21/12/21

Não zombe de Deus!

      “O Senhor Deus, a quem a vingança pertence, ó Deus, a quem a vingança pertence, mostra-te resplandecente. Exalta-te, tu, que és juiz da terra; dá a paga aos soberbos. Até quando os ímpios, Senhor, até quando os ímpios saltarão de prazer? Até quando proferirão, e falarão coisas duras, e se gloriarão todos os que praticam a iniquidade? Reduzem a pedaços o teu povo, ó Senhor, e afligem a tua herança.Salmos 94.1-5

      Não zombe de Deus! Calma, isso não quer dizer que se você fizer ou disser algo que desagrada a Deus ele pessoalmente vai se levantar contra tua vida e fazer-te um mal, não é assim que as coisas funcionam. Zombamos de Deus quando somos injustos e apoiamos a injustiça, quando acusamos sem conhecimento, quando humilhamos o que já está prostrado, mas principalmente, quando usamos seu nome em vão. Zombamos de Deus quando queremos fazer justiça com as próprias mãos, e isso pode ser pior que fazer o mal, já que o que faz mal pode fazer se achando nas mãos do mal, o que não é mentira, mas quem julga e condena pode fazer isso achando-se instrumento divino, quando não é. 
      Alguém que defende um presidente da república que não tem a elegância para fazer uma crítica, para expor seu ponto de vista, com o mínimo de decoro exigido de um chefe de estado, ofendendo outros líderes de poderes, não acha em mim qualquer consonância. Contudo, alguém que faz isso sendo cristão, se dizendo evangélico, e até pastor, sinto muito, mas o cristianismo desses não me representa mesmo. Muitos têm argumentado, “o presidente é casado com uma protestante, vai a cultos, tem apoio de boa parte da liderança evangélica, defende os valores tradicionais da família, ele é contra o aborto, cita a Bíblia, enfim, ele é cristão e eu como evangélico devo apoiá-lo, ainda que seja grosso”. 
      Mas pergunto: a liderança religiosa da época de Jesus também não conhecia os textos sagrados, não eram reconhecidos e respeitados como líderes oficiais pelo povo e pelo estado, incluindo os dominadores romanos, essa liderança não ensinava as leis e os mandamentos de Moisés, os valores da pessoa, da família e da nação vistos como de Deus? Sim, no entanto essa liderança e muitos do povo judeu, incluindo homens e mulheres que tinham sido abençoados pelos milagres e ensinos de Jesus, condenaram e mataram o Messias. Meus caros, não adianta se parecer ou andar com quem se parece, tem que ser, somos nossa prática de vida, nossos frutos de amor, santidade e humildade em paz. 
      Não vejo, até o momento, esses frutos no atual presidente do Brasil, se alguém vê, me ajude. O que se vê e ele não faz questão de esconder, é agenda de ódio e ganância, que quer seguir no poder, incentivando o conflito, com armas vulgares e mentirosas, não há evangelho nisso. Esse e os que o apoiam, principalmente os que usam o nome de Deus para isso, zombam de Deus. Isso terá fim! Meus queridos, Deus não se vinga, ele segue amando, chamando, esperando para abençoar, mas o universo tem leis que o próprio Deus criou, esse universo retorna efeitos a todas as causas. Que efeito é mais terrível que o da causa “zombar de Deus”? Não foi a criatura que foi injuriada, foi o próprio criador. 
      “Reduzem a pedaços o teu povo, ó Senhor, e afligem a tua herança”, essa violência tem ocorrido hoje no Brasil, mas pasmem, não é de homens contra cristãos, do mundo contra o evangelho, das outras religiões contra os evangélicos, mas de evangélicos equivocados contra verdadeiros cristãos. Deus não precisa usar o errado, não para sempre, é o humilde quem será exaltado. Eu creio que existe uma herança do Senhor guardada no Brasil e no mundo, o remanescente de Israel, que não se contaminou com ídolos e com mitos, que não se dobrou a Baal, que não bebeu do cálice da mentira e do ódio, que permanece humilde, orando a Deus, esperando que Deus faça justiça do seu jeito e no seu tempo.

