sábado, agosto 28, 2021

Até onde vai nossa fé?

      “Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto; e folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis; mas vamos ter com ele. Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele.” João 11.14-16
      “Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho. Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” João 14.4-6

      Até que ponto você foi com Cristo? Crê porque os pastores ensinam? Porque sua religião tem dois mil anos e é poderosa no mundo? Porque muitos dizem que Jesus é o caminho, a verdade a a vida? Porque seus pais te ensinaram e você os respeita? Porque tem medo do inferno e do diabo? Isso tudo pode ser só fé baseada no que os olhos veem. Crer sem ver é ir além da tradição religiosa, é de fato ter novas e pessoais experiências com Deus. Talvez a ausência de paz e a dificuldade em ter libertação de pecados existam em tua vida porque, apesar de ser cristão, até agora você não creu sem ver. 
      Interessante que Tomé talvez tenha crido enquanto Jesus desempenhava seu ministério no mundo, mas teve dificuldade para crer no Cristo transformado que iniciaria um ministério espiritual na eternidade (João 20.24-29). A Bíblia é um livro físico, com doutrinas aprovadas por tradição religiosa humana, ainda que seja preciso fé para entendê-la e praticá-la, ela ainda é um cristianismo visível e do mundo. O Espírito Santo, que só veio depois que Jesus partiu, é invisível, não pode ser comprovado pela ciência, mas só ele pode nos revelar mistérios maiores que nos permitirão conhecer mais a Deus. 
      Infelizmente muitos cristãos são como Tomé, e talvez muitos desses não entendam o que estamos dizendo aqui, ao contrário, muitos se acham cheios de fé e não como o incrédulo Tomé. Mas a fé limitada de Tomé pode tê-lo levado a conhecer só a primeira parte da missão do Cristo, a segunda ele quis ver para crer, não entendeu que para crescer e acessar a continuação da obra do mestre precisava de uma fé mais profunda, que vai além do que os olhos podem ver. Hoje, nós podemos ver o Cristo ressuscitado? Não, e para nós hoje é ainda mais necessária a fé de nível dois, digamos assim. 
      Não podemos ver o Jesus espiritual, mas podemos experimentar aquele que ele mandou em seu lugar como professor e consolador no mundo, o Espírito Santo interage conosco através dos dons espirituais, uma experiência espiritualmente gradativa e íntima. Quem nega os dons ou só vai com Cristo até um ponto, age como Tomé, e acreditem, muitos chamados pentecostais ou carismáticos, mesmo tendo alguma experiência com dons, estão longe de conceder ao Espírito Santo toda a liberdade que ele pode ter em suas vidas para levá-los mais perto de Deus através do Cristo Deus e espiritual. 
      Excetuando os textos com as listas dos doze apóstolos, Tomé, chamado Dídimo (significa gêmeo em grego), é citado só mais duas vezes na Bíblia além de no capítulo vinte de João, e ambas também no evangelho de João. Podemos entender mais sobre a fé de Tomé nessas passagens, verificar como ela podia estar limitada à obra de Jesus no mundo. Antes da crucificação os discípulos já tinham receio dos judeus, mas foi justamente a boca de Tomé que verbalizou o medo de serem mortos pelos inimigos de Jesus, assim como foi ele quem declarou que não sabia para onde Jesus iria após a morte.
      Um discípulo com medo da morte e sem certeza do que ocorreria após ela não creu na ressurreição, ele até cria no evangelho, mas um evangelho limitado a esse mundo. Nossa vida com Deus não pode ser completa se acreditarmos em suas providências e propósitos para nossas vidas somente para o plano físico. Dons espirituais são mais que fé para recebermos coisas neste mundo, mesmo perdão e paz espirituais, eles nos colocam em contato com o plano no qual passaremos a eternidade. (Após a descida do Espírito Santo Tomé estendeu seu apostolado até à Índia onde foi assassinado, mais no link). 

Esta é a 2ª parte de uma reflexão dividida 
em três partes, leia a postagem anterior e 
a próxima para um entendimento melhor.
José Osório de Souza, 02/07/2021

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