo? Porque muitos dizem que Jesus é o caminho, a verdade a a vida? Porque seus pais te ensinaram e você os respeita? Porque tem medo do inferno e do diabo? Isso tudo pode ser só fé baseada no que os olhos veem. Crer sem ver é ir além da tradição religiosa, é de fato ter novas e pessoais experiências com Deus. Talvez a ausência de paz e a dificuldade em ter libertação de pecados existam em tua vida porque, apesar de ser cristão, até agora você não creu sem ver. 
      Interessante que Tomé talvez tenha crido enquanto Jesus desempenhava seu ministério no mundo, mas teve dificuldade para crer no Cristo transformado que iniciaria um ministério espiritual na eternidade (João 20.24-29). A Bíblia é um livro físico, com doutrinas aprovadas por tradição religiosa humana, ainda que seja preciso fé para entendê-la e praticá-la, ela ainda é um cristianismo visível e do mundo. O Espírito Santo, que só veio depois que Jesus partiu, é invisível, não pode ser comprovado pela ciência, mas só ele pode nos revelar mistérios maiores que nos permitirão conhecer mais a Deus. 
      Infelizmente muitos cristãos são como Tomé, e talvez muitos desses não entendam o que estamos dizendo aqui, ao contrário, muitos se acham cheios de fé e não como o incrédulo Tomé. Mas a fé limitada de Tomé pode tê-lo levado a conhecer só a primeira parte da missão do Cristo, a segunda ele quis ver para crer, não entendeu que para crescer e acessar a continuação da obra do mestre precisava de uma fé mais profunda, que vai além do que os olhos podem ver. Hoje, nós podemos ver o Cristo ressuscitado? Não, e para nós hoje é ainda mais necessária a fé de nível dois, digamos assim. 
      Não podemos ver o Jesus espiritual, mas podemos experimentar aquele que ele mandou em seu lugar como professor e consolador no mundo, o Espírito Santo interage conosco através dos dons espirituais, uma experiência espiritualmente gradativa e íntima. Quem nega os dons ou só vai com Cristo até um ponto, age como Tomé, e acreditem, muitos chamados pentecostais ou carismáticos, mesmo tendo alguma experiência com dons, estão longe de conceder ao Espírito Santo toda a liberdade que ele pode ter em suas vidas para levá-los mais perto de Deus através do Cristo Deus e espiritual. 
      Excetuando os textos com as listas dos doze apóstolos, Tomé, chamado Dídimo (significa gêmeo em grego), é citado só mais duas vezes na Bíblia além de no capítulo vinte de João, e ambas também no evangelho de João. Podemos entender mais sobre a fé de Tomé nessas passagens, verificar como ela podia estar limitada à obra de Jesus no mundo. Antes da crucificação os discípulos já tinham receio dos judeus, mas foi justamente a boca de Tomé que verbalizou o medo de serem mortos pelos inimigos de Jesus, assim como foi ele quem declarou que não sabia para onde Jesus iria após a morte.
      Um discípulo com medo da morte e sem certeza do que ocorreria após ela não creu na ressurreição, ele até cria no evangelho, mas um evangelho limitado a esse mundo. Nossa vida com Deus não pode ser completa se acreditarmos em suas providências e propósitos para nossas vidas somente para o plano físico. Dons espirituais são mais que fé para recebermos coisas neste mundo, mesmo perdão e paz espirituais, eles nos colocam em contato com o plano no qual passaremos a eternidade. (Após a descida do Espírito Santo Tomé estendeu seu apostolado até à Índia onde foi assassinado, mais no link). 

Esta é a 2ª parte de uma reflexão dividida 
em três partes, leia a postagem anterior e 
a próxima para um entendimento melhor.
José Osório de Souza, 02/07/2021

27/08/21

Fé até que ponto?

      “Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei. 
      E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. 
      E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.” 
João 20.24-29