      “Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel, dizendo: Senhor, mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma? Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal. Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça.” Romanos 11.2-5

20/12/21

Deus é perfeito

      “O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; é um escudo para todos os que nele confiam.” 
Salmos 18.30
      “E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.” 
Mateus 7.14

      Sei que muitos sofrem e muitos esforçam-se muitíssimo para sobreviverem neste mundo, trabalham às vezes em mais de um emprego para ganharem honestamente o mínimo para terem alguma dignidade. Será que esses acham que a vida é perfeita? Depende, muitos desses acham, são bem humorados, generosos, sempre enxergam a mão de Deus em suas vidas e agradecem a ele por tudo. Não, não são só evangélicos que são assim, mas católicos, espíritas, de outras religiões e mesmo não praticantes de alguma religião, o bem está no espírito, não em costumes externos ainda que religiosos. 
     Mas existem outros, que ainda que tenham tudo e não precisem se esforçar muito para viver e bem, acham que a vida é uma “droga”, é um grande problema, está longe da perfeição, vivem agoniados, entupidos de remédios, comidas e bebidas, mas sempre insatisfeitos. Esses guardam a imperfeição dentro deles, e nada que está fora pode mudar isso, justamente porque eles tentam esconder o que está dentro com o que está fora. A sensação de satisfação não está no que está fora e entra no homem, mas no que está dentro dele e sai, o espírito influenciando a matéria e não o contrário.
      Em Davi temos exemplos bíblicos das duas situações. Na caverna de Adulão (I Samuel 22-24) ele estava perseguido e injustiçado, ainda assim não matou Saul seu principal inimigo, não satisfez um ego que sabia de seus direitos. Davi via em seu caminho a perfeição da vontade e do tempo de Deus, nela estava sincronizado e por isso estava satisfeito, ainda que vivendo um momento crítico. Já rei (II Samuel 11) e com o reino estabelecido, Davi não estava no caminho perfeito de Deus, não foi à guerra, estava entediado em seu palácio e tentou satisfazer-se com o adultério que o levou ao homicídio. 
      O caminho de Deus é perfeito, mas só vê e prova isso quem se coloca em Deus, na posição espiritual mais alta que temos acesso por Jesus. Vemos como o melhor jeito de algo ser conduzido, a única maneira que todos os envolvidos no tempo certo serão abençoados, ainda que entendendo que é uma situação difícil, ruim, dolorida. Mas provamos um caminho bom como o caminho perfeito de Deus se antes agimos de maneira adequada, tomamos as melhores decisões baseados no temor do Senhor, na humildade e no amor, assim, ainda que muitos perigos existam, seremos livrados e vitoriosos. 
      Entender os caminhos da vida como condutas perfeitas de Deus é confiar na palavra do Senhor, sim, nas promessas da Bíblia interpretadas e contextualizadas pelo Santo Espírito, mas principalmente na palavra direta da pessoa do Espírito Santo dentro de nós. Essa palavra não é qualquer palavra, ela é provada, porque já funcionou, funciona e sempre funcionará. Deus fala de maneira simples e objetiva, respeitando nossos limites, mas ainda assim nos surpreendo, mostrando uma saída onde não víamos, essa palavra satisfaz nosso espírito e esse, em paz, satisfaz todo o nosso ser. 
      Entretanto, o caminho de Deus é perfeito mas é estreito. É preciso cuidado para não desviar-se dele nas ilusões e frustrações da vida, é preciso vigilância para não parar por tempo demais ou retroceder, é preciso estar atento e forte para continuar seguindo. O caminho que nos leva ao Altíssimo, no qual nos movemos porque o próprio Deus nos atrai a ele, fica mais perfeito e mais estreito à medida que caminhamos, assim, não espere ninguém descanso antes do final. Mas a recompensa é a proximidade do Senhor, nela há o maior de todos os prazeres, e forças para vencermos as imperfeições.  

19/12/21

Trabalho de formiguinha

      “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos, e sê sábio. Pois ela, não tendo chefe, nem guarda, nem dominador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento.” 
Provérbios 6.6-8
      “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera.” 
Isaías 64.4

      Você já deve ter visto um fileira de minúsculas formigas indo a um lugar, coletando pedacinhos de alguma coisa, e retornando, pelo mesmo caminho. Sozinhas elas não podem com grandes pedaços, ainda que em relação a seu tamanho sejam bem fortes, mas trabalhando devagar, juntas, levando um pedacinho por vez, podem conduzir coisas grandes de um lugar para suas moradas. Usa-se o termo “trabalho de formiguinha” para se referir a um trabalho que requer paciência, tempo, um pouquinho de cada vez, mas que alcança seu objetivo em um momento, esse exemplo implica em trabalho organizado e de equipe. E quanto a nós como indivíduos, que podemos estar sozinhos diante de uma tarefa, o que podemos aprender com as formiguinhas? 
      Apesar de nos vermos sós no mundo, não estamos sós no universo, para que algo aconteça e façamos a nossa parte, outros devem fazer suas partes assim como outros farão suas partes depois que fizermos as nossas. Só Deus tem a ótica do todo, sabe de onde vem e para onde vai, a nós cabe fazermos nossas partes, da melhor maneira possível, e confiarmos no Senhor. É bom que seja assim, com isso aprendemos que não somos tudo e muito menos deuses, dependemos dos outros e principalmente do Senhor. Quem tiver olhos espirituais entenderá a maravilhosa interdependência que existe entre os seres humanos, com os homens no mundo, assim como com os seres espirituais invisíveis. Por isso só anda na luz quem anda com Deus, aquele que tudo vê sempre. 
      Se estiver fazendo a tua parte e se isso é aprovado por Deus, descanse enquanto trabalha, e o descanso é espiritual, não necessariamente físico. Por outro lado tem muitos fazendo mais que o que lhes é necessário e ainda assim sentido-se inúteis, preguiçosos, porque o são espiritualmente. O trabalho mais importante é confiar em Deus, nele até o trabalho de formiguinha é eficiente. A Bíblia é sempre completa, para os que têm olhos espirituais, registra Provérbios 6.6 mas também registra Isaías 64.4, um texto completa o outro. O homem deve fazer sua parte, ainda que lhe pareça pouco, mas confiando no Deus que faz muito mais pelos que nele confiam. A mensagem da nova aliança do evangelho de Cristo põe na fé a relevância que a velha aliança punha nas obras. 
      Obras são efeitos da fé, não substituem a fé, mas devem existir na vida do que crê em Deus. Deus não sustenta vagabundo, mas também não honra quem se acha deus. Deus não pode abençoar colheita sem que antes se tenha plantado a semente, contudo, nem toda plantação é de trigo, há colheitas de vidas que foram alimentadas com o pão espiritual da palavra. Muitos semeiam carregando tijolos, alguns fazendo cálculos, mas outros o fazem levando a palavra de Deus aos famintos, e isso de maneiras bem diversas no mundo atual. Dessa forma, não julguemos servo alheio, pelo Senhor foi chamado, para o Senhor semeia e do Senhor receberá a colheita. Já o que planta, seja o que for, não faça com amargura ou por vingança, mas com alegria, para o Deus que tudo vê. 

18/12/21

Igrejas: quem sai, quem fica

      “Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem.Salmos 128,1-2

      A reflexão que segue é sobre um assunto que penso que você ainda não leu em postagem na internet ou ouviu de pregação de púlpitos em igrejas, mas acho que ela é relevante, assim como reflete uma experiência comum, que a maioria dos evangélicos hoje já viveu, e se não viveu, viverá. Entre as décadas de 1970 e 1980 cheguei a ser membro de uma mesma igreja por mais de dez anos, mas nos tempos atuais, muitas vezes mudando de cidade por necessidades profissionais, eu e muitos outros, temos ficado algum tempo nunca igreja e depois nos mudado para outra.
      A primeira coisa a dizer é: quem nunca mudou de igreja não arrogue se achar mais espiritual que quem já mudou, e o oposto também é válido, quem mudou não se ache mais lúcido por ter mudado. Deus usa muitas coisas em nossas vidas para trabalhar em nosso homem espiritual, vivências em igrejas é uma dessas coisas. Vários motivos nos levam a mudar de igreja, um deles é escolhas que fazemos na vida pessoal, que até podem ser interpretadas, por homens e seus protocolos religiosos, como erros. Por exemplo, muitos são excluídos de rol de membros por se divorciarem. 
      O assunto desta reflexão não é divórcio ou outros assuntos que podem nos levar a desobedecer regras de religiões, nem vou fazer juízo de valor se divórcio é certo, é errado, necessário ou só pecado. Mas, sim, podemos sair de uma igreja porque um casamento acabou e não temos mais conforto social para convivermos próximos a um determinado grupo, aliás, acho que muitos deveriam fazer isso, não só para assumirem uma nova relação, mas também para tentarem salvar uma antiga de acabar. Muitas vezes igrejas e “irmãos” mais atrapalham que ajudam.
      “Brigou com o pastor”, eis outro motivo comum em saídas de igrejas, e isso também pode ter vários motivos, desde rebeldia de membro até pecado de líder. É claro que quem fica sempre terá a tendência de defender a igreja e o pastor, e quem sai mais provavelmente será julgado por quem fica como rebelde. Quem fica dificilmente reconhece erro em sua igreja ou em seu líder, e mesmo se reconhecer dirá que o que saiu é imaturo, não soube aceitar que toda igreja é imperfeita e todo pastor é humano, que não existem igreja e pastor ideais no mundo.
      Dizer que toda igreja tem defeitos e que defeitos não são motivos para se deixar uma igreja é o clássico álibi para quem não quer sair de zona de conforto, por isso o cristianismo permanece errado por séculos. Quem acompanha este blog sabe que levanto com frequência, não erros humanos, mas heresias, que têm desviado catolicismo e protestantismo. Não faço isso por amargura ou rebeldia, mas como orientação de Deus, se Deus orienta ele sustenta, e o sustento do Senhor com paz é critério para nos certificarmos que somos aprovados em nossos posicionamentos. 
      Mas novamente, esse não é o assunto dessa reflexão, o ponto é: por que cremos na nossa verdade com Deus e duvidamos da verdade dos outros, principalmente se o outro é alguém que saiu da igreja que frequentamos porque não a considerou boa para ele? Penso que os dois lados erram em situações assim. Quem sai, se for orientado por Deus, deve fazê-lo com muito cuidado, respeitar não só quem fica mas o plano de Deus para as vidas desses, assim como quer respeito com o plano de Deus para sua vida que ele entendeu quando decidiu sair. 
      Já quem fica talvez deva ter um trabalho espiritual ainda maior, contudo, na maior parte das vezes é o que acha que tem menos obrigações no acontecimento. Se estamos bem em uma igreja e alguém sai, devemos tentar falar com a pessoa, saber o motivo, se é algo que pode ser resolvido, devemos tentar ajudar em amor, principalmente se for um cristão novo na fé ou com alguma dificuldade como vício. Contudo, se quem sai for alguém mais experiente, e não estiver com problemas na vida pessoal, é importante sabermos o motivo e o considerarmos.
      Meus queridos e minhas queridas: se estamos oficialmente ligados a uma igreja, devemos obediência ao pastor, mas se não der mais para obedecer um pastor devemos sair dessa igreja, ou ficamos inteiros, ou saímos, mas ficar para criticar, manter rancor, dividir, isso não é de Deus. Deus respeita mais o quente e o frio que o morno, porque o morno nem a si mesmo respeita, por não se posicionar. Já quem fica deve ajudar quem saiu, respeitar sua posição ou então verificar se esse não tem um motivo legítimo para não querer mais estar debaixo de uma liderança.
      Quem crê no errado facilmente não crerá no certo, lógica simples de inversão de valores, por outro lado, nós seres humanos amamos zonas de conforto, que achamos, por exemplo, quando estamos ligados a um grupo social por laços familiares. Muitas igrejas hoje são grupos fechados, isso não é algo assumido, mas na prática é o que ocorre, assim, muitos não deixarão o rebanho, ocorra o que ocorrer, e outros, que chegaram tarde demais, serão recebidos com a mesma facilidade que serão mandados embora, assim como mal interpretados se saírem. 
      Não julguemos, nem os que ficam, nem os que saem. A vida não é curta, nem fácil, não conhecemos todos os caminhos de Deus, mal conhecemos os nossos, quanto mais os dos outros. O final só sabemos no fim, quem pode dizer que naquilo que recriminamos alguém hoje não será o que faremos amanhã? Deus é amor, o Senhor dos destinos e das novas oportunidades, não fechemos portas a ninguém, mas também não coloquemos a mão no fogo por ninguém. Oremos por todos, abençoemos a todos, e não tenhamos medo, nem de sair, nem de ficar. Deus sabe de cada um.

17/12/21

A vida não é romance com final feliz

      “Então respondeu Jó ao Senhor, dizendo: Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.Jó 42.1-6

      Jesus não teve o final feliz que teve Jó, não merecia sofrimento, mas no final sofreu ainda mais. Isso de alguma forma contraria as leis do universo? Se sofre quem merece, por que sofreu um justo? Sofreu pelos injustos. Isso nos leva a entender que o mais espiritual passará do nível de ter que sofrer só por si mesmo e de forma passageira, para sofrer pelos outros e até o fim. Contudo, qual de nós está preparado para ser espiritual dessa forma? Mesmo assim nos achamos inteligentes, achamos que podemos explicar tudo. 
      Se compararmos o final da vida de Jó com o final da vida de Jesus entenderemos o que era a religião de Deus e para onde ela devia conduzir o ser humano em tempos diferentes da humanidade. Em um tempo, mesmo tendo que sofrer, o temor a Deus levou o homem Jó a ser não só próspero, mas ainda mais próspero materialmente. No outro tempo, o temor a Deus levou o homem Jesus, não só a ter o suficiente materialmente que teve durante sua vida, mas a perder até isso no final, acabando sua existência assim. 
      Jó é o arquétipo de vitória em Deus presente em muitos personagens do antigo testamento na história de Israel, Jesus é o modelo de ser humano da nova aliança que todos somos chamados a ser. Infelizmente muitas igrejas evangélicas, ainda que usem o conceito de fé do novo testamento, o fazem para alcançar o padrão de vida material de muitos do antigo testamento, incorrendo assim numa engano doutrinário. O texto bíblico inicial é a resposta final de Jó a Deus, quando enfim entende o que o Senhor queria dele. 
      Apesar de Jesus ter sido profetizado no antigo testamento, a Bíblia não é um livro tão coeso como muitos querem que seja, ela fala de coisas diferentes. Mas é justamente querendo achar, de forma obsessiva, uma coesão que não existe, na letra e não pelo Espírito Santo, que o cristianismo se desvia e que Jesus não é apresentando como precisa ser para ajudar o ser humano. Outra característica da Bíblia é que ela não é um romance com final feliz, o final do Israel bíblico foi infeliz como foi o do Cristo homem. 
      Ainda assim, principalmente se somos cristãos, queremos achar coesão e finais felizes em nossas vidas. Nestes últimos tempos, a pandemia tem levado muita gente, nessa tragédia ouvi uma pessoa que se diz cristã dizer assim, após perder o esposo, “isso não é justo”, e outros também já me disseram, “você diz que teme a Deus porque não perdeu ninguém do jeito que eu perdi”. Terei coragem para dizer algo, e que Deus tenha misericórdia de mim, se eu perder alguém ficarei muito triste, mas jamais direi que Deus é injusto.
      Lutarei sempre para entender porque Deus me faz passar pelo que passo, sabendo que o objetivo do Senhor é que eu seja alguém melhor, ainda que surpreendido pela vida de forma dura. Ninguém está isento de sofrer, e sofremos de formas diferentes, alguns por terem que fazer algo, outros por não poderem fazer algo, alguns para aceitarem perdas, outros para conquistarem ganhos. Contudo, nossa missão principal é aliarmos ao nosso espírito eterno virtudes morais, por isso seremos avaliados na eternidade. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão.

16/12/21

Ninguém está isento de sofrimento

      “Depois disto o Senhor respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me ensinarás. Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência.Jó 38.1-4

      O livro de Jó, muitos dizem ser o texto mais antigo da Bíblia, talvez só compilado por Moisés e outros, mas a história podendo ter se passado muito tempos antes. De um homem rico mas temente a Deus, que perde tudo, recebe a visita de amigos que tentam explicar o porquê das perdas, até o final quando depois de dialogar com Deus recebe do próprio Deus a explicação da provação, a lição principal é: ninguém está isento de sofrer, mesmo aparentemente não merecendo ou já tendo sofrido tudo que achava que precisava.
      Isso nos ensina sobre a lição principal de nossas vidas: não somos medidos pelo que fazemos ou ganhamos no plano físico, mas por nossa evolução moral e espiritual. Sob o ponto de vista mundano Jó não precisava passar por mais nada para ser alguém melhor, mas sob o ponto de vista espiritual, precisava, e passou. Outra lição aprendemos disso: só sabemos tudo que precisaremos viver neste mundo no último instante de nossas vidas, até lá, creiam, tudo é possível, por isso devemos temer a Deus sempre. 
      Entretanto, o ponto desta reflexão é a pergunta que Deus faz a Jó, “faze-mo saber, se tens inteligência”, e como nós, seres humanos, nos achamos, cada um à sua maneira, espertos. Alguns se acham preparados para a vida porque têm fé, outros porque confiam na ciência, outros por terem bens e dinheiro, outros ainda por não terem nada e por isso não terem medo de perder nada. Mas tudo é vaidade, com diz o autor do livro de Eclesiastes, ou pelo menos tudo que foque o homem em seu ego, e não no Deus verdadeiro. 
      Acho maravilhoso como a vida pode surpreender a todos os seres humanos, e muitas vezes com coisas não agradáveis, mostrando que ninguém é melhor que ninguém. Ela faz isso na proporção inversa do temor que temos do Senhor, por isso esse temor importa mais que fé, ciência, grana e mesmo abnegação. Só Deus sabe tudo e quem não confia nisso em primeiro lugar sempre será surpreendido, e será porque essa é uma das grandes lições da vida, se não a tivermos aprendido seremos surpreendidos para aprendê-la. 
      A insensatez está nos extremos, em olhar a existência, mesmo que com lucidez, mas só por um ponto de vista, desconsiderando o outro. Por isso tantos se esforçam, dão seus máximos, estudam, trabalham, poupam, negam vaidades e consultam sempre a ciência, tudo para terem controle sobre a vida e o mundo, mas só considerando o plano físico acabam tendo amargas surpresas no final. O mesmo ocorre com quem se esmera na fé e na religião, e desconsidera ciência, estudos, inteligência, e conhecimento intelectual.
      Nossa missão principal no mundo não é sermos prósperos materialmente, assim se tivermos que perder prosperidade para aprender o que é importante, assim será, ainda que Deus sempre sustente com dignidade os que o temem. O engano sempre nos leva a achar que já sofremos o suficiente e que merecemos usufruir de prazeres, nesse engano caem tanto homens de Deus como outros trabalhadores honestos. O universo é engenho complexo, mas os que temem a Deus tem seu funcionamento a seu favor, ainda que sofram.

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão.

15/12/21

Deus nos ama!

      “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.” Versão Tradicional 
      “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.Nova Almeida Atualizada
I João 4.10 

      Deus te ama! Uma frase popular, clichê para evangelismo, mas mais que isso, a origem da obra de redenção de Deus por Jesus, enfim, estamos cansados de saber, Deus nos ama! Mas será que entendemos de fato a importância disso? O texto diz nisto está o amor ou nisto consiste o amor, quer dizer que a razão principal do amor existir está no que segue, numa iniciativa de Deus em nos amar indiferente de qualquer coisa, não em nós amarmos a Deus. Deus nos ama independentemente de nós o amarmos e sempre, seu amor se manifestou assim, consciente de quem somos. 
      Temos dificuldades para amar as pessoas, mas muito mais quando sabemos que uma pessoa não é tão legal, ou pior, que não gosta de nós, mas mais dificuldade ainda temos de amarmos um criminoso, uma pessoa má e que não quer mudar de estilo de vida. Pois saiba que Deus ama a todos, os que não gostam de nós, assim como os assassinos, cruéis e egoístas, que vivem só para satisfazerem seus prazeres. Deus ama o tempo todo, não existe qualquer interferência no movimento ou na qualidade de seu amor, aliás, se houvesse, todo o universo entraria em caos, física e espiritualmente. 
      Sabermos disso é razão para duas coisas, a primeira é não termos qualquer espécie de timidez ou receio de nos aproximarmos de Deus, ainda que envergonhados pelo pecado, às vezes reincidente, humilhante, e é bom que nos sintamos assim, com vergonha, é sinal que ainda não perdemos a sensibilidade moral. Contudo, temos que saber que nada nos separa do amor de Deus, só nossa escolha de não nos aproximarmos dele. Então, nos cheguemos a ele, com fé para recebermos o perdão que no traz a paz, que nos fortalece para seguirmos e não cometermos mais o mesmo erro. 
      A segunda coisa que o conhecimento de termos um Deus que nos ama sem exigências nos dá é gratidão. Quem agradece, ama, quem ama quer agradar, e quem quer agradar não quer cometer um pecado novamente, principalmente quando sabe que o pecado interfere na relação com aquele que ama. Deus não fica magoado conosco, mas nosso espírito fica ferido, nessa condição nosso espírito tem dificuldade para sentir o Espírito Santo e se colocar em comunhão com Deus. Que a mágoa não tenha espaço, mas que a gratidão sempre ache tempo para louvar ao Senhor pelo seu amor. 
      O amor de Deus é a energia mais poderosa do universo, emanação da luz do Altíssimo, é o que mantém a vida e é muito mais que sentimento. A palavra de Deus é ação, não só som ou ideias compartilhadas, é movimento e transformação que se completa quando encontra vontade positiva no ser. Jesus é o verbo, Jesus é a palavra de Deus, a palavra é amor, Jesus é amor, Jesus é a ação de Deus atraindo e transformando o ser. Deixemo-nos levar por esse amor, ele nos torna leves, santos, bons, iluminados, satisfeitos, curados, espirituais, vivos, e ele só precisa de nossa autorização para agir.