      O ensino da passagem bíblica inicial, que relata o encontro de Tomé com Jesus depois de ressuscitado, deve ser repetido à exaustão, ele revela um dos maiores mistérios espirituais. Algumas vezes uso a palavra “mistério” aqui, sei que há um certo costume no meio pentecostal para usá-la, mas o que ela quer dizer no contexto desta reflexão? Toda a relação do ser humano encarnado no mundo físico com o plano espiritual é um mistério, e céticos, materialistas e ateus não creem no plano espiritual e não interagem com ele porque não conseguem ou não querem aceitar o primeiro mistério, a fé. 
      Essa não é a fé do texto bíblico inicial, mas a fé primeira, aquela que admite a existência de uma divindade espiritual e a possibilidade de interagirmos com ela, essa fé permite que o homem seja salvo. À medida que o homem convertido anda com Deus novos mistérios vão sendo apresentados a ele, ele os conhece se quiser, Deus nunca obriga ninguém a nada com respeito às coisas espirituais. Já com respeito às coisas materiais o homem precisa interagir com elas para sobreviver no mundo, e para isso ele não precisa necessariamente crer em Deus e na relação desse com a matéria. 
      A fé que Jesus cobrou de Tomé é algo mais profundo, que leva a mais que à salvação, ao perdão, à paz com Deus, às primeiras curas e práticas das doutrinas cristãs. Os dons espirituais representam o segundo grande mistério que os homens precisam entender para crescerem, mais que como seres equilibrados e justos no plano físico, mas como seres espirituais eternos rumo ao céu. Tomé era um dos doze, andou com Cristo e estava com ele no final, ele acreditava em Jesus, mas sua atitude de incredulidade revela que ele entendeu só até um ponto a fé necessária para provar o evangelho. 
      Crer sem ver, eis o mistério, não porque Deus priva o homem e exija dele algo injusto, confiar sem saber certo em que, e nem porque somos ignorantes e manipulados que acreditam em qualquer coisa. Aliás, em muitas coisas não devemos confiar sem ver, sem ouvir, sem comprovar seu funcionamento e fim, e nisso está a ciência e seu método para nos auxiliar, exercício para a inteligência humana, fator importante no desenvolvimento do homem no mundo. Contudo, não somos só matéria temporária, somos também espírito eterno, esse só evolui crendo sem ver manifestado no plano físico.
      A tensão entre matéria e espírito que ocorre quando acreditamos sem que os sentidos físicos percebam, dá acesso aos dons espirituais, que é ver, ouvir e sentir as manifestações espirituais através do mover do Espírito Santo pela porta que é Jesus até Deus. Crer sem ver é a aventura mais maravilhosa que o ser humano pode provar se for realizada no Espírito do Altíssimo, nos dá acesso às ferramentas psíquicas para entendermos os demais mistérios. Isso entrega uma felicidade exclusiva, que ciência e interação só intelectual com religião não dão, é a experiência que nos liberta do pecado.
      Tomé foi até um ponto com Jesus, talvez porque até então estava enxergando com os olhos físicos o mestre realizar maravilhas também físicas. Podemos dizer que ele foi lúcido, usou sua inteligência de forma científica, pois confiou no que pôde comprovar com os olhos. Ele não creu nos milagres e na sabedoria prática de amor do Cristo porque os outros lhe contaram a respeito, porque leu, mas porque presenciou ao vivo como apóstolo. Mas lhe restava ainda uma provação, que ocorreu justamente nos últimos momentos de Jesus entre os encarnados, nessa ele não foi aprovado sem ser exortado.

Esta é a 1ª parte de uma reflexão 
dividida em três partes, leia as duas próximas 
postagens para um entendimento melhor.
José Osório de Souza, 02/07/2021

26/08/21

Prepare-se para o pior, espere o melhor (4/4)

      “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo; porquanto os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.Efésios 5.15-17

      Encerrando a série de quatro reflexões sobre a gangorra e emocional, que todos nós provamos neste mundo, eis algo que pode ajudar-nos a superá-la: nos prepararmos para o pior, mas esperarmos o melhor. Pior e melhor, nossa gangorra emocional nos remete para esses extremos, balança para um lado e para outro, equilibrar-nos parece impossível. Em ambos os lados há expectativas e expectativas sempre conduzem a sofrimento, ainda que no lado de cima nos achemos poderosos e possamos sentir a princípio algum prazer. Mas o espírito só tem de fato prazer maior na paz, e na paz não há expectativas, já ansiedade, empolgação e ilusão são momentos curtos, que antecedem sempre a depressão, o desânimo e a desilusão. 
      Isso não significa sermos pessimistas ou incrédulos, mas estarmos preparados para surpresas ruins, e isso é temer a Deus. Quem teme não é livrado de surpresas ruins? Como tentação e como armadilhas, nas quais podemos cair por falta de vigilância prática e vida de oração, sim, nós somos. Quem teme a Deus não cai em tentação nem é surpreendido por homens e espíritos maus, mas como provação não somos livrados. Provações são permitidas por Deus para o nosso aperfeiçoamento, e nenhum de nós sabe até que ponto seremos provados neste mundo, assim nos preparemos para o pior, com temor a Deus e humildade, ainda que um pior autorizado pelo Senhor tenha o objetivo de nós fazer seres melhores para a eternidade.
      Por outro lado, esperarmos o melhor, orarmos, trabalharmos por ele, não é ingenuidade ou insanidade, mas é a disposição que o Espírito Santo nos chama a vivenciar. Entendamos bem isso, Deus é bondade, é luz, é amor, é paz, nele há alegria e vida, esse é o objetivo de todos os seres humanos, estarmos nessa posição espiritual de vitória e de iluminação, o tempo todo. Isso não é exceção ou privilégio de alguns, mas a chamada de todos. Como alcançamos isso neste mundo? Pela fé e por obras, equilibrando corpo físico e suas necessidades, com espírito eterno e suas virtudes, tendo comunhão com Deus mas interagindo com homens. Esteja preparado para o pior, vigie sempre, mas creia de todo o coração no melhor possível.
      O mal, as trevas, a infelicidade, sempre estão nos extremos, ou no pessimismo exagerado dos velhos de alma, ou na fantasia insana dos infantis fora de tempo, ambos são construções mentais, nascem e se mantêm vivos em nossas cabeças. Equilíbrio só é alcançado com prática de vida, que confronta ideias e paranóias com a realidade, que mostra que nada de bom é para sempre e que nada é tão ruim para levarmos a sério demais. Quem nos nivela não é a religião, mesmo a sabedoria de espiritualistas e de cientistas, mas o vivo e verdadeiro Espírito Santo de Deus através de Jesus. Só Deus para nos dar o tom certo, não tão grave e nem tão agudo, centrado e harmonizado com o seu tom, o tom do criador e Senhor do universo. 

Leia nas postagens anteriores 
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

25/08/21

Querendo o que Deus quer (3/4)

      “Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá. O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem; porém é melhor ser pobre do que mentiroso.Provérbios 19.21-22

      Fruto que só colhemos na maturidade, com tempo de vida e vida mais profunda com Deus, já com o corpo envelhecido e com a alma experimentada em paixões e planos, muitos não concretizados, é harmonizar o que queremos e imaginamos com aquilo que agrada a Deus e que ele quer de fato para nós. Imaturos, ainda que tendo uma vida sincera com Deus e de consagração, muitos coisas podem ocupar espaço e tempo dentro de nós sem que sejam o que Deus quer nos dar, e consequentemente que passarão do plano mental interior para o plano real e físico exterior. 
      Imaturos somos presas da gangorra emocional que leva-nos a extremos, num momento pensamos que tudo podemos e no outro que nada conseguiremos, ainda que achando que queremos grandes coisas porque cremos num Deus grande que tem grandes coisas para seus filhos. Isso até pode ser verdade, mas não para todos os que buscam a Deus, infelizmente como esse equívoco é incentivado atualmente, principalmente por púlpitos pentecostais que plantam fé para colherem dízimos. Dessa forma imaturidade é usada em prol de objetivos materiais de aproveitadores. 
      Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá, como nos iludimos com propósitos, inventando desculpas para mantê-los. Alguns querem cargos em igrejas, oportunidades como cantores e músicos, porque estão convencidos que esse é o propósito de Deus para suas vidas, estão pronto a fazer qualquer sacrifício para atingirem esses propósitos e creem que isso é ser espiritual. Falo de área que conheço, a música, como já vi gente perdendo muitas oportunidades na vida profissional convencida que o plano de Deus para elas era música. 
      Como sempre, como pai de amor, Deus acompanha-nos, seres equivocados, com muita paciência, Deus não destrói o sonho de ninguém, ainda que seja um sonho errado. Deus dá tempo ao tempo para que as provas da realidade da vida neste mundo, convençam-nos que certas coisas não são o melhor para nós, ainda que as queiramos com tanta persistência e tenhamos tanto prazer em fazê-las. Muitos, porém, só aceitarão a verdade depois de cansados e desiludidos, assim como depois de prejudicarem muitos próximos a eles, que também sofreram algum dano com seus propósitos ilusórios. 
      Mas ainda que busquemos com temor a Deus para saber de fato o que ele tem de melhor para nós, que tentemos não ser iludidos por paixões e vaidades, a vida nos surpreenderá até o fim. É assim que tem que ser para que nosso tempo neste mundo seja bem aproveitado, sermos provados para sermos aprovados. O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem, porém é melhor ser pobre do que mentiroso, como mentimos para nós mesmos. É essa mentira que balança a gangorra emocional que nos faz sofrer, o maduro, contudo, olha para si, vê o que de fato é, descansa em Deus e acha paz. 

Leia nas postagens anteriores 
e na próxima postagem
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

24/08/21

Persista pela fé (2/4)

      “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” João 14.27
    
      Logo após termos uma experiência maravilhosa com Deus queremos ser mais santos, amar mais, vigiar mais, para podermos ter uma experiência igual ou melhor novamente, mas estamos encarnados nesse mundo e nessa condição não retemos emocionalmente com facilidade o que alcançamos no espírito. Aprouve a Deus que fosse assim para persistirmos no caminho melhor, para dependermos dele sempre, não de uma única experiência. Assim, cada busca, cada momento de oração devemos começar, não de cima, mas de baixo, quebrantados, humildes, senão cairemos e no fundo ficaremos. 
      Neste mundo, num plano físico, nossa memória espiritual é fraca, experimentamos em certas instâncias mesmo amnésia (eis um mistério), por isso podemos um dia estar num céu e em outro dia num inferno. Bens materiais podem ser mantidos com trabalho e conhecimento da economia do mundo, mas virtudes espirituais só são anexadas aos nossos espíritos com persistência e busca do Senhor. O raciocínio “quanto mais fundo o buraco mais alto o monte” é correto, se você está se sentindo muito perdido, confuso, é porque está muito longe do lugar melhor que um dia alcançou em Deus. 
      Temos, entretanto, um consolo, se a queda muitas vezes parece nos pegar de surpresa, mesmo sem motivo aparente já que podemos nos sentir perdidos ainda que não tenhamos cometido nenhum pecado absurdo, a volta à posição espiritual que já conquistamos pode ser rápida. Como? Com fé. Certos abismos que nossas almas experimentam são só confusão emocional, a gangorra de nossas almas frágeis nos pregando peças. Confusão emocional não se vence com racionalização, ainda que o início da solução seja racionalizar e não confiar nos sentimentos, a vitória, contudo, se concretiza pela fé. 
      Pela fé tomamos posse do que Deus já nos deu no passado, e se ele deu ele não toma de volta, pela fé descansamos num Deus fiel, estável, sempre bom, pela fé abrimos caminho das trevas emocionais, que podem nos sufocar, para tocarmos novamente na orla dos vestidos de Deus (sendo metafórico). Pela fé nos levantamos do buraco profundo que como homens estamos sujeitos a cair, mesmo sem motivo racional, e nos colocamos de pé para seguirmos no estreito caminho rumo ao Altíssimo, onde há paz e esperança. Pela fé voltamos ao lugar que Deus já nos deu, nossa Canaã espiritual. 
      Nem sempre dor é punição, e punição que nos aplicamos quando nos afastamos de Deus (Deus não pune ninguém diretamente), mas dor pode ser uma chamada de atenção do Senhor, e nesse caso quanto maior, maior será a paz. Talvez não seja nem dor o termo mais correto, mas um “pesar” que nos abala, um sistema de alerta, como o medo que nos avisa quando estamos próximos a um perigo. Tenhamos discernimento, saibamos o que somos, não pensemos que há pecado escondido quando não há, ainda que nos sintamos mal, e voltemos à comunhão com Deus, nosso melhor lugar onde há paz. 

Leia na postagem de ontem 
e nas próximas postagens
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

23/08/21

De quem mais sabe mais é cobrado (1/4)

      Iniciando hoje, segue “Gangorra emocional”, uma reflexão dividida em quatro partes, se possível leia todas as partes para melhor entendimento. 

      “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.Lucas 12.47-48

      Se um morador de São Paulo, capital, for deixado numa cidade do interior do estado de São Paulo, se verá longe de sua residência, do lugar onde conhece as pessoas e por onde sabe transitar. Ainda assim, no interior distante da capital, poderá se comunicar com as pessoas e voltar sem perder muito tempo à sua cidade. Se a mesma pessoa for deixada em outro estado poderá estranhar certos costumes, demorar um pouco mais para retornar à sua cidade, mas também poderá se comunicar, visto que ainda que em outra região e com sotaque diferente, estar em seu país e com seus compatriotas. 
      Mas se a mesma pessoa for deixada fora do Brasil, a dificuldade será grande, terá problemas com comunicação e terá que pagar caro uma passagem de volta a seu país. Quanto mais longe estivermos de nosso melhor lugar, pior nos sentiremos, isso não significa que não temos um lugar para sermos felizes, mas que estamos no lugar errado, e dependendo do que fazemos podemos estar bem longe do nosso melhor lugar. O sentimento de estarmos perdidos é inversamente proporcional à certeza de estarmos no lugar certo, quanto mais confusos nos sentimos mais lúcidos poderemos nos sentir.
     De acordo com nossa consciência de moralidade podemos nos sentir bem ou mal, e é preciso consciência para ter essa sensibilidade, muitos erram e machucam os outros e nem se sentem mal por isso pois não têm consciência. Por outro lado nossos sentimentos não são confiáveis por si mesmos, podemos nos sentir mal ainda que não estejamos mal espiritualmente, nossa estrutura emocional é uma gangorra que temos dificuldades para controlar e que interfere em nossa percepção espiritual. Essa gangorra tem uma característica, se ajusta à medida que alcançamos níveis mais altos.
      Quanto mais alto vamos, mais baixo poderemos ir também, quem provou um nível espiritual alto poderá provar um nível muito baixo, porque correrá mais riscos que quem provou um nível espiritual não tão alto. Quem avançou dez quilômetros se retroceder dez quilômetros de seu início terá voltado vinte quilômetros, já quem avançou cinco quilômetros se retroceder dez quilômetros de seu ponto inicial só terá voltado quinze quilômetros. Quem sentirá mais o retrocesso? O que voltou vinte quilômetros, ainda que um dia tenha ido mais longe. O “coice” é relativo à força do “disparo”, pura física. 
      Quem mais sabe mais lhe é cobrado, conhecimento dá poder, com poder podemos nos arriscar mais e consequentemente perder mais. Quem pouco sabe menos se arrisca, porque nem sabe como se arriscar mais, conhecimento pode enfraquecer assim como ignorância pode proteger, quem mais agradou a Deus mais pode desagradá-lo, quem pouco obedeceu, pouco pode desobedecer. Cuidado quem muito sabe, sua queda pode ser maior dificultando mais seu restabelecimento, todos temos que vigiar, mas o que mais sabe deve vigiar mais pois seu testemunho envolve e compromete mais.

Leia nas próximas postagens
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

22/08/21

Eleva-nos, ilumina-nos, vivifica-nos

      “O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempos de angústia.Salmos 9.9

      A comunhão espiritual com Deus pelo caminho do Espírito Santo até a porta para as regiões celestiais mais elevadas em Cristo, coloca nosso espírito numa posição de proteção e conhecimento, ao mesmo tempo que consola nossos sentimentos e pensamentos, tendo como efeito final a cura de nosso corpo físico. Vamos entender melhor isso. Apesar de muitos céticos, materialistas e ateus não admitirem, a prioridade é o espírito, não o corpo, espírito bem cuidado abençoa todo o resto de nosso ser, mente, emoções e corpo. Nosso espírito só atinge sua melhor forma estando em comunhão com Deus, de Deus saímos, nele vivemos e para ele retornaremos, a matéria é uma ilusória passagem, curta e fugaz, que não deveria ter prioridade sobre o espírito. 
      Comunhão com Deus não podemos estabelecer sozinhos, mas com a ferramenta que o próprio Deus nos dá, o Espírito Santo. Esse é o caminho até o Altíssimo: emanado por Deus conduzindo a vontade do Senhor para nós homens, ecoado em nós contemplando nossas intenções e adoração, e retornado a Deus levando nossas necessidades, questionamentos e agradecimentos. O Espírito Santo alcança o Altíssimo através de uma porta, Jesus, o filho primogênito do Senhor, ser espiritual único para o planeta Terra, enviado aos homens com uma missão singular e existindo na eternidade com uma função exclusiva. O Espírito Santo é o caminho espiritual que acha na porta, Jesus, as virtudes e as riquezas mais altas do criador e Senhor do universo. 
      Quando a comunhão com Deus é perfeita, e ela pode ser pelo Espírito Santo em Jesus, todo o nosso ser percebe, há paz em nossas mentes, alegria em nossos sentimentos, refrigério para nossos corpos, Deus nos cura por inteiros. Mas é mais que isso, se nossos corpos ainda estão presos ao mundo físico, nossos espíritos podem alcançar as regiões mais elevadas e nessas regiões há proteção e conhecimento. A luz de Deus é poder, chama que não queima, luz invisível que protege mesmo as coisas visíveis, santidade que afugenta todos que não amam a pureza moral. Basta a luz de Deus ser emanada para que “demônios” saiam correndo, assim quem se coloca em oração nas regiões celestiais mais altas, tem o reflexo do espiritual mais elevado no físico. 
      A mesma luz que exige santidade compartilha conhecimento, e conhecimento de Deus não é só informação passiva para saciar curiosidade, é vida, é a palavra, é o verbo, criando, renovando, libertando, fortalecendo. Pobres os que limitam conhecimento divino a entendimento intelectual da Bíblia, isso é bom, mas é apenas o vaso, o conteúdo é o óleo, que vai além de mente e coração, é espiritual. É sobre isso que Hebreus 4.12 se refere quando diz: “porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”. Essa palavra é mais que letra morta, é o vivo Espírito Santo